quinta-feira, setembro 30, 2010

Emigre ou revolte-se

"Os advogados da política de terra queimada podem finalmente festejar. O governo deu-lhes ouvidos e prepara-se para rebentar com qualquer possibilidade da economia recuperar nos próximos anos.

Os funcionários públicos, escolhidos por tanta gente que nunca hesitou em pendurar-se no Estado como bode expiatório da incompetência quem governou este País durante tantos anos, irão finalmente ser sacrificados para acalmar a fúria desse novo Deus que são os mercados financeiros. Mas basta olhar para a Irlanda para saber que os especuladores, os únicos beneficiados por esta crise, não se irão comover. Até porque sabem o que nos vai acontecer.

Mas não serão apenas os funcionários públicos. São os reformados, que verão as suas miseráveis pensões congeladas. Serão todos os consumidores, que verão os preços subir por causa do aumento do IVA. Serão os mais pobres entre os mais pobres, que vão sentir mais um corte no quase simbólico rendimento mínimo, aquele que os remediados maldizem até ao dia em que precisam dele. E, com o que aí vem, tantos irão precisar. Serão todos os contribuintes, que ficarão a pagar o fundo de pensões descapitalizado da PT.

E é, acima de tudo, toda a economia. Menos dinheiro disponível, preços mais altos. Mais crise sobre a crise. Empresas que fecharão. O desemprego que inevitavelmente irá aumentar. Menos receitas fiscais, mais despesas sociais. O filme é simples e todos o conhecem: a partir do momento em que aceitámos saltar para este abismo a queda será estrondosa.

O mais extraordinário é que tudo isto é feito para garantir o financiamento da nossa economia. Financiamento que a banca nos garante pedindo emprestado o nosso dinheiro, o dinheiro da Europa, a um por cento, para depois nos voltar a emprestar a seis por cento. Apenas porque a União inventou o crime prefeito: impede-se a si própria de ajudar os Estados membros para dar a ganhar a quem se alimenta da nossa desgraça. Todos estes sacrifícios não são para melhorar as nossas vidas. São para alimentar a mesma banca que nos obrigou a enterrarmo-nos para a salvar da sua própria ganância.

Almeida Santos disse: sorte do País que é governado por quem tem a coragem de tomar medidas impopulares. Eu respondo: azar do País que é governado por quem nunca tem a coragem de governar pelo povo, com o povo e para o povo. Medidas impopulares têm tomado todos. As difíceis, que tocam no poder que realmente decide os nossos destinos, é que nunca vêm. Mais uma vez vamos pagar a crise que outros causaram. Mais uma vez serão eles a lucrar com ela. Restam-nos duas possibilidades: ou emigramos ou nos revoltamos".

Daniel Oliveira
Expresso Online

Pergunta pertinente

Alguém ouviu José Sócrates assumir alguma responsabilidade pelo estado a que este país chegou?

segunda-feira, setembro 27, 2010

Escola caviar

"Acompanhar a atual ministra da Educação é o mesmo que entrar numa montanha russa emocional. Isabel Alçada consegue provocar risadas intermináveis e iras homéricas. Esta terça-feira, por exemplo, foi mesmo o 'carrossel Alçada'. Ao almoço, engasguei-me a rir enquanto ouvia a nossa ministra numa cerimónia engomadinha: o tom afetado que Isabel Alçada colocava na palavra "carráiras" era delirante. Entre as gargalhadas, comecei a pensar em algumas perguntas ululantes: então ninguém faz uma rábula com esta ministra? Ou será que o tom afetado só tem graça quando o alvo da paródia é uma filha de um capitalista anafado, uma beata católica ou uma simples senhora da 'direita social'? Se Alçada fosse uma ministra do CDS, já teríamos por aí um pagode com as "carráiras"?

Ao jantar, a risada deu lugar ao ranger de dentes. Uma amiga mostrou-me um vídeo onde podemos ver a dr.ª Alçada a revelar um enjoativo paternalismo em relação aos alunos do ensino público e, pior, em relação aos pais e professores. Se colocassem um crucifixo atrás da ministra, aquele vídeo seria um peça vintage do Estado Novo. Enquanto consumia a minha neura, comecei a imaginar outro vídeo. Nesse vídeo redentor, alguém tinha a coragem de perguntar o seguinte à senhora ministra: caríssima, onde é que colocou os seus filhos e/ou netos a estudar? Na escola pública que tanto defende ou no Liceu Francês? E, depois, esta pergunta seria estendida ao primeiro-ministro: V. Exa. tem os seus filhos na idílica escola pública ou num pérfido colégio privado?

Meus amigos, o problema, obviamente, não está na colocação das crianças e dos adolescentes nos liceus franceses desta vida. O problema está, isso sim, na hipocrisia da esquerda caviar. De manhã, os nossos progressistas metem os seus filhotes no colégio privado (ou naqueles liceus públicos que, misteriosamente, estão sempre nas mãos da "gente de bem"), e, depois, à tarde, defendem a escola pública e cantam loas ao eduquês. Pior: estes progressistas-de-limusina atacam aqueles que querem dar aos mais pobres a possibilidade de colocaram os seus filhos nos colégios privados (ou naqueles liceus públicos que, não sei porquê, são sempre monopolizados pelos bem-nascidos). Na retórica, esta esquerda continua a defender o ensino ultracentralizado e dominado pelo facilitismo, mas, na prática, reconhece as virtudes de um ensino descentralizado e sem contacto com o ministério do eduquês. No seu dia-a-dia doméstico, a esquerda caviar coloca os seus filhos nos colégios onde o rigor do 'antigamente' ainda existe, mas, no seu dia-a-dia político, utiliza a escola pública para extirpar o 'antigamente' dos hábitos dos mais pobres. Ou seja, as crias progressistas são educadas à moda antiga, mas os filhos do povão são ensinados de forma progressista. Bravo. Os resultados desta hipocrisia estão aí: Portugal é uma sociedade estática, aristocrática, sem mobilidade social. Por outras palavras, a esquerda caviar esticou a sociedade salazarista até ao interior desta sociedade - nominalmente - democrática.

Meus amigos, esta esquerda é a principal inimiga dos filhos dos mais pobres. Dezenas de amigos meus 'perderam-se', porque a escola das doutoras Alçadas lhes destruiu o futuro logo à nascença. Mas, claro, não se pode falar disto. Porque o burro sou eu. Porque o 'fascista' sou eu. Porque o 'neoliberal' sou eu".

Henrique Raposo
Expresso Online

domingo, setembro 26, 2010

Falta de funcionários nas escolas perto de “ser caótica”

"A falta de funcionários nas escolas foi sempre um problema presente mas quer pais, quer professores avisam que este ano a situação está perto de "ser caótica". As queixas vindas de todo o país não param de chegar aos sindicatos e associações. "Se ninguém tomar medidas, não vamos conseguir controlar os pais", avisa Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). Albino Almeida acrescenta que não são só auxiliares de acção educativa que estão em falta nas escolas duas semanas depois do início do ano lectivo, mas também professores (o próprio ministério anunciou que estão ainda 1100 horários por preencher) e psicólogos.

No agrupamento de escolas Rua Miradouro de Alfazima, no Monte da Caparica, por exemplo, os pais dos cerca de 400 alunos boicotaram ontem as aulas em protesto contra a falta de funcionários, garantindo que os seus filhos só voltam à escola até a situação se resolver. "Queremos apenas que seja cumprido o que foi prometido, que entrem ao serviço os funcionários suficientes para garantir a segurança e higiene dos alunos", reagiu à Lusa Susana Gouveia, da comissão instaladora da comissão de pais e encarregados de educação.

O caso do Monte da Caparica é um dos muitos pelo país que estão a preocupar pais e professores. A FNE (Federação Nacional de Educação) também já avisou que há professores a fazer as funções de auxiliares ou assistentes operacionais, alertando para o caso mais preocupante das crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE). "É um problema crónico, agravado este ano, a situação é praticamente caótica", admitiu Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. A Confap manifestou-se, também, "muito preocupada" por este ano a contratação estar "muito dependente da contenção orçamental" e avisou: "Estamos inundados de problemas".

Segundo adiantava na sexta-feira a Lusa, citando fontes do sector, o rácio de um funcionário para duas turmas ou 48 alunos não está a ser cumprido em muitas escolas e mesmo este era já considerado insuficiente por pais e professores.

A FNE, liderada por João Dias da Silva, exigiu, entretanto, a afectação de mais recursos humanos e materiais para que as escolas consigam cumprir as metas educativas estipuladas pelo Ministério da Educação até 2015. A FNE critica a "obsessão do Ministério pelos resultados educativos" e não com os "meios que são colocados à disposição de alunos, professores e escolas.

Fenprof preocupada com colocações
A Federação Nacional de Professores (Fenprof) esteve ontem reunida com a Direcção-geral dos Recursos Humanos da Educação, que já confirmou existirem a falta de cerca de 1.100 professores para preencherem horários sem candidatos. A federação que congrega o maior número de professores alerta para a verdadeira opacidade com que decorre o processo de colocação através da designada "bolsa de recrutamento" e para a falta de professores em muitas escolas".

Diário Económico

sábado, setembro 25, 2010

Oportunidades simplex

"O Expresso contou na semana passada a admirável história de Tomás Bacelos que, sem ter feito o 12º ano, entrou na Universidade de Aveiro com a nota máxima a nível nacional. Mais do que os 20 valores no exame de acesso, o que distingue o caso de Tomás é o seu percurso académico. Ele não completou, como os seus colegas do ensino regular, os 12 anos de escolaridade. Quando os chumbos começaram a suceder-se no Secundário, procurou uma via rápida de acesso à Universidade e encontrou-a: chama-se Novas Oportunidades. Em escassos meses obteve a equivalência ao 12º ano. Depois foi só apresentar-se ao tal exame de ingresso no curso que escolheu.
Tomás, não cometeu nenhuma irregularidade. Tem, aliás, o mérito de ser muito bom a Inglês, a avaliar pela nota da única prova que teve de fazer para chegar ao Ensino Superior, enquanto a esmagadora maioria dos outros concorrentes se maçavam com exames a várias disciplinas durante anos de estudo. A maioria, não todos. Soube-se agora que a oportunidade simplex foi descoberta por muitos - nada menos do que 530 (ver página 22). Um autêntico mercado paralelo gerador de flagrante injustiça e de concorrência desleal. Mais um convinte à desmotivação dos jovens que não pensam apenas em "safar-se" e ainda se dão ao trabalho de aprender".

Fernando Madrinha
Expresso

sexta-feira, setembro 24, 2010

Horários escolares vão ser investigados

"A Inspecção-Geral da Educação (IGE) vai investigar a constituição das turmas e a elaboração dos horários nas escolas do País. A averiguação é feita habitualmente no início do ano lectivo mas este ano a Fenprof já entrou ao organismo uma lista de irregularidades encontradas em vários estabelecimentos.

Há escolas em que as turmas têm mais alunos do que o número máximo (28) permitido ou mais do que dois alunos com necessidades educativas especiais, diz o secretário-geral da Fenprof. "Como sabemos que a IGE faz sempre nesta altura o levantamento das falhas para regularizar as situações quisemos alertar para alguns casos que não estão a respeitar a lei", diz Mário Nogueira.

Embora não saiba quantas situações irregulares denunciaram no dossier entregue ontem ao inspector-geral da Educação, Mário Nogueira adianta que "são muitas" e que "continuam a chegar mais queixas". No entanto, acredita que as situações só vão estar totalmente resolvidas no final do 1.º período.

O número de alunos por turma é uma das falhas mais apontadas. "Sabemos que há disciplinas que têm 34 alunos, porque juntam várias turmas. Outras têm mais de dois alunos com necessidades educativas especiais, o que representa verdadeiras irregularidades", defende o sindicalista. E nestes casos, Mário Nogueira reconhece que "há escolas que receberam indicações das direcções regionais de educação para fazer as turmas assim".

Do lado dos professores, os horários são o maior problema. "O problema coloca-se nos complementos individuais e não na componente lectiva dos docentes. O que se passa é que as escolas colocam sobre os professores mais tarefas do que aquelas que a lei prevê", explica o dirigente da Fenprof.

Os mega-agrupamentos não foram esquecidos e a Fenprof aponta situações, como duas escolas no Algarve, em que os professores fazem 30 quilómetros entre os dois estabelecimentos que pertencem ao mesmo agrupamento. Uma situação, lembra Mário Nogueira, que a ministra da Educação garantiu que não iria acontecer.

Apesar de ter apontado escolas em que a lei não está a ser cumprida, o dirigente sindical, garante que "a Fenprof não quer que a escola seja punida, apenas quer a lei seja respeitada". Ao DN, a IGE confirmou que tomou "boa nota das questões apresentadas", mas não confirmou se vai investigar os casos concretos denunciados pelo sindicato".

CM

domingo, setembro 19, 2010

Oportunidades ganhas e perdidas

"Há histórias que valem por mil ideias. A adaptação do ditado popular aplica-se ao caso, ontem relatado pelo Expresso, de um rapaz que acaba de conseguir entrada no ensino superior público com nota de louvor, depois de ter feito apenas o 9.º ano de escolaridade, completando o 12.º por recurso ao programa Novas Oportunidades. Nos últimos anos, muito se escreveu sobre o programa criado - e feito bandeira - pelo Governo de José Sócrates. Mas ninguém tinha dito ainda, contando por experiência própria, que os benefícios que retirou do dito diploma acabam por ser injustos face aos restantes candidatos ao superior. O que está a gerar já uma onda de contestação de várias associações de estudantes universitários do País, que consideram indigno que se possa fazer equivaler quem completa o 12.º ano ao longo de quatro anos, e uma bateria de avaliações, a quem o faz num ano e meio e bastando-lhe apenas um exame.

Chegados aqui, convém frisar o mérito do programa. Não fosse o Novas Oportunidades, muitos alunos provavelmente não regressariam aos estudos abandonados cedo de mais e muitos adultos não ganhariam coragem de voltar à escola. Assim, com o estímulo de ter um diploma na mão, e com menor esforço, acabam por voltar. Milhares de portugueses, sublinhe-se e registe-se, tiveram a oportunidade de aprender alguma coisa, muitos deles até ganharam estímulo para continuar e ir mais além. Isso, como é óbvio, é de valor inestimável.

Nada disto, porém, retira injustiça ao que se passou neste caso (a que se juntam muitos mais, não se sabe). Este aluno fez um só exame, tirou nota máxima e entrou no superior, sendo considerado o melhor aluno do País. O estímulo positivo para ele é negativo para centenas que estudaram anos e não entraram na faculdade.

O que está mal não é pois a ideia, bastante meritória, é o modelo. Nada pode ser concebido em função das estatísticas, da quantidade, mas sim da qualidade. E por muito que os números da escolaridade nacional se tornem muito mais positivos com programas como este, o que verdadeiramente importa é a formação e a preparação dada aos alunos. Não basta distribuir computadores ou diplomas. É preciso ensinar como os usar".

João Marcelino
DN

sexta-feira, setembro 17, 2010

Isabel no País das Maravilhas

"A ministra da Educação sacudiu a comunidade educativa com um suplemento de alma em forma de alocução vídeo que promete mudar o curso dos processos de aprendizagem em Portugal. Assim uma espécie de "se é pai, aluno ou professor, não esteja ansioso, deprimido ou irritado agora que a escola vai começar, porque há um sem-número de coisas giras para saber e fazer durante este ano lectivo". Querem saber quais? Isabel Alçada consegue sintetizar algumas em apenas 4,53 minutos de homilia.

Você que é pai, professor ou aluno sabia, por exemplo, que estudar é um "desporto do cérebro"? Mas é, porque a garbosa ministra da Educação já falou "com muitos meninos sobre isto". Falou porque ela gosta muito de ir às escolas falar com os meninos. É ela que o diz.

A vós, os da comunidade educativa, alguma vez vos passou pela lembrança que "o dia tem 24 horas e essas horas podem ser usadas de várias maneiras"? Ah, pois é, por esta é que vocês não esperavam.

E os pais, mesmo os mais informados, que lêem um jornal desportivo por dia, vêem o "Opinião Pública", da Sic-Notícias, e até têm Facebook no escritório, sabiam que os meninos têm de "dormir bem" e tomar o pequeno--almoço para melhorar o rendimento escolar? Vá, toca de proibir a ganapada de ver o "5 para a meia-noite" e de os obrigar a tragar o pãozinho e a frutinha matinais ou, em alternativa, os cereais com leite meio-gordo.

Mas se dúvidas houvesse quanto à bondade e eficácia comunicacional desta intervenção paternalista e completamente deslocada da realidade, depressa se dissiparam com a tirada final de Isabel Alçada: "Quem estuda e quem obtém boas notas e bons resultados está a beneficiar-se e ele próprio" e a contribuir, em larga medida, para a felicidade não só dos pais, mas também dos professores. Em última análise, de acordo com o prognóstico pouco reservado de Isabel Alçada, para a felicidade de todos os portugueses.

Não tomo Isabel Alçada como uma mulher pouco inteligente ou desinformada sobre o panorama escolar. Mas o que ela conseguiu com esta mensagem surrealista foi apenas ridicularizar a figura institucional de ministra da Educação e tornar uma coisa séria, como o ano escolar e os vários problemas a ele associados, num caricatural vídeo do Youtube a que os alunos portugueses provavelmente vão assistir no intervalo de um videoclip da Lady Gaga e de um golo esquisito da liga de futebol turca.

No afã de ser pedagógica e ter graça, Isabel Alçada apenas conseguiu transformar a escola portuguesa numa anedota".

Pedro Ivo Carvalho
JN

quinta-feira, setembro 16, 2010

Desporto cerebral

"A ministra da Educação é uma pessoa que não está a leste do sector. Tem um passado profissional que lhe dá um valor e um conhecimento específicos da área que tutela.
Isabel Alçada está ligada à arquitectura do ensino democrático saído da revolução de 1974 e a muitos aspectos positivos de uma visão mais ampla do processo educativo. Quando iniciou funções, teve o grande mérito político de descomprimir a tensão entre professores e Governo e lançar as bases de um diálogo mais construtivo. Daí para cá, tem tido altos e baixos.

Fechou escolas, agravando a desprotecção de populações já muito abandonadas por este ‘estado social’ que o PS tanto diz defender, aprovou ‘aumentos’ ofensivos para o apoio social escolar, mas não teve, até hoje, um momento ridículo como o que perpassa do vídeo de boas-vindas que o Ministério da Educação pôs no site. Gastar tempo e recursos públicos para gravar um vídeo a dizer que estudar "é o desporto do cérebro" e que uma boa parte do dia é "mêmo só para estudar" é ‘mêmo’ de um ridículo atroz. Podia ter aproveitado, por exemplo, para pedir desculpa aos portugueses que dependem do apoio social escolar para comprar os livros dos filhos por este, em alguns casos, ter aumentado apenas 3o ou 50 cêntimos. Isso é que era ‘mêmo fixe’".

Eduardo Dâmaso
CM

quarta-feira, setembro 15, 2010

Em Portugal gostamos de ser diferentes

"Na Finlândia, só três por cento dos estabelecimentos têm mais de 600 alunos
Ao contrário de Portugal, lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas

Em Nova Iorque, a taxa de sucesso entre os alunos que foram transferidos para escolas mais pequenas é superior à dos que permanecem nos velhos estabelecimentos.

Os primeiros grandes agrupamentos nascem no próximo ano lectivo (Rui Gaudêncio (arquivo)
A criação de grandes agrupamentos escolares que irá começar a tomar forma em Portugal no próximo ano lectivo está em queda noutros países, que já viveram a experiência e tiveram maus resultados. Na Finlândia, a pequena dimensão é apontada como uma das marcas genéticas de um sistema de ensino que se tem distinguido pelos seus resultados de excelência.

Em Portugal, para já, os novos agrupamentos, que juntam várias escolas sob uma mesma direcção, terão uma dimensão média de 1700 alunos, indicou o secretário de Estado da Educação, João Trocado da Mata. O número limite fixado foi de três mil estudantes.

Em Nova Iorque, o mayor Michael Bloomberg tem vindo a fazer precisamente o oposto. Desde 2002 foram fechados ou estão em processo de encerramento 91 estabelecimentos. Entre estes figuram mais de 20 das grandes escolas públicas secundárias da cidade, que foram substituídas por 200 novas unidades. Nas primeiras chegavam a coabitar mais de três mil alunos. Nas novas escolas, o número máximo vai pouco além dos 400.

Em algumas das grandes escolas que fecharam portas eram menos de 40 por cento os alunos que tinham êxito nos estudos. No conjunto das escolas da cidade, esta percentagem é de 60 por cento, mas entre os estudantes que estão nas novas unidades já subiu para os 69 por cento, revela um estudo financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, divulgado no final do mês passado.

A fundação criada pelo dono da Microsoft tem sido um dos parceiros da administração do mayor Bloomberg na implementação da reforma lançada há oito anos. O estudo, desenvolvido pelo centro de investigação MDRC, abrangeu 21 mil estudantes, dos quais cerca de metade está já a frequentar as novas escolas. Uma das conclusões: entre estes, a taxa de transição ou de conclusão dos estudos é superior em sete pontos à registada entre os alunos inquiridos que frequentam outros estabelecimentos de ensino.

Uma escala mais humana

Até 2014 terão passado à história dez por cento dos estabelecimentos com piores resultados. O objectivo fixado por Bloomberg duplica a meta estabelecida pela administração de Obama, que no ano passado desafiou os estados a fecharem cinco por cento das suas escolas mais fracas. No âmbito do novo programa Race to the top, lançado para combater o insucesso escolar, aos estados com melhores estratégias e resultados serão garantidos mais fundos para a educação.

Mas o objectivo não é só fechar as escolas com milhares de alunos e substituí-las por unidades com uma dimensão mais humana – embora este enfoque na “personalização” seja considerado vital. A mudança de escala está também a ser acompanhada pela implementação de novos currículos, pela fixação de um corpo docente mais qualificado e por uma maior autonomia das escolas.

Esta aposta em escolas mais pequenas, mais bem qualificadas e com maior autonomia faz também parte das prioridades do novo primeiro-ministro conservador britânico, David Cameron, o que, a ser levado por diante, constituirá uma profunda inversão da tendência registada na última década no Reino Unido. O número de escolas com mais de dois mil estudantes quase quadruplicou e cerca de 55 por cento das secundárias têm mais de 900 alunos.

Com esta dimensão, a função dos docentes passou frequentemente a ser mais a de “apagar fogos” do que a de ensinar, constata-se num documento elaborado pela organização de professores Teach First.

Aumentar permite poupar

Um estudo elaborado há uns anos pelo EPPI-Centre, de Londres, com base nas experiências dos países da OCDE, concluía que os alunos tendem a sentir-se menos motivados nas escolas maiores e que os professores se sentem menos felizes com o ambiente vivido nestas".

http://blasfemias.net/2010/09/14/a-professorinha-dos-portugueses/#comments

terça-feira, setembro 14, 2010

Ministra da Educação não garante concurso extraordinário de professores

"Vai ser aberto um concurso extraordinário para integrar os contratados nos quadros?

Ainda está de pé. Nas negociações sindicais abrimos essa hipótese, mas temos que analisar e ver se vai ser possível. Ainda não está fechado [com o Ministério das Finanças] e não há um compromisso [governamental]. Vamos ver se será realizado.

Não são necessários mais quadros nas escolas?

Anualmente há colocação de professores em horários completos e outros em incompletos. É nesse movimento de necessidades permanentes do sistema que encaramos a abertura do concurso.

Por que são professores necessários ao sistema?

Tem que ser feita essa avaliação. Se se vê que, ano após ano, há colocação de professores, é porque são necessários, tal como os que têm horários incompletos. Temos que ver as necessidades do sistema.

E essas é que podem determinar a abertura de concurso?

Exactamente".

Público

segunda-feira, setembro 13, 2010

domingo, setembro 12, 2010

A educação tem de ser prioridade

"A aposta na educação e na qualificação dos nossos jovens, nomeadamente com o incentivo à frequência do ensino superior, tem de ser a mãe de todas as prioridades. Como se viu ainda esta semana, de acordo com os dados de um relatório da OCDE, Portugal ocupa o 16.º lugar no ranking de investimento anual por aluno. Apesar da satisfação manifestada pela ministra da Educação (é um facto que há sempre quem esteja pior do que nós), a verdade é que na comparação do investimento em termos de percentagem do PIB, Portugal está quase 1% abaixo da média dos países desta organização.

Serve esta análise para dizer que, no que respeita ao investimento a fazer, há ainda uma margem de obrigação do Estado para cumprir as metas da OCDE. Porém, há que ter a noção plena de que o objectivo tem de ser qualitativo e não apenas estatístico. Ou seja, não serve de nada ao desenvolvimento do País dizer que a taxa de entrada no ensino superior é das mais elevadas da Europa, se a esta realidade não estiver associada uma outra: a da qualidade e a das necessidades do mercado.

Ao Estado tem pois que competir, por um lado, a homologação de cursos superiores de qualidade mantendo um elevado padrão de exigência ao nível do ensino. E por outro, perceber que áreas estão mais carenciadas de técnicos especializados, capazes de exportar conhecimento e habilitações que estejam à altura das mais prestigiadas escolas internacionais. Aos estudantes compete perceber a outra face da realidade. Quando se opta por um determinado curso, a escolha faz-se sempre em função ou do sonho ou das saídas profissionais. O ideal é poder conjugar estes dois critérios. Mas na impossibilidade de o fazer há que escolher um destes dois caminhos: ou ser pragmático e optar pelas garantias oferecidas pelo mercado de trabalho ou assumir os riscos da opção pelo ideal".

Editorial
DN

sexta-feira, setembro 10, 2010

Professores, os escravos do ministério

"Ante o relatório da OCDE, José Sócrates esqueceu um pormenor: os nossos professores são escravos. E Sócrates continua a esquecer aquilo que não pode aparecer nesses relatórios da OCDE: um aluno de 12º ano não sabe escrever.

I. José Sócrates, o propagandista-que-por-acaso-é-o-nosso-primeiro-ministro, lançou por aí uns foguetes pedagógicos depois de ver um relatório da OCDE sobre a educação. Consta que a educação em Portugal melhorou. Pois claro, com um ministério da educação a fabricar falsas estatísticas através do facilitismo, eu aposto que Portugal ainda vai passar a Suécia. As nossas crianças não sabem escrever ou fazer uma simples conta, mas, força Sócrates, tu consegues .

II. Mas, enquanto a Ministra Alçada apanhava as canas do eng., outras pessoas fizeram outras contas. Por exemplo, Paulo Guinote viu aqui uma coisa: os professores portugueses trabalham mais 100 horas do que a média europeia. Não são 10. São 100. Eu não percebi se estas horas são apenas horas passadas nas salas de aula ou se já incluem as horas infindáveis que um professor gasta a preencher papéis e fichas para o ministério.

III. Em todo o caso, interessa fixar isto: se o excesso de trabalho fosse em prol dos alunos, o problema não seria grave. Mas, na verdade, o excesso de trabalho dos professores representa trabalho escravo, representa a subalternização do professor em relação aos pedagogos do ministério da educação. Como já escrevi 1234 vezes, o nosso maior problema é este centralismo do Ministério da Educação. E esse centralismo autoritário (e herdeiro de Salazar) é visível na forma como Lisboa controla as escolas no Fundão, Faro ou Bragança. Um absurdo intolerável. Mas este absurdo intolerável não se vê apenas nesta parte burocrática e administrativa. Também se vê na parte pedagógica. Os desgraçados dos professores têm de preencher fichas e fichinhas intermináveis. Para quê? Para que os pedagogos centralistas controlem tudo. Para que a senhora ministra tenha dados bonitinhos para apresentar à OCDE. Resultado? Sempre que se fala com um professora, a desilusão é sempre a mesma: "eu não sou uma professora, sou uma burocrata do ministério".

IV. Um partido que pretenda, de facto, resolver este assunto tem de atacar os pedagogos do ministério e não os professores que estão nas escolas. Temos de tirar poder ao ministério. Temos de dar esse poder às escolas e aos professores. É preciso retirar poder a estes pedagogos pós-moderninhos que têm mestrados e doutoramentos naquela pseudo-ciência (ciências da educação? É assim que se diz?) e que têm, acima de tudo, um cartão da cor política certa. Quantos boys and girls vivem nas catacumbas do ministério da educação? Quantas horas os professores perdem a preencher as fichinhas dos boys and girls que andam a destruir o futuro dos jovens portugueses há duas ou três décadas? Sem poder sobre o ministério, os professores nunca vão conseguir fazer aquilo que têm de fazer: ensinar sem facilitismos".

Henrique Raposo
Expresso

quinta-feira, setembro 09, 2010

Alunos e professores portugueses têm mais tempo de aulas

"Por ano, os alunos portugueses entre os 7 e os 14 anos têm um maior número obrigatório de horas de aulas do que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas a percentagem deste tempo que se encontra destinada à aprendizagem da leitura, expressão escrita, matemática e ciências está abaixo da do conjunto dos 32 Estados que pertencem àquela organização, revela o relatório sobre o estado da Educação - Education at Glance - divulgado terça-feira pela OCDE. Na edição deste ano, que tem como base dados de 2008, a OCDE privilegiou a aposta no ensino superior, salientando que mais formação poderá ser um antídoto contra o desemprego e baixos salários.

A maior diferença no número obrigatório de horas de aulas situa-se no grupo dos 7 aos 8 anos. Em Portugal tinham 855, enquanto a média dos países da OCDE era 759. Entre os 9 e os 11, este número passou por cá para 849 (802 na OCDE), nos 12 a 14 anos era de 800 ( 886 OCDE). Só aos 15 anos é que esta tendência se inverte, com a média na OCDE a ir às 902 horas e em Portugal a situar-se nas 872.

Entre os 12 e os 14 anos, do tempo obrigatório de aulas, 34 por cento é dedicado em Portugal ao ensino da língua portuguesa, matemática e ciência, quando no conjunto dos países da OCDE esta fatia se situa nos 41 por cento. Entre os 9 e os 11 anos, esta diferença é de quatro pontos, mas a percentagem de tempo consagrado a estas matérias é maior em ambos os casos - 44 por cento em Portugal, 48 na média da OCDE.

Dos países da organização, Portugal é, com a Coreia do Sul, aquele em que existe uma maior diferença entre os salários dos professores em início da carreira e aqueles que atingiram o escalão máximo, que ganham duas vezes e meia mais. À excepção dos docentes que atingem o topo da carreira, o vencimento anual dos outros professores estava abaixo da média da OCDE. Em 2008, no ensino público português um professor em início de carreira ganhou 19.033 euros, quando a média na OCDE foi de 25.417. No topo o seu vencimento anual chegou aos 48.864 euros (42.163 na OCDE). Um docente com 15 anos de carreira auferiu, em 2008, um vencimento anual de 31.157 euros (36.812 na OCDE).

No conjunto dos países da organização, os docentes tendem a ganhar menos do que outros profissionais com as mesmas qualificações. Em média, o número de horas de aulas que um professor deu por ano diminuiu entre 1996 e 2008, mas em Portugal registou-se o contrário. No ensino primário de 783 horas passou-se para 855 (786 na OCDE) e no ensino secundário de 574 para 752 (661 na OCDE)".

Público

A OCDE e a Educação Secundária Portuguesa

"No rescaldo da não subida ao pódio da equipa das quinas no último Campeonato Mundial de Futebol que, se não tivesse acontecido, faria esquecer o estado desastroso da educação portuguesa – não é uso dizer-se que o futebol é um dos ópios do povo?-, soam as trombetas lusitanas, pela voz de Sócrtes, a dar conta do honroso lugar de Portugal na melhoria substancial da rede do pré-escolar quando anunciam, "urbi et orbi", que “ultrapassar a média da OCDE no pré-escolar é ‘um feito’”. Não se ousa, sequer, discutir o "feito", mas ele não pode, e muito menos deve, servir para escamotear o panorama que se passa no ensino secundário nacional e de que nos dá conta a OCDE:

“Portugal é dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde o número de pessoas com ensino secundário mais cresceu. Ainda assim, em 2008, continuava a figurar no grupo com indicadores de formação da população mais baixos.

O relatório de 2010 Education at a Glance, elaborado pela OCDE, coloca Portugal no antepenúltimo lugar no que toca à percentagem da população que completou o ensino secundário e revela uma diminuição no investimento em educação”.

Resta saber se nestes números estão incluídos os diplomas da Novas Oportunidades em que o diploma do 12.º ano é obtido em escassos meses, através da elaboração de um simples relatório de um percurso de vida profissional, feito pelo próprio, encomendado a terceiros ou comprado na Net, que nada significa em termos de aquisição de conhecimentos correspondentes a um ensino secundário “normal” ou adquirido no chamado ensino recorrente acabado de ser extinto por decisão governamental como nos dá conta o Público de hoje, em notícia de primeira página, e que aqui se transcreve:

“O Ministério da Educação determinou que não vão ser abertas novas turmas para os alunos que iam entrar para o ensino recorrente. Este modelo de aulas à noite que existia para adultos desde a década de 1980 não resistiu à concorrência das Novas Oportunidades e da Educação e Formação para Adultos”.

Destinava-se esta espécie de ensino a ser frequentado nos turnos da noite por trabalhadores diurnos na satisfação de um percurso sério com igual frequência em número de anos lectivos e cumprimento programático idênticos aos do ensino realizado antes do pôr do Sol. Bem sei que as Novas Oportunidades não davam acesso directo ao ensino superior , mas logo surgiram as salvíficas provas de Acesso ao Ensino Superior para maiores de 23 anos que mandaram às urtigas o sério e exigente exame ad hoc em que o autodidactismo não era havido como prova de uma ignorância por conta própria, como escreveu o poeta brasileiro Mário Quintana.

Cumpria-se, assim, o destino de um país em que não basta para o ego o desempenho de elevados cargos ao serviço da nação ou de “senador”. Havia que emoldurá-lo, quanto mais não seja, com o pergaminho de uma antiga licenciatura obtida em universidades privadas que foram obrigadas a encerrar por terem as suas rotativas a passar diplomas sem qualquer valor facial e que em pouco tempo lançariam o sistema do já fragilizado ensino superior para a bancarrota de um irremediável e total descrédito.

Embora seja uso dizer-se que a história se não repete, não resisto em transcrever uma carta escrita por Ramalho Ortigão, no século dezanove, ao então Ministro do Rei, sobre o ensino secundário à época: “O estado em que se encontra em Portugal a instrução secundária leva-me a dirigir a Vossa Excelência o seguinte aviso: se a instrução secundária não for imediatamente reformada, este ramo do ensino público acabará dentro de poucos anos”.

Sem curar da qualidade do ensino anterior ao ensino superior, temo que, tal como no tempo da Ramalhal figura, o caminho esteja aberto para a destruição do ensino secundário, um dos baluartes de um ensino que tem sabido resistir, até agora, a todas as tentativas de o fazer cair no descrédito de um ensino sem qualidade, sem exigência, sem reprovações que o torne em quantidade triste vanguardista dos dados comparativos da OCDE relativamente a outros países. Não é verdade que, na tradução de "abyssus abyssum invocat" , o abismo chama o abismo?".

Rui Baptista
http://dererummundi.blogspot.com/2010/09/ocde-e-educacao-secundaria-portuguesa.html

segunda-feira, setembro 06, 2010

sábado, setembro 04, 2010

quinta-feira, setembro 02, 2010

É fácil malhar nos professores

Santana Castilho
Público

Regresso às aulas

"No fim das férias, a discussão política anda entre um candidato presidencial comunista que vai picar o ponto, uma proposta de revisão constitucional que não é totalmente conhecida, um Orçamento que ninguém quer assumir, umas nebulosas negociações do Bloco Central e um Estado Social que não funciona. Mas para além da ficção e do reino do faz de conta, há uma realidade: aquela em que as famílias se apressam para começar o novo ano com o regresso à escola.

Como de costume, discute-se o preço dos manuais, a factura que se paga, a colocação dos alunos nas escolas e, verdadeira novidade estival, o número de chumbos, ou retenções para os mais susceptíveis, nas escolas portuguesas. De facto, a senhora ministra, pessoa que admiro e que assume uma postura bem diferente da sua antecessora, decidiu trazer polémica para um mandato que se afigurava razoavelmente pacato.

Em entrevista a um jornal semanário, avançou com a necessidade de seguir o modelo finlandês - para alguns o novo alfa e ómega da política educativa é deixar os alunos transitarem de ano com o simples andar do relógio. Quem conhece a literatura sobre o modelo finlandês pode notar como é absurdo começar uma casa pelo telhado. A medida em causa corresponde a um fim de linha. Antes estão os apoios permanentes aos alunos em dificuldades, a aceitação dos diferentes graus de aprendizagem, as escolas com verdadeiras condições para o ensino, as cargas horárias ajustadas, os currículos adequados e os métodos de ensino direccionados para as necessidade baseado na exigência e no sucesso.

Falar em fim das retenções sem tudo isto ou é populismo, o que não acredito, ou é falta de noção de que sem as fundações adequadas qualquer edifício se desmorona. Como não acredito que essa possa ser a intenção da senhora ministra, o conselho que lhe deixo passa por arrepiar caminho e lembrar a necessidade de exames, de manuais e programas avaliados, ou, ainda, da possibilidade de existência do professor tutor, de apoios escolares alargados, e uma crescente autonomia para as escolas. Em suma, para a educação em Portugal, é necessário exigência, avaliação e salas de aula a funcionar. Se nada disto acontecer, é caso para dizer que em início de aulas há quem não aprenda nada".

Diogo Feio
JN