domingo, outubro 31, 2010

sexta-feira, outubro 29, 2010

quinta-feira, outubro 28, 2010

terça-feira, outubro 26, 2010

A Área de Projecto

"As escolas têm uma disciplina inútil e quase anedótica: a Área de Projecto. Nunca houve coragem para acabar com isto. Agora é o OE2011 que extingue burocraticamente aquilo que devia ter sido extinto de forma política.

I. A Área de Projecto é uma anedota que já vem do meu tempo do secundário (nos anos 90, chamava-se, se não estou em erro, Área Escola). A malta gozava com esta cadeira, porque, basicamente, era uma enorme e festiva perda de tempo (acho que nem sequer havia avaliação). Ali, naquela excelsa cadeira, a malta podia dar largas a toda a sua imaginação em "projectos" inenarráveis. Moral da história: perdiam-se horas que podiam ser utilizadas nas disciplinas de português ou matemática. Não por acaso, há uns meses, saiu um estudo que indicava o seguinte: os alunos portugueses são aqueles que têm menos horas de aulas em matemática e na língua materna. Brilhante. Os nossos alunos não sabem escrever e que acham que tabuada é um código alienígena, mas fazem "projectos" (Área de Projecto/Área Escola) que expressam toda a sua genial imaginação.

II. Portanto, ainda bem que acaba esta perda de tempo nas escolas . Mas é triste ver que, em Portugal, tudo funciona de forma burocrática e com a desculpa das finanças. A Área de Projecto deve acabar porque é uma perda de tempo. Mesmo que Portugal estivesse a nadar em dinheiro, a Área de Projecto devia ser extinta. Pais e alunos iriam perceber isso perfeitamente. Mas então por que razão o ministério não acabou com isto mais cedo? Porque tinha medo dos sindicatos de professores (não os professores considerados individualmente; os mais críticos da Área Escola costumavam ser os professores das cadeiras a sério). Mas, por muito estranho que isso possa parecer aos sindicatos, a escola existe para servir os alunos e não os professores. E parece-me que esta Área de Projecto serve apenas os professores. Vejamos: no meu tempo, se bem me lembro, a Área Escola era dada pelos professores normais. Ou seja, o professor de português ou de história perdiam tempo naquela brincadeira. Agora, e olhando para a notícia, parece que a situação mudou, parece que a Área de Projecto é usada para empregar os professores que não são colocados nos concursos . Estou errado?

III. Este é o exemplo típico do erro das últimas décadas: o Estado não separou o trigo do joio; os ministérios não separaram os 'indispensáveis' dos 'dispensáveis'. Se toda a gordura inútil das escolas (as Áreas de Projecto e afins) tivesse sido dispensada a tempo, talvez agora não fosse necessário cortar nos salários de todos os professores. Assim, como não há selecção, pagam os justos pelos pecadores. Nesse sentido, os professores a sério (os de português, matemática, línguas, história, etc.) não deviam reagir a isto de forma corporativa. Isso seria uma suprema hipocrisia. Eu sei o que estes professores pensam da Área de Projecto e demais bugigangas do eduquês. Os professores a sério deviam, isso sim, exigir mais horas de aulas nas cadeiras de português, matemática, ciências, línguas, etc. Porque são essas cadeiras que preparam as crianças para o futuro. Vamos lá acabar - responsavelmente e sem corporativismos cegos - com as palhaçadas do eduquês".

Henrique Raposo
Expresso Online

segunda-feira, outubro 25, 2010

Estudo Acompanhado vai continuar, mas apenas para alunos com efectivas necessidades

"O Governo garantiu hoje que o Estudo Acompanhado vai continuar a ser oferecido, mas apenas a alunos com "efectivas necessidades", e justificou o fim da Área de Projecto com a ausência de resultados nas aprendizagens.
"O Estudo Acompanhado continuará a ser oferecido, mas no quadro de uma gestão mais flexível, para que a oferta se dirija aos alunos que têm efectivas necessidades de apoio e acompanhamento por parte dos professores", afirma o Ministério da Educação, numa resposta a questões colocadas pela agência Lusa.
"O impacto da Área Projecto nos resultados de aprendizagem não ficou demonstrado em vários estudos que se realizaram sobre esta matéria. Acresce que a metodologia de projecto pode e deve ser usada no âmbito de cada disciplina", afirma o gabinete da ministra Isabel Alçada, na mesma nota".

Público


Fim de duas 'disciplinas' deixa 5 mil docentes em risco

A extinção das actividades da Área de Projecto e do Estudo Acompanhado, prevista na proposta de Orçamento do Estado (OE), vai fazer com que no próximo ano lectivo o Ministério da Educação precise de menos professores. Segundo as contas dos sindicatos, haverá menos cinco mil horários a concurso, o que se pode traduzir em menos cinco mil professores contratados. E mais cinco mil no desemprego.

quarta-feira, outubro 20, 2010

Em 2011, não haverá concurso de professores

A ministra da Educação, Isabel Alçada, assumiu hoje no Parlamento a impossibilidade de realizar o concurso de professores em 2011 que se havia comprometido com os sindicatos devido à contenção orçamental.

Só 30% dos alunos conclui 12 anos de escolaridade sem chumbar

"Apenas 30 por cento dos alunos portugueses concluem os 12 anos de escolaridade sem chumbar, segundo dados revelados hoje por Joaquim Azevedo, professor da Universidade Católica e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Citando dados do mais recente relatório do CNE, que será divulgado na quinta- feira, o investigador adiantou que a cada 109 mil alunos que entram no primeiro ano de escolaridade em Portugal só 32 mil chegam ao 12.º ano em 12 anos.

Numa intervenção na conferência "A Escola de Hoje", em Lisboa, o presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa (UCP) defendeu a real autonomia das escolas como o caminho para melhorar o ensino em Portugal e evitar o abandono escolar precoce.

O professor e investigador lembrou que a autonomia das escolas já foi "decretada" em Portugal quatro vezes, em 1989, 1992, 1998 e 2002 e que, apesar disso, "tem sido difícil construir um ambiente de autonomia e de liberdade".

CM

segunda-feira, outubro 18, 2010

A frase do dia

"José Sócrates diz que este é um orçamento que defende o Estado Social. E deve ser. Tal como a amputação defende a perna".

João Miranda
http://blasfemias.net/

A "oportunidade"

"A palavra “oportunidade” vem sendo demasiadamente prostituída, de há uns tempos para cá. Refiro-me sobretudo ao modo como é usada e aplicada nos cursos do programa “Novas Oportunidades”, com que lido diariamente e que sem excepção me deixam prostrada, no anseio, que me guia, de concretizar boas práticas profissionais.
O que parecem não perceber os vários responsáveis pela criação e pela organização das “oportunidades” é que esta é uma palavra selectiva: não chama toda a gente. Ora, pelo contrário, toda a gente é chamada às “Novas Oportunidades”, com o aceno luminoso de um salário mensal e de um diploma, ao fim de pouco mais de um ano de comparência à formação. Digo comparência, porque pouco mais é necessário. Passo a explanar alguns dos graves problemas que corrompem um projecto cujo ideal é bonito, mas estropiado pela sua implementação cega:


1. A selecção dos adultos (penso nos EFA e nos RVCC, mas os CEF também cabem aqui) é, geralmente, pouco criteriosa, juntando num mesmo grupo pessoas com níveis de formação assaz distintos, dificilmente conciliáveis. Além disso, a sua formação humana é bastas vezes precária e a disposição para o trabalho, habitualmente, nula. Há dias, houve quem, num arroubo de sabedoria, me aconselhasse a não levar aquilo “tão a sério” (por “aquilo”, referia-se ao cumprimento de horários).

2. Muitos deles estão ali porque foram coagidos pelo IEFP, tendo como única motivação o dinheiro que lhes cai na conta todos os meses, procurando todos os subsídios a que vagamente ouçam poder ter direito. Se conseguirem a certificação no final, é ouro sobre azul. Se a sala estiver equipada de computadores e o curso até for ligado à área tecnológica da informática, então vamos a transformar o espaço de formação num escritório pessoal, de que não podem ser dispensadas as redes sociais nem o MSN. Se o formador pedir trabalho pelo meio, terá de esperar por uma pausa nos contactos de monta que se estabelecem ali, mesmo por quem não conhecia os equipamentos informáticos, mas que depressa chega com deslumbramento ao maravilhoso mundo novo das tecnologias.

3. Os referenciais são abstrusos, incoerentes, irreais e ocos. Além da regular discrepância entre os conteúdos propostos e o tempo de duração do módulo (ora são em demasia para as horas previstas, ora as horas excedem em muito o necessário), os vários módulos repetem pontos uns dos outros, não se percebe uma linha sequencial de matérias nem de nível de dificuldade – e todos têm de ser adaptados aos chamados “temas de vida” e “actividades integradoras”, que limitam confrangedoramente o trabalho de formação.

4. O conceito-chave de “competência”, que norteia todo o programa, está orientado para práticas profissionais, sociais e pessoais que não contemplam a cultura nem o conhecimento – a base sólida de toda a formação.

5. Se existem adultos que não correspondem aos objectivos dos módulos, se não se esforçam nem apresentam trabalho, não podemos pensar numa “não validação”, porque, como me disseram recentemente numa reunião, “não é suposto haver não validações”. Se o formando ultrapassa o limite mínimo de faltas que podia dar, é convidado a assinar algumas horas, na tentativa de que se salve ou permaneça um tempo mais no curso, de modo a não prejudicar as entidades formativas, que são avaliadas em função do número de validações atribuídas e da quantidade de burocracia que fazem nascer. Invariavelmente, são os próprios formandos que acabam por desistir – uns porque percebem que não podem ficar ali sentados sem fazer nada; outros porque depressa detectam o calibre de alguns dos colegas de grupo e não estão para aturar delinquentes.

6. A avaliação dos adultos é feita bastante em função de “reflexões” que têm de redigir com regularidade, juntamente com documentos de “auto-avaliação” – quando poucos têm bases para realizar semelhante exercício ou se interessarem sequer por ele. A lei do menor esforço impera, e é corrente a confissão de “não senti dificuldades”, que isenta o indivíduo de desenvolver o pensamento. Ademais, quase ninguém sabe pensar nem escrever, e o que custa é sabiamente evitado.

7. Nos módulos de Linguagem e Comunicação/CLC, a colaboração nas actividades integradoras resume-se a um “redigir textos”, que, na maior parte dos casos, acaba às costas do formador: as lacunas de expressão e de correcção escrita são tais que é necessário reescrever os textos (ou linhas) entregues pelos formandos, de modo a que se tornem apresentáveis ao exterior.

8. Muitos adultos com o 6.º ano chegam a obter, num período de poucos meses, o diploma do 12.º ano, contando a sua história de vida e fazendo pesquisas na Internet. Raros são os chumbados, findo este percurso, justificando-se, muitas vezes, a certificação, pelos psicólogos e engenheiros envolvidos na avaliação, com o sentimento de “valorização pessoal” que daí advém para os “adultos”.

9. Os formadores são tratados como peças num jogo de xadrez: têm de se desdobrar para chegar a todo o lado e inventar disponibilidade para quem, em muitos casos, não a valoriza. Em múltiplas entidades, não sabemos quando vamos receber, o que frequentemente acontece com um atraso de 4 e 5 meses para com o período de trabalho realizado – porque os subsídios do Estado não chegam e as entidades que gerem vários cursos não têm meios para adiantar pagamentos. Algumas, que o têm, não sentem essa preocupação. Em todos os casos, a prioridade é o pagamento aos ditos “adultos” que, se não recebem no final do mês, boicotam a formação.

10. Os formandos têm sempre razão.

Estas são apenas algumas das dificuldades com que o profissional de educação/formação se vê a braços, se quiser trabalhar e ainda não tiver lugar nas escolas públicas – ou se simplesmente escolher outros percursos de trabalho. Salvaguardo as excepções que existem para todo o panorama descrito, tão mais dignas de menção quanto é negro o quadro com que contrastam – quer entre os formandos, quer entre as entidades formativas.
Em todo o caso, a situação é inegavelmente preocupante, fazendo-nos cúmplices da proliferação, no nosso país, de uma estufa de párias, que não sabem dar valor à aprendizagem e se iludem quanto às suas “competências”, com a subscrição do Estado e uma palmadinha nas costas.

Ainda assim, não deixo de sonhar com o dia em que a palavra “oportunidade” seja limpa e volte a brilhar. Trabalho para isso a cada minuto".

(Autor com reserva de identidade para que possa preservar o seu ganha-pão)


http://joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/cat_ensino.html

sábado, outubro 16, 2010

Rankings não dizem se escola é melhor ou pior

"Manuel Esperança, Presidente do Conselho das Escolas e director da Escola José Gomes Ferreira (Lisboa), fala sobre rankings.

CM – As escolas privadas voltam a dominar os rankings. Porquê?

Manuel Esperança – Não podemos comparar escolas públicas com privadas. As públicas, quando querem recuperar alunos com problema a alguma disciplina, precisam de ter crédito horário para dar apoio e muitas não têm. O privado não tem este constrangimento.

– É contra a sua divulgação?

– Não. Penso que é positivo para nos podermos comparar com outras escolas do mesmo concelho ou distrito e dá para tirar ilações a nível do País. Não se pode é dizer que uma escola é melhor ou pior com base nos rankings, mas apenas que obteve melhores resultados nos exames nacionais.

– Porquê essa distinção?

– Para dizer se uma escola é melhor temos de ir buscar outras variáveis, como o estrato social das famílias dos alunos ou a zona onde a escola está implantada.

– A escola que dirige fica sempre bem colocada, este ano em 36.º posto. Qual a razão?

– Os alunos vêm de estratos sociais que permitem isso. Depois tenho bons profissionais e boas condições de trabalho. Os três factores conjugados explicam os bons resultados".

CM

sexta-feira, outubro 15, 2010

Rankings dos exames nacionais

Ranking do Secundário - Aqui
Ranking do Básico - Aqui

quarta-feira, outubro 13, 2010

Entrevista de Maria de Lurdes Rodrigues

"Quis prestar contas ao país. Saldou-as?
Do meu lado, estão, que as prestei.

O sistema está preparado para o fim dos chumbos?
Os chumbos têm vindo a diminuir progressivamente. Sabe-se que esse é que um mecanismo totalmente ineficaz - um aluno que chumba tem elevada probabilidade de não cumprir com êxito o seu percurso escolar e vai acumulando repetências. Qual é a alternativa? Acabar com os chumbos? Não. É instituir outros mecanismos pedagógicos que reforcem o tempo de trabalho e acompanhamento dos alunos.

Ao primeiro sinal de dificuldade?
Foi o que fizemos com os planos de recuperação, dar orientação às escolas para reforçar os tempos de trabalho de todo e qualquer aluno que tenha nota negativa no Natal - porque os alunos não chumbam em Julho. O que é errado é falar-se no fim dos chumbos sem mais. Não é isso que está em cima da mesa. O que deve estar em cima da mesa é qual é o mecanismo alternativo à repetência - e é mais trabalho. Têm de ser dadas condições às escolas e aos professores para que possam, de facto exercer, esse poder de acompanhamento.

Na última conversa que tivemos defendeu que a contestação às suas políticas não custou a maioria absoluta ao PS, antes pelo contrário, deu a vitória ao partido. Os professores podem derrubar ou eleger governos?
Ninguém sabe porque se ganha ou se perde uma eleição, é preciso estudar isso no final de um escrutínio; e como ninguém sabe o que na realidade se passou e o PS ganhou as eleições, o que posso é também ter uma opinião e a minha opinião é que o PS não perdeu as eleições porque tem muito trabalho para mostrar na área da Educação.

O país é governável sem Orçamento?
Na minha opinião, não. Além de que não se consegue prosseguir neste caminho de diminuição do défice e da despesa pública. Um início de novo ano com um orçamento de duodécimos seria fatal para a despesa, para a receita. O país ficaria totalmente desorganizado.

Está preocupada com os efeitos das medidas de austeridade no ensino?
As medidas de austeridade são muito duras com todos, mas não podemos, mesmo nestes momentos de maior aflição, perder de vista os grandes desígnios. Não sabemos como será o futuro, mas há uma certeza que podemos ter: será pior se não continuarmos esforço da qualificação.

A Educação tem de ser prioritária?
Tem de ser. A crise deve ser um momento em que não há hesitações sobre esta matéria.

Onde é que o sistema pode emagrecer?
O esforço da reorganização da rede é um esforço que o país procura fazer desde 1984 - fechar escolas com poucos alunos, integrar escolas de diferentes níveis de ensino.
Só a rede pode emagrecer?
Todos os sistemas públicos têm muito a fazer no que respeita à eficiência. No caso da Educação, o principal recurso, o mais valioso, é o tempo de trabalho dos professores e aí há muito trabalho a fazer, para conseguir com o mesmo tempo, fazer o trabalho de melhor qualidade possível.

O país tem professores a mais?
Os professores são necessários para formar alunos e não para estar nas escolas. Temos um racio confortável. Mas temos muitos alunos a conquistar. Não falaria em professores a mais, mas em alunos a menos. Aquilo que necessitamos é de conquistar o número de alunos que justifique o de docentes.

No livro, escreve que os professores são uma classe homogénea e indiferenciada. Essa classe tem sido um obstáculo à melhoria dos resultados escolares?
Tem, claro, porque sistemas que não promovem a diferenciação são pouco competitivos. Portanto, as possibilidade de desenvolvimento são mais limitadas. Essa ideia de que a cultura de mérito, mais competitiva, se opõe a uma cultura de solidariedade, é errada; pode acontecer, mas não acontece obrigatoriamente.

Receia que o agravamento da crise possa aumentar o abandono escolar?
Espero que não, espero que as medidas de apoio social às famílias possam efectivamente ajudar a manter o esforço na educação.

Cortes nessa área serão um risco?
Sim, mas não estão previstos cortes na Acção Social Escolar. Pelo contrário, é o momento de apoiar todas as famílias cujos adultos caiam em situação de desemprego ou de maior precariedade.

Tem conversado com a sua sucessora?
(risos) Tenho conversado com muitas pessoas, sim".

JN

sábado, outubro 09, 2010

Até quando os portugueses vão tolerar situações como esta?

"De acordo com as explicações dadas ao início da tarde pelo Ministro das Finanças, a norma que proíbe a acumulação de salários com pensões suportados pelo Estado só se aplicará às situações futuras.

Ontem à noite, o Ministério das Finanças tinha garantido que a proibição iria abranger todos os que estivessem a acumular salários e pensões. Mas hoje, e depois de uma análise “legal e de carácter constitucional”, o Governo acabou por recuar na aplicação retroactiva da norma.

Só em casos excepcionais é permitido ao aposentados trabalhar nos organismos e empresas públicas e com autorização do primeiro-ministro, por proposta do ministro que tutela o serviço. Na lei em vigor é possível acumular o salário com um terço da pensão ou o contrário, mas na proposta que agora está em cima da mesa os aposentados têm que prescindir da pensão enquanto estiverem a desempenhar funções pagas pelo Estado."

Público

sexta-feira, outubro 08, 2010

quarta-feira, outubro 06, 2010

O direito das crianças

Alberto Gonçalves
Sábado

terça-feira, outubro 05, 2010

Sacrifícios para "todos"

"O"i" fez as contas e concluiu que o esforço de mil milhões de euros - sem contar com as reduções de benefícios fiscais - exigido pelo aumento de impostos anunciado por Sócrates será equitativamente dividido: os consumidores suportarão 93% e os bancos... 7%.

Só que os bancos acham 7% muito. Faria de Oliveira, presidente da CGD, já avisou que "é evidente" que os bancos repercutirão nos clientes os custos da nova taxa sobre o sector financeiro (se esta alguma vez vier, claro, a consumar-se). E, como seria de esperar, lá sairão os 7% igualmente do bolso dos consumidores.

O comentário a mais ingénuo, ou mais bem humorado, ao "aviso" de Faria de Oliveira foi decerto o do presidente da SEFIN que apelou à banca (cuja ganância e falta de escrúpulos está, como se sabe, na origem da crise) para que se preocupe com o interesse nacional, não se furtando a ajudar o Estado que, antes, nela enterrou em ajudas milhões dos contribuintes (no caso português, os 4,5 mil milhões metidos no BPP e BPN chegariam agora para, sem aumento de impostos, baixar o défice de 7,3% para 4,6%).

Ora a ajuda dos bancos ao Estado funciona assim: financiam-se no BCE, que está impedido de emprestar directamente aos Estados, a taxas de 1% e, depois, emprestam esse mesmo dinheiro ao Estado (só até Julho foram 12,9 mil milhões de euros) a 3% e 6%. Com amigos destes a ajudar, para que precisa o interesse nacional de inimigos?"

Manuel António Pina
JN

domingo, outubro 03, 2010

Frei Fernando Ventura - excelente testemunho sobre a situação que se vive no país

Só os temos a eles para nos salvar

"Nem por uma vez, uma vezinha que fosse, ouvimos o primeiro-ministro, o ministro das Finanças ou outro qualquer representante governamental fazer o acto de contrição que se impunha: assumir que a culpa deste estado de coisas não é só da conjuntura, não é só de uma crise sem precendentes nas últimas décadas, mas que também é deles, sobretudo deles, que ajuizaram mal o impacto e o timing das medidas de restrição impostas aos portugueses, que assobiaram para o ar quando meio mundo os prevenira (mas nós não, nós pensávamos ser possível aguentar o barco sem salpicos de água, mesmo quando todos os chamados países periféricos recolhiam as velas e agarravam-se aos baldes).

A culpa, dizia, é deles, que adoptaram uma política autista, salvaguardada em estudos internacionais de circunstância, moldados ao conceito que mais interessava propagandear.

O ar combalido com que José Sócrates e Teixeira dos Santos surgiram perante as câmaras de televisão não condiz com o perfil de homens informados e inteligentes, atributos que até os figadais adversários lhes reconhecem. Pode ter-lhes doído realmente serem portadores de uma pequena tragédia colectiva, mas nem um nem outro devem demitir-se da quota-parte de responsabilidade no naufrágio. Teixeira dos Santos dormiu mal, José Sócrates sentiu um aperto no coração. Mas nenhum deles exibiu o mais pequeno sinal de arrependimento. Porque na hora de expiar culpas, é sempre mais cómodo atacar os mercados, os especuladores, as agências de rating, os bancos.

Os políticos, não. Porque os políticos são emissários divinos que agem com firmeza, imbuídos de um espírito de sacrifício que só eles assimilam. Eles exigem que as pessoas compreendam, mesmo que lhes custe. Mas as pessoas, essa entidade universal que eles usam para encher a boca de intenções, não querem aceitar. Não querem compreender.

Porque as pessoas, as que votaram e não votaram neles, sabem que aqueles que nos conduziram a este estado comatoso serão os mesmos que nos vão guiar no futuro próximo.

E aí reside a suprema perversão: mesmo que nos custe, só os temos a eles para nos salvar".

Pedro Ivo Carvalho
JN