sexta-feira, março 30, 2012

Triste realidade

Os mega e os tera agrupamentos vão ser a machadada final nos contratados.

quarta-feira, março 28, 2012

O homem tem razão

"Na oposição, PSD e CDS foram dos partidos que mais criticaram, e bem, a constituição de agrupamentos de escolas de dimensão irracional e desequilibrada.
Em 2010/11, Isabel Alçada criava os mega-agrupamentos que chegaram a atingir uma população escolar da ordem dos 3000 alunos. Não estranharam, por isso, as críticas a este processo de desumanização da escola. Depois de um ano de paragem para, segundo o atual MEC, avaliar e dialogar, este escreveu, em projeto de diploma legal, que a constituição de agrupamentos de escolas obedecerá, entre outros critérios, a uma "dimensão equilibrada e racional".
Nunca quis o MEC esclarecer o que era esta dimensão, mas à medida que começam a conhecer-se as propostas das quase extintas direções regionais de educação, começa a perceber-se a razão do silêncio: o teto furou e os agrupamentos a criar chegam aos 3600 alunos! Confirma-se que estes políticos do arco do poder gostam que olhemos para o que dizem (na oposição), mas não para o que fazem (no poder) e são, na verdade, as principais forças de bloqueio ao desenvolvimento de uma Educação de qualidade".

Mário Nogueira
CM

sábado, março 24, 2012

Tera agrupamento em Vila Nova de Gaia

Por este andar ainda vai chegar o dia em que só haverá um agrupamento por distrito. O senhores da troika agradeciam.

sábado, março 17, 2012

Carta da Sara, filha de Professora, aos Professores

"É um dos posts mais complicados que “tenho” para escrever no Aventar.
Conheci a mãe da Sara. Com ela discuti política e sindicalismo, com ela aprendi. Eu, um puto armado em revolucionário. Ela, a Professora disponível para ajudar, para dar a cara, para estar presente, como sempre esteve desde a fundação.
Estupidamente tudo acabou!
E a filha, Sara, revolveu escrever um apelo aos Professores:
Carta a professores, alunos, pais, governantes, cidadãos e quaisquer outros que possam sentir-se tocados e identificados.
As reformas na educação estão na boca do mundo há mais anos do que os que conseguimos recordar, chegando ao ponto de nem sabermos como começaram nem de onde vieram. Confessando, sou apenas uma das que passou das aulas de uma hora para as aulas de noventa minutos e achei aquilo um disparate total. Tirava-nos intervalos, tirava-nos momentos de caçadinhas e de saltar à corda e obrigava-nos a estar mais tempo sentados a ouvir sobre reis, rios, palavras estrangeiras e números primos.
Depois veio o secundário e deixámos de ter “folgas” porque passou a haver professores que tinham que substituir os que faltavam e nós ficávamos tristes. Não era porque não queríamos aprender, era porque as “aulas de substituição” nos cansavam mais do que as outras. Os professores não nos conheciam, abusávamos deles e era como voltar ao zero.
Eu era pequenina. E nunca me passou pela cabeça pensar no lado dos professores.Até ao dia 1 de Março.
Foi o culminar de tudo. Durante semanas e semanas ouvi a minha mãe, uma das melhores professoras de Inglês que conheci, o meu pilar, a minha luz, a minha companhia, a encher a boca séria com a palavra depressão. A seguir vinham os tremores, as preocupações, as queixas de pais, as crianças a quem não conseguimos chamar crianças porque são tão indisciplinadas que parece que lhes falta a meninice. Acreditem ou não, há pais que não sabem o que estão a criar. Como dizia um amigo meu: “Antigamente, fazíamos asneiras na escola e quando chegávamos a casa levávamos uma chapada do pai ou da mãe. Hoje, os miúdos fazem asneiras e os pais vão à escola para dar a dita chapada nos professores”. Sim, nos professores. Aqueles que tomam conta de tantos filhos cujos pais não têm tempo nem paciência para os educar. Sim, os professores que fazem de nós adultos competentes, formados, civilizados. Ou faziam, porque agora não conseguem.
A minha mãe levou a maior chapada de todas e não resistiu. Desculpem o dramatismo mas a escola, o sistema educativo, a educação especial, a educação sexual, as provas de aferição e toda aquela enormidade de coisas que não consigo sequer enumerar, levaram deste mundo uma das melhores pessoas que por cá andou. E revolta-me não conseguir fazer-lhe justiça.
Professores e responsáveis pela educação, espero que leiam isto e acordem, revoltem-se, manifestem-se (ainda mais) mas, sobretudo e acima de qualquer outra coisa, conversem e ajudem-se uns aos outros. Levem a história da minha mãe para as bocas do mundo, para as conversas na sala dos professores e nos intervalos, a história de uma mulher maravilhosa que se suicidou não por causa de uma vida instável, não por causa de uma família desestruturada, não por dificuldades económicas, não por desgostos amorosos mas por causa de um trabalho que amava, ao qual se dedicou de alma e coração durante 36 anos.
De todos os problemas que a minha mãe teve no trabalho desde que me conheço (todos os temos, todos os conhecemos), nunca ouvi a palavra “incapaz” sair da boca dela. Nunca a vi tão indefesa, nunca a conheci como desistente, nunca pensei ouvir “ando a enganar-me a mim mesma e não sei ser professora”. Mas era verdade. Ela soube. Ela foi. Ela ensinou centenas de crianças, ela riu, ela fez o pino no meio da sala de aulas, ela escreveu em quadros a giz e depois em quadros electrónicos. Ela aprendeu as novas tecnologias. O que ela não aprendeu foi a suportar a carga imensa e descabida que lhe puseram sobre os ombros sem sentido rigorosamente nenhum. Eu, pelo menos, não o consigo ver.
E, assim, me manifesto contra toda esta gentinha que desvaloriza os professores mais velhos, que os destrói e os obriga a adaptarem-se a uma realidade que nunca conheceram. E tudo isto de um momento para o outro, sem qualquer tipo de preparação ou ajuda.
Esta, sim, é a minha maneira de me revoltar contra aquilo que a minha mãe não teve forças para combater. Quem me dera ter conseguido aliviá-la, tirar-lhe aquela carga estupidamente pesada e que ninguém, a não ser quem a vive, compreende. Eu vivi através dela e nunca cheguei a compreender. Professores, ajudem-se. Conversem. E, acima de tudo, não deixem que a educação seja um fardo em vez de ser a profissão que vocês escolheram com tanto amor.
Pensem no amor. E, com ele, honrem a vida maravilhosa que a minha mãe teve, até não poder mais.

Sara Fidalgo
P.S. – Não posso deixar de agradecer a todos os que nos ajudaram neste momento de dor *"

Crónica de Santana Castilho


Público

quinta-feira, março 15, 2012

Professores portugueses estão cada vez mais horas nas escolas

"À medida que os anos foram passando, os professores portugueses foram permanencendo mais horas nas escolas. Os valores ficam acima da média da OCDE.
Segundo o estudo Preparing Teachers and Developing School Leaders for the 21st century apresentado ontem, em Nova Iorque, EUA, no âmbito do segundo encontro sobre a profissão docente, promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) – os professores viram as horas lectivas aumentar, entre 2000 e 2009.

Em 2000, os professores do 1.º ciclo leccionavam 815 horas anuais e, nove anos depois, esse valor subiu para 875. Quanto aos dos 2.º e 3.º ciclos aumentaram de 595 para 770; e os do secundário de 515 para as mesmas 770 horas.

Estes valores estão todos acima dos da média da OCDE, que, em 2009 é de 779 para os docentes do 1.º ciclo; de 701 para os do 2.º e 3.º; e de 656 para os do secundário.

Em termos de horário de trabalho, os professores portugueses também se situam acima da média da OCDE. Em Portugal, os docentes, do 1.º ciclo ao secundário, trabalham 1289 horas, quando a média da OCDE é de 1182 para os do 1.º ciclo, 1198 para os dos 2.º e 3.º ciclos, e de 1137 para os do secundário, nas escolas públicas.

Contudo, os docentes portugueses trabalham menos uma semana (37) quando comparados com a OCDE (38). Assim como, por cá, os dias de aulas são menos: os professores portugueses têm 175 dias, a média da OCDE é de 186 para o 1.º ciclo; 185 para os 2.º e 3.º ciclos; e 183 para o secundário".

Público

domingo, março 11, 2012

Coitados dos diretores

"Só o diretor é que não manda em ninguém. O seu papel está mal definido nesta proposta do Ministério da Educação e acaba por fragilizar a escola pública", lamentou Adalmiro Fonseca, no final da Assembleia Geral da ANDAEP, que hoje decorreu em Leiria.
"O facto de, no novo diploma que está em discussão, se prever que os coordenadores dos departamentos nas escolas sejam eleitos e não nomeados fragiliza a liderança dos diretores, que não podem sequer escolher a sua própria equipa", exemplifica".

quarta-feira, março 07, 2012

Concursos: análise ao acordo entre o MEC e alguns sindicatos

"Depois do acordo entre o MEC e alguns sindicatos, este é o momento de analisar o que foi assinando, comparando o acordo com a legislação hoje existente. Será falta de honestidade argumentar que entre a primeira proposta do MEC e esta última há muitas coisas melhores. Pois, mas essa todos perceberam que era, a primeira, apenas um isco.
Vamos lá então analisar o que está assinado:
a) É positivo que um só documento regule o sistema de colocação de professores. No entanto, continuam por esclarecer algumas questões que outro tipo de documentos poderão clarificar.
b) É negativo que o estado, enquanto patrão, admita que vai continuar a violar a lei e a ter professores com anos (mais de dez em muitos casos) e anos de contrato. Seria honesto que os sindicatos signatários escrevessem algo sobre isto.
c) É positivo (MUITO!) que se clarifique a situação dos professores com horário zero. Com um mas. Até agora, um docente não teria horário zero desde que houvesse uma hora para leccionar.
Agora, são seis horas (1ª prioridade – Docentes de carreira a quem não é possível atribuir pelo menos 6 horas de componente letiva). Os professores ficam a perder. No caso de existir horário zero, o Director tem que respeitar a graduação (a) Caso o número de voluntários exceda a necessidade, o diretor deve indicar por ordem decrescente da graduação profissional;b) Na falta de docentes voluntários, deve o diretor indicar por ordem crescente da graduação profissional.)
d) Os concursos eram de 4 em 4 anos. Continuam de 4 em 4 anos.
e) Agora existem critérios para regular as ofertas de escola. Acontece que 50% dos critérios são entrevista. Ou seja, o Director escolhe quem quer. Alarga-se a todas as escolas o erro das escolas TEIP! É algo negativo.
f) Até hoje, os Professores contratados tinham 4 intervalos de horários para concorrer. Perdem um: agora são 3.
g) Para ficar na primeira prioridade, um professor contratado deverá ter trabalhado “em pelo menos 365 dias no ensino público nos últimos seis anos.” Isto são regras piores do que aquelas que existiam. A brincadeira dos 4 anos completos em 6, era isso mesmo, uma brincadeira.
h) Docentes do privado – esta foi uma das questões mais polémicas, que pelo silêncio da FNE, sempre adivinhamos ver escrita no acordo final: “São igualmente ordenados na 1ª prioridade os docentes de estabelecimentos particulares com contrato de associação.”
i) Na legislação actual não há qualquer tipo de obrigação de preferências para os docentes dos quadros, é isso que fica com a legislação assinada".