sexta-feira, outubro 31, 2008
Adeus aos mestres
E como se transforma num problema de injustiça social o falhanço das políticas ditas de apoio aos mais desfavorecidos
Aliás o artigo até cita um ”investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e um dos primeiros participantes no programa de avaliação das escolas oficiais”, Para Pedro Oliveira, que defende que “seria interessante se os rankings mostrassem a origem social dos alunos para se perceber o posicionamento das escolas nas listagens”Um outro investigador citado pelo JN, “Ivo Domingues, sociólogo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, põe a tónica do êxito dos colégios privados na continuidade que proporcionam às classes média e alta de manterem os seus privilégios sociais e culturais.” Mais um bocadinho e estamos a defender o fim do ensino privado, essa estratégia das «classes média e alta de manterem os seus privilégios sociais e culturais.»
Provavelmente o ensino privado é isso neste momento. Ou seja qualquer pessoa com dois dedos de informação tem sérias reservas em deixar os seus filhos frequentarem uma coisa apalhaçada, onde cada vez se ensina menos e pode nem se lhes garantir a segurança. Onde se um menino se quiser levantar, desatar aos pontapés, chamar isto e aquilo aos professores tal não passa duma performance expressiva. E onde cada vez mais a avaliação e a exigência são condicionadas às ficções ministeriais.
Não por acaso os filhos da nossa classe política frequentam sobretudo até ao 9º ano o ensino privado. Em alguns casos até já nem são escolas privadas portuguesas mas sim estrangeiras como é o caso da escola alemã. E muitos mais debandarão do ensino público caso os ditames do conselho nacional de educação sejam seguidos pois poucos estarão para arriscar que os seus filhos sejam cobaias da introdução do «melhor modelo escolar do mundo em Portugal.»
Ao contrário do que diz o artigo do JN não são os filhos dos pobres que fazem baixar o nível do ensino. Quem destruiu o ensino público foram aqueles que resolveram fazer experimentalismo social nas escolas. Como é claro foram os primeiros a tirar de lá os filhos e agora acusam os mesmos pobres de não terem rendimento escolar. Se não tivessem desautorizados os professores e funcionários, se não tivessem baixado o nível de exigência curricular, se tivessem exigido responsabilidade às famílias pelo comportamento dos seus filhos… enfim se se tivessem comportado como uma escola a escola pública teriam certamente ajudado muito mais os pobres.
Curiosamente o artigo do JN refere que só frequenta o Colégio S. João de Brito «quem pode pagar os 460 euros de mensalidade mensal no Ensino Secundário» lamento informar mas todos pagamos mais ou menos isso por cada aluno que frequenta uma qualquer escola pública. O custo por aluno nas piores escolas do ranking não é certamente muito diferente do apresentado nas mensalidades do citado São João de Brito. Feitas as contas as piores classificadas até saem muito mais caras porque as reprovações agravam os custos".
Helena Matos
Platafora Sindical e Movimentos de Professores chegam a um entendimento
O fim dos chumbos até ao 9ºano
Acho que o sr. secretário Lemos está a ser modesto em matéria de "mecanismos de alternativa a chumbos". Defendo que, na hora do baptismo, perdão, no registo civil, se atribua logo o 9º ano a cada pequeno cidadão. Assim, evita-se logo os chumbos.
Parece, além do mais, que o chumbo é visto como uma tentativa de responsabilizar os alunos e os pais, o que – no entender do sr. secretário Lemos e do sempre espantoso Albino Almeida, da confederação dos paizinhos – não pode acontecer. Sim, de facto, onde é que isto se viu? Na Finlândia?"
Francisco José Viegas
quinta-feira, outubro 30, 2008
Professores: uma só manifestação
Sócrates quer avaliar professores e professoras a qualquer preço. E quer chegar às eleições sem este trunfo. Precisa dele como prova da domesticação da maior manifestação profissional de sempre, e precisa dele para ser "moderno". Mas precisa ainda deste trunfo porque, deixando em banho-maria a verdadeira prioridade, as políticas de fundo para o combate ao insucesso, tenta lá chegar a baixo custo, penalizando professores e professoras pelos resultados escolares.
Este modelo de avaliação de professores é dos mais baratos e lucrativos que se conhece. Entope a progressão na carreira, põe pares desqualificados a fazer o trabalhinho sujo e pressiona para um sucesso escolar administrativo. Em nome da prestação de contas dos serviços públicos e sob a batuta da "competitividade ou morte", esta avaliação é um poderoso mecanismo de controlo e disciplina das instituições. E deixem-se de tretas: está demonstrado que não serve uma avaliação séria do desempenho das instituições e dos seus profissionais. O pandemónio é o dia-a-dia das escolas.
Os professores e as professoras que saíram à rua a 8 de Março sabem tudo isto. Sindicatos, movimentos, formadores de opinião, também. O que se joga no pedido de suspensão da avaliação é nem menos nem mais que o futuro da escola pública. É a recusa da asfixia das escolas, das ditaduras em pirâmide, é a dignidade do tempo e do trabalho para educar com qualidade. Todas boas razões para o protesto a uma só voz.
Agora, ou professores e professoras têm duas alternativas: ou mostram unidade e assumem a sua responsabilidade como rosto da escola pública, ou dão a Sócrates um prémio sem retorno. E não há que enganar: o alvo é o Ministério da Educação. Esta certeza tem levado muitos professores e movimentos a lançar o apelo: uma única manifestação.
É necessário que sindicatos e movimentos acertem no que realmente interessa: uma única manifestação, sem donos, onde todos os parceiros de luta tenham direito à palavra, com sindicatos, movimentos, com quem sabe que é a escola pública que está em causa.
Cecília Honório
www.esquerda.net
quarta-feira, outubro 29, 2008
Quase todas as escolas básicas tiveram média positiva nas provas nacionais
Público
Ranking das escolas secundárias
1. Colégio São João de Brito - 15,12 (248)
2. Colégio Nossa Senhora do Rosário - 14,72 (302)
3. Escola Técnica e Liceal Salesiana Santo António (Estoril) - 14,66 (223)
4. Colégio Moderno - 14,41 (245)
5. Colégio Rainha Santa Isabel - 14,41 (205)
6. Colégio Oficinas de São José 14,29 (359)
7. Colégio Luso-Francês - 14,28 (246)
8. Colégio de Santa Doroteia - 14,05 (259)
9. Externato Ribadouro - 14,02 (799)
10. Colégio de Manuel Bernardes - 13,82 (190)
Exames no secundário (ranking de escolas independentemente do número de provas)
1. Academia de Música de Santa Cecília - 16.30 (46)
2. Colégio São João de Brito - 15,12 (248)
3. Colégio dos Cedros - 14.93 (35)
4. Colégio Mira Rio - 14.89 (42)
5. Colégio Nossa Senhora do Rosário - 14,72 (302)
6. Escola Técnica e Liceal Salesiana Santo António (Estoril) - 14,66 (223)
7. Colégio Horizonte - 14.54 (18)
8. Colégio Moderno - 14,41 (245)
9. Colégio Rainha Santa Isabel - 14,41 (205)
10. Colégio Oficinas de São José 14,29 (359)
Ranking das escolas básicas
1. Academia de Música de Santa Cecília - 4,30 (88)
2. Escola Secundária Artística do Conservatório de Música de Calouste Gulbenkian - 4,25 (68)
3. Externato da Luz - 4,23 (124)
4. Externato Escravas Sagrado Coração de Jesus - 4,23 (64)
5. Colégio Moderno - 4,19 (258)
6. Escola Técnica Liceal Salesiana de Santo António do Estoril - 4,18 (242)
7. Colégio Luso - Francês - 4,13 (192)
8. Colégio Rainha Santa Isabel - 4,12 (162)
9. Externato Apresentação de Maria - 4,12 (106)
10. Colégio São José - 4,10 (50)
Exames nacionais do básico (ranking de escolas independentemente do número de provas)
1. Escola Inglesa de São Julião - 4,50 (34)
2. Academia de Música de Santa Cecília - 4,30 (88)
3. Externato Nossa Senhora da Penha de França - 4,29 (38)
4. Escola Secundária Artística do Conservatório de Música de Calouste Gulbenkian - 4,25 (68)
5. Colégio Mira Rio - 4,25 (44)
6. Externato da Luz - 4,23 (124)
7. Externato Escravas Sagrado Coração de Jesus - 4,23 (64)
8. Externato Nossa Senhora da Paz - 4,20 (44)
9. Colégio Moderno - 4,19 (258)
10. Escola Técnica Liceal Salesiana de Santo António do Estoril - 4,18 (242)
terça-feira, outubro 28, 2008
CCAP desacredita Modelo de Avaliação Docente
Saudemos as conclusões do CCAP. Bem-vindos à lucidez! Contra a razão e a ética não há mistificação, nem propaganda que resista! É apenas uma questão de tempo!... Esta equipa ministerial já não dispõe de nenhuma âncora credível e séria para continuar a impor a monstruosidade deste modelo de avaliação. De que estamos à espera para reagir?...
O Conselho Científico para a Avaliação do Desempenho dos Professores, terá concluído, de acordo com o SPGL:
É que o ME não gostou das conclusões do Conselho.
Assim vai a Democracia no nosso País.
(recebido via e-mail)
domingo, outubro 26, 2008
António Avelãs, dirigente da Fenprof, falou ao Correio da Manhã
António Avelãs – Globalmente não melhorou. Podem ter existido alterações positivas, mas na generalidade não melhorou. A escola é cada vez menos interessante para os alunos, porque aprendem cada vez menos. Para os professores não é interessante, porque não realizam a sua função principal de ensinar. Passam o tempo dispersos em tantas coisas diferentes que dificultam a tarefa. Se em algumas escolas melhorou, em muitas outras piorou bastante.
– Quais são as medidas positivas deste Governo?
– A requalificação das escolas. A preocupação de encerrar escolas do 1.º Ciclo sem condições para funcionar é positivo. O esforço que existe de informatizar as escolas também é, apesar de todas as questões paralelas associadas.
– É suficiente?
– Não. Essas medidas não compensam a sensação de desconforto que os professores têm com as restantes alterações.
– Como analisa o comportamento do Governo?
– Este Governo tem por hábito apresentar como grande novidade aquilo que não é. A avaliação de professores já existia, o estatuto do aluno também.
– José Sócrates lamenta que os sindicatos não estejam a cumprir o acordo assinado...
– Nós lamentamos é que a ministra da Educação continue a achar que as suas teorias e esquemas são mais importantes do que a realidade. Apresentam esquemas teóricos que deveriam funcionar bem e depois, na realidade, é exactamente o contrário.
– Como o processo de avaliação dos professores?
– A avaliação dos professores podia ser bastante útil se fosse feito com bom senso. Acabou por tornar-se um verdadeiro pesadelo e basta entrar nas escolas para perceber isso.
quarta-feira, outubro 22, 2008
Bloco de Esquerda apresenta novo modelo de avaliação de Escolas e Docentes
É hoje evidente que a forma não negociada e a incoerência técnica do modelo, afogando as instituições em actividades e rotinas que, não só não são entendidas, como prejudicam o trabalho com os alunos, é responsável pela desestabilização generalizada das escolas portuguesas. É hoje indesmentível que este processo impraticável está a provocar danos profundos no quotidiano das escolas, com graves consequências para a qualidade das práticas de ensino e aprendizagem.
Por outro lado, à complexidade e burocracia do processo imposto pelo Ministério da Educação acresce a não atribuição às escolas e aos docentes de condições efectivas de trabalho para a sua implementação, mormente através da disponibilização de horas para o efeito.
A experiência de “avaliação teste”, realizada pelo Agrupamento de Escolas D. João II, em Santarém, estima que um estabelecimento de ensino com 130 professores requer um total de 1.560 horas por ano para implementar o processo de avaliação vigente. Um número de horas que, como se torna claro, não está totalmente enquadrado nos horários dos professores, agravando assim a já dramática situação da sobrecarga a que estes se encontram, na maior parte dos casos, sujeitos, face à estimativa de cerca de 45 horas semanais efectivamente dedicadas à escola.
Mas os factores de destabilização e estrangulamento das escolas públicas através deste modelo de avaliação multiplicam-se. Há empresas contratadas para a avaliação de professores. Há fichas de avaliação para todos os gostos, consoante as decisões de cada escola e dos seus órgãos dirigentes; fichas de dezenas e dezenas de páginas, atestando a falência técnica deste modelo. Há escolas cujos Presidentes de Conselho Executivo sonegam o acesso às fichas de avaliação. Há casos de critérios ocultos para a atribuição de “Excelentes” e “Muito Bons”, como o acompanhamento de alunos pelos professores durante a hora de almoço, ou para apoios, que deveriam ser contemplados na componente lectiva. Mas há outros critérios bem visíveis e postos no papel como a obrigatoriedade de o professor ultrapassar em 7% as metas definidas pela escola, quando esta situa o limiar de sucesso em 85% e 90%.
O autoritarismo do Ministério da Educação e a total ausência de regulação do processo de avaliação têm despertado atitudes despóticas e autocráticas, comportamentos fundados em razões subjectivas e discricionárias, instalando-se um clima de medo e perseguição. O Ministério da Educação ignora ou pactua.
O modelo instiga fortemente à complexificação, que se traduz num crescente artificialismo, desviando a avaliação dos mais elementares princípios de equidade, justiça e universalidade, numa afronta acrescida à dignidade dos professores, que abandona precocemente o ensino a um ritmo jamais visto.
Mas todas estas práticas são, afinal, o fruto da raiz de um modelo que se afirmou desvirtuado pela ausência de credibilidade e verdade desde a sua origem.
De facto, o modelo de avaliação de desempenho docente não consegue mascarar as evidências: é um modelo barato e estrangulador da progressão, é mais uma rolha para além do congelamento das carreiras.
A avaliação entre pares, estabelecendo um sistema hierárquico artificial, através da distinção entre professores titulares e professores não titulares, dá lugar a situações inverosímeis que descredibilizam o próprio processo e lhe retiram qualquer legitimidade. O exemplo sublime desta incongruência é o caso de alunos orientados em estágios pedagógicos que se encontram neste momento a proceder à avaliação dos que foram os seus orientadores, formadores e avaliadores.
Um outro aspecto conceptual relevante, que cauciona gravemente a credibilidade do próprio modelo, aponta para a inclusão dos resultados dos alunos no resultado da avaliação de cada docente, enfatizando assim o entendimento – claramente subjacente ao modelo – segundo o qual o sucesso educativo depende exclusivamente do professor. O peso do aproveitamento dos alunos no resultado da avaliação dos professores, que atinge na generalidade dos casos 7% do valor final obtido (podendo atingir os 10%), constitui um perverso convite à distorção de práticas e processos, colocando os professores perante dilemas moralmente inaceitáveis, inspirados numa clara pressão para a obtenção de sucesso educativo a todo o custo.
Consciente dos factores críticos que decorriam do próprio modelo adoptado, bem como da obsessão do governo em proceder à sua acelerada e irresponsável implementação, o próprio Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), nomeado pelo Ministério da Educação através do Decreto Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro, veio recentemente (num relatório datado de Julho de 2008), denunciar o reducionismo decorrente da vinculação excessiva dos resultados dos alunos ao desempenho docente, lembrando que “a utilização dos resultados escolares e a análise da sua evolução, para efeitos de avaliação de desempenho, não deve desligar-se do contexto particular da turma e dos seus alunos, nem limitar-se, de forma alguma, a uma mera leitura estatística dos resultados”, acrescentando que, “no contexto da complexidade do processo de aprendizagem, não é possível determinar e aferir com rigor até que ponto a acção de determinado docente foi exclusivamente responsável pelos resultados obtidos, conforme a literatura científica consensualmente refere”.
No mesmo relatório (Princípios orientadores sobre a organização do processo de Avaliação do Desempenho Docente), e numa clara concretização das fundadas preocupações quanto à apressada e autocrática implementação do modelo vigente, o CCAP alerta expressamente o Ministério da Educação quanto ao “risco de a avaliação se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos, que conviria evitar desde o início”, advertindo acrescidamente para o que – neste início de ano lectivo – retrata fielmente a realidade quotidiana das nossas escolas, traduzida no sufoco da “burocratização excessiva, [na] emergência ou reforço de conflitualidades desnecessárias e [no] desvio das finalidades formativas e reguladoras que um processo de avaliação do desempenho profissional deve conter”.
Um governo socialmente responsável e consciente jamais teria permitido que a obstinada teimosia da actual equipa do Ministério da Educação tornasse necessário demonstrar, pela prática, as incongruências, contradições e irregularidades do modelo em vigor, que carece não só do devido cumprimento da legalidade em muitos dos mecanismos estabelecidos (sobretudo quanto ao cumprimento de normas elementares do Código de Procedimento Administrativo), mas que deveria igualmente revestir-se da necessária credibilidade e relevância, exigidas pelo próprio sistema educativo e pela sociedade portuguesa, tendo em consideração as finalidades a que o mesmo deveria incontornavelmente subordinar-se.
O actual modelo de avaliação de desempenho de professores constitui, de facto, pela sua manifesta falta de credibilidade e pela perturbação profunda em que mergulhou as escolas no corrente ano lectivo, um atentado à qualidade da educação e à dignidade dos agentes educativos, que reclamam justamente a sua imediata suspensão.
Na sequência dos fundamentos e propostas apresentados através do Projecto de Resolução n.º 288/X, de 11 de Março de 2008, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda reafirma uma vez mais, com a razão que o tempo e a realidade vieram dar à proposta então apresentada, a imperiosa necessidade de, uma vez suspenso o actual modelo de avaliação de desempenho, ser estabelecido um plano faseado e participado de implementação de um modelo de avaliação de desempenho de escolas e docentes cuja relevância, coerência, justiça e credibilidade sejam amplamente reconhecidas pela comunidade educativa e pela sociedade em geral.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda recomenda ao Governo:
1. A suspensão imediata do processo de avaliação de desempenho de professores do ensino básico e secundário, de modo a restaurar nas escolas as condições de tranquilidade, necessárias ao normal desenvolvimento dos processos educativos;
2. O desenvolvimento de um modelo assente numa lógica faseada e experimental, como o que se propõe nos pontos seguintes, capaz de articular de modo consistente e coerente o processo de avaliação de escolas com o processo de avaliação de docentes, relevando o cumprimento de alguns princípios fundamentais para a credibilidade dos processos de avaliação, entre os quais:
a) A consagração dos princípios de equidade, justiça e universalidade, inerentes ao sistema público de educação;
b) A articulação entre processos de autoavaliação e avaliação externa, mediada pela caracterização de contextos educativos e pela identificação de recursos necessários à prossecução de metas e objectivos;
c) A desvinculação absoluta dos resultados dos alunos da avaliação individual dos docentes.
3. Em conformidade com os princípios e requisitos enunciados, o modelo faseado de avaliação das escolas deverá prosseguir as seguintes etapas e processos:
a) Aprofundar e acelerar o processo em curso de avaliação externa das escolas, integrando e reforçando questões relativas à caracterização do meio em as mesmas se inserem e a práticas e experiências de avaliação;
b) No âmbito deste processo, propõe-se a divulgação, até ao final do ano lectivo 2008/09, do relatório de avaliação externa, contemplando o maior número possível de escolas, que deverá identificar as boas práticas e aferir o peso das diferentes variáveis no combate ao insucesso e na melhoria da cultura de escola;
c) Até ao final do ano lectivo em curso, as escolas elaboram um plano estratégico de promoção do sucesso educativo e combate ao abandono escolar, partindo dos seus contextos de pertença, levantando os recursos considerados necessários e identificando metodologias, objectivos e metas;
d) Assumindo que o sucesso educativo é, antes de mais, uma missão de equipa, cuja responsabilidade não cabe a cada professor, individualmente considerado, as escolas procedem no ano lectivo de 2009/2010 à sua autoavaliação;
e) A autoavaliação das escolas parte da avaliação do trabalho desenvolvido por cada um dos seus órgãos colegiais (os diferentes conselhos) e obriga à publicitação dos resultados obtidos face às metas e recursos apresentados no início do ano; esta vertente de avaliação será inserida no quadro mais amplo da autoavaliação da escola, do qual cabe relatório, publicitado e debatido, quer no âmbito das estruturas da área pedagógica afim, quer perante a comunidade;
f) Até ao final do ano lectivo de 2009/2010, o Ministério da Educação e todos os parceiros, incluindo as estruturas sindicais, associações profissionais e demais organizações de professores, bem como estruturas representativas das famílias, de profissionais de áreas afins, definem, a partir de um amplo espaço de discussão, o modelo mais eficaz de avaliação individual de docentes, tendo em conta a sua responsabilidade social e pública, bem como a sua permanente inserção em contexto.
4. A definição do modelo de avaliação individual de professores assumirá as críticas e contributos já enunciados, mormente:
a) O desajustamento da periodicidade da avaliação imposta pelo Ministério da Educação e a sua substituição pelo período de cada escalão de progressão;
b) A necessidade de estabelecer as adequadas condições de avaliação, quer para avaliadores quer para avaliados, incluindo o direito à formação gratuita e à redução parcial e ajustada do horário de trabalho;
c) A assunção do docente como sujeito construtor da sua profissionalidade e, em conformidade, como co-decisor, nomeadamente em matérias como a escolha do momento de avaliação e a modalidade de avaliação;
d) A distinção clara entre a avaliação interna e efectuada por pares, que não pode ultrapassar a vertente formativa nem produzir efeitos aceleradores ou penalizadores sobre a carreira, e a sua articulação com a avaliação externa e integrando outros parceiros, devidamente qualificados, que poderá assumir aquelas componentes.
São Bento, 20 de Outubro de 2008
Bloco de Esquerda quer suspensão do actual modelo de avaliação de professores e propõe um novo modelo
Pensem e reflictam
Ainda o "Magalhães"
Choque e pavor. Percebi depois quando uma aluna me explicou que tinha aulas de Psicopedagogia, Pedagogia, Didáctica, História da Educação, Administração Escolar, Legislação Escolar – e até uma para lhes ensinar a usar projector de slides ou retroprojector. Não tinham tempo para ler. Ou seja: sabiam como ensinar e manusear toda aquela geringonça, mas não tinham nada para ensinar. Para pôr lá dentro. Vinte anos depois, vai por aí uma grande festança com o ‘Magalhães’. Números de circo e tal. Mas duvido que saibam o que pôr lá dentro. Pobres professores".
Francisco José Viegas, escritor
segunda-feira, outubro 20, 2008
A avaliação dos docentes aplicada aos médicos
Opinião de uma advogada
quinta-feira, outubro 16, 2008
quarta-feira, outubro 15, 2008
Há limites para tudo!
terça-feira, outubro 14, 2008
Haja bom senso (II)
segunda-feira, outubro 13, 2008
Haja bom senso
Esta frase assassina de Mário Nogueira, poderá significar a machadada final na relação de confiança entre sindicatos e professores. Oxalá isto não redunde num suicídio colectivo para as duas partes.
domingo, outubro 12, 2008
A manifestação de 15 de Novembro
Convém também que fique claro que a luta dos professores não se pode esgotar na manifestação, até porque o Ministério da Educação já deu provas que não verga com facilidade (ainda para mais quando as sondagens colocam o partido socialista perto da maioria absoluta). Esse foi o nosso erro, depois do 8 de Março. Pensámos que bastava reunir 100.000 professores e que, a partir daí, as nossas reivindicações seriam atendidas. Lixámo-nos, como bem sabemos. É bom que tenhamos aprendido a lição e não voltemos a cair nesse logro. Acredito que o sucesso da manifestação poderá ser importante, mas deverá funcionar apenas como um factor catalisador de um confronto com o Ministério que se prevê longo, conturbado e de grande desgaste. Seguramente que outras formas de luta têm de ser encontradas, sob pena de os nossos objectivos não virem a ser alcançados. O que não podemos, de forma nenhuma, é baixar os braços e esperar que outros resolvam os nossos problemas.
sábado, outubro 11, 2008
Educação é propaganda
Carlos Alberto Chagas, Secretário-geral da FENEI/SINDEP
sexta-feira, outubro 10, 2008
quinta-feira, outubro 09, 2008
A grande evasão
Os professores falam de "desmotivação", de "frustração", de "saturação", de "desconsideração cada vez maior relativamente à profissão", de "se sentirem a mais" em escolas de cujo léxico desapareceram, como do próprio Estatuto da Carreira Docente, palavras como ensinar e aprender. Algo, convenhamos, um pouco diferente da "escola de sucesso", do "passa agora de ano e paga depois", dos milagres estatísticos e dos passarinhos a chilrear sobre que discorrem a ministra e os secretários de Estado sr. Feliz e sr. Contente. Que futuro é possível esperar de uma escola (e de um país) onde os professores se sentem a mais?"
Manuel António Pina
quarta-feira, outubro 08, 2008
Ante-projecto da Fenprof sobre a Avaliação do Desempenho Docente
Os mais invejados
Professores reformam-se à média de 400 por mês
Das duas uma: os professores portugueses estão a ficar velhos ou cansados. O JN comparou as listas de aposentados da função pública e constatou que, de um ano para o outro, estão a reformar-se, todos os meses, duas vezes mais professores e educadores de infância.
Por exemplo, comparando o mês de Setembro deste ano com o do ano anterior verifica-se que o número de aposentados mais que duplicou: de 249 passou para 510. Esta é uma tendência que parece estar a ganhar forma porque o número de professores e educadores de infância que se reformaram este mês de Outubro (322) é bem maior do que os reformados no conjunto de Outubro e Novembro de 2007 (272).
Ao todo e ainda com dois meses para contabilizar, este ano já pediram a reforma 3821 professores e educadores de infância. Sendo que os meses com mais reformas concretizadas foram Setembro (510) e Agosto (485) e o com menos foi o mês deMaio (126).
Como parece pouco crível que de um ano para o outro a população docente tenha envelhecido brutalmente e atendendo a que muitos pedem a reforma antecipadamente, sujeitando-se às respectivas penalizações (ver caixa), a resposta mais provável é que eles andam mesmo cansados e fartos. De quê, só os próprios poderão responder.
"Os professores estão saturados e desmotivados e, por mais que tentemos que não saiam prejudicados querem a reforma de qualquer maneira e com qualquer idade", diz Teresa Maia Mendes, do Sindicato de Professores do Norte. Esta docente auxilia os professores a calcularem quais os termos em que se poderão reformar e, por isso, conhece bem os motivos. Na sua opinião, "muitos professores, especialmente os que estão em topo de carreira, não estão a conseguir aguentar o ritmo da escola e dizem que mais vale sair com qualquer coisa porque, com o desgaste que estão a ter, vão acabar é no cemitério antes da idade da reforma".
A professora tem visto no Diário da República vários professores com pensões baixas o que significa que "muitos não estão a aguentar ir até ao fim". E comprova isso todos os dias pessoalmente. "Temos muitos pedidos de ajuda para a reforma antecipada e, mesmo avisando que vão ter uma quebra enorme com a aposentação, eles dizem que o clima nas escolas está impraticável e que não há maneira de dar a volta. Por isso, raramente mudam de opinião e fogem em frente", explicou ao JN".
Tiago Rodrigues Alves
20 deputados chegavam
"(...) A bancada parlamentar do Partido Socialista, que tanto se orgulha da sua liberdade, é assim como uma claque de futebol: o chefe manda bater palmas, eles batem palmas; o chefe manda sentar, eles sentam-se; o chefe manda levantar a mão, eles levantam a mão. Sinto até um certo embaraço por um dia ter pensado que cada deputado tinha o seu próprio cérebro e que era com ele que votava na Assembleia de República. Graças ao badalado projecto de lei do Bloco de Esquerda, o grupo parlamentar do PS teve a amabilidade de me mostrar o quanto eu estava enganado.Por isso, pedia humildemente aos especialistas em ciência política que tivessem a caridade de esclarecer esta alma baralhada: para que raio serve, afinal, a disciplina de voto? Porque é que devemos permitir que os deputados que nós elegemos e cujos salários nós todos pagamos votem como se a única coisa que os distinguisse de um rebanho fosse a gravata? Para que é que existem 230 deputados na Assembleia da República se no momento mais nobre da sua actividade - a votação das propostas - eles não estão autorizados a decidir segundo a sua consciência? É que se cada deputado está impossibilitado de se exprimir individualmente, uns 20 tipos chegavam e sobravam para distribuir proporcionalmente os votos do País. Se a disciplina de voto é a regra, então há pelo menos 210 cabeças a mais em São Bento. (...)"
João Miguel Tavares
DN
terça-feira, outubro 07, 2008
sábado, outubro 04, 2008
O factor humano
Nos inúmeros périplos que o Governo tem efectuado pelo País a distribuir computadores, cheques e, principalmente, auto-elogios, os professores têm sido esquecidos como se na Escola fossem quem menos conta!
O ataque aos professores começou por ter expressão no plano social, tendo essa primeira fase pretendido preparar o terreno para as medidas que se seguiriam e que, sabiam os governantes, seriam fortemente contestadas.
Sobre os docentes abateram-se todas as medidas que se aplicaram à Administração Pública e, no caso do ensino particular e cooperativo, as decorrentes do código de trabalho… a que se juntaram mais algumas. Foi o novo estatuto da carreira docente que introduziu focos de grave instabilidade na profissão, com o seu absurdo e muito penalizador modelo de avaliação, a divisão da carreira em duas categorias ou a criação de uma prova de ingresso que visa empurrar milhares de jovens para fora da profissão; foram os horários de trabalho, muitas vezes ilegais, que impõem horas de actividade burocrática que seriam preciosas para o trabalho individual e vieram desorganizar, completamente, a própria vida profissional, pessoal e familiar dos professores; foi a nova gestão escolar, assente no pressuposto da desconfiança sobre os docentes e na necessidade de estender, para dentro das escolas, os tentáculos da tutela; foi a supressão dos apoios a milhares de alunos com necessidades educativas especiais, tornando mais difícil o trabalho na sala de aula.
É verdade que há escolas com quadros interactivos, com mais computadores nas salas e alguns edifícios foram recuperados… mas não foi dada a devida importância ao mais importante dos factores: o factor humano e, em especial, os profissionais docentes.
Como a UNESCO e a Internacional de Educação lembram no Dia Mundial dos Professores que amanhã se celebra, "os Professores contam!" Só que no nosso país, para o nosso Governo, estes têm contado pouco, o que é grave.
Não há ensino de qualidade, não há verdadeira Escola se os Professores não contarem ou contarem pouco, como tem acontecido, sendo natural que, quando assim é, as políticas educativas fracassem.
Seria perda de tempo esperar que para os actuais governantes os Professores passassem a contar; essa é razão suficientemente forte para que sejamos nós, Professores, com a nossa luta, a fazê-los compreender quanto contamos!"
Mário Nogueira, secretário geral da Fenprof
sexta-feira, outubro 03, 2008
Antes "Henrique" que "Magalhães"
"Numa iniciativa que se saldou num enorme sucesso, o Grupo de Mulheres do PSD de Vila do Conde organizou, na passada semana, um «Fórum Educação». Quem esteve presente ouviu coisas de estarrecer, algumas que bastaria o recurso ao senso comum para serem corrigidas. A contestação à política educacional governativa é tão vasta e uniforme que, a crer na sua integridade de opiniões, não deve haver um único professor a votar no PS nas próximas legislativas. É a Lei da Avaliação, a da Autonomia das Escolas, são as medidas avulso que nada resolvem, pela simples razão que não há estratégia, mas apenas uma escolha casuística de acções.
Veja-se, por exemplo, o caso do computador Magalhães. Passando ao lado de que aquele produto já tem dois anos no mercado, não tenho o mínimo problema em aplaudir esta iniciativa. È fantástica a ideia de que cada aluno, na sala de aulas, possua um computador. Acontece que este equipamento, por si, não tem valor didático. Porque um computador é apenas uma ferramenta de trabalho, um auxiliar electrónico na acção educativa. Não é por existir um computador para cada aluno que os níveis de literacia e de sucesso escolar irão aumentar.
Por isso, talvez tivesse sido boa ideia abordar a questão de outra forma, começando pela formação dos alunos e dos professores. Poderia chamar-se «Henrique» a este projecto. Porquê? Porque evocaria o Infante D. Henrique que, antes de se lembrar de andar pelo país a distribuir naus e caravelas, criou uma escola, a «Escola de Sagres», dedicada ao estudo e planeamento das viagens marítimas. Ou seja, primeiro pensou e depois é que executou, num plano com princípio, meio e fim.
É isso que falta à actual política educativa: estratégia e planeamento. As medidas são debitadas arbitrariamente, os objectivos são apresentados e alterados aleatoriamente e nem sequer se escuta o que os visados têm para dizer. Com estes ingredientes, é óbvio que o apanágio governamental de uma política de educação com qualidade não encontra eco na realidade, já que alunos, pais e professores só conseguem ver uma acção errante, sem bússola, nem Norte".
Pedro Brás Marques
Vereador na CM de Vila do Conde
Professora com mestrado e doutoramento não é titular
Este afastamento surge, por si, só como uma nítida violação do pressuposto principal de candidatura ao cargo de professor titular, explicado pelo ME: «É necessário ter 18 anos de tempo de serviço, podendo este período ser reduzido através da aquisição dos graus de mestre ou doutor e da obtenção de avaliações de Excelente ou Muito Bom».
Procurando justificações para o sucedido, Virgínia soube que a Comissão de Certificação da sua escola «entendeu que o doutoramento não estava de acordo com o decreto lei que regulamenta o concurso a professor titular». Incrédula, reclamou para o Ministério e até avançou para os tribunais, mas o problema continua por resolver. Não obteve qualquer resposta e os prazos foram ultrapassados".
Portugal Diário
quinta-feira, outubro 02, 2008
Professores do distrito de Leiria contra o actual código do trabalho
Diário de Leiria