sexta-feira, abril 29, 2011

Tribunal Constitucional considera inconstitucional revogação da avaliação de professores

E, mais uma vez, os professores foram linchados, achincalhados e desrespeitados. Até quando vamos aceitar este ataque constante à nossa classe?

quinta-feira, abril 28, 2011

O grande maestro, José Sócrates Pinto de Sousa - crónica de Santana Castilho

"Frederico II, O Grande, rei da Prússia, disse que “a trapaça, a má fé e a duplicidade são, infelizmente, o carácter predominante da maioria dos homens que governam as nações”. José Sócrates Pinto de Sousa, o grande maestro, ilustra-o. Na farsa de Matosinhos, a que o PS chamou congresso, usou bem a batuta da mistificação e deu o tom para o que vai ser a sua campanha: ilibou-se de responsabilidades pela crise e condenou o PSD; tendo preparado, astutamente, a queda do Governo, ei-lo, agora, cinicamente, a passar para o PSD o ónus da vulnerabilidade que nos verga. Como a memória é curta e o conhecimento não abunda, os hesitantes impressionam-se com o espalhafato e o discurso autoritário, ainda que recheado de mentiras. Porque em tempo de medo e de apreensão, a populaça não gosta de moleza.

O aviso fica feito: não menosprezem as sondagens. Urge clarificar e não ser ambíguo. Eu não vou ser.

1. Na segunda metade de 2009, as escutas do caso Face Oculta trouxeram à superfície a teia subterrânea que preparava a aquisição da Media Capital pela PT. Objectivo? Condicionar a orientação noticiosa da TVI, afastar José Eduardo Moniz e calar Manuela Moura Guedes. Que mão segurou a batuta deste tenebroso conúbio entre a política e o dinheiro?

Este é um, apenas um episódio, de uma longa série de acções para calar a opinião livre e subjugar o espaço público, que o grande maestro protagonizou. José Manuel Fernandes, Henrique Monteiro e Mário Crespo, entre outros, denunciaram-nas, sem peias. Se não vos assusta o poder hegemónico e incontestável, voltem a votar nele. Se vos chega uma democracia amordaçada, escolham-no uma vez mais.

2. Para encontrar alguma analogia com a cadeia de escândalos que envolveram José Sócrates, temos que ir à Itália de Berlusconi. Na nossa História não há precedente que lhe dispute tamanho mar de lama. Da licenciatura na Independente às escutas oportunamente silenciadas pelo Supremo Tribunal de Justiça, passando pela saga escabrosa dos projectos de engenharia da Guarda, os mistérios dos apartamentos da Braamcamp e os inarráveis processos Cova da Beira e Freeport, saiu sempre judicialmente ileso, o grande maestro. Como Il Cavaliere. Se isso vos chega e querem manter um primeiro-ministro que se julga ungido de clarividência única, medíocre e incompetente, que vos mente sem rebuços, teimosamente cego, presumido omnisciente e contumaz calcador de todos os escrutínios morais, só têm que esperar até 5 de Junho. Votem nele.

3. As obras públicas entranharam em Sócrates, compulsivo, a ideia que criam emprego. Viu-se com os vários estádios do Euro 2002, que nos custaram milhões e qualquer dia serão destruídos sem glória nem uso. Estamos por ora salvos da loucura do TGV e das imprudências, dadas as circunstâncias, do aeroporto e da terceira ponte sobre o Tejo. Mas se quiserem a megalomania de volta, mais Magalhães a pataco, quadros interactivos inúteis e escolas novas destruídas para que o grande maestro inaugure outras mais modernas, é só votar nele, já em Junho.

4. Sócrates foi, durante os seis anos da sua governação, o grande maestro da táctica para esconder os números do endividamento externo e a realidade do défice e das contas públicas. Depois de utilizar irresponsavelmente o Orçamento de Estado de 2009 para colher benefícios eleitorais, negou sempre que a crise financeira nos tocava. Desorçamentou e manipulou contabilisticamente as contas do Estado, até ao limiar da bancarrota e ao pedido de assistência financeira, que humilha Portugal. Se querem ajudar a destruir o resto, portugueses, votem nele, uma vez mais.

5. Enxerguem-se, portugueses: se somarmos à actual dívida pública a dívida das empresas públicas, chegamos a 125 por cento do PIB (o nosso PIB anda pelos 172 mil milhões de euros); a este número, medonho, somem mais 60 mil milhões, a pagar pelos nossos filhos e netos, que o grande maestro foi comprometendo em parcerias público/privadas, com as empresas do regime; quando, em 2005, arrebatou a batuta, o grande maestro encontrou 6,6 por cento de taxa de desemprego; agora, em 2011, o grande maestro abandonou à sua sorte uma triste banda de quase 700 mil desempregados, 11,1 por cento de taxa de desemprego, a pior desde que há registos em Portugal; estamos no “Top Ten” dos países mais caloteiros do mundo (100 por cento do PIB de dívidas das famílias portuguesas, mais 150 por cento do PIB de dívidas das empresas lusas, tudo por volta de 430 mil milhões de euros); temos a maior vaga de emigração de licenciados de todos os tempos, a segunda pior taxa de fuga de cérebros no universo da OCDE e a terceira no que toca ao abandono escolar. Se este painel factual não vos belisca, votem nele. Ofereçam-lhe uma batuta vitalícia e entronizem-no, até que o céu vos caia em cima.

6. Esclareçamos que a assistência financeira apenas nos tira a corda do pescoço nos próximos dois a três anos, na medida em que nos assegura honrarmos os compromissos da divida pública. Mas não resolve o problema do crescimento económico, que supõe outra política. Se acreditam que o vosso coveiro pode ser o vosso salvador, votem no grande maestro e enterrem-se sozinhos, que ele já está, obviamente, protegido e salvo, pronto para a sua antecipada reforma dourada, que nenhuma troika cortará".

Santana Castilho

terça-feira, abril 26, 2011

“Professores conhecem futuro só em Setembro”

"Lucinda Manuela Dâmaso, Vice-secretária-geral da FNE sobre o concurso para suprir necessidades transitórias

Correio da Manhã – Quais as maiores dificuldades que um professor encontra no concurso que amanhã [hoje] é aberto?

Lucinda Manuela Dâmaso – Os professores só conhecem o seu futuro, só sabem se têm trabalho, em Setembro. Depois da realização das candidaturas, voltam novamente a inscrever-se para colocarem as escolas de preferência.

– Uma escolha que é feita no escuro?

– Sim, porque quando o professor está a escolher as escolas onde pretende ser colocado não tem conhecimento se existem, ou não, vagas nessas escolas. Ou se existem horários completos até final do ano lectivo.

– Contesta a política de não haver concursos anuais para professores efectivos?

– Perante essa impossibilidade, deveria ser possível neste concurso os professores efectivos poderem concorrer na figura do destacamento, ou seja, poderem, por períodos anuais, ficar colocados numa escola mais perto de casa.

– Surgem situações injustas?

– Com um grande número de professores que pediram a reforma antecipada, acabaram por surgir mais vagas nas escolas. Há professores que estão a dar aulas a 200 e a 300 quilómetros de casa e que só ao fim de cinco anos é que podem concorrer para esses lugares perto de casa. Entretanto, vêem esses lugares serem ocupados por professores mais novos que concorreram como contratados.

– A Federação Nacional de Educação (FNE) discorda de que professores efectivos nos Açores e na Madeira não possam ser destacados para o continente com base em condições específicas como realização de tratamentos ou prestação de apoio à família?

– É uma decisão profundamente incorrecta, contra a qual temos batalhado. Para evitar injustiças, tem havido decisões de excepção por parte do Governo".

CM

sexta-feira, abril 22, 2011

Profissão desgastante a nível psicológico

"João Grancho, Presidente da Associação Nacional de Professores, sobre estudo que aponta stress entre classe docente

Correio da Manhã – Um estudo de Maria Alexandre Costa, do Instituto Superior de Engenharia do Porto, conclui que os professores não conseguem desligar-se do trabalho e recarregar baterias nos tempos livres, funcionando como "baterias viciadas".

– A ciência vem demonstrando que há elevados níveis de stress na profissão docente, uma das mais desgastantes a nível psicológico. Mas a percepção social é a oposta, como se fosse uma profissão com muitas férias e pouco exigente.

– Como explica essa diferença?

– Decorre do desconhecimento em relação às dificuldades dos professores. A heterogeneidade dos alunos, a indisciplina, a falta de empenho. Há professores que fazem centenas de quilómetros para dar aulas e ficam esgotados. E quando vão para casa transportam a profissão consigo.

– Defende que devia ser uma profissão de desgaste rápido?

– Apesar de oficialmente a carreira docente ser especial dentro da Função Pública, na prática tem um tratamento idêntico. E as pressões exercidas nos últimos seis anos a nível social e governativo criaram mais dificuldades. As expectativas em torno da profissão são muito elevadas.

– Como superar o problema?

– Reduzindo as turmas para um limite de 20 alunos; dando espaço e tempo para os docentes prepararem aulas na escola; dotando as escolas com psicólogos; dando estabilidade aos docentes, pois muitos não sabem se terão emprego no ano seguinte. Os docentes precisam de sentir confiança de quem governa e da sociedade.

– Com a crise actual não deverá ser fácil as coisas melhorarem?

– Sim, apesar de haver muito por onde cortar, para poder aplicar no essencial. Não faz sentido requalificações de escolas megalómanas. Há que investir mais nas pessoas e menos no cimento, reduzir os pequenos poderes intermédios e dar autonomia às escolas".

CM




quinta-feira, abril 21, 2011

Estes portugueses são loucos

A um mês e meio das legislativas antecipadas, os socialistas então à frente dos sociais-democratas nas intenções de voto, segundo uma sondagem da Marktest, embora a diferença de apenas 1 ponto percentual deixe os dois partidos em empate técnico.

segunda-feira, abril 18, 2011

Vídeo: José Sócrates estará maluco?

"Entender as atitudes, tomadas de posição, devaneios e mudanças de orientação, mentiras e omissões descaradas, cinismos e hipocrisias deste Primeiro-Ministro é coisa que já não tento fazer. Estou farto dele. Completamente exaurido por esta figura detestável. O que num dia garante "jamais" fazer, no dia a seguir e depois do supremo e verdadeiro governante máximo do país (o Dr. Ricardo Salgado) lhe dar as devidas orientações, aparece a falar com ar combalido, voltando atrás e esquecendo tudo o que disse, e pedinchando. E faz tudo isto com a mesma cara. Com a mesma convicção. Varia entre o optimismo exacerbado e o sofrimento atroz. Um caso que provavelmente a ciência política estudará um dia como o mais grave caso de bipolaridade alguma vez registado num líder.

Se o FMI já está devidamente instalado num hotel da capital vai este senhor candidatar-se a Primeiro-Ministro depois de ter dito "não estar disponível para o fazer". Como é que vai descalçar a bota? Governa às terças, quintas e sábados e o FMI trata do resto dos dias da semana?

Existirá algum português que continue a acreditar nesta pessoa? Alguém com dois dedos de testa, perdão, com apenas um dedo e sem testa, cego, surdo, mudo ou mesmo falecido ainda consegue acredita nesta fantochada, numaa campanha permanente, neste departamento de Marketing transformada em partido político? Nesta feira de vaidades provinciana e de uma obediência patética a um líder? Continuamos a ser os parolos da Europa. Motivo de chacota de todos.

PS: Eu estou-me a borrifar para o PSD, para o PP ou para qualquer outro partido começado por P, B, E ou Z. Agora não gosto é de ter um Primeiro-Ministro que me faça de parvo. E há seis anos e meio sou obrigado a aturá-lo, e nunca por minha escolha. Não dá para suspender a democracia durante seis meses como disse Manuela Ferreira Leite?

Fica o vídeo de mais um exemplo de coerência, e aparentemente já ninguém liga, é quase normal:



Tiago Mesquita (www.expresso.pt)

sábado, abril 16, 2011

Crónica de Santana Castilho

"1. O laudatório congresso do PS definiu a identidade actual do partido: é uma confraria que não renega o Querido Líder (expressão feliz de um congressista, de inspiração norte-coreana, para designar Sócrates), mesmo que ele conclua a destruição do país, que iniciou há seis anos. Invoco a carta aberta que nesta coluna dirigi a Sócrates, em 6 de Junho de 2005, quando a maioria o venerava e eu previ o que nos esperava, para não me surpreender o que lhe ouvi no congresso e nas massivas e insuportáveis intervenções públicas dos últimos dias. Sócrates é um simples manipulador de responsabilidades e um vulgar trasfego de culpas. A autocrítica não se vislumbra nele. A impunidade que caracteriza a sua actividade política tornou-o cada vez mais arrogante e contumaz na prática de erros. O que nos conduziu ao desastre em que estamos mergulhados foram as políticas desastrosas dos dois governos que chefiou. Foi isso que o deixou sem saída. Para não perder a face, manipulador como é, escondeu-se atrás do PEC IV, que urdiu e negociou com os de fora, traindo os de dentro, sabendo, medindo e desejando as consequências.

Os velhos socialistas, do tempo de Soares, desprezavam a tecnocracia e privilegiavam a política. Em nome da política, meteram o socialismo na gaveta, numa atitude do mais louvável bom senso. Perdeu o socialismo, mas ganhou o país. Os novos “socialistas”, do tempo de Sócrates, descobriram na tecnocracia inferior o instrumento mágico para lhes dar uma imagem de modernidade, que o vazio da sua preparação e a vacuidade das suas ideias jamais poderiam gerar. Deram-lhe estatuto de política e promoveram activamente interesses particulares, em detrimento do interesse público. Que parvos que nós fomos!

2. Que parvos que nós poderemos continuar a ser! As sondagens, valendo o que nem sempre valem, surpreendem-me. Mais de 30 por cento para a mentira e para a luxúria socialista?

A austeridade será um colete-de-forças para a maioria dos portugueses e para o próximo Governo. Dela ficarão excluídas (e a rir-se de nós) as clientelas já servidas do regabofe socialista. Sendo inevitável, não são inevitáveis algumas soluções para lhe responder. Os senhores que já chegaram a Lisboa não são uma irmandade altruísta, que nos vem salvar. São banqueiros e bancários, que vêm fazer negócio. Vêm contratar um empréstimo no quadro de duas organizações a que pertencemos e para cujo sustento também contribuímos, é bom lembrar. É confrangedor ver economistas e cronistas, mais papistas que o Papa, a darem como consumados mais cortes de salários, corte do subsídio de férias e de Natal, cortes de pensões, numa palavra, corte da goela dos que nada podem. Não se importam de virar a atenção para os gargalos anafados? O que está em causa é desenhar um plano de pagamento de 80 mil milhões de resgate. O emagrecimento do Estado, que os socialistas incharam, e a renegociação das condições leoninas das múltiplas parcerias público-privadas, que esbulharão a Nação durante os próximos 40 anos, são boas hipóteses a considerar.

É neste quadro que a próxima campanha eleitoral é muito importante. O país precisa de renascer. Compreendo que a economia e as finanças dominem o debate político. Mas é imperioso que nos envolvamos na discussão sobre o que queremos fazer com a Justiça, com a Saúde e com a Educação.

Considero essencial promover consensos sobre os grandes problemas de organização da Nação e do Estado. A minha visão sobre essa organização assenta na aceitação de que a democracia supõe a existência de serviços públicos fundadores da sua própria essência. E destes, dois não me suscitam qualquer dúvida: a Saúde e a Educação. Assim pensando, não me furtarei à discussão, útil e necessária, sobre os respectivos modelos de financiamento. Mas combaterei com a arma que tenho, a palavra, os que visarem destruir a Escola Pública e o Sistema Nacional de Saúde.

Ao Estado o que deve ser estrategicamente do Estado. Ao privado tudo o mais em que o Estado não deve interferir, a não ser para regular, defendendo a qualidade, impondo a ética e preservando o cidadão e o património colectivo da ganância do lucro desmedido. Choca-me que a mesma doença mereça tratamento diferente, consoante o dinheiro que o doente possua. Choca-me que idênticas inteligências e iguais qualidades de trabalho e aplicação ao estudo conduzam a resultados diferentes, em função de condições económicas diferentes.

3. Cavaco Silva pediu ao Tribunal Constitucional que se pronunciasse sobre a decisão maioritária da Assembleia da República, que suspendeu a avaliação do desempenho dos professores. Como referi no meu último artigo, o diploma parlamentar podia suscitar a questão da inconstitucionalidade. Por isso, não surpreende a decisão presidencial. Mas a incoerência do presidente, para não lhe chamar parcialidade (Cavaco Silva apoiou sempre Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues nas políticas persecutórias dos professores) não pode passar em claro. Com efeito, com maior razão formal do que a que ora usou, Cavaco Silva não deveria ter deixado passar sem fiscalização os normativos que salvaram as trapalhadas dos exames do 12º ano, no primeiro Governo de Sócrates, deveria ter enviado ao TC o diploma da gestão das escolas, que cilindrou a Lei de Bases do Sistema Educativo, e deveria ter perguntado aos meritíssimos juízes o que é que eles pensam dos cortes salariais dos funcionários públicos. Ou da anormal normalização da retroactividade das leis.

A bem da República. E da Nação".

quinta-feira, abril 14, 2011

Livro de estilo do jornalismo português: "sim, o Sócrates é mau, mas a direita é uma filha da puta"

"Factos relacionados com o governo dos últimos dias:

- Jornalista saneada na Lusa.

- TGV parado (o convento de Mafra de Sócrates vai parar)

- O ministro das obras públicas disse que o Aeroporto é para continuar.

- O ministro das finanças disse que só há dinheiro até junho (mas não estava tudo bem?)

- O ministro das finanças disse, numa entrevista, que Portugal tem vivido acima das suas possibilidades (uau, acordou agora?)

- Não há dinheiro para pagar salários nas forças armadas e polícia.

- O MAI está a cometer ilegalidades ao nível dos impostos.

E há mais.

Mas quais são os assuntos que causam buzz na comunicação social?

- A escolha de um deputado por parte do PSD (expliquem-me, como se eu fosse muito burro, como é que a escolha de um possível deputado é mais importante do que tudo aquilo que está aqui por cima?).

- As negas dos Capuchos a Passos.

- As perguntas óbvias e legítimas de Passos sobre as contas públicas (uau, perguntar sobre a ruína das contas públicas é mais grave do que o próprio descalabro das contas públicas. Genial, ah?!)

- As declarações de Santana Lopes.

Expliquem-me isto, mas como se eu fosse muito burro".

quarta-feira, abril 13, 2011

O agente duplo

"Tenho, cá para mim, uma teoria que tem vindo a tornar-se crescentemente "sustentável" (finalmente consegui escrever a palavra "sustentável"; tantas vezes deglutida por aí, com óbvios sinais de prazer, julguei que tivesse um sabor especial; não sabe a nada).
Onde é que eu ia? Ah, a tal teoria. É ela que o juvenil Pedro Passos Coelho, putativo futuro ex-primeiro ministro, é um infiltrado do PS.
A coisa (a teoria) começou a ganhar corpo durante as campanhas contra os contribuintes conhecidas por PEC 1, PEC 2 e PEC 3, e pelos subsequentes pedidos de desculpas do jovem líder aos portugueses por se ter alistado (forçado por quem?) nas expedições punitivas do PS contra funcionários públicos, pensionistas, desempregados & afins.
Depois, sempre que as sondagens pareciam dar ao PSD vantagem sobre o PS, Passos Coelho vinha a público estragar tudo: foi o anúncio de que o PSD acabaria com a proibição de despedimentos sem justa causa, com a escola pública, com o SNS; de que o PSD aumentaria o IVA; de que o PEC 4 não foi, afinal, "suficientemente longe"... Agora, coincidindo com nova sondagem, revelou à TVI que, contrariamente ao que dissera para justificar o voto do PSD contra o PEC 4, teve conhecimento prévio do documento e até o debateu pessoalmente com o primeiro-ministro em S. Bento.
Se Passos Coelho não for o director-sombra de campanha do PS para as próximas eleições é, pelo menos, um agente duplo".

Manuel António Pina



sexta-feira, abril 08, 2011

Mário Nogueira, Secretário-geral da Fenprof fala sobre envio para o Constitucional da revogação da avaliação dos docentes.

"Correio da Manhã –Ficou surpreendido com a decisão do Presidente da República de enviar para o Tribunal Constitucional a revogação do modelo de avaliação dos professores?

Mário Nogueira – A surpresa surge por o Presidente da República ter conhecimento de que os partidos que votaram favoravelmente a lei possuem na Assembleia da República gabinetes com juristas que naturalmente estudaram a constitucionalidade das alterações para que a lei fosse modificada.

– O Presidente da República foi coerente com a sua decisão anterior de ser favorável ao modelo de avaliação...

– Coerente, mas ao mesmo tempo também incoerente.

– Quer explicar?

– A decisão é um acto de coerência porque o senhor Presidente da República desde sempre esteve colado aos piores momentos da dr.ª Lurdes Rodrigues [anterior ministra da Educação] e do Governo de José Sócrates, nomeadamente nos tempos da avaliação de desempenhos, mostrando simpatia com o modelo. Mas o Presidente é também incoerente, porque raramente tem dúvidas sobre a inconstitucionalidade das leis. Recordo, por exemplo, que estava tudo bem quando o Governo decidiu pela redução dos salários ou o congelamento das carreiras sem haver negociação.

– Como interpreta o Presidente da República ter pedido a fiscalização preventiva da constitucionalidade das normas dos artigos 1.º, 2.º, 3.º e 4.º do Decreto?

– Com tantas dúvidas sobre a constitucionalidade de todas as normas dos artigos, parece-me que o senhor Presidente procura uma qualquer vírgula fora do sítio.

– Com esta decisão, em que vai mudar o futuro dos professores?

– Penso que a decisão não altera em nada o fim do modelo de avaliação. Parece-me uma aventura próxima de ficar encerrada quando a lei entrar em vigor".

quarta-feira, abril 06, 2011

A culpa

"A culpa de não haver PEC 4 é do PSD e do CDS. A culpa de haver portagens nas Scuts é do PSD que viabilizou o PEC 3. A culpa do PEC 3 é do PEC 2. Que, por sua vez, tem culpa do PEC 1.

Chegados a este, a culpa é da situação internacional. E da Grécia e da Irlanda. E antes destas culpas todas, a culpa continua a ser dos Governos PSD/CDS. Aliás, nos últimos 16 anos, a culpa é apenas dos 3 anos de governação não socialista.

A culpa é do Presidente da República. A culpa é da Chanceler. A culpa é de Trichet. A culpa é da Madeira. A culpa é do FMI. A culpa é do euro.

A culpa é dos mercados. Excepto do "mercado" Magalhães. A culpa é do ‘rating'. A culpa é dos especuladores que nos emprestam dinheiro. A culpa até chegou a ser das receitas extraordinárias. À falta de outra culpa, a culpa é de os Orçamentos e PEC serem obrigatórios.

A culpa é da agricultura. A culpa é do nemátodo do pinho. A culpa é dos professores. A culpa é dos pais. A culpa é dos exames. A culpa é dos submarinos. A culpa é do TGV espanhol. A culpa é da conjuntura. A culpa é da estrutura

A culpa é do computador que entupiu. A culpa é da ‘pen'. A culpa é do funcionário do Powerpoint. A culpa é do Director-Geral. A culpa é da errata, porque nunca há errata na culpa. A culpa é das estatísticas. Umas vezes, a culpa é do INE, outras do Eurostat, outras ainda do FMI. A culpa é de uma qualquer independente universidade. E, agora em versão pós Constâncio, a culpa também já é do Banco de Portugal. A culpa é dos jornalistas que fazem perguntas. A culpa é dos deputados que questionam. A culpa é das Comissões parlamentares que investigam. A culpa é dos que estudam os assuntos.

A culpa é do excesso de pensionistas. A culpa é dos desempregados. A culpa é dos doentes. A culpa é dos contribuintes. A culpa é dos pobres.

A culpa é das empresas, excepto as ungidas pelo regime. A culpa é da meteorologia. A culpa é do petróleo que sobe. A culpa é do petróleo que desce.

A culpa é da insensibilidade. Dos outros. A culpa é da arrogância. Dos outros. A culpa é da incompreensão. Dos outros. A culpa é da vertigem do poder. Dos outros. A culpa é da demagogia. Dos outros. A culpa é do pessimismo. Dos outros.

A culpa é do passado. A culpa é do futuro. A culpa é da verdade. A culpa é da realidade. A culpa é das notícias. A culpa é da esquerda. A culpa é da direita. A culpa é da rua. A culpa é do complexo de culpa. A culpa é da ética.

Há sempre "novas oportunidades" para as culpas (dos outros). Imagine-se, até que, há tempos, o atraso para assistir a uma ópera, foi culpa do PM de Cabo-Verde.

No fim, a culpa é dos eleitores, que não deram a maioria absoluta ao imaculado. A culpa é da democracia. A culpa é de Portugal. De todos. Só ele (e seus pajens) não têm culpa. Povo ingrato! Basta! Na passada quarta feira, a culpa...já foi.

Bagão Félix

Crónica de Santana Castilho

sábado, abril 02, 2011

Simplesmente fabuloso

Mais um a seguir o exemplo do chefe

"Leio nos jornais que Marcos Batista, administrador dos CTT nomeado pelo Governo, pediu suspensão do cargo devido a suspeitas de falsificação do currículo.

A questão é simples: será Marcos Batista licenciado em Economia? A dúvida não devia consumir o homem, que nestas matérias tem exemplos superiores para poder assobiar e seguir em frente. Mas Batista é uma alma honesta e, em carta aos trabalhadores, jura que é diplomado. Ou, pelo menos, acredita que sim. Primeiro, porque andou 8 anos (por extenso: oito) na universidade. E, depois, porque concluiu com aproveitamento "um número elevado de cadeiras" (sic), um argumento que devia encerrar o assunto. Eu, por mim, declaro-o encerrado. E mesmo na eventualidade do nosso doutor não ter concluído formalmente o curso, nem isso devia impedir a respectiva instituição de defender o seu aluno. Quem anda oito anos na universidade para fazer "um número elevado de cadeiras" merece reconhecimento público pela persistência. E, já agora, um diploma por caridade".

João Pereira Coutinho
CM