"Os cursos profissionais são uma boa solução. A via da profissionalização no
ensino secundário com ligações às empresas também. O fim de licenciaturas,
mestrados e doutoramentos por falta de qualidade aplaude-se igualmente. Há,
globalmente, bons objetivos nas reformas que se estão a tentar implementar na
educação nacional. Mas é preciso cuidar e adequar os modelos à realidade
portuguesa.
Na aplicação do modelo alemão de ensino vocacional, estamos perante uma boa
via que permite injetar no mercado profissionais com qualificações intermédias,
trabalhando desde o início com empresas que deles necessitam e lhes garantam
empregos. Mas não pode ser um caminho sem retorno logo após o ensino primário:
aos dez anos (em média) é demasiado cedo para perceber as qualidades e
qualificações dos alunos; e é injusto obrigar esses mesmos alunos e os pais a
fazerem tal opção sem permitir que exista retorno; e é impensável que a solução
seja "empurrar" para esta solução os estudantes com qualificações e notas mais
baixas.
No ensino superior é grave que a Agência externa de Avaliação e Acreditação
tenha detetado falta de qualidade num quarto dos cursos que já avaliou. E que
existia a ideia de que esta média de "chumbos", que foi aplicada a 107 dos 420
cursos analisados, se mantenha no que falta avaliar das 3500 ofertas que existem
no País. O boom das universidades privadas e o valor das propinas levaram a que
o ensino superior se tivesse tornado um bom negócio. Mas nem sempre num bom
serviço. Que a peneira permita aposta na qualidade em vez da quantidade é muito
importante. Mas é preciso que as avaliações contenham critérios regionais e
financeiros e não se rejam apenas por questões técnicas".
DN
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