"Há mais 7% de alunos inscritos no secundário, há mais 35% na via profissionalizante, a taxa de insucesso escolar nos 10º, 11º e 12º anos baixou de 32% para 25%, os chumbos no 12º passaram de mais de 50% em 2004-2005 para 38% no último ano lectivo. Estas estatísticas foram divulgadas esta semana pela ministra da Educação e levaram o primeiro ministro a concluir: “Com o mesmo dinheiro, menos professores e menos escolas, conseguimos ter mais alunos e melhores resultados”.
Conseguimos mesmo?
Os números, aqueles, assim apresentados, poderiam levar a crer que sim. Mas nem os números, aqueles, são suficientes para permitir tal conclusão, nem pode quem quer que seja concluir pela melhoria do ensino apenas e só por uma análise quantitativa.
“Provavelmente nenhum aluno chumbou por faltas no último ano”, disse a ministra em entrevista ao DN. Provavelmente? Como provavelmente? Então o Ministério da Educação, que divulga números exactos e se vangloria com eles, não sabe quantos alunos chumbaram por faltas no último ano?
Claro que houve alunos que chumbaram por faltas no último ano – basta telefonar para uma escola secundária, aleatoriamente, e perguntar.
E, “provavelmente”, não foram tão poucos que não justifiquem estudo estatístico. E, “provavelmente”, seriam muitos mais se para essa estatística contassem também os alunos que, no final do 2º período, foram convidados pelos estabelecimentos de ensino a anularem as matrículas em vez de se sujeitarem ao inevitável chumbo no final do ano.
Maria de Lurdes Rodrigues socorreu-se daquele “provavelmente” para vir a público defender com unhas e dentes o ex-novo Estatuto do Aluno, que previa a retenção dos estudantes por excesso de faltas e a impossibilidade de expulsão da escola. “Ex-novo Estatuto do Aluno” porque o diploma aprovado no Parlamento acabou por consagrar o contrário – prevendo a retenção dos alunos que ultrapassem o limite admissível de absentismo e admitindo também a possibilidade de expulsão.
Alterado o Estatuto, a ministra foi à RTP afirmar que, afinal, o que acabou por ser aprovado foi o que ela sempre defendeu e que, aliás, constava da proposta que, em Abril, foi aprovado em Conselho de Ministros. Sim, senhora. Se todos os que leram a entrevista ao DN entenderam o contrário foi porque não o souberam ler. Ou leram o que ela não disse. Ou seja, deviam era todos voltar aos bancos da escola, mesmo que depois faltassem.
Quanto ao abzentismo (sic), a ministra disse à RTP que acredita que se um professor chamar um jovem que falta uma vez às aulas, e o castigue ou advirta para as consequências de um comportamento abzentista (sic), o aluno entende e corrige o seu comportamento.
COMO? QUEM? ONDE?
Talvez no mesmo país em que não se justifica qualquer preocupação especial com os fenómenos de violência e de criminalidade vária que se passam nas escolas e que a ministra reduz a actos de mera indisciplina.
As teorias da ministra são, aliás, as mesmas que estiveram na base do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF). Bem intencionado, é certo. Mas com os resultados que estão à vista e que “provavelmente” a ministra já tem na sua posse. Divulgue-os! A ver se tem razão e se todos os velhos do Restelo que há gerações e gerações repetem o discurso catastrofista sobre o ensino.
Maria de Lurdes Rodrigues diz as coisas com ar tão determinado que não pode viver no mesmo mundo do procurador-geral da República e dos milhares de professores que diariamente lidam com sérios problemas sociais e educacionais nas escolas de todo o país.
Conseguimos mesmo?
Os números, aqueles, assim apresentados, poderiam levar a crer que sim. Mas nem os números, aqueles, são suficientes para permitir tal conclusão, nem pode quem quer que seja concluir pela melhoria do ensino apenas e só por uma análise quantitativa.
“Provavelmente nenhum aluno chumbou por faltas no último ano”, disse a ministra em entrevista ao DN. Provavelmente? Como provavelmente? Então o Ministério da Educação, que divulga números exactos e se vangloria com eles, não sabe quantos alunos chumbaram por faltas no último ano?
Claro que houve alunos que chumbaram por faltas no último ano – basta telefonar para uma escola secundária, aleatoriamente, e perguntar.
E, “provavelmente”, não foram tão poucos que não justifiquem estudo estatístico. E, “provavelmente”, seriam muitos mais se para essa estatística contassem também os alunos que, no final do 2º período, foram convidados pelos estabelecimentos de ensino a anularem as matrículas em vez de se sujeitarem ao inevitável chumbo no final do ano.
Maria de Lurdes Rodrigues socorreu-se daquele “provavelmente” para vir a público defender com unhas e dentes o ex-novo Estatuto do Aluno, que previa a retenção dos estudantes por excesso de faltas e a impossibilidade de expulsão da escola. “Ex-novo Estatuto do Aluno” porque o diploma aprovado no Parlamento acabou por consagrar o contrário – prevendo a retenção dos alunos que ultrapassem o limite admissível de absentismo e admitindo também a possibilidade de expulsão.
Alterado o Estatuto, a ministra foi à RTP afirmar que, afinal, o que acabou por ser aprovado foi o que ela sempre defendeu e que, aliás, constava da proposta que, em Abril, foi aprovado em Conselho de Ministros. Sim, senhora. Se todos os que leram a entrevista ao DN entenderam o contrário foi porque não o souberam ler. Ou leram o que ela não disse. Ou seja, deviam era todos voltar aos bancos da escola, mesmo que depois faltassem.
Quanto ao abzentismo (sic), a ministra disse à RTP que acredita que se um professor chamar um jovem que falta uma vez às aulas, e o castigue ou advirta para as consequências de um comportamento abzentista (sic), o aluno entende e corrige o seu comportamento.
COMO? QUEM? ONDE?
Talvez no mesmo país em que não se justifica qualquer preocupação especial com os fenómenos de violência e de criminalidade vária que se passam nas escolas e que a ministra reduz a actos de mera indisciplina.
As teorias da ministra são, aliás, as mesmas que estiveram na base do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF). Bem intencionado, é certo. Mas com os resultados que estão à vista e que “provavelmente” a ministra já tem na sua posse. Divulgue-os! A ver se tem razão e se todos os velhos do Restelo que há gerações e gerações repetem o discurso catastrofista sobre o ensino.
Maria de Lurdes Rodrigues diz as coisas com ar tão determinado que não pode viver no mesmo mundo do procurador-geral da República e dos milhares de professores que diariamente lidam com sérios problemas sociais e educacionais nas escolas de todo o país.
“Provavelmente”, Maria de Lurdes Rodrigues não vive neste mundo".
Mário Ramires
"Sol"
Mário Ramires
"Sol"
2 comentários:
"Provavelmente", Maria de Lurdes Rodrigues não vive neste mundo.
O que, diga-se em abono da verdade, é muito grave e assustador!!!
Se é um espectro, "provavelmente" a nossa Educação está a ser dirigida por algum ente maligno, só assim se explica que as medidas que "ele" assume apontem, com elevada probabilidade, para um fim catastrófico. Se é por alheamento à realidade, "provavelmente" a enfermidade é demasiado grave e as consequências serão igualmente devastadoras!
"Provavelmente", a única via para Portugal deixar de produzir em série e em massa uma quantidade enorme de broncos e de condenar os professores a "bombos da festa" e/ou "bobos da corte", seria fazer um exorcismo ou confinar MLR a um espaço onde as suas acções não tivessem repercussões tão nefastas!!!
"Provavelmente nenhum aluno chumbou por faltas no último ano”,...
Estão a ver?! Que mal tinha o facto do novo estatuto do aluno não permitir o chumbo por excesso de faltas? A sra. sabe do que diz e o que faz, foi prevendo a falta de abzentismo, por parte dos alunos, que tinha inzerido aquele famigerado artigo. Ora bolas, é um abzurdo, diria mesmo, uma falta de senzo comum fazer uma tempestade num copo de água..., o 22.º era um pzeudo artigo, sei lá, ficava lá bem.
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