terça-feira, junho 20, 2006

A luta continua

No rescaldo da greve do dia 14, tivemos a habitual guerra dos números entre os sindicatos e o ministério da educação. Enquanto uns situavam a adesão nos 70% os outros ficavam-se nos 30%, valores bem mais modestos. Com a manifestação passou-se exactamente o mesmo: se os sindicatos afirmaram que estiveram presentes 10.000 professores já a polícia, que acompanhou a manifestação, refere que o número não ultrapassou os 7000. Independentemente de uns e outros poderem estarem errados na apreciação que fizeram, e com certeza que estarão, o que interessa aqui relevar, para nós professores, foi o número bastante significativo de professores que estiveram em Lisboa, num dia particularmente difícil tendo em conta as condições atmosféricas, mas que ainda assim não quiseram deixar de manifestar o seu veemente repúdio, a sua indignição face aos constantes ataques de que têm sido vítimas por parte da ministra. Não me ocorre de alguma vez os professores se terem manifestado de forma tão massiva como aconteceu no dia 14. Espero que esta tenha sido a primeira de outras lutas que se seguirão na defesa de um ECD digno da classe docente. É certo que dias difíceis nos esperam, pois a ministra ainda há poucos dias reafirmou que não admite rever as matérias essenciais do ECD que, segundo ela, não serão passíveis de negociação com os sindicatos. Quanto muito estará disponível para alterar algumas questões de pormenor que evidentemente não porão em causa o espírito do ECD. E quando já não bastava o apoio da opinião pública e dos media, eis que a ministra recebe a solidariedade do Presidente da República o que, como é óbvio, reforça a sua política e a levará a manter o rumo traçado. Perante isto só nos resta continuar a lutar. Não temos outra alternativa. E esta luta terá de ser feita junto da opinião pública: enquanto não conseguirmos alterar a imagem negativa que os professores vão tendo na sociedade portuguesa, todas as nossas reinvindicações estarão condenadas ao insucesso. Quanto a isto não tenho a menor dúvida.

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