"Escreveu Mao Tse-Tung (cito de memória) que “um caminho demasiado plano não desenvolve os músculos das pernas”. E que bem se adaptam estas sentenciosas palavras a um ensino facilitador – como o nosso – em que alunos há que saem com diplomas do ensino básico mal sabendo ler e escrever. Como sempre, as excepções mais não fazem que confirmar a regra!
O “caminho demasiado plano” dos três ciclos do ensino básico faz com que os alunos circulem velozmente em auto-estradas sem paragens e quaisquer percalços, mas ao depararem-se com a primeira portagem a pagamento, para prosseguirem os exigentes ensino secundário e universitário, levando as mãos às algibeiras, verificam ter os bolsos vazios de conhecimento e cheios de cotão de ignorância. Mas não se pense que este é apenas um mau fado de gente lusitana!
Charles Sykes, docente da Universidade de Wisconsin-Milwake e palestrante nas principais universidades norte-americanas, no seu livro “Dumbing down our kids” (“New York: St. Martin’s Press, United States, 1995) dá-nos conta de princípios que os estudantes do ensino secundário e diplomados do ensino superior não aprendem na escola por o “sistema” criar uma geração de jovens sem o sentido da realidade promotora do respectivo falhanço na vida que os espera no futuro. Para que os estudantes possam vir a ter sucesso na vida profissional, estabeleceu onze regras:
Regra nº1: “A vida não é justa, acostuma-te a isso”.
Regra nº2: “O mundo não se importa com a tua auto-estima. O mundo espera que faças alguma coisa por ele para te sentires bem contigo próprio”.
Regra nº3: “Não ganharás 40.000 dólares por ano mal saias da escola secundária. Não serás um vice-presidente com carro e telefone ao teu dispor até os mereceres”.
Regra nº4: “Se achas que o teu professor é exigente espera até teres um patrão. Este não será tolerante”.
Regra nº5: “Fazeres hambúrgueres não rebaixa a tua dignidade. Os teus avós têm uma expressão diferente para isso – chama-lhe oportunidade”.
Regra nº6: “Se fracassares não é por culpa dos teus pais. Por isso, não te lamentes com os teus erros. Aprende com eles”.
Regra nº7: “Antes de nasceres, os teus pais não eram tão aborrecidos como agora. Tornaram-se assim ao pagarem as tuas contas, limparem o teu quarto e se aperceberem do teu grande idealismo. Por isso, antes de exterminares os parasitas que julgas ser a geração dos teus pais, tenta arrumar o teu quarto”.
Regra nº8: “A tua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e vencidos, mas a vida não. Em algumas escolas aboliram as reprovações dando-te todas as oportunidades que queres para dares a resposta correcta. Isto, naturalmente, não tem a menor semelhança com alguma coisa da vida real”.
Regra nº9: “A vida não se divide em semestres. Não terás verões livres e poucos empregadores estão interessados em ajudar a te encontrares a ti próprio. Fá-lo-ás por ti só”.
Regra nº10: “A televisão não é a vida real. Na vida real, as pessoas têm de deixar a vida de café e irem trabalhar”.
Regra nº11: “Sê simpático para com os patetas. Há uma possibilidade de trabalhares para um”.
Face ao descarado facilitismo que assentou arraiais num país em que “a escola, a boa escola, não ocupa ainda o lugar a que tem direito” (Carlos Fiolhais), não será chegada a altura das entidades ministeriais competentes oferecerem à República Portuguesa e aos seus cidadãos um sistema educativo de qualidade e sem ser a duas velocidades? De morado e exigente para jovens que são obrigados a satisfazer um percurso académico normal. E, por outro lado, deveras permissivo e rápido no caso de adultos na obtenção do diploma do 12º ano de escolaridade, através do Programa Novas Oportunidades, e complemento de habilitações em universidades privadas, a fim de passagem de bacharel a licenciado num percurso académico do género de “Morangos com Açúcar”!
No início do ano, o Presidente da República, Cavaco Silva, com a experiência de um percurso académico nada fácil, lançou o aviso: “Não podemos dispensar a exigência para com os alunos”. Em minha opinião, nem que para isso se torne necessária a criação de uma Junta de Salvação Nacional da Educação, formada por personalidades, sem tutelas ou fretes partidários, desvinculadas de meras questões sindicais entre o Estado-patrão e o professor-empregado, e, principalmente, sem qualquer responsabilidade pelo actual estado caótico a que chegou a Educação.
Ou seja, personalidades independentes que sejam capazes de assumir o papel de destemidos forcados no redondel onde resfolega ameaçador o touro da IGNORÂNCIA, e em que os professores – com ou sem razão – têm servido de cepo de marradas de uma sociedade civil mal informada pelas entidades oficiais. De forma mais ou menos intencional, de maneira mais ou menos perversa!".
O “caminho demasiado plano” dos três ciclos do ensino básico faz com que os alunos circulem velozmente em auto-estradas sem paragens e quaisquer percalços, mas ao depararem-se com a primeira portagem a pagamento, para prosseguirem os exigentes ensino secundário e universitário, levando as mãos às algibeiras, verificam ter os bolsos vazios de conhecimento e cheios de cotão de ignorância. Mas não se pense que este é apenas um mau fado de gente lusitana!
Charles Sykes, docente da Universidade de Wisconsin-Milwake e palestrante nas principais universidades norte-americanas, no seu livro “Dumbing down our kids” (“New York: St. Martin’s Press, United States, 1995) dá-nos conta de princípios que os estudantes do ensino secundário e diplomados do ensino superior não aprendem na escola por o “sistema” criar uma geração de jovens sem o sentido da realidade promotora do respectivo falhanço na vida que os espera no futuro. Para que os estudantes possam vir a ter sucesso na vida profissional, estabeleceu onze regras:
Regra nº1: “A vida não é justa, acostuma-te a isso”.
Regra nº2: “O mundo não se importa com a tua auto-estima. O mundo espera que faças alguma coisa por ele para te sentires bem contigo próprio”.
Regra nº3: “Não ganharás 40.000 dólares por ano mal saias da escola secundária. Não serás um vice-presidente com carro e telefone ao teu dispor até os mereceres”.
Regra nº4: “Se achas que o teu professor é exigente espera até teres um patrão. Este não será tolerante”.
Regra nº5: “Fazeres hambúrgueres não rebaixa a tua dignidade. Os teus avós têm uma expressão diferente para isso – chama-lhe oportunidade”.
Regra nº6: “Se fracassares não é por culpa dos teus pais. Por isso, não te lamentes com os teus erros. Aprende com eles”.
Regra nº7: “Antes de nasceres, os teus pais não eram tão aborrecidos como agora. Tornaram-se assim ao pagarem as tuas contas, limparem o teu quarto e se aperceberem do teu grande idealismo. Por isso, antes de exterminares os parasitas que julgas ser a geração dos teus pais, tenta arrumar o teu quarto”.
Regra nº8: “A tua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e vencidos, mas a vida não. Em algumas escolas aboliram as reprovações dando-te todas as oportunidades que queres para dares a resposta correcta. Isto, naturalmente, não tem a menor semelhança com alguma coisa da vida real”.
Regra nº9: “A vida não se divide em semestres. Não terás verões livres e poucos empregadores estão interessados em ajudar a te encontrares a ti próprio. Fá-lo-ás por ti só”.
Regra nº10: “A televisão não é a vida real. Na vida real, as pessoas têm de deixar a vida de café e irem trabalhar”.
Regra nº11: “Sê simpático para com os patetas. Há uma possibilidade de trabalhares para um”.
Face ao descarado facilitismo que assentou arraiais num país em que “a escola, a boa escola, não ocupa ainda o lugar a que tem direito” (Carlos Fiolhais), não será chegada a altura das entidades ministeriais competentes oferecerem à República Portuguesa e aos seus cidadãos um sistema educativo de qualidade e sem ser a duas velocidades? De morado e exigente para jovens que são obrigados a satisfazer um percurso académico normal. E, por outro lado, deveras permissivo e rápido no caso de adultos na obtenção do diploma do 12º ano de escolaridade, através do Programa Novas Oportunidades, e complemento de habilitações em universidades privadas, a fim de passagem de bacharel a licenciado num percurso académico do género de “Morangos com Açúcar”!
No início do ano, o Presidente da República, Cavaco Silva, com a experiência de um percurso académico nada fácil, lançou o aviso: “Não podemos dispensar a exigência para com os alunos”. Em minha opinião, nem que para isso se torne necessária a criação de uma Junta de Salvação Nacional da Educação, formada por personalidades, sem tutelas ou fretes partidários, desvinculadas de meras questões sindicais entre o Estado-patrão e o professor-empregado, e, principalmente, sem qualquer responsabilidade pelo actual estado caótico a que chegou a Educação.
Ou seja, personalidades independentes que sejam capazes de assumir o papel de destemidos forcados no redondel onde resfolega ameaçador o touro da IGNORÂNCIA, e em que os professores – com ou sem razão – têm servido de cepo de marradas de uma sociedade civil mal informada pelas entidades oficiais. De forma mais ou menos intencional, de maneira mais ou menos perversa!".
Rui Baptista
Ex-docente da Universidade de Coimbra
Diário de Notícias
2 comentários:
Gostei destas 11 regras. Vou afixá-las na minha sala de aula.
Talvez muitos portugueses ainda não se tenham apercebido de que as reprovações nas escolas públicas vão ser gradualmente banidas. A tendência é que ao fim de 12 anos de escola todos os alunos possam ter o 12.º ano de escolaridade
O nível de conhecimentos poderá ser muito baixo e inconsistente, mas poderão deverão ostentar "orgulhosamente" o certificado de habilitações do 12.º ano, que, afinal, é tão só a escolaridade mínima obrigatória. Portugal poderá assim figurar nas estatísticas como sendo um país com uma população com bastantes anos de escolaridade, embora isso não dê qualquer indicação em termos de conhecimentos dos portugueses.
Nas escolas públicas, os alunos poucas possibilidades terão de atingir os conhecimentos necessários para prosseguirem os estudos.
Com este panorama, os pais que desejem para os seus filhos um curso superior têm que começar já a consciencializar-se de que a escola pública não será o caminho mais aconselhável para a preparação dos seus filhos; nem para o prosseguimento de estudos, nem para o desempenho de funções com maior complexidade.
Ainda que algumas crianças e jovens se interessem pelos estudos o ambiente será impróprio para que tenham sucesso, porque na mesma sala coexistirão alunos com deficiências várias: alguns delinquentes, outros com fracos conhecimentos adquiridos anteriormente por falta de assiduidade às aulas ou porque não havendo reprovações, não haverá necessidade de empenho nos estudos; outros porque têm deficiências psíquicas e até de comunicação; muitos sem qualquer interesse pelas matérias escolares e que apenas por ali andam porque o sistema a isso os obriga.
Zé da Burra o Alentejano
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