"Há histórias que valem por mil ideias. A adaptação do ditado popular aplica-se ao caso, ontem relatado pelo Expresso, de um rapaz que acaba de conseguir entrada no ensino superior público com nota de louvor, depois de ter feito apenas o 9.º ano de escolaridade, completando o 12.º por recurso ao programa Novas Oportunidades. Nos últimos anos, muito se escreveu sobre o programa criado - e feito bandeira - pelo Governo de José Sócrates. Mas ninguém tinha dito ainda, contando por experiência própria, que os benefícios que retirou do dito diploma acabam por ser injustos face aos restantes candidatos ao superior. O que está a gerar já uma onda de contestação de várias associações de estudantes universitários do País, que consideram indigno que se possa fazer equivaler quem completa o 12.º ano ao longo de quatro anos, e uma bateria de avaliações, a quem o faz num ano e meio e bastando-lhe apenas um exame.
Chegados aqui, convém frisar o mérito do programa. Não fosse o Novas Oportunidades, muitos alunos provavelmente não regressariam aos estudos abandonados cedo de mais e muitos adultos não ganhariam coragem de voltar à escola. Assim, com o estímulo de ter um diploma na mão, e com menor esforço, acabam por voltar. Milhares de portugueses, sublinhe-se e registe-se, tiveram a oportunidade de aprender alguma coisa, muitos deles até ganharam estímulo para continuar e ir mais além. Isso, como é óbvio, é de valor inestimável.
Nada disto, porém, retira injustiça ao que se passou neste caso (a que se juntam muitos mais, não se sabe). Este aluno fez um só exame, tirou nota máxima e entrou no superior, sendo considerado o melhor aluno do País. O estímulo positivo para ele é negativo para centenas que estudaram anos e não entraram na faculdade.
O que está mal não é pois a ideia, bastante meritória, é o modelo. Nada pode ser concebido em função das estatísticas, da quantidade, mas sim da qualidade. E por muito que os números da escolaridade nacional se tornem muito mais positivos com programas como este, o que verdadeiramente importa é a formação e a preparação dada aos alunos. Não basta distribuir computadores ou diplomas. É preciso ensinar como os usar".
Chegados aqui, convém frisar o mérito do programa. Não fosse o Novas Oportunidades, muitos alunos provavelmente não regressariam aos estudos abandonados cedo de mais e muitos adultos não ganhariam coragem de voltar à escola. Assim, com o estímulo de ter um diploma na mão, e com menor esforço, acabam por voltar. Milhares de portugueses, sublinhe-se e registe-se, tiveram a oportunidade de aprender alguma coisa, muitos deles até ganharam estímulo para continuar e ir mais além. Isso, como é óbvio, é de valor inestimável.
Nada disto, porém, retira injustiça ao que se passou neste caso (a que se juntam muitos mais, não se sabe). Este aluno fez um só exame, tirou nota máxima e entrou no superior, sendo considerado o melhor aluno do País. O estímulo positivo para ele é negativo para centenas que estudaram anos e não entraram na faculdade.
O que está mal não é pois a ideia, bastante meritória, é o modelo. Nada pode ser concebido em função das estatísticas, da quantidade, mas sim da qualidade. E por muito que os números da escolaridade nacional se tornem muito mais positivos com programas como este, o que verdadeiramente importa é a formação e a preparação dada aos alunos. Não basta distribuir computadores ou diplomas. É preciso ensinar como os usar".
João Marcelino
DN
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