"Os professores portugueses estão entre os docentes da Europa que mais sofreram com as medidas de austeridade. Os cortes salariais na ordem dos 20% colocam esta classe entre as que mais foram lesadas com a crise económica, a par dos colegas espanhóis, gregos ou irlandeses.
A conclusão surge no relatório ontem divulgado pela Comissão Europeia que analisou os vencimentos e subsídios de professores e directores na Europa, no ano lectivo 2011-2012, concluíndo que, em 16 dos 32 países estudados, os salários dos professores foram reduzidos ou congelados, como consequência da conjuntura económica.
Depois do corte médio de 5% nos salários de 2011, pagamento dos subsídios de férias e de Natal da classe docente em Portugal foi suspenso, tal como aconteceu com os funcionários públicos. As medidas representaram um corte médio de cerca de 20% nos rendimentos dos docentes entre 2010 e 2012.
Divulgado ontem para assinalar o Dia Mundial do Professor, o relatório elaborado pela rede Eurydice mostra, no entanto, que o golpe nos vencimentos da classe docente foi mais profundo na Grécia, onde o salário base sofreu uma quebra de 30% e o governo deixou de pagar os subsídios de Natal e Páscoa.
A Irlanda, por seu turno, reduziu no ano passado os vencimentos dos novos professores 13% e reduziu ainda 20% os rendimentos de todos os docentes que ingressaram no ensino a partir de Janeiro deste ano. Em Espanha, os salários da classe docente e dos restantes funcionários públicos tiveram em 2010 cortes de 5% e deixaram também de ser ajustados à inflação.
O relatório da Comissão Europeia mostra ainda que, em média, é preciso esperar entre 15 e 25 anos para um professor atingir o topo salarial na maior parte dos países mas, em Portugal, Espanha, Itália, Hungria, Áustria e Roménia, “são necessários 34 anos ou mais para conquistar o salário máximo”. De acordo com o documento da Eurydice, o salário máximo dos professores mais antigos é, por regra, duas vezes superior ao salário mínimo dos colegas mais novos. Em Portugal, segundo os dados da Federação Nacional de Professores, um docente com 15 anos de serviço viu o seu ordenado bruto ser reduzido em 2011 de 1982 euros para 1913. No caso dos contratados com mais de 20 anos de serviço, o seu salário bruto é de 1373, recebendo (salário líquido) cerca de 1040 euros".
Jornal i
2 comentários:
Boa Tarde,
muito bom artigo. De facto é triste a realidade dos professores no nosso país. Recebemos todos no nosso centro de estudos cv's de professores para dar apoio ou explicações porque ou nao foram colocados ou reduziram drasticamente os horarios.
Enfim é o país que temos.
Falta no entanto dizer que as comparações com Espanha é tão só com um dos países com maior salário no ensino onde está portugal também, em relação ao PIB claro está. Demora-se mais tempo mas em contrapartida ganha-se mais. Para haver honestidade não se comparem salários de forma directa com os outros países. Realmente uns míseros 1300 Euros no inicio é pouco, no entanto pode ser muito comparando com outras carreiras onde os 600 ou 700 é já o mais habitual, para o mesmo nível de escolaridade e, muitas vezes com uma maior especialização.
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