"O Governo anunciou ontem o Plano Tecnológico de Educação para colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados ao nível da modernização do ensino. Projecta-se um rácio de dois alunos por computador ligado à internet, 90% dos professores com competências certificadas em tecnologias informáticas (TIC) e o mesmo para 50% dos estudantes. Vai surgir um sítio Mais-Escola.pt e uma Escola Simplex. Deve estar concluído em 2010 e custará 400 milhões de euros.
Era bom que pudesse ser verdade. Infelizmente, não é provável. A Educação não tem ginástica, nem músculo, para a tarefa. Para os professores que se esforçam nas escolas que nem umas baratas tontas, ocupados com a elaboração de relatórios que depois ninguém lê, o plano é uma ofensa. Há umas décadas que deixou de haver uma carteira para cada aluno, como no meu tempo de liceu. As reduções e a desorganização do pessoal auxiliar transformaram os professores em mulheres a dias. É abstruso atirar-lhes com as TIC quando muitos só pensam em que os mandem para a reforma.
O ensino não tem melhorado em Portugal e o problema não se soluciona pondo uns milhões em cima. O processo é mais difícil. Exige mobilização dos professores, dos pais, práticas transparentes. E, já agora, pergunto: como é que se vai entregar a coordenação de um plano destes a chefes de organismos que só se fazem notar por instaurarem processos disciplinares a funcionários com ‘opiniões desbragadas’?"
Era bom que pudesse ser verdade. Infelizmente, não é provável. A Educação não tem ginástica, nem músculo, para a tarefa. Para os professores que se esforçam nas escolas que nem umas baratas tontas, ocupados com a elaboração de relatórios que depois ninguém lê, o plano é uma ofensa. Há umas décadas que deixou de haver uma carteira para cada aluno, como no meu tempo de liceu. As reduções e a desorganização do pessoal auxiliar transformaram os professores em mulheres a dias. É abstruso atirar-lhes com as TIC quando muitos só pensam em que os mandem para a reforma.
O ensino não tem melhorado em Portugal e o problema não se soluciona pondo uns milhões em cima. O processo é mais difícil. Exige mobilização dos professores, dos pais, práticas transparentes. E, já agora, pergunto: como é que se vai entregar a coordenação de um plano destes a chefes de organismos que só se fazem notar por instaurarem processos disciplinares a funcionários com ‘opiniões desbragadas’?"
João Vaz
Correio da Manhã
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