"Há professores com leucemia que morrem a dar aulas porque a burocracia não os deixa ir para a reforma. Há professores capazes, exemplares e com vontade de trabalhar que são mantidos em casa à força. Já por aí se escreveu sobre o inenarrável caso de Luísa Moniz. Mas nem assim o nó kafkiano a que está atada se desfaz. Esteve entre a vida e a morte duas vezes. Ficou, por causa da recuperação, um ano lectivo de baixa. Era directora da escola básica Luisa Neto Jorge, em Marvila. Sobre o trabalho que deixou boas memórias em alunos e pais, os serviços só escreviam mais do que elogios. Mas quando regressou à escola para ocupar o cargo para o qual fora eleita, estava no seu lugar um colega. Luisa foi mandada para casa. A presidente do Conselho Executivo, seguramente especialista, dizia que, ao contrário do que afirmava o médico que a autorizava a regressar ao trabalho, ela não estava bem. Não estava bem da cabeça. Ao bom estilo estalinista, mandou-a para uma Junta Médica Psiquiátrica. Luisa, que além de competente tem todo o sentido de dignidade, recusou a humilhação e recorreu a um tribunal. Está há um ano sem trabalhar e a receber. Não tem nenhum problema psiquiátrico. É competente e isso é coisa que não compensa. Nas escolas portuguesas? Só se esforça quem for maluco".
Daniel Oliveira
Expresso
2 comentários:
Só nas escolas? Em Portugal, compensa ser xico-esperto, aldrabão e escolher o partido certo...
Tenho acompanhado este e outros casos . Parece impossível que nm pais como o nosso tudo isto se passe com o silencio do ministerio da educação!Daniel diz e é verdade que só se esforça quem for maluco, mas são estes malucos que contribuem para uma sociedade melhor. VIVA OS MALUCOS E força Luisa. Daniel, continua a acompanhar os malucos deste paÍS!
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