"A propósito dos anunciados empréstimos para estudantes do ensino superior, vale a pena ver estes números compilados pelo Zero de Conduta: na Europa dos 15, não há propinas em sete países. Na Alemanha, o Tribunal Federal remeteu a decisão para os governos locais, mas a esmagadora maioria das faculdades continua a não exigir pagamento de propinas. Sendo o mais pobres dos 15, Portugal é o quinto país da União Europeia onde as propinas são mais elevadas e o segundo em que o Estado investe menos dinheiro por aluno. Portugal é também o segundo país que menor percentagem de dinheiro destina ao apoio aos estudantes mais desfavorecidos. E a bolsa média é de 49 euros mensais. Uma pipa de massa, portanto.
Perante este cenário, qual é a prioridade de um governo socialista? Criar um regime de empréstimos, que tendo um spread mais baixo do que o praticado no mercado, tem, na realidade, taxas de juro superiores às de outros bancos. O estudante tem de começar a pagar um ano depois de acabar o curso, tenha ou não tenha emprego. Ou seja, um regime de empréstimos para estudantes que, não sabendo se terão emprego mais tarde (56 mil licenciados no desemprego), sabem que podem contar com a ajuda da família. Estes empréstimos não se destinam seguramente aos estudantes mais carenciados. Três a quatro mil estudantes poderão vir a utiliza-los, diz o governo. Menos de dois por cento.
Olhando para os valores das bolsas, para o baixíssimo investimento na Acção Social Escolar e para esta prioridade na criação de um empréstimo que só um estudante de famílias abonadas (ou completamente irresponsável) se aventura a contrair, ficamos a saber quase tudo sobre as preocupações sociais deste governo".
Perante este cenário, qual é a prioridade de um governo socialista? Criar um regime de empréstimos, que tendo um spread mais baixo do que o praticado no mercado, tem, na realidade, taxas de juro superiores às de outros bancos. O estudante tem de começar a pagar um ano depois de acabar o curso, tenha ou não tenha emprego. Ou seja, um regime de empréstimos para estudantes que, não sabendo se terão emprego mais tarde (56 mil licenciados no desemprego), sabem que podem contar com a ajuda da família. Estes empréstimos não se destinam seguramente aos estudantes mais carenciados. Três a quatro mil estudantes poderão vir a utiliza-los, diz o governo. Menos de dois por cento.
Olhando para os valores das bolsas, para o baixíssimo investimento na Acção Social Escolar e para esta prioridade na criação de um empréstimo que só um estudante de famílias abonadas (ou completamente irresponsável) se aventura a contrair, ficamos a saber quase tudo sobre as preocupações sociais deste governo".
Daniel Oliveira
arrastao.weblog.com.pt
2 comentários:
E, desde quando, a educação passou a ser uma meta prioritária num país subdesenvolvido?
Empréstimos, juros, banca... são, sem dúvida, preocupações sociais! Ou não? Devem ser preocupações de algumas sociedades que há por aí...
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