"Há sempre boas explicações gara tudo. Para o fim das faltas justificadas nas escolas o secretário de Estado da Educação arranjou uma bem simples: as faltas, disse ele, levavam a que os alunos chumbassem e ficassem parte do ano sem escola, numa situação insustentável. Ao mesmo tempo, muitos pais justificavam fraudulentamente as faltas dos filhos. Era preciso acabar com isso.
Decretou-se mais exigência? Não! Decretou-se o fim da diferença entre faltas justificadas e injustificadas.
Doravante, um aluno com fal.tas a mais (seja por doença seja por estar num centro comercial a fumar cigarros) sujeita-se a uma prova, especial para ele, que pesará na avaliação final o que o professor entender.
Enfim, entende-se que os miúdos não podem andar aí pelas ruas, em vez de estarem nas es-
colas. Quando faltam, a escola notifica os pais e prepara-lhe a prova 'de recuperação'.
Isto, no fundo, deve-se à - perdoe-se-me a expressão, mas não vejo melhor - baldá total nas es~ colas. Dá-se de barato q~ há alunos que faltam. E como as recomendações do Ministério (e as necessidades estatísticas) impedem o chumbo (perdão, a retenção do aluno) ia tudo passando de ano, mesmo sem saber absolutamente nada, a menos que faltasse demais.
Com as provas de 'recuperação' acaba-se este ciclo. A partir de agora o aluno faltoso deve fazer a prova. Se tiver boa nota, as faltas não interessam para nada; se tiver má nota, não se percebe bem o que acontece, uma vez que a retenção (vulgo chumbo) não e coisa que se faça, pelo menos no ensino obrigatório.
E, assim, as nossas adoráveis crianças descobrirão que faltar p"ode bem ser a forma mais fácil
de passar de ano. Não chumbam nem são excluídas da escola e andam na rua à mesma! Depois lá fazem um testezinho e pronto! Imagine-se o diálogo de um pai com o filho:
- Andas a faltar à escola?
- Não faz mal, eu faço a prova de recuperação.
E assim se passam valores para a"vida. Pena devem ter os trabalhadores de não terem génios destes à frente das suas empresas. Faltar quando apetece e, depois, trabalhar um bocadinho nada que afecte as meninges ou o físico; nada que afecte o salário contratado.
São lições que se ganham nas nossas escolas vítimas do fardo 'eduquês' dos legisladores.
Decretou-se mais exigência? Não! Decretou-se o fim da diferença entre faltas justificadas e injustificadas.
Doravante, um aluno com fal.tas a mais (seja por doença seja por estar num centro comercial a fumar cigarros) sujeita-se a uma prova, especial para ele, que pesará na avaliação final o que o professor entender.
Enfim, entende-se que os miúdos não podem andar aí pelas ruas, em vez de estarem nas es-
colas. Quando faltam, a escola notifica os pais e prepara-lhe a prova 'de recuperação'.
Isto, no fundo, deve-se à - perdoe-se-me a expressão, mas não vejo melhor - baldá total nas es~ colas. Dá-se de barato q~ há alunos que faltam. E como as recomendações do Ministério (e as necessidades estatísticas) impedem o chumbo (perdão, a retenção do aluno) ia tudo passando de ano, mesmo sem saber absolutamente nada, a menos que faltasse demais.
Com as provas de 'recuperação' acaba-se este ciclo. A partir de agora o aluno faltoso deve fazer a prova. Se tiver boa nota, as faltas não interessam para nada; se tiver má nota, não se percebe bem o que acontece, uma vez que a retenção (vulgo chumbo) não e coisa que se faça, pelo menos no ensino obrigatório.
E, assim, as nossas adoráveis crianças descobrirão que faltar p"ode bem ser a forma mais fácil
de passar de ano. Não chumbam nem são excluídas da escola e andam na rua à mesma! Depois lá fazem um testezinho e pronto! Imagine-se o diálogo de um pai com o filho:
- Andas a faltar à escola?
- Não faz mal, eu faço a prova de recuperação.
E assim se passam valores para a"vida. Pena devem ter os trabalhadores de não terem génios destes à frente das suas empresas. Faltar quando apetece e, depois, trabalhar um bocadinho nada que afecte as meninges ou o físico; nada que afecte o salário contratado.
São lições que se ganham nas nossas escolas vítimas do fardo 'eduquês' dos legisladores.
Por mim, já nem tenho esperança na salvação. Quem pode, tem os filhos nas escolas privadas; quem não pode, aguenta; quem não sabe, é excluído. A exigência é uma palavra banida deste sistema educativo".
Henrique Monteiro
Expresso
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