Muitos professores terão ficado com a lágrima ao canto do olho só porque o Presidente da República alertou para a necessidade de se prestigiar a função docente. Pensam eles que o discurso de hoje pode constituir um sinal de mudança. Decididamente a classe não aprende. Não foi Cavaco Silva que promulgou um ECD que só desprestigia e desqualifica a profissão? Alguém o viu colocar em causa a constitucionalidade do documento quando havia pareceres a indicar a inconstitucionalidade de vários artigos? Porventura veio defender os professores dos constantes ataques de que têm sido vítimas por parte da tutela e da sociedade civil? Alguma vez criticou a política educativa do Governo? Caríssimos colegas, não sejam ingénuos, não se deixem levar por discursos de circunstância. Estas palavras, como bem sabemos, vão ser levadas pelo vento. Não terão efeitos práticos rigorosamente nenhuns. O Governo irá continuar a sua campanha de combate aos professores e estes manterão a sua habitual passividade, ou seja, continuarão a comer e a calar como sempre têm feito até aqui. Querem apostar?
sexta-feira, outubro 05, 2007
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2 comentários:
Eu não aposto, chiça!
O Exmo. senhor PR manifestou alguma preocupação, aquando do estudo da rendibilidade economico-social do projecto educacional deste governo? Verificou se a análise dos custos/benefícios indicava a viabilidade do projecto? Então? Investe-se primeiro e depois logo se vê, tal como faz um pobre merceeiro sem qualificações para estas altas andanças? Convenhamos, esta atitude não é consentânea com o profissionalismo de um economista.
Portugal, com um território exíguo e pobre em recursos naturais, deveria investir - a sério, e não no faz de conta - no capital humano! É a nossa principal riqueza, mas está a ser desperdiçada e desbaratada por estes "políticos" de pacotilha.
Hoje, são os professores a pagar a ignorância e a desfaçatez dos arrogantes e impreparados dirigentes, mas, amanhã, serão quase todos os portugueses, desde que, entenda-se, não andem a sacar à grande e à francesa!
É nas escolas que se educam os cidadãos do futuro, seria bom não esquecer. E como estão a ser educados...
"O Governo irá continuar a sua campanha de combate aos professores e estes manterão a sua habitual passividade..."
Concordo.
A bandalheira foi-se instalando nas escolas e a maioria dos professores acomodou-se sem grandes reservas. Os mandantes foram medindo forças (as relações humanas baseiam-se em jogos de poder) e concluíram que é muito fácil dominar os srs. professores.
Os srs. professores poderiam ter percebido, há muito tempo, que o estatuto se traduz nos comportamentos que se devem exigir aos outros, em função do papel que se desempenha. O que é que os srs. professores têm exigido do ME, da comunidade escolar e da sociedade em geral? (Sempre ouvi dizer que quem quer respeito deve dar-se ao respeito). E qual tem sido o papel dos srs. professores? De coitadinhos e subservientes, dando origem, nas escolas, a uma pirâmide social invertida?
Será que os srs. professores não conseguiram compreender que estavam a laborar num erro? Que, com a sua inércia, estavam a ajudar a cavar a própria sepultura?
E até que ponto os srs. professores têm consciência de terem uma grande responsabilidade pela crise que se vive (e viverá) em Portugal? Ou será que se julgam incólumes? Só recebem a influência do meio, mas não influenciam o meio, querem ver? Perante o actual estado caótico do ensino, os srs. professores reagem atirando com todas as culpas para o ME. Será que esta atitude nos pode levar a concluir que consideram que as pessoas se devem deixar conduzir cegamente pelos altos dirigentes, tal como fazem os carneirinhos face aos pastores? É este o tipo de autonomia que se veicula nas escolas? Ou, em vez de autónomos, as escolas formam autómatos? Talvez, afinal os srs. professores também frequentaram as escolas.
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