"1. As Novas Oportunidades são, em primeiro lugar, um sistema de certificação de competências pré-existentes. Só complementarmente é que são um programa de formação.
2. Sendo sobretudo um programa de certificação, é no mínimo ridículo que o avaliador se tenha dedicado a avaliar a satisfação e a auto-estima da população certificada. Imagine-se que o avaliador de uma Faculdade de Medicina se dedicava a verificar se os médicos recém formados se sentem bem com eles próprios em vez de verificar se sabem de facto praticar medicina.
3. A avaliação de um programa de certificação requer uma avaliação do rigor da certificação. Sobre isso o avaliador não diz nada.
4. A Ministra da Educação usa as listas de espera de candidatos à certificação para tentar mostrar que as Novas Oportunidades têm valor. Acontece que as listas de espera não mostram que as Novas Oportunidades têm valor como serviço de certificação. Sugerem mesmo o contrário. Sugerem que é tão fácil ter uma boa certificação que todos estão interessados. A fila de espera que interessaria seria a de empresas atrás de trabalhadores recém certificados pelas Novas Oportunidades. Mas essa parece que não existe.
5. A função de um serviço de certificação é satisfazer aqueles que usam os certificados como fonte de informação. Já perguntaram aos empregadores se estão satisfeitos com o valor informativo dos certificados das Novas Oportunidades? Duvido que estejam.
6. O estudo de avaliação concluiu que a população certificada não melhorou a sua situação profissional. Embora seja cedo para se notarem efeitos, o certo é que a população certificada só poderia melhorar a sua situação profissional se o certificado fosse informativo para os empregadores. Ora, o certificado só seria informativo se o processo de certificação fosse rigoroso e selectivo. Mas será que é? Com excepção daqueles que desistiram por vontade própria, há notícia de alguém que não tenha conseguido o certificado das Novas Oportunidades? Como é evidente, um certificado que todos podem ter não distingue ninguém e não contribui para melhorar a vida profissional de ninguém.
7. Todo este episódio sugere que as Novas Oportunidades são uma grande aldrabice para gerar auto-estima da população certificada e dos políticos que a promovem. Como qualquer auto-ilusão, o efeito passa logo que entre em confronto com a realidade".
2. Sendo sobretudo um programa de certificação, é no mínimo ridículo que o avaliador se tenha dedicado a avaliar a satisfação e a auto-estima da população certificada. Imagine-se que o avaliador de uma Faculdade de Medicina se dedicava a verificar se os médicos recém formados se sentem bem com eles próprios em vez de verificar se sabem de facto praticar medicina.
3. A avaliação de um programa de certificação requer uma avaliação do rigor da certificação. Sobre isso o avaliador não diz nada.
4. A Ministra da Educação usa as listas de espera de candidatos à certificação para tentar mostrar que as Novas Oportunidades têm valor. Acontece que as listas de espera não mostram que as Novas Oportunidades têm valor como serviço de certificação. Sugerem mesmo o contrário. Sugerem que é tão fácil ter uma boa certificação que todos estão interessados. A fila de espera que interessaria seria a de empresas atrás de trabalhadores recém certificados pelas Novas Oportunidades. Mas essa parece que não existe.
5. A função de um serviço de certificação é satisfazer aqueles que usam os certificados como fonte de informação. Já perguntaram aos empregadores se estão satisfeitos com o valor informativo dos certificados das Novas Oportunidades? Duvido que estejam.
6. O estudo de avaliação concluiu que a população certificada não melhorou a sua situação profissional. Embora seja cedo para se notarem efeitos, o certo é que a população certificada só poderia melhorar a sua situação profissional se o certificado fosse informativo para os empregadores. Ora, o certificado só seria informativo se o processo de certificação fosse rigoroso e selectivo. Mas será que é? Com excepção daqueles que desistiram por vontade própria, há notícia de alguém que não tenha conseguido o certificado das Novas Oportunidades? Como é evidente, um certificado que todos podem ter não distingue ninguém e não contribui para melhorar a vida profissional de ninguém.
7. Todo este episódio sugere que as Novas Oportunidades são uma grande aldrabice para gerar auto-estima da população certificada e dos políticos que a promovem. Como qualquer auto-ilusão, o efeito passa logo que entre em confronto com a realidade".
João Miranda
1 comentário:
Um exemplo de toda a falsidade da política deste governo e deste ministério são as “Novas Oportunidades”. Não há, nem nunca houve, maior traficância de habilitações literárias em Portugal, do que o programa “Novas Oportunidades”.
Dezenas de milhares de portugueses com a antiga “quarta classe” ou pouco mais do que isso, são habilitados com o nono ano, em apenas três meses. Nada de transcendente aprendem que verdadeiramente os qualifique, mas preenchem as estatísticas exibidas em época de eleições, como um passo fundamental no progresso futuro do país… Ó Portugal que tão mal vais…
Mas o que se passa nas “Novas Oportunidades” a nível do secundário é muito mais grave. Dezenas ou centenas de milhar de candidatos provenientes das “Novas Oportunidades” do terceiro ciclo, lançam-se na aventura de conseguirem o diploma do décimo segundo ano. É legítimo. Pois se fazer o terceiro ciclo foi tão fácil porque não continuar?
O problema reside, mais uma vez, em que nada de importante e qualificante (excepto nos de dupla certificação) é fornecido a estes candidatos, e eles lá vão escrevendo as suas histórias de vida, onde, muito a custo, os formadores vão descortinando as mais bizarras competências que lhes atribuirão o 12º ano.
São estas as coroas de glória desta ministra e deste governo ???
Nós que estamos por dentro deste processo dizemos… “que DEUS nos acuda”.
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