"Em 1992, John Major era dado como derrotado nas eleições gerais britânicas. Major era o ‘passado’ e o ‘atraso’. Neil Kinnock, líder dos trabalhistas, era o ‘futuro’ e o ‘progresso’.
As sondagens, aliás, davam-lhe larguíssima vantagem. No dia das eleições, Major era eleito (com folgança) e os jornais nativos imprimiam na primeira página: ‘Seremos um país de mentirosos?’ Pelos vistos, não são os únicos: como se viu nas europeias, a ‘direita’ normalmente tem pruridos em confessar as suas inclinações e responde mal, ou então não responde, aos ‘senhores’ das sondagens. Por medo? Por vergonha? Mistério. Mas esse mistério chega para não levar a sério nenhuma delas. Não por culpa exclusiva das ditas. Mas porque a matéria-prima não inspira confiança. Não é fácil viver quatro anos de mentiras sem nos tornarmos, também nós, um país de mentirosos".
As sondagens, aliás, davam-lhe larguíssima vantagem. No dia das eleições, Major era eleito (com folgança) e os jornais nativos imprimiam na primeira página: ‘Seremos um país de mentirosos?’ Pelos vistos, não são os únicos: como se viu nas europeias, a ‘direita’ normalmente tem pruridos em confessar as suas inclinações e responde mal, ou então não responde, aos ‘senhores’ das sondagens. Por medo? Por vergonha? Mistério. Mas esse mistério chega para não levar a sério nenhuma delas. Não por culpa exclusiva das ditas. Mas porque a matéria-prima não inspira confiança. Não é fácil viver quatro anos de mentiras sem nos tornarmos, também nós, um país de mentirosos".
João Pereira Coutinho
Correio da Manhã
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