"Em Matosinhos, durante uma cerimónia de entrega de diplomas a alunos das Novas Oportunidades (NO), o eng. Sócrates confessou sentir "um nó na garganta".
Engraçado. Eu também fiquei assim depois de ler, um destes dias, o primeiro estudo editado pela prestimosa Fundação Francisco Manuel dos Santos (e pela Relógio d'Água), O Ensino do Português, de Maria do Carmo Vieira. O capítulo dedicado às NO relembrou-me não apenas que as NO existem como aquilo que, evidentemente, são: uma das maiores anedotas já perpetradas contra a educação em Portugal.
Na prática, as NO consistem na troca dos currículos associados ao ensino básico ou secundário por uma "abordagem autobiográfica", na qual os alunos (?) descrevem, com o caos gramatical e narrativo facilmente imaginável, a história das suas vidas e o que se acham capazes de fazer. Dito de outra forma, elimina-se a necessidade de se reter uns rudimentos de ciências e letras, em princípio adquiridos ao longo de anos, e passa-se a avaliar as pessoas através de uma redacção confessional que culmina três ou seis meses de uma espécie de aulas. Dito ainda de uma terceira forma: não se avalia ninguém.
De resto, seria complicado uma criatura ser avaliada por quem lhe pede um "portefólio reflexivo de aprendizagens", conceito que só por si ilustra a literacia dos próprios inventores das NO. Talvez por isso, essas sumidades assumem que as "aprendizagens" em causa incluem, juro, o preenchimento de formulários, o domínio de uma torradeira eléctrica e a capacidade de ingerir um analgésico para combater a dor de cabeça. Ou seja, um sujeito que consiga fazer uma tosta mista ou tomar um comprimido é praticamente catedrático.
E, se não conseguir nenhuma das proezas acima, as NO sempre oferecem o Curso de Jogador(a) de Futebol, que "dá" equivalência ao 9.º ano e que permite aos felizes beneficiários "utilizarem a imagem pública na construção da carreira e do êxito pessoal, na divulgação da equipa que representam".
Não admira que, no final da cerimónia de Matosinhos, o eng. Sócrates, ele próprio possuidor de um diploma de valor comparável aos que distribui, tenha afirmado que "Isto é que é importante para o País", que "A política assim vale a pena" e que saía dali "com uma luz no coração". Obviamente, o nó não lhe bloqueia a garganta. De resto, o Ben-u-ron ajuda".
Engraçado. Eu também fiquei assim depois de ler, um destes dias, o primeiro estudo editado pela prestimosa Fundação Francisco Manuel dos Santos (e pela Relógio d'Água), O Ensino do Português, de Maria do Carmo Vieira. O capítulo dedicado às NO relembrou-me não apenas que as NO existem como aquilo que, evidentemente, são: uma das maiores anedotas já perpetradas contra a educação em Portugal.
Na prática, as NO consistem na troca dos currículos associados ao ensino básico ou secundário por uma "abordagem autobiográfica", na qual os alunos (?) descrevem, com o caos gramatical e narrativo facilmente imaginável, a história das suas vidas e o que se acham capazes de fazer. Dito de outra forma, elimina-se a necessidade de se reter uns rudimentos de ciências e letras, em princípio adquiridos ao longo de anos, e passa-se a avaliar as pessoas através de uma redacção confessional que culmina três ou seis meses de uma espécie de aulas. Dito ainda de uma terceira forma: não se avalia ninguém.
De resto, seria complicado uma criatura ser avaliada por quem lhe pede um "portefólio reflexivo de aprendizagens", conceito que só por si ilustra a literacia dos próprios inventores das NO. Talvez por isso, essas sumidades assumem que as "aprendizagens" em causa incluem, juro, o preenchimento de formulários, o domínio de uma torradeira eléctrica e a capacidade de ingerir um analgésico para combater a dor de cabeça. Ou seja, um sujeito que consiga fazer uma tosta mista ou tomar um comprimido é praticamente catedrático.
E, se não conseguir nenhuma das proezas acima, as NO sempre oferecem o Curso de Jogador(a) de Futebol, que "dá" equivalência ao 9.º ano e que permite aos felizes beneficiários "utilizarem a imagem pública na construção da carreira e do êxito pessoal, na divulgação da equipa que representam".
Não admira que, no final da cerimónia de Matosinhos, o eng. Sócrates, ele próprio possuidor de um diploma de valor comparável aos que distribui, tenha afirmado que "Isto é que é importante para o País", que "A política assim vale a pena" e que saía dali "com uma luz no coração". Obviamente, o nó não lhe bloqueia a garganta. De resto, o Ben-u-ron ajuda".
Alberto Gonçalves
DN
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