"Não concordo que se critique tanto as Novas Oportunidades. Principalmente poruqe depois não sobra tempo para criticar a escola normal. E "normal", claro, é força de expressão. Os correntes "testes intermédios" dos ensino básico e secundário, conjunto de provas facultativas e, na opinião do ministério, "uma importante ferramente na prevenção do insucesso", mostram, se preciso fosse, que o estado das coisas é absolutamente extraordinário.
Na minha remota juventude, um teste era composto por perguntas a que os alunos respondiam com base nas informações que tinham estudado ou que conseguiam copiar. A pedagogia moderna e a familiariddae das crianças com as novas tecnologias tornaram essa realidade obsoleta. Hoje, as perguntas incluem em si mesmas as respostas, que as crianças se limitam a retirar das primeiras (copy) e a colocar nas segundas (past). Em muito dos enunciados que consultei no site do Ministério da EDucação, o esquema é frequentemente o seguinte: P: Tó é sobrinho de Zé. Quem é tio de Tó? R: Zé.
A questão em causa é inventada. Mas só um bocadinho. Veja-se o seguinte exemplo, retirado do teste de Ciências Naturais do 9º ano: P: "Eric Flower, autor de um estudo sobre o lobo, refere que os números relativos a avistamentos diminuíram entre 1960 e 1969 (...). Indica, de acordo com o estudo de Eric Flower, em que década se inicia a diminuição dos avistamentos" R: (sugerida nos Critérios de Classificação): Década de 60.
Gralha? Não, senhor. No teste de História do 9ºano, pergunta-se: "Péricles (...) nasceu por volta de 495 a.C. e morreu em 429 a.C., datas que correspondem ao século?" Dá que pensar. No teste de Ciências Físico-Químicas, também do 9º ano, informa-se que "Actualmente, considera-se que os planetas que fazem parte do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno (...)", para depois se interrogar sem piedade os pobres alunos: "Actualmente, considera-se que o sistema solar é constituído por quantos planetas?" daqui a uma geração, metade dos Nobel técnicos ficará em Portugal.
Não são necessários mais exemplos (que os há). Não li os testes dos escalões inferiores (para não entrar em depressão). Não comento a envangelização ideológica (no enunciado do teste de História, sob o título "Imagem de Propaganda nos Regimes Autoritários", exibem-se cartazes do salazarismo, do fascismo italiano e do nazismo alemão: a propaganda dos regimes socialistas foi suprimida devido à extrema docilidade destes). Não vou dissertar acerca da obsessão por vogas (dois terços do teste de Ciências Naturais parecem redigidos pela Quercus).
na analfabeta, e reveladora, ladaínha oficial, os "testes intermédios" pretendem" ajudar os alunos a uma melhor consciencialização da progressão da sua aprendizagem e, complementarmente, contribuir para a sua progressiva familiarização com instrumentos de avaliação externa". Tretas: a verdade é que já se acha notável que mocinhos de 14 ou 15 anos saibam ler. No resto, admite-se que sejam prodigiosamente ignorantes. Admite-se ou, desconfio, deseja-se. Há dias, o engº Sócrates acusou o PSD de querer "uma educação como havia antes do 25 de Abril". De que é que o engº acusou o PSD?"
Alberto Gonçalves
Sábado
4 comentários:
A ignorância anda por aqui. Se fosse o senhor a fazer testes intermédios que nem a professora de matemática conseguia resolver um exercício de tão difícil que era decerto que não se vinha armar.
Tudo bem, essas eram dadas e aquelas que não se aplicam ao nosso ano, ultrapassando o nível de dificuldade?
Pois é... só são publicas as coisas que convém.
Depois de ler o comentário anterior, só consegui pensar:
1 - Foi feito por um dos alunos que acham os referidos testes difíceis (matam-se a estudar para tirarem uma nota razoável);
2 - Ou por um admirador das Novas Oportunidades.
agradecia que realizassem os meus testes! posso disponibilizar se pretender as datas. veremos depois se são copy e past!
obrigado pela compreensão
agradecia que realizassem os meus testes! posso disponibilizar se pretender as datas. veremos depois se são copy e past!
obrigado pela compreensão
Enviar um comentário