Adalmiro Fonseca, Pres. Assoc. Nac. de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, fala sobre o trabalho do Governo.
Correio da Manhã – Como avalia até agora o trabalho desta equipa do Ministério da Educação e Ciência?
Adalmiro Fonseca – Estamos preocupados com a falta de diálogo. Há três meses reunimo--nos com o secretário de Estado João Casanova de Almeida e ficámos de dialogar sobre vários pontos. Saímos de lá com esperança e até agora nada.
– Está desiludido?
– Sim. E acredito que no próximo ano lectivo boa parte dos directores vão embora. Parecemos funcionários administrativos e para isso não vale a pena cá estar. A ministra Maria de Lurdes Rodrigues teve sempre a habilidade de ter com ela os dirigentes das escolas. Não pode haver paz na educação sem diálogo entre Governo e directores. Se não há diálogo com este ministro, tem de haver com outro...
– O que mais o preocupa?
– Precisamos de saber como serão os mega-agrupamentos. Vão ser feitos desde Lisboa, com mapa e tesoura? Prometeram falar com as comunidades e até agora zero. Temos de resolver o problema da central de compras, que está a destruir o pequeno comércio. Os directores têm de ter intervenção na política educativa, ninguém sabe mais de escolas do que nós. É impossível planear as coisas sem saber o que nos espera.
– Não compensa ser director?
– Só servimos para preencher aplicações e fornecer números e dados à tutela. Nunca vi tanto director desanimado.
– Os cortes nos suplementos também não ajudaram...
– Reduziram-nos os suplementos, tiraram-nos adjuntos e assessores. Neste momento, ganho mais 100 euros como director do que um professor do mesmo escalão e tenho o trabalho que tenho, há anos que não gozo férias, além da responsabilidade. Não compensa.
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