"Que pensaria um cidadão comum se alguém em quem tivesse
confiado e com quem tivesse feito um acordo, apanhando-se com o acordo na mão,
violasse todos os compromissos assumidos fazendo exactamente o contrário daquilo
a que se comprometera?
Imagine agora o leitor que esse alguém é um político que obteve o seu voto
jurando-lhe repetidamente que faria determinadas coisas e nunca, nunca!, faria
outras ("Dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês é um disparate"; "Do nosso
lado não contem com mais impostos"; "O IVA, já o referi, não é para subir").
Um político que lhe jurou que "ninguém nos verá impor sacrifícios aos que
mais precisam" e que fez o que a própria CE já reconheceu, que em Portugal as
medidas de austeridade estão a exigir aos pobres um esforço financeiro (6%)
superior ao que é pedido aos ricos (3%, metade).
Um político que lhe garantiu que "não quero ser eleito para dar emprego aos
amigos; quero libertar o Estado e a sociedade civil dos poderes partidários" e
cujos amigos aparecem, como que por milagre, com empregos de dezenas e centenas
de milhares de euros na EDP, na CGD, na Águas de Portugal, nas direcções
hospitalares e em tudo o que é empresa ou instituto público.
Quando os eleitos actuam impunemente à margem de valores elementares da
sociedade como o da honra e o do respeito pela palavra dada não é só o seu
carácter moral que está em causa mas a própria credibilidade do sistema
democrático".
Manuel António Pina
JN
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