"Portugal está entre os países da União Europeia onde os alunos, do 1.º ciclo
ao secundário, mais horas passam nas aulas todos os anos letivos. É pelo menos o
que diz um balanço sobre esta matéria divulgado pela rede educativa europeia
Eurydice.
Este número está longe de se refletir nos resultados alcançados pelos alunos
portugueses, que, apesar dos progressos assinaláveis dos últimos anos, continuam
distantes dos melhores, como a Finlândia, que por sinal aplica uma carga horária
bem mais modesta aos seus estudantes dos vários ciclos letivos.
O porquê deste aparente contrassenso varia em função do interlocutor. Para o
Ministério da Educação e Ciência, o principal problema nacional é a "dispersão
curricular" em que o País é "campeão" a nível europeu. Por isso mesmo, diz o
ministério, foi decidido rever os currículos, reforçando as áreas "nucleares" e
cortando no supérfluo.
Mas pais e professores têm visões diferentes. Para quem tem a
responsabilidade de ensinar, de pouco servirá mexer nos currículos enquanto as
disciplinas continuarem a ter programas gigantescos, carregados de matéria.
Já os pais associam as mexidas nos currículos sobretudo a objetivos de
poupança: a demografia indica que, no futuro próximo, teremos cada vez menos
alunos. Por isso, para quem governa, faz sentido começar já a cortar nos
professores. O problema, defendem, é que a aposta deveria estar a ser feita na
qualidade e exigência da formação destes e não em mais ou menos horas desta ou
daquela disciplina
Manda o bom senso que se ouça quem sabe. E os professores, estando no
terreno, terão a autoridade necessária para se pronunciarem sobre esta matéria.
A verdade é que, parece evidente, para se obterem ganhos de eficiência em
matéria escolar é necessário reduzir a carga horária em vez de a aumentar. Mas
para que tal seja possível, é obrigatório rever os tais programas que, de tão
extensos, não cabem num ano letivo, por maior que seja a carga horária".
Editorial
DN
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