quinta-feira, outubro 25, 2007

Ranking das escolas

"Com nove nas dez primeiras, a liderança das escolas privadas no ranking 2007 é inquestionável. Mas é abusiva qualquer leitura apressada que coloque as escolas privadas como naturalmente melhores que as públicas. As primeiras tendem a lidar com elites, tanto económicas como culturais, e são as segundas que enfrentam o desafio do país real. Para perceber que são as escolas públicas que convivem com o ensino de massas basta elaborarmos uma listagem das escolas onde se realizaram mais de 500 provas para se perceber que entre elas (quase cem) apenas existem três privadas e que a melhor não vai além do 4.º lugar.
No fundo, até que ponto se pode elogiar o primeiro lugar do Colégio Mira Rio, que funciona em Lisboa e somente para raparigas, e deixar, por exemplo, de sublinhar a qualidade da Secundária Manuel da Fonseca, em Santiago de Cacém, que consegue o 30.º lugar apesar de funcionar nesse Alentejo meio esquecido?
E se o ensino público não pode ser confundido com más escolas, também o ensino privado nem sempre é sinónimo de qualidade. Basta notar que nas dez piores do ranking estão três estabelecimentos privados, cinco se contarmos com duas escolas que funcionam no estrangeiro.
Numa sociedade aberta como Portugal tem de haver lugar para o ensino privado, sobretudo de qualidade. Mas convém não esquecer que é o ensino público aquele que tem obrigação de garantir a igualdade de oportunidades. E é defendendo-o e tornando-o melhor que se garante um Portugal melhor".

Editorial
Diário de Notícias

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem visto! As escolas privadas, de um modo geral, estão-se nas tintas para a igualdade de oportunidades; querem, isso sim, a continha bem recheada e, como tal, só abrem as suas portas aos meninos de estratos sociais mais elevados. Ora, a pertença a um determinado estrato não passa apenas pelo poder económico... É de realçar que o homem não é só produtor de cultura, é também um produto.
Poderemos falar em verdadeira IGUALDADE DE OPORTUNIDADES? Cada vez menos, o que temos é uma Escola vocacionada para a simples reprodução social e o topo da pirâmide estratificada é cada vez mais afunilado!!!
A Escola, enquanto correctora das desigualdades económico-sociais, está a tornar-se numa miragem.

Anónimo disse...

Como defendia Teófilo Braga, a Escola deveria permitir uma selecção natural dos indivíduos, ou seja, deveria promover o MÉRITO! Só assim se poderiam corrigir as injustas desigualdades sociais.

Anónimo disse...

A igualdade de oportunidades traduz-se em ajudar os alunos a darem o melhor de si próprios: isso é que vale a pena!