quinta-feira, junho 26, 2008

A ministra e o fim da exigência

"Quarta pergunta da prova de aferição do 6º ano - o momento mais exigente da avaliação: um gráfico mostra que na turma do Ricardo há seis estudantes que gostariam de aprender a tocar piano. Sendo que só duas raparigas estão nesse grupo, quantos rapazes gostariam de aprender a tocar piano?
Com mais umas palavras e mais alguns desenhos, é basicamente a perguntas deste tipo que o Ministério da Educação entende que os alunos de 11 e 12 anos devem saber responder. É claro que este nível de exigência continua pelos 13, 14, 15, 16 anos. Salva-se a universidade, pelo menos enquanto Maria de Lurdes Rodrigues não conseguir alargar a sua influência ao ensino superior.
Nos primeiros dois anos de mandato, a ministra tomou várias medidas que aumentavam a exigência no ensino: avaliação de professores, aulas de susbstituição, provas de aferição em todas as escolas. Nos últimos dois meses, deitou tudo fora: a avaliação de professores tornou-se uma inexistência formal, os exames nacionais são considerados demasiado fáceis por professores, pais e até alunos e as provas de aferição - que serviam para habituar os estudantes, desde cedo, ao rigor e à exigência - têm o único objectivo de reduzir a dificuldade e melhorar as estatísticas. Maria de Lurdes Rodrigues entrou como a grande promessa deste Governo. Sai como a maior desilusão".

Gonçalo Bordalo Pinheiro
Sábado

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