"Os sindicatos grelharam esta semana a ministra da Educação porque 45 mil professores ficaram sem colocação nos concursos. Porque é o resultado de uma política errada (fecho de escolas), porque é um ataque “à classe”, etc, etc. Nenhum reconheceu o óbvio: se a pirâmide etária se inverteu ...
Nenhum reconheceu o óbvio: se a pirâmide etária se inverteu (menos alunos), há professores que deixam de fazer falta. E das duas uma: ou é um problema passageiro, e faz sentido ajudar a “classe”; ou é um problema estrutural, e é melhor dizer aos excedentários para irem tratando da vidinha.
Como se pode ver pela taxa de natalidade, a segunda hipótese é a mais provável. Então se não é um problema passageiro, para quê desencorajar os professores de procurarem profissões de que a Economia necessita? Os professores deviam saber que a lei da oferta e da procura (tão velhinha que até os da área de Letras a estudaram é eficientíssima a alocar recursos. Neste caso o Trabalho. Ou seja, em vez de subsídio de desemprego, o Governo devia pagar-lhes para estudarem profissões em défice.
É claro que, mesmo com os incentivos correctos, haverá gente a recusar a reconversão: “Se eu tenho jeito para ensinar, porque vou ‘aprender computadores’?”, perguntou-me um dos tais 45 mil? “Porque eu não quero pagar a tua ociosidade”, respondi. A minha mãe não iria gostar de ouvir o que ouvi..."
Camilo Lourenço
Jornal de Negócios
Nenhum reconheceu o óbvio: se a pirâmide etária se inverteu (menos alunos), há professores que deixam de fazer falta. E das duas uma: ou é um problema passageiro, e faz sentido ajudar a “classe”; ou é um problema estrutural, e é melhor dizer aos excedentários para irem tratando da vidinha.
Como se pode ver pela taxa de natalidade, a segunda hipótese é a mais provável. Então se não é um problema passageiro, para quê desencorajar os professores de procurarem profissões de que a Economia necessita? Os professores deviam saber que a lei da oferta e da procura (tão velhinha que até os da área de Letras a estudaram é eficientíssima a alocar recursos. Neste caso o Trabalho. Ou seja, em vez de subsídio de desemprego, o Governo devia pagar-lhes para estudarem profissões em défice.
É claro que, mesmo com os incentivos correctos, haverá gente a recusar a reconversão: “Se eu tenho jeito para ensinar, porque vou ‘aprender computadores’?”, perguntou-me um dos tais 45 mil? “Porque eu não quero pagar a tua ociosidade”, respondi. A minha mãe não iria gostar de ouvir o que ouvi..."
Camilo Lourenço
Jornal de Negócios
1 comentário:
"Então se não é um problema passageiro, para quê desencorajar os professores de procurarem profissões de que a Economia necessita?"
E quais são essas profissões?
Será que a destruição de emprego, em Portugal, se deve, quase em exclusividade, à área da educação?
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