segunda-feira, setembro 17, 2007

www.netparatodos-bluff.gov

"Quando na passada semana abordei o despedimento colectivo de milhares de professores contratados com quem o Governo quis poupar mais alguns milhões de euros, estava longe de imaginar o degradante espectáculo de propaganda que o Governo tinha preparado para a abertura do ano lectivo.
Em nenhum país do mundo desenvolvido o início de um novo ano escolar merece dos respectivos governos uma atenção muito especial. É geralmente considerado um acto administrativo importante mas quase normal, no fundamental destinado a promover o reencontro de alunos, pais e professores com as respectivas escolas e projectos educativos. Assim deveria ser também entre nós mas não é. Em Portugal, Sócrates quis que a abertura do ano lectivo entrasse no Guinness, por isso mandou quase todos os seus ministros abandonar a governação e passar uma semana a fazer pose e a distribuir computadores! Foram 21 os governantes empenhados nesta megaoperação de propaganda, verdadeiro paradigma do ridículo e do anedotário da "nossa" Presidência Europeia!
Mas o que ninguém viu foi Sócrates e Lurdes Rodrigues a entregar computadores e a abrir o ano lectivo em escolas inseridas em áreas e bairros problemáticos, com edifícios cinzentos de humidade e apoios miseráveis para alunos cuja origem social só por milagre lhes permite almejar a tão falada igualdade de oportunidades.
O que ninguém ouviu foi Lurdes Rodrigues explicar porque é que este ano mudou as regras do mais recente concurso de professores, exactamente no dia em que a lista das colocações foi afixada!
O que ninguém ouviu foi Sócrates explicar a "nova teoria pedagógica" que exulta com o aumento do número de alunos e a diminuição do número de professores!
O que ninguém viu foi José Sócrates ou Maria de Lurdes Rodrigues prestar a mínima atenção aos milhares de profissionais da educação contratados a menos de oito euros por hora (e pagos por períodos lectivos de 50 minutos) para darem as aulas de extensão curricular do 1º ciclo com que o Governo "enche a boca" em actos de propaganda!
Perante tudo isto chego a imaginar que José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues pensam que é possível melhorar a formação, combater o abandono escolar, enfim, reformar a Educação em Portugal, continuando a desprezar os professores, a fomentar a sua desvalorização profissional e "guetização" social. Oxalá os professores deste país tenham a capacidade e memória suficientes para lhes fazer engolir - mais tarde ou mais cedo, no máximo em 2009 - tamanha pesporrência!"

Honório Novo
Jornal de Notícias

1 comentário:

José Carrancudo disse...

Além das entregas dos computadores, temos as estatísticas que alegadamente apontam às melhorias no ensino, mas na realidade, apenas indiciam uma fraude generalizada na avaliação.

Para obtermos as melhorias reais no Ensino, vamos ter que esperar 10 anos, mas antes teremos que tomar as medidas adequadas.