domingo, fevereiro 17, 2008

JPP "comenta" carta de professora de Barcelos

"A carta que Fátima Inácio Gomes, professora de Português do quadro da Escola Secundária de Barcelos, Coordenadora do Departamento de Línguas (de acordo com o decreto 200/2007), e aqui a especificação conta para a matéria, me enviou a mim e a mais uma série de pessoas com acesso ao debate público nos meios de comunicação, é uma iniciativa que não deve ficar sem resposta.
A carta é muito extensa e pouco comunicacional, no sentido em que para explicar o seu ponto de vista sobre a avaliação dos professores tem que elaborar e detalhar e isso hoje não cabe no espaço cada vez mais curto e rápido da comunicação. mal da comunicação, mérito da carta, que dá atenção à argumentação a favor dos seus pontos de vista com rigor. Por isso, não podendo reproduzi-la aqui, ela pode ser lida em vários locais da Internet, incluindo os de escolas como o da Escola Secundária da Tábua (http://www.esec-tabua.rcts.pt/).
O assunto é impopular nos dias de hoje e suscita de imediato uma reacção negativa, a avaliação dos professores. Eu próprio tendo muitas vezes a ser pavloviano nesta matéria, demasiado inquinada pelo corporativismo profissional dos professores que pagam o preço de terem sido muito tempo indiferentes à degradação da sua profissão, e da política entre errática e facilitista de um ministério demasiado dominado por uma coligação entre a sua burocracia e os sindicatos, entre os seus políticos e o "eduquês". Não é só uma única coisa, como muitas vezes dizem os professores que se vitimizam apontando para um ministério desgraçado que lhes coube em sorte. São duas, os professores também têm muitas responsabilidades pelo estado de coisas. por isso um professor a queixar-se da avaliação dos professores gera logo a salivação de Pavlov, reconheça-se.
mas a professora de Barcelos, que é muito dura com o ministério actual, dános um pouco do que é hoje o ambiente de hostilidade, por boas e más razões, para com a ministra. Mostra-nos o emaranhado burocrático irrealista da avaliação pretendida, o caos de decisões e contradecisões, e seus efeitos perversos. Fica aqui apenas um exemplo (...)" (segue-se um extracto da carta da dita professor).

Da leitura da crónica de Pacheco Pereira ressalta o seguinte:
- praticamente não emitiu opinião, limitando-se a transcrever uma parte da carta;
- considera a classe docente uma das grandes responsáveis pelo actual estado do ensino em Portugal, graças à sua passividade e indiferença relativamente aos problemas do sector;
- considera também que esta contestação à avaliação cheira a esturro, pois fica a ideia de que mais do que o desacordo face à forma como ela está a ser implementada, o que os professores na realidade não querem é ser avaliados.

Ou seja, estamos perante mais um destacado analista que dá pouco crédito à nossa luta e se está a borrifar para ela. É só mais um a acrescentar a outros tantos. A verdade é que continuamos sem conseguir que a opinião pública entenda os nossos pontos de vista. E enquanto assim for, estamos tramados!

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Viva! é curioso, mas eu não entendo bem a carta desse modo... de facto, o JPP não se esquiva de culpabilizar os professores pelo estado de coisas (e não terá razão, não nos deveríamos ter mexido mais cedo? não nos baixamos demais? não continua a haver quem, nas escolas,mesmo com o actual descalabro, insista em aplicar o diploma e levá-lo mais além?!), mas também faz o "mea culpa", que generaliza a todo o país, de ser habitual que: "por isso um professor a queixar-se da avaliação dos professores gera logo a salivação de Pavlov, reconheça-se.". Admitir a reacção pavloviana é uma grande passo em frente, a meu ver.
Depois, considera que a argumentação apresentada tem mérito "mérito da carta, que dá atenção à argumentação a favor dos seus pontos de vista com rigor." - se o tem, é porque os argumentos são justos - e acrescenta "mas a professora de Barcelos, que é muito dura com o ministério actual, dá-nos um pouco do que é hoje o ambiente de hostilidade, por boas e más razões, para com a ministra. Mostra-nos o emaranhado burocrático irrealista da avaliação pretendida, o caos de decisões e contradecisões, e seus efeitos perversos.".
Creio que, ao contrário do que pensa, já se nota uma viragem de opinião... devagarinho, para não ficar mal, mas uma viragem efectiva. ;)