"O presidente do BPI, Fernando Ulrich, já classificara a
decisão do TC que confirmou a inconstitucionalidade dos confiscos dos subsídios
de férias e Natal a funcionários públicos e pensionistas de "negativa",
"perigosa" e "inaceitável". Agora é o presidente do BCP, Nuno Amado, a clamar
que foi "uma decisão muitíssimo infeliz".
A banca (falta conhecer a opinião de Ricardo Salgado, do omnipresente BES,
para o ramalhete ficar completo) não só tem enormes responsabilidades na crise
como tem sido beneficiária da maior parte dos sacrifícios que, a pretexto dela,
vêm sendo impostos aos portugueses. Mas a banca quer mais do que o seu
financiamento com a "ajuda" que a 'troika' cobra ao país em desemprego, fome e
miséria ou do que a destruição do SNS que alimenta os seus negócios na Saúde, a
banca quer também uma Constituição "sua", já que a Constituição da República se
revela, pelos vistos, "negativa", "perigosa", "inaceitável" e "muitíssimo
infeliz" para os seus interesses.
Nem Ulrich nem Amado o escondem: "É premente alguma revisão da Constituição"
(Amado), e a decisão do TC pode "justificar a discussão de uma revisão
constitucional, o que até seria positivo" (Ulrich).
Numa democracia que cumprisse os serviços mínimos, os desejos de dois
banqueiros valeriam apenas dois votos. Não tardará que vejamos quanto valem num
regime do género "que se lixem as eleições".
Manuel António Pina
JN
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