O texto que se segue, é absolutamente demolidor e revelador da hipocrisia e da falta de escrúpulos de que padece a nossa classe política:
"Um dos elementos fundamentais da retórica do primeiro-ministro é que "antes" não se fazia nada, não se decidia nada, a oposição defendia sempre o contrário de hoje; "agora" decide-se tudo, faz-se tudo, sempre com um "rumo" certo e seguro que o PS sempre teve. Quando ouço isto, só há uma pergunta que acho que deveria ser obrigatório fazer: naquele preciso momento do "antes" quais eram as posições que o PS e José Sócrates defendiam sobre a matéria respectiva? Para se reconstruir honestamente o mundo do "antes" é vital saber o que é que eles defendiam "antes". E aqui a resposta é simples: o PS e José Sócrates defendiam o contrário de "agora", sendo que o "agora" é muito mais parecido com o que os outros defendiam "antes". "Antes" era a "obsessão do défice", "agora" é o "rigor orçamental"; "antes" era o "discurso da tanga", "agora" é "um momento muito difícil"; "antes" era colocar os números antes das pessoas, "agora" é a irresponsabilidade de colocar as pessoas antes dos números, na saúde, na segurança social, na administração pública. Esta retórica política é uma das coisas que mais desprestigiam a política em democracia. PSD e PS pagam um preço significativo por essa retórica, mas o actual primeiro-ministro é de uma desfaçatez acima do comum nesta forma de mentira".
Pacheco Pereira
Revista "Sábado"
1 comentário:
Há momentos em que o Pacheco Pereira se ilumina de razão: este é um deles.
Enviar um comentário