quarta-feira, janeiro 12, 2011

O que faz correr o ensino privado?

"A confusão instalou-se. Ou, pelo menos, fica essa a ideia. Fala-se em encerramento de escolas, ameaça de trabalhadores ficar sem o posto de trabalho. O pudico ensino privado ao rubro, na rua, a reivindicar que tudo permaneça como há 30 anos.

Que hecatombe desaba, afinal, sobre o ensino privado em Portugal? Dinheiro. É o vil dinheiro que está em causa. Este sector do ensino pretende viver e crescer, mas não abdica do subsídio do Estado. Pelo que se sabe, podem guardar as bandeiras e os protestos: o apoio ao privado e cooperativo não vai acabar. Por que o tempo é de vacas magras, o financiamento do Ministério da Educação aos privados seguirá os sinais do tempo. Ou sejá, em vez dos 114 mil euros anuais por turma, passa a transferir 80 mil. Nem mais.

Dinheiro público continua , portanto, a alimentar a escola privada. Algumas de qualidade, outros nem por isso. Como nas escolas públicas. A questão que se levanta é outra: haverá ainda necessidade desta comparticipação? Como é sabido, foi a necessidade de oferecer ensino para todos que conduziu a isto. Nos locais onde o Estado não tinha capacidade para garantir o acesso ao ensino, os privados substituiram-no e, para isso, eram subsidiados. Ora o cenário actual é outro, sendo raro o concelho onde os jovens não tenham acesso à escola público. Portugal, neste domínio, registou mudanças assinaláveis

Perante este quadro, será justo encaminhar verbas do Orçamento de Estado para subsidiar os colégios particulares? Não me parece. O argumento pode parecer básico e egoísta: mas ao financiar o privado, está a privar de recursos o público. Tão simples como isso.

Com eleições à porta, os agentes do ensino privado, em aliança com a Igreja Católica, conseguiram transpor o tema para a campanha. Cavaco Silva, candidato mas também presidente, juntou a sua voz aos protestos. Em Fátima, depois de ouvir pais de velas na mão, lamentou que os responsáveis políticos não vissem a luz. Não terá o Presidente visto a luz quando promulgou o diploma que estabelece as novas regras de apoio a este ensino? Parece que as trevas se apoderaram de chefe do Estado e o impediram de vetar o diploma - prerrogativa de que dispõe enquanto presidente, mas fica em Belém quando anda pelo País em campanha".

Paula Ferreira
JN

1 comentário:

Ana Delgado disse...

Se reflectir bem sobre este assunto, fica mais barato ao Estado subsidiar os privados do que ter esses alunos no público. Se isso acontecesse, seria um caos ainda maior nas escolas que, na sua grande maioria , não tem condições. Eu dou aulas numa escola que tem 9 anos e é simplesmente gelada e escorre água por todos os lados. Saio de lá com os pés simplesmente gelados e ainda há 2 semanas fui ao otorrino pois a humidade faz-me muito mal, mas tenho que aguentar..., porque o Estado não tem brio no trabalho que desenvolve. Não tem nem nunca teve. As turmas são bem maiores do que no privado e os funcionários são insuficientes. É mto raro encontrar uma escola com boas condições e para se aprender e também para ensinar é necessário conforto e tranquilidade. Nas públicas os pais ficam ao portão, como se de cachorros se tratasse. Quando pedem para que eles participem na educação é caricato. Nem há espaços para que eles, diariamente, entrem até a um bar, uma sala, sei lá, e convivam uns com os outros... Por isto e por outras razões, e sendo professora, coloquei a minha filha num privado. Pago quase 600 eur./mês e acho sim senhor que o Estado deve participar. Eu não lhe gasto mais nada para a minha filha. Nunca fui ao médico da rede pública com ela, pois tenho um seguro privado. Nem eu lá vou, aliás. Nunca tive um subsídio na vida: desemprego, casamento, nascimento, gravidez, etc. E nem tenho abono. Se ganho muito? Talvez, enquanto rendimento familiar global. Mas tb pago mto mensalmente. Tenho de ter qq retorno. E saiba que, caso pusessem tds os alunos a pagar até o ensino público, uma pequerna parte que fosse, não haveria tanta brincadeira nas salas de aula. Os pais seriam, certamente mais responsáveis pq lhes iriam ao bolso. Já pago mto para eles lá andarem. Discordo consigo, lamento.
Qto ao nosso presidente, não tem poder praticamente nenhum, como sabe. Até pode vetar, mas na próxima já não pode e é aprovado o que quer que seja. E ja agora, sou completamente contra o ensino obrigatório. A Educação não pode ser uma obrigação, tem de haver vontadee muita paixão. Quem quer quer, que não quer sofre as consequências de vaguear nas ruas sem emprego. Aliás, no tempo de Salazar a mendicidade era proibida... Nem digo mais nada!!!