quarta-feira, março 30, 2011

Socrates School of Economics

"Vieira da Silva, Sócrates e o meio "jornalismo" português criaram uma nova escola de pensamento económico, a saber: a Socrates School of Economics (a malta, lá fora, tira o acento ao nosso primeiro). Esta escola decreta que um país pode entrar em bancarrota total em apenas duas semanas e apenas por causa de uma acção parlamentar. Esqueçam os anos de má governação, esqueçam os anos de más escolhas de política económica, esqueçam os anos de incompetência dos ministérios das finanças. Nada disso é verdade. A bancarrota surge porque uma borboleta, a oposição, bate as asas. A bancarrota surge por artes mágicas, porque existem umas pessoas más (a oposição) que não seguem as pessoas boas (o governo). Ou seja, a bancarrota é uma espécie de acto de vontade (da pérfida vontade da oposição que está aliada com o Sauron do guito, o FMI), e não uma consequência das políticas concretas que se tomaram ao longo de anos. Não é genial?"

Henrique Raposo

Aleluia

"Ninguém se lembra de ter visto, nos últimos anos, algumas figuras gradas de extracção socialista a chamarem a atenção do Governo de José Sócrates para as barbaridades que estavam a arrastar Portugal para o abismo e para a irresponsabilidade da governação. Deviam tê-lo feito pelo menos dia sim, dia não, mas não o fizeram.
O país ia-se arruinando, os portugueses iam resvalando para o beco sem saída em que se encontram hoje, o Governo ia garantindo exactamente o contrário daquilo que se estava a passar e dando provas de uma incompetência e de uma desfaçatez absolutamente clamorosas, mas esses vultos tão veneráveis abstinham-se de fazer a crónica dessa morte anunciada, não se mostravam grandemente impressionados com ela e sobretudo não sentiam o imperativo patriótico de porem cá para fora, preto no branco, numa guinada veemente e irrespondível, o que bem lhes podia ter ido na alma e pelos vistos não ia assim tanto.
Devo dizer que não fiquei nada impressionado com os apelos recentes e vibrantes de algumas dessas egrégias personagens, em favor da manutenção do satu quo ante em nome do mesmo interesse nacional que as terá remetido ao mutismo mais prudente sempre que a governação socialista dava mais um passo em frente para estatelar Portugal.
Sou levado a concluir que foram sensíveis, não ao descalabro a que a governação socialista acabou por conduzir o país, mas ao desmoronamento do PS enquanto partido de governo. Não lhes faz impressão nenhuma que Portugal esteja na merda por causa dos socialistas. O que os impressiona deveras é que o PS se arrisque a ficar na merda por causa de tudo o que fez. E então, então sim, apressam-se a invocar alvoroçadamente o interesse nacional, secundados por todo o bicho careta lá do clube que se sinta vocacionado para dar o dito por não dito e o mal feito por não feito e também, está claro, para fazer sistematicamente dos outros parvos.
Tal apelo surge todavia no ensejo menos adequado. Hoje, só faz sentido invocar o interesse nacional para esperar que o PS seja varrido impiedosamente de qualquer lugar de preponderância política e que a ignomínia da governação socialista fique bem à vista para a conveniente edificação das almas".

Vasco Graça Moura
DN





terça-feira, março 29, 2011

Carta aberta à ministra da Educação

"Foi com alguma incredulidade que lemos as suas declarações à imprensa, depois de a Assembleia da República ter aprovado a revogação do actual modelo da avaliação dos professores e aberto o caminho para o estabelecimento de um sistema de avaliação credível, justo e eficaz
Classificar como precipitada a decisão do parlamento revela grande insensibilidade face às preocupações manifestadas pela grande maioria da classe docente. Os deputados foram tudo menos precipitados. Até se poderia dizer que demoraram algum tempo a reagir às tomadas de posição aprovadas em centenas de escolas de norte a sul, aos muitos milhares de professores que subscreveram petições e abaixo-assinados, às posições dos directores escolares, dos sindicatos, dos movimentos e dos blogues de professores, às concentrações e manifestações de docentes, etc., etc.
Os deputados interpretaram correctamente o sentir de quem nas escolas, em condições tantas vezes adversas, diariamente dá o litro para formar os novos cidadãos. É justo dizer que a decisão que a Assembleia da República tomou no passado dia 25 honra todos aqueles que a votaram favoravelmente. Foi um acto que só dignifica o trabalho parlamentar, porque demonstrou que os representantes da nação - quaisquer que tenham sido as suas anteriores posições nesta matéria - não são insensíveis aos argumentos dos cidadãos e, ainda a tempo, souberam tomar a decisão mais correcta e sensata, mesmo correndo o risco de ser alvo de ataques destemperados.
Ao invés, a senhora ministra - apesar de já ter sido professora e até dirigente sindical - não foi capaz de fazer a "avaliação" do seu modelo de avaliação. Mas tinha a obrigação de saber que o modelo agora revogado não contribuiu em nada para a melhoria da qualidade do trabalho dos professores e que só representava um encargo inútil, desviando os professores do trabalho com os alunos (o único que é produtivo), ao mesmo tempo que criava nas escolas um ambiente verdadeiramente irrespirável, tal era a conflitualidade que esta avaliação inter-pares gerava.
E, perdoe-nos, mas vir falar agora de questões de constitucionalidade, além de revelar mau perder, é acordar demasiado tarde para a defesa do primado da lei. Já foi amplamente demonstrado que o modelo agora revogado estava repleto de disposições que desrespeitavam os princípios da justiça, da imparcialidade e da transparência, legal e constitucionalmente consagrados. Apenas três exemplos, entre muitos possíveis: colocava na situação de avaliadores e de avaliados professores que pertencem à mesma escola e que são concorrentes aos mesmos escalões da carreira; punha o mesmo grupo de pessoas a decidir a classificação dos colegas, mas também a reclamação e o recurso dessa classificação; impedia que fossem tornadas públicas as classificações obtidas pelos professores da mesma escola.
E poderá a senhora ministra afirmar, com conhecimento de causa, que esta avaliação estava assente na "cultura que do esforço vem a qualidade"? Se cada escola dividiu a bel-prazer os seus professores em avaliadores e avaliados, dada a flexibilidade proporcionada pela legislação. Nuns casos, valorizou-se o posicionamento na carreira; noutros, os professores votaram para escolher os relatores; noutros ainda, foi a qualificação académica que prevaleceu; ainda noutros, apenas as simpatias e antipatias; finalmente, em muitas situações, uma salada russa de todos estes "critérios". Resultado: docentes de escalões elevados a ser avaliados por professores com posicionamento na carreira muito inferior, bacharéis a avaliar licenciados e mestres, coordenadores de disciplina a ser avaliados pelos seus coordenados e uma infinidade de outras situações não menos anómalas e nada dignas.
E que dizer da "qualidade" de um sistema de avaliação em que às aulas dos relatores assistiam coordenadores de departamento de disciplinas diferentes da sua? Um professor de Educação Física a avaliar uma aula de Geometria Descritiva? Um professor de Geografia a ser avaliado por um de Filosofia? Ou um de Biologia, por outro de Física ou Matemática?
E que quer a senhora ministra que pensemos da sua afirmação de que "este modelo da ADD se encontra devidamente fundamentado do ponto de vista técnico e científico", quando um Muito Bom ou Excelente - que permitia ao professor contemplado ultrapassar centenas de colegas nos concursos - era atribuído com base em apenas duas aulas assistidas, enquanto nos dois anos lectivos do ciclo de avaliação são dadas 400, 500 ou mais aulas de 90 minutos? Isto já sem falar nos critérios e nos instrumentos de avaliação utilizados, que se baseavam nuns "padrões de desempenho docente" que, além de carecerem em absoluto de objectividade e clareza, atribuíam mais importância ao relacionamento (impossível de medir) dos professores com os seus colegas e com a comunidade, do que ao seu trabalho efectivo com os alunos.
Permita-nos aqui apenas um aparte para o senhor primeiro-ministro, quando este pergunta aos partidos da oposição o que é que estes vão dizer aos professores que tiveram Muito Bom e Excelente (presume-se que no modelo da sua antecessora): para isso, era preciso que soubessem quem eles são, pois esse é o segredo mais bem guardado nas nossas escolas, vá-se lá saber porquê...
Todos estes factos são, aliás, do seu conhecimento, pois ao seu gabinete tem chegado um volumoso caudal de tomadas de posições, muitas delas igualmente publicitadas na imprensa e nos blogues, além de denúncias de atropelos dos direitos profissionais, perpetrados por conta da sua ADD. Porém, em momento algum a ouvimos comentar estas evidências, só tendo saído do silêncio a que se remeteu (quase já nos tínhamos esquecido de si) para proferir estas declarações infelizes.
Permita-nos, a terminar, que retomemos mais uma vez as suas recentes palavras. "Momento triste" não foi a decisão soberana da Assembleia da República no dia 25 de Março. Momento triste foi ver alguém, contra todos os factos e o sentir de uma classe que merecia melhor consideração, revelar na hora da partida tamanha cegueira, ao obstinadamente tentar defender o indefensável. Senhora ministra, de facto é "a História que julga os actos". Já parou para pensar no que a História dirá de si?"

Ana Paula Correia, Isilda Lopes,

José Ribeiro e Maria Manuela Ferraz,

professores da Escola Secundária c/ 3º ciclo de Henrique Medina, Esposende

segunda-feira, março 28, 2011

Cavaco Silva não vai intervir na avaliação dos professores

"Cavaco Silva prepara-se para promulgar a proposta da oposição que revoga o modelo de avaliação dos professores, sabe o i. O Presidente da República não irá atender ao pedido do governo e não irá enviar para o Tribunal Constitucional o diploma de revogação do modelo aprovado a semana passada pela Assembleia da República. Belém considera que o argumentário do Partido Socialista sobre a inconstitucionalidade da proposta da oposição não é juridicamente correcto.

Na sequência da aprovação na Assembleia da República do diploma que punha um ponto final ao polémico modelo de avaliação dos docentes, o ministro da Economia, Vieira da Silva, veio a público pedir a fiscalização da proposta por parte de Cavaco Silva. "Julgamos que é absolutamente imperioso solicitar ao senhor Presidente da República uma particular atenção para comportamentos deste tipo e em particular para este diploma", defendeu o governante, considerando que se trata de "um diploma de duvidosa constitucionalidade" e com "meros fins eleitoralistas".
Sem o apoio de Cavaco Silva, resta ao governo, através do grupo parlamentar, pedir uma fiscalização sucessiva da proposta aprovada pela oposição.

Apesar de o agendamento da discussão e da votação desta proposta ter sido marcado antes de materializado o cenário de eleições antecipadas, a oposição, e principalmente o PSD, não se livraram da acusação de eleitoralismo. "Uma interrupção feita por uma oposição que está à beira de dissolução do parlamento, num momento em que não há dúvida para ninguém que o que se pretende é destruir aquilo que se construiu, parece-me realmente muito difícil de aceitar", considerou em entrevista à RTP a ministra da Educação.

Na resposta, o deputado do PSD Pedro Duarte acusou os socialistas de não lidarem bem com a democracia: "A vontade política manifestada pelo parlamento foi absolutamente inequívoca. Nós, em democracia, não podemos querer impor as nossas posições contra as maiorias que se estabelecem."

O PS aproveitou a ida a Belém, na última sexta-feira, para pedir a Cavaco Silva que "esteja atento a alguns sinais preocupantes que têm surgido na sociedade portuguesa". "Ainda hoje, quando todos os partidos vieram cá pedir eleições antecipadas, os mesmos partidos decidiram, em coligação negativa, aprovar um diploma de constitucionalidade duvidosa, com fins meramente eleitoralistas e oportunistas, no sentido de pôr fim à avaliação dos professores", referiu Vieira da Silva.

O diploma de revogação do modelo de avaliação dos professores passou na última sexta-feira com os votos a favor de todas as bancadas, com excepção do PS e do deputado do PSD Pacheco Pereira. Tratou-se da segunda coligação negativa contra o executivo, em dois dias, depois do chumbo ao PEC IV.

Os sociais-democratas defendem que seja uma comissão independente a avaliar os professores, rejeitando que sejam os professores a avaliar-se entre si".

Jornal i

domingo, março 27, 2011

Super - Sócrates

"... a quem o País tanto deve.
Cada vez que o ouvimos falar, fica sempre a ideia de que está a resolver os problemas e que até encontrou solução para a crise.
Que grande herói!
Infelizmente, o que a realidade nos mostra é que de discurso em discurso, orçamento após orçamento, mês após mês, PEC após PEC, a situação se vai degradando, o cinto vai-se apertando e as contas vão piorando.
A diferença entre a ficção da narrativa de Sócrates e a mais pura aldrabice é cada vez mais ténue".

Vitor Reis
http://quartarepublica.blogspot.com/

O vilão

"O dia em que o Governo cessou funções "normais" serviu para os socialistas culparem o PSD pela crise financeira, pela crise económica, pela crise política, pela destruição do Estado "social", pela entrada do FMI e pela perda da soberania pátria. Não os ouvi culparem o PSD pela tuberculose infantil e pelos terramotos no Japão, mas é possível que o tenham feito. Sempre é uma variação da época em que a culpa ia direitinha para a Grécia, para as agências de rating ou para a Alemanha, consoante as enrascadas e a manha.

O estilo, porém, é o mesmo. E o estilo da tropa que hoje manda no PS consiste em elevar a mentira a um ponto que lhe retira qualquer ligação à realidade. O eng. Sócrates e seus discípulos acham-se impunes para dizer o que calha, incluindo acusar o adversário do desastre que eles próprios fabricaram. No fundo, é isto: a penúria que nos espera não se deve a quem a criou ao longo de seis anos, mas a quem impediu os respectivos criadores de prosseguirem o trabalho. Os pirómanos acham-se com a capacidade - e com o direito - de apagar o incêndio".
Num país normal, tamanhos delírios mereceriam a chacota popular e, nos casos rigorosos, a camisa-de-forças. Em Portugal, onde a toleima socialista dispõe sempre de novas oportunidades, merecem receio. As sondagens mostram que os delírios ainda encontram um público empenhado em engoli-los. E se a quantidade de crentes decresceu nos últimos tempos, convém não lançar foguetes: a campanha eleitoral, aliás iniciada antes da demissão do eng. Sócrates, está em curso, e promete uma sordidez inédita.

O eng. Sócrates já mostrou ser capaz de tudo para alimentar a "sofreguidão pelo poder" que imputa a outros. Nas circunstâncias vigentes, será capaz de tudo e de mais alguma coisa. A confirmarem-se as eleições, os próximos meses assistirão ao aumento exponencial das mentiras e das ameaças, além da encenação da conhecida rábula "O eng. Sócrates contra o Mundo". Numa terra com tradição avessa à liberdade, muitos tomam a prepotência por virtude. É por isso que o modo como o primeiro-ministro e o ministro das Finanças abandonaram a meio o debate parlamentar que ditaria a própria queda não assegura que a queda seja definitiva: infelizmente, o desrespeito dessa gente pela democracia não implica o desrespeito da democracia por essa gente".

Alberto Gonçalves
DN


sábado, março 26, 2011

Palavras sábias

“Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu Governo”.

António Barreto

Presidente do Conselho de Escolas contra revogação da ADD

"Foi mais um disparate que se fez", contrapõe Manuel Esperança, presidente do Conselho das Escolas, um organismo consultivo do Ministério da Educação que representa os directores. O actual ciclo avaliativo termina em Dezembro. Falando a título individual, aquele responsável acrescentou: "Estávamos a fazer o que a lei nos pedia. Sempre na esperança de, no final, podermos apontar quais as deficiências que detectámos, e também as suas causas. E isso só se consegue quando se trabalha um modelo e não quando se interrompe a meio. É o que tem acontecido sempre no nosso sistema educativo. Fazem-se reformas constantes, estas nunca são avaliadas e inicia-se tudo de novo".

quinta-feira, março 24, 2011

quarta-feira, março 23, 2011

Apesar das aparências, convém não embandeirar em arco

Sócrates caíu mas muita água ainda vai correr debaixo das pontes. Há por aí muito boa gente, na área da educação também, a deitar foguetes e a julgar que daqui para a frente tudo vai ser diferente para melhor. Não teria tanta certeza. Convém não desvalorizar Sócrates e a sua máquina propagandística. Esta gente tem dado mostras de ser um adversário muito difícil de abater e há que não esquecer que grande parte dos portugueses tem uma faceta masoquista que os leva a votar em quem os maltrata. Isto já para não falar dos muitos beneficiários da política governativa - todos sabemos quais são - e da influência que eles têm na formação da opinião dos portugueses.

segunda-feira, março 21, 2011

domingo, março 20, 2011

As vascas de uma morte anunciada - crónica de Santana Castilho

"1. O discurso da posse de Cavaco Silva foi uma censura fúnebre ao Governo. O empossado, até agora embuçado com a cooperação estratégica, disse, tarde, coisas que devia ter dito antes, quando os sobressaltos cívicos de muitos lhe pediam intervenção. Cavaco Silva passou a ter, ele próprio, um problema de sobrevivência às expectativas que criou. A salvação da sua magistratura activa passa agora pelo finar definitivo do Governo que feriu. E a verdade é que os acontecimentos favorecem o desígnio. As manifestações de 12 passado foram surpreendentes, enormes e evidenciaram um descontentamento que extravasa em muito os jovens e dão razão a Cavaco, quando diz que há limites para o que se pede aos cidadãos. A provocação desabrida de Sócrates ao apresentar em Bruxelas mais um pacote brutal de confisco dos recursos privados, derrogando o acordado com o PSD e desdizendo sem pudor o que há pouco havia garantido a todos nós, provocou a pronta reacção de Pedro Passos Coelho e faz prever inevitáveis eleições antecipadas. Há pois uma conjugação da ausência de esperança cívica com obstáculos políticos irremovíveis, sob pena do PSD e Passos Coelho perderem a face, o que seria suicida para as suas legítimas ambições. A corda ficou, de repente, de tal modo tensa, que não sobra alívio para qualquer entendimento. Do mesmo passo, dentro do próprio PS as clivagens são cada vez mais evidentes. Em artigo de opinião do Diário de Notícias de ontem, é significativo que Mário Soares diga que às crises financeira, económica, social e de valores se soma agora uma crise política ditada por “erros graves”, “esquecimentos imperdoáveis ou actos inúteis” do primeiro-ministro. Tem, naturalmente, razão. Congelar pensões miseráveis por dois anos, sem redução dos gastos da gula majestática do Estado, é intolerável. Fazê-lo sem explicação ao país, sem dar cavaco a Cavaco e ao parlamento é de uma arrogância própria dos pequenos ditadores. Quando o PEC cair na Assembleia da República, Cavaco deve dissolver o parlamento. Chega de jogos e de mecanismos dúbios.


2. A 8 de deste mês completaram-se três anos sobre a primeira esmagadora manifestação de professores. Os 100 mil de Março e os 120 mil de Novembro de 2008 reduziram-se aos poucos milhares de fiéis que foram ao Campo Pequeno. A putrefacção deste poder contaminou e tornou moribundo o sindicalismo que se curvou ao “memorando de entendimento” e ao “acordo”.


3. Cessou por ora a vigência do diploma que extinguia o par pedagógico em Educação Visual e Tecnológica e a Área de Projecto e introduzia alterações no Estudo Acompanhado. Isabel Alçada, actual assessora do ministro de Estado e das Finanças, disse, por uma vez, algo claro: que as alterações no ensino básico visavam poupar dinheiro. Mas a necessidade de racionalizar os gastos de um Estado à beira do colapso não pode ser feita de forma cega, como era o caso. Sobra a substância do problema. A Área de Projecto e o Estudo Acompanhado não foram eficazes. O tempo e os recursos que lhes estão alocados carecem de redistribuição adequada a melhores resultados. As economias possíveis devem incidir, prioritariamente, na reformulação das estruturas administrativas e burocráticas, em programas megalómanos e de retorno miserável (intervenções faraónicas na rede escolar, várias versões das novas oportunidades e brincadeiras tecnológicas, por exemplo) e não na redução drástica dos efectivos docentes, como se desenhava. Mas isso é, obviamente, missão do próximo Governo. Este está morto.


4. Alexandre Ventura, enquanto presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, escreveu que o respectivo modelo introduziu alterações caóticas nas rotinas das escolas. Caos instalado, Alexandre Ventura, ainda secretário de Estado, diz que a coisa só sofrerá alterações em 2012. A coerência (ou a sua ausência) é motivo frequente de análise quando os políticos fazem declarações estranhas. Se por um lado só os burros não mudam de ideias, por outro é necessário que os que mudam assumam que mudaram e expliquem por que mudaram. E, depois, há um tempo que é vital. E um processo que é normal. Mas quando a mudança se faz só em função do lugar que se desempenha, torna-se mortal.


5. A directora-regional de Educação do Centro demitiu Ernesto Paiva. Ernesto Paiva coordenava a Equipa de Apoio às Escolas de Coimbra desde 1996 e mantinha a leccionação de uma turma, num total de uma hora e meia por semana, na sua escola de origem. A estupidez vigente submeteu a hora e meia de trabalho docente de Ernesto Paiva às mesmas 4 dimensões de actividade, 39 indicadores e 72 descritores, já de si incríveis, que se aplicam aos docentes a tempo inteiro. Ernesto Paiva, professor e cidadão, assinando por baixo, pediu reflexão para o disparate, como, aliás, lhe competia como técnico da direcção-regional. A directora-regional, obedecendo aos donos, confundiu lealdade com servilismo acéfalo, ameaçou primeiro e purgou depois. Já não haverá tempo para a recompensa!


6. Os maiores bancos portugueses, devidamente caucionados pelo Estado, porque não têm vocação para a filantropia, já emprestaram 150 milhões de euros a cerca de 13.000 estudantes do ensino superior. Visto o brilhante horizonte de empregabilidade dos jovens licenciados, é bom de ver que, acabado o velório, o Estado pagará boa parte da factura. A dar fé à tradição, é expectável que os créditos venham a ser executados por zelosos administradores, ex-ministros signatários das respectivas cartas de conforto".

Santana Castilho

sábado, março 19, 2011

Exames: Professores classificadores têm dispensa de 16 dias

"Os professores indicados para a correção dos exames nacionais vão usufruir de uma dispensa de 16 dias e a formação que realizarem é considerada na avaliação de desempenho, se concluída com aproveitamento, anunciou hoje o Governo.
«Para a classificação das provas, que em cada fase terá a duração máxima de dez dias, os professores usufruem de uma dispensa de 16 dias», afirma o Ministério da Educação (ME), em comunicado divulgado hoje.
Questionado pela agência Lusa, o ME esclareceu tratar-se da dispensa da «componente não letiva».

Diário Digital

quinta-feira, março 17, 2011

Governo sem solução para revisão curricular do ensino básico

"A ministra da Educação, Isabel Alçada, admitiu que não tem ainda nenhuma solução que permita levar por diante a revisão curricular do ensino básico e que a resolução dessa questão depende agora dos partidos da oposição.

"Temos de trabalhar e analisar as várias soluções a todos os níveis. Não há ainda uma solução que se possa dizer é esta porque quando as coisas não dependem de nós, neste caso a oposição tem um papel importante. Teve o papel aqui de parar uma coisa que era essencial", disse Isabel Alçada.

Na opinião de Isabel Alçada, a proposta do Ministério da Educação sobre a revisão curricular do ensino básico, que foi chumbada pela oposição parlamentar, iria permitir que o ensino se ajustasse às necessidades dos estudantes e que o currículo fosse consentâneo com essas necessidades.

"A nossa expectativa é que se encontre uma solução, mas a solução não depende só do Ministério da Educação porque fizemos o nosso trabalho, mas os partidos da oposição consideraram que deviam parar o nosso trabalho", criticou.

A ministra voltou a garantir que tudo fará "para que a revisão curricular seja efectiva", mas questionada sobre o que é que poderá ser feito, admitiu não ter ainda uma solução, culpando os partidos da oposição".

JN

quarta-feira, março 16, 2011

Mário Nogueira em discurso directo

"Correio da Manhã – Isabel Alçada diz que não há condições para suportar dois professores na disciplina de Educação Visual e Tecnológica (EVT). Como reage?

Mário Nogueira – Não tenho a certeza se é o País que não suporta dois professores em EVT ou se o País começa a não suportar esta ministra, esta equipa ministerial e esta política. O problema de EVT tem sido a abordagem sempre na perspectiva financeira. Quando justificou, num primeiro momento, as alterações curriculares, disse que o fazia por razões pedagógicas. Quando viu chumbada a revisão curricular, a primeira coisa que falou foi dos 43 milhões de euros.

– Como avalia as medidas que a ministra da Educação pretende aplicar?

– Com uma certeza: não são medidas para melhorar o ensino. São medidas unicamente orientadas para a poupança. Mesmo que daí decorram graves problemas e disfunções nas escolas.

– É um problema exclusivo desta disciplina?

– EVT é um caso exemplar. Para haver alterações, seria necessário reorganizar a própria disciplina. O grande problema das intervenções políticas dos últimos anos é que são intervenções avulsas. Não fazem parte de um todo.

– O problema vai agravar-se com o alargamento da escolaridade obrigatória?

– Vamos passar para um sistema de ensino obrigatório de 12 anos. Era necessária uma reorganização curricular global e coerente, que fosse discutida entre todos os elementos do sistema educativo.

– Vai haver despedimentos?

– O Ministério da Educação descobriu que, independentemente das consequências, já para não falar da segurança nas salas de aula, tinha ali uma forma de poupar dinheiro. Em EVT é bastante claro que o dinheiro poupado é apenas à custa de professores e não de salas ou material".

CM

terça-feira, março 15, 2011

Os Gargalhofas

Professores 'desprezam' prémio de ministério

Só houve cinco candidaturas e júri considerou que nenhuma satisfaz critérios.
São mais de 140 mil mas só cinco se candidataram ao Prémio Nacional de melhor professor este ano, mostrando que a classe não vê com bons olhos esta distinção. E de entre estes cinco, o júri considerou que nenhum satisfazia todos os requisitos necessários.

segunda-feira, março 14, 2011

Fica descansado Albino que os professores nunca farão greve aos exames

O líder da Confederação nacional das Associações de pais, Albino Almeida, disse que a realização de uma greve aos exames nacionais pelos professores é "inaceitável" para os encarregados de educação.

sábado, março 12, 2011

Professores dividem-se entre manifestação dos sindicatos e da "Geração à Rasca"

Os professores do ensino básico e secundário têm estado no olho do furacão, sendo que mais de 30 mil deles estão literalmente “à rasca” todos os anos. Professores contratados, anualmente à espera do último dia de Agosto para saber se e onde vão ser colocados. Um lugar significa para muitos estar dois dias depois ao serviço a muitos quilómetros de distância, em mais uma escola provisória. Onde vão estar hoje? No Campo Pequeno com os sindicatos? Ou nos protestos da “Geração à Rasca”?

quarta-feira, março 09, 2011

As melhores notas no 12º ano dependem dos pais

"Inquérito a 58% dos estudantes mostra que quanto mais habilitações têm as famílias melhor é o desempenho
Três em cada dez alunos chumbaram pelo menos uma vez antes de chegar ao 12.o ano. São sobretudo os rapazes que acumulam repetências ao longo do percurso escolar. Ser um bom aluno, aliás, depende mais do nível de escolaridade dos pais que da dedicação dos filhos aos estudos. Esta verdade aplica-se pelo menos à maioria dos adolescentes que estavam a frequentar o último ano do secundário em 2009/10.

"Estudantes à Saída do Secundário" é o resultado do inquérito a 57,9% dos alunos matriculados (45 472) em 691 escolas com ensino secundário. O estudo do Observatório dos Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) e do Gabinete de Estatísticas e Planeamento da Educação (GEPE), do Ministério da Educação, conclui que quanto mais elevadas são as habilitações dos pais melhor é o desempenho dos filhos.

Pouco mais de um terço dos alunos cujos pais só frequentaram entre o 1.o e o 3.o ciclo tem médias acima dos 15 valores enquanto mais de metade dos estudantes oriundos de famílias com ensino superior ou secundário obtiveram igual classificação. Entre os que atingiram notas de mérito, a relação entre escolaridade da família e desempenho dos alunos é também quase linear. Mais de 18 valores é um patamar que só 2,2% dos estudantes de famílias com o 1.o ciclo atingem, enquanto, entre os adolescentes com pais licenciados, a percentagem das mais altas classificações ultrapassa os 12%.

Chumbos O insucesso escolar, por outro lado, atinge principalmente os rapazes. Quase um terço dos estudantes chumbou antes de chegar ao último ano do secundário, mas enquanto a taxa de repetência entre elas é de 30% entre eles chega aos 37%. A maioria das reprovações acontece porém no ensino básico, já que quase dois terços dos estudantes inquiridos chegaram ao 12.o ano sem nenhuma repetência (65,3%) e um quinto chegou com uma reprovação (21%).

Os chumbos no 12.o ano não estão contabilizados neste estudo, uma vez que o inquérito foi aplicado entre Março e Junho de 2010, antes de o ano lectivo terminar. No entanto, segundo os dados que o Ministério da Educação forneceu às escolas em Fevereiro, a taxa de repetência no secundário atingiu em 2009/10 os 18% e, só no 12.o ano, os chumbos atingem 33% dos alunos.

Sucesso escolar A maior taxa de sucesso escolar está entre os alunos dos cursos científico-humanísticos, em que a grande maioria (81,9%) está a concluir o 12.o ano na idade esperada: 17 anos. Logo a seguir surgem os alunos do ensino artístico especializado (63,6%) e dos cursos tecnológicos (50,1%) que chegaram ao último ano do secundário sem repetências ou interrupções no seu percurso escolar.

O mesmo não acontece nos cursos profissionalmente qualificantes, em que os adolescentes de 17 anos representam apenas 36,3% dos alunos. Significa isto que seis em cada dez alunos já chumbaram pelo menos uma vez - 28,1% dos alunos têm 18 anos, 19,5% têm 19 anos e 16,1% têm 20 ou mais.

Se há quem pense que o desempenho escolar dos adolescentes a estudar no ensino privado é melhor que o dos do público, o estudo do OTES e do GEPE vem mostrar que a distância é curta. Entre Março e Junho do ano passado, cerca de metade dos alunos tinha médias globais a variar entre os dez e os 14 valores - 56,6% no privado e 51,9% do público.

Mais fácil e mais difícil Língua Estrangeira parece ser a disciplina menos difícil para estes alunos, quando se comparam com os resultados a Português e a Matemática. Quase 30% dos alunos tinham nesta disciplina médias entre os 15 e os 17 valores e 16% entre 18 e 20 valores.

No caso da Matemática, as melhores notas representam 10% dos alunos e as médias acima dos 15 valores são mérito de 20,9% dos alunos. Um quarto dos adolescentes (25,7%) atingiu classificações até 17 valores a Língua Portuguesa e só 5% dos alunos ultrapassaram os 18 valores.

Entre os dez e os 14 valores fica o desempenho mais comum tanto a Português (63,1%) como a Língua Estrangeira (49%) ou a Matemática (53,2%), mas, quando se comparam as notas negativas entre estas três disciplinas, conclui-se que as classificações insuficientes a Matemática quase triplicam - 15,8% contra 6,2% a Português e 5,5% a Língua Estrangeira. Quase quatro em cada dez alunos inquiridos reconhecem ter dificuldades nas disciplinas que envolvem conhecimentos matemáticos. Essa dificuldade baixa para 34% no caso da Língua Portuguesa e para 15,2% a Física ou a Química".

Jornal i

Já não há paciência para este indivíduo

sábado, março 05, 2011

Crónica de Santana Castilho

"Para 12 de Março está marcado mais um protesto público. Não é promovido por direcções sindicais cristalizadas, mas tão-pouco prima pela originalidade de iniciativas: os aderentes descerão a avenida mais simbólica, a da Liberdade, de um Portugal refém. Uma circunstância, porém, é nova: as redes sociais estão a ser usadas como meio convocatório, como parece ter acontecido no Norte de África, e o protesto sucede após uma convulsão por contágio que surpreendeu o mundo, quer pelos resultados, quer pela rapidez com que foram obtidos. As motivações sociais do protesto, ponderadas as diferenças de níveis, são idênticas. Com efeito, lá como cá, a degradação da sociedade foi-se tornando insustentável. Bem sei que não posso comparar ditaduras com democracias. Mas quando estas são meramente formais e politicamente mal geridas, como acontece em Portugal, alguns resultados não diferem. É o caso da ruptura definitiva entre governantes e governados e o abismo insuportável entre os ricos e os pobres. Na Tunísia, no Egipto e na Líbia, a falta de alternativas trouxe as pessoas para a rua. Em Portugal, o desemprego, a diminuição dos salários e o aumento da carga fiscal está a lançar os portugueses no desespero. E a isso responde o Governo com autismo e a Oposição com inércia.

A Educação vive num ambiente de miséria onde, ao bom estilo do terceiro mundo, a penúria generalizada contrasta com a opulência dos negócios da Parque Escolar. A Lei de Bases do Sistema Educativo estipula, claramente, que os critérios pedagógicos e científicos prevalecerão sempre sobre os administrativos. Mas a prática governativa dita o contrário. Cada vez há menos pessoal de apoio nas escolas, afectando a vigilância dos recreios, o apoio aos laboratórios, o funcionamento das bibliotecas, reprografias, bares e refeitórios.

A arrastada avaliação do desempenho dos professores constitui uns dos processos mais macabros e perniciosos da gestão do sistema de ensino. Entre tantas barbaridades técnicas abordadas nesta coluna, as posições públicas tomadas por uma centena de escolas estabeleceram consensos esmagadores: muitas grelhas utilizadas tornam o processo ridículo e uma autêntica lotaria; continuam por esclarecer e clarificar centenas de dúvidas levantadas pelas escolas e pelos professores relatores; a subjectividade e a arbitrariedade são a norma; o sistema de quotas reduz a apregoada avaliação do mérito a uma pobre palhaçada, quando desce administrativamente as classificações atribuídas e torna incoerentes as notações quantitativas e qualitativas; a carga impensável de trabalho caricato e burocrático que o sistema supõe varreu a actividade de ensinar da prioridade dos professores e prejudicou criminosamente os alunos; qualquer resquício de preocupação formativa está banido do processo e a cooperação entre docentes deu lugar a um crescente ambiente de desconfiança e hostilidade.

A proposta de organização do próximo ano lectivo oficializou o óbito do Ministério da Educação. A respectiva ministra resignou e aceitou simplesmente passar a assessora de Teixeira dos Santos. Tudo o que aí se projecta reduziu a simples custo dispensável qualquer investimento em educação. Assim: serão eliminados de uma penada serviços de supervisão cruciais para o combate ao famigerado abandono escolar; os projectos educativos, até aqui ditos obrigatórios e tidos como fundamentais, bem assim como tudo quanto seja funcionamento de clubes de actividades não curriculares essenciais à integração dos alunos, vão para o lixo; e os apoios aos alunos com necessidades educativas especiais, já em acelerada extinção, são agora definitivamente pulverizados. Tudo isto porque a lei de bases supracitada foi revista em baixa administrativa e econométrica pelo Mubarack do Terreiro do Paço, que determinou a radical redução dos créditos horários a atribuir às escolas. Mas esta limpeza administrativa, determinada pela cegueira dos cortes sem critério, foi mais longe e actuou ditatorialmente decretando que actividades de índole lectiva passam a integrar a componente não lectiva dos horários dos professores. Consequências? Fica ferido de morte o desporto escolar, a educação para a saúde, a mediação que minorava as atribulações vividas nos problemáticos cursos EFA e todas as estruturas intermédias de uma gestão que já foi amputada de membros, tempos e salários. E a lista deste gaseamento pedagógico das escolas públicas continuaria com a redução drástica do número de docentes e a desastrada reorganização curricular.

A tudo isto, como respondeu o maior partido da oposição? Que se tenha ouvido, com uma deplorável proposta de implosão do Ministério da Educação e sequente substituição por uma agência externa e com um inimaginável pedido ao Tribunal de Contas para que determine aquilo que tinha obrigação estrita de conhecer, que eu próprio publiquei sem nunca ter sido desmentido e que está ao alcance de qualquer cidadão disposto a fazer cálculos simples, a partir de documentação pública fiável.

Surpreenderá, neste contexto, a não-aceitação na Assembleia da República dos projectos que visavam corrigir os vencimentos obscenos dos gestores das empresas públicas? Então se esses cargos estão reservados para os que agora estão na política activa, como resulta evidente da rotatividade de funções que a história atesta, e a podridão ética só se distingue da África do Norte pelos níveis, que não pela substância, que esperaríamos?"

Santana Castilho

sexta-feira, março 04, 2011

CDS viabiliza alterações curriculares no ensino básico

"A oposição parlamentar deverá viabilizar hoje a cessação de vigência das alterações curriculares do ensino básico aprovadas pelo Governo, o que, segundo a tutela, representa este ano um aumento da despesa de cerca de 43 milhões de euros.

PSD, PCP e BE entregaram na quinta-feira no Parlamento os pedidos de cessação de vigência do decreto-lei aprovado pelo Governo, tendo o CDS-PP anunciado ao final da tarde que vai viabilizar a iniciativa, resta saber se através da abstenção ou do voto favorável.

O diploma em causa foi publicado a 02 de fevereiro com entrada em vigor a 01 de setembro e determina a eliminação da área de projeto, limita o estudo acompanhado a alunos com mais dificuldades e reduz de dois para um o número de docentes a lecionar Educação Visual e Tecnológica.

Segundo a ministra da Educação, Isabel Alçada, a aprovação da revogação do diploma implica este ano "um acréscimo da despesa de cerca de 43 milhões de euros e um acréscimo de despesa de 120 milhões de euros em 2012".

O Governo sublinhou também que a iniciativa da oposição é inconstitucional, alegando que deputados ou grupos parlamentares não podem apresentar propostas que representem um acréscimo da despesa.

"A posição do Governo só pode ser uma. Dizer e dizer em particular ao grupo parlamentar do PSD que não venha mais doravante exigir ao Governo com o mínimo de credibilidade a diminuição da despesa pública", afirmou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, na quinta-feira, durante um debate parlamentar.

O PSD justifica a necessidade de cessação de vigência com o facto de o Governo ter demonstrado "uma absoluta incapacidade" para fundamentar as opções, recorda o parecer "claramente desfavorável" do Conselho Nacional de Educação, ignorado pelo Executivo, e sublinha o "desacordo" do Conselho das Escolas, diretores, associações e sindicatos de professores.

Bloco de Esquerda e PCP acusam o Ministério da Educação de introduzir alterações curriculares por questões meramente economicistas, afirmando que a intenção do Governo é despedir milhares de professores e não garantir melhorias pedagógicas no ensino básico".

Jornal i

terça-feira, março 01, 2011

Novo aperto do cinto

"Na antevéspera da visita a Berlim, onde José Sócrates irá tentar vender à senhora Merkel a ideia de que Portugal ainda tem salvação dentro do euro, dispensando a intervenção do FMI, o ministro das Finanças e o primeiro-ministro avisaram os portugueses que vem aí novo aperto do cinto.
Quando José Sócrates diz publicamente que "fará tudo" para que o défice seja de 4,6 por cento, incluindo medidas adicionais que a execução orçamental venha a demonstrar necessárias, está claramente a assumir que o Governo vai decretar mais medidas de austeridade. Ainda não se sabe onde cortará, mas pela experiência sabe-se que a receita é sempre a mesma: agravamento de impostos, mais taxas e corte nos serviços públicos. E como sempre os mais atingidos são os mesmos: os mais desfavorecidos que recebem menos ajuda social e a classe média sobrecarregada com impostos. O Estado vai abdicando do seu papel de prestador de serviços básicos, como a saúde e a educação, mas por outro lado arrecada cada vez mais dinheiro dos contribuintes, penalizando de modo cruel a economia. Estamos a regressar ao Estado de confisco, ao pior estilo medieval .
Há um pormenor político relevante: as medidas adicionais precisam de aprovação do PSD. Cabe a Passos decidir se dá mais uma vez a mão a Sócrates ou se prefere ir para eleições legislativas antecipadas".

CM