segunda-feira, dezembro 31, 2012

É mais fácil acertar do que no euromilhões

Neste novo ano que se avizinha prevejo mais um ataque sem tréguas aos professores: contratados fora do sistema, muitos professores do quadro a entrarem na mobilidade especial, cortes na tabelas salariais e aumento da carga letiva.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

domingo, dezembro 23, 2012

O povinho que pague o que esta máfia tem vindo a roubar

Tudo a devolver

"O governo ainda não sabe como ficará o défice de 2012. Mas já vai pensando no desastre de 2013. Segundo as notícias disponíveis, a ‘estratégia’ para evitar derrapagens no próximo ano é continuar a cortar nos salários dos funcionários públicos. Uma medida inteligentíssima quando se sabe que é precisamente o definhamento da economia interna e a quebra das receitas do Estado que têm impedido execuções orçamentais imaculadas.
Claro que o raciocínio do governo pode ser outro: perdido por cem, perdido por mil. Que o mesmo é dizer: se a economia já não gera receitas, pelo menos vai-se directamente à fonte. Se é esse o caso, as minhas desculpas. E, já agora, uma sugestão: mais importante do que cortar salários seria exigir, retroactivamente, alguns salários de volta. Como diria o sr. primeiro--ministro, o valor que os funcionários públicos têm hoje não corresponde aos salários que no passado se pagaram por eles".
 
João Pereira Coutinho
CM 




quinta-feira, dezembro 20, 2012

Governo abre apenas 600 vagas para vínculo extraordinário de professores

Sejam contratados ou do quadro, este MEC continua a gozar com os professores.

terça-feira, dezembro 18, 2012

Este Governo não se cansa de nos surpreender

Entregar a gestão das escolas aos municípios seria o cúmulo da desfaçatez deste Ministério da Educação. Imgine-se o que seria ver os professores sob o jugo das autarquias. Arrepio-me só de pensar nessa possibilidade.

sexta-feira, dezembro 14, 2012

É matemático

"Esta semana, foram conhecidos os resultados de dois estudos internacionais sobre as competências em matemática, ciências e leitura de crianças de nove anos. Quatro mil alunos portugueses de 150 escolas foram avaliados. Os resultados são muito animadores: entre 1995, quando Portugal participou pela primeira vez nestes estudos, e 2011, o ano a que estes últimos se reportam, passou da cauda dos 50 países participantes para o grupo dos primeiros 20: é 15.º em Matemática e 19.º em leitura e Ciências.
Matemática - a disciplina na qual estávamos todos convictos, a começar pelo ministro da Educação, de que os estudantes portugueses são uma nódoa. Pois entre os 16 países da UE que entraram no estudo, Portugal ficou, nessa área, em 7.º lugar, logo acima da Alemanha e da Irlanda. Parece mentira, não é? E, sobretudo, parece muito mal a quem repete todos os dias que o nosso sistema de ensino é ineficaz e "facilitista" e que isto só lá vai mudando tudo de alto a baixo, com exames e chumbos e castigos e privatizações e demais cassete. Vai daí, Nuno Crato olhou para os estudos e que viu? Que, ao invés do que pudesse parecer a observadores menos prevenidos, aquilo que estes diziam não era que o seu país progrediu de forma notável no ensino, e que isso deveria ser motivo de orgulho, relevado e louvado, como incentivo às escolas e aos estudantes. Não: para Crato, a conclusão foi, de acordo com o título do comunicado por si exarado, "Estudos internacionais mostram necessidade de melhorar conhecimentos dos alunos em Matemática e Ciências."
E como concluiu o ministro tal coisa? Assim: "Em todos os estudos, mais de metade dos alunos portugueses não ultrapassam o nível intermédio de benchmark (melhores práticas), o segundo mais baixo em quatro níveis."
É isto falso? Não. É um falseamento. Vejamos o caso da Matemática. 40% dos estudantes portugueses estão no nível intermédio, mas a média internacional é 41%. E se esta é 21% para o nível "fraco", a portuguesa é 17%. Mas há melhor: a média portuguesa é, no nível avançado, o dobro (8%) da internacional (4%), e, no elevado, 32%, superior em oito pontos à outra (24%). Ou seja: sendo verdade que mais de metade (57%) dos alunos portugueses estão nos níveis intermédio ou fraco, 43% estão no elevado e avançado, o que é um resultado muitíssimo superior ao interna- cional (28%). Aliás, no universo do estudo, só seis países têm mais de 50% dos alunos nos dois níveis superiores.
Se um ministro deste Governo não hesita, para "vender" a sua ideia para a Educação, em perverter desta forma os resultados de estudos internacionais disponíveis a qualquer um na Net, que nos diz isso de qualquer coisa que o Executivo diga sobre assuntos, como a média das indemnizações por despedimento na Europa, sobre os quais nos falta informação imediatamente disponível? Podemos ser muito maus em Matemática, mas mesmo assim, pelo mais rudimentar cálculo de probabilidades, só podemos concluir que deve ser mentira".
 
Fernanda Câncio
DN

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Paulatinamente vamos descendo na tabela

"O Produto Interno Bruto (PIB) expresso em paridade do poder de compra em Portugal estava 22,6% abaixo da média dos países da União Europeia (UE) no ano passado, revelou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os portugueses ganhavam, assim, 77,4% da média dos seus parceiros europeus em 2011, uma descida face a 2010, onde o valor era de 80,3%.

Portugal manteve no ano passado a 19ª posição na tabela, liderada pelo Luxemburgo, que apresenta uma riqueza por habitante mais do dobro da média, seguindo-se a Holanda.

Na tabela de 37 países, há oito países da União onde os cidadãos, em média, são mais pobres do que em Portugal: Eslováquia, Estónia, Lituânia, Hungria, Polónia, Letónia, Roménia e, no fim da tabela, a Bulgária, onde cada cidadão do país ganhou, em 2011, 46% da média europeia".

Renascença

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Crónica arrepiante de Pacheco Pereira sobre o futuro dos portugueses

"O Governo põe-se a jeito, é dadivoso, a troika elogia-o pela subserviência e pede mais. Ele diz sim e agradece
Vem a caminho um novo pacote de austeridade com o nome pomposo de "refundação do Estado". Não é sobre a definição das funções do Estado, como se tem feito o favor ao Governo de o tomar. Não é nenhuma política nem de superfície, quanto mais de fundo: é o resultado de uma negociação feita com a troika, sem nosso conhecimento, sobre a qual abundam declarações contraditórias e algumas mentiras. É uma meta numérica para os cortes, nada mais. Se tiver que se chegar lá "custe o que custar", chega-se. Como tudo que tem sido feito nos últimos tempos "vem no memorando", mesmo quando o que vem no memorando é outra coisa, o mesmo memorando que o Governo nalguns casos diz que aplica, noutros recusa aplicar (a diminuição do número de concelhos), noutros era para aplicar e não aplicou (os 4,5%). O Governo põe-se a jeito, é dadivoso, a troika elogia-o pela subserviência e pede-lhe mais. Ele diz sim, sim e agradece.
 
Já houve o PEC1, PEC2, PEC3, o Orçamento do Estado de 2010 com muitas medidas restritivas, várias medidas avulsas do Governo Sócrates, pelo menos cinco "pacotes", tendo ficado pelo caminho o PEC4. Com Passos Coelho tivemos o corte de metade do subsídio de Natal em 2011, mais uma série de medidas avulsas, cortes de subsídios, alterações na lei laboral, seguido do corte dos dois subsídios para a função pública, mais uma subida do IVA. Depois veio o aumento da TSU, que ficou no papel, e os vários anúncios de novas medidas sobre salários, subsídios de desemprego, RMI, aumento generalizado de IMI, e por fim o "enorme aumento de impostos". Todos os dias, inclusive na proposta de diluição do subsídio de Natal ou de férias, os especialistas em direito fiscal, contabilidade e economia encontram novas formas de extorquir mais dinheiro, muitas ilegais. Mas who cares?. É o "ajustamento", a correr muito bem.
 
É verdade que tecnicamente algumas destas medidas não são "pacotes de austeridade", mas na prática são-no. E vão continuar. Todas as vezes que o Governo falhar uma meta, haverá mais impostos. Por isso vai haver muito mais impostos e mais pacotes de austeridade estão a caminho.

Isto é a descrição da "coisa" em abstracto, agora veja-se como é em concreto. Em Fevereiro de 2013, imaginemos um casal comum que vive em Loures, ele encarregado de armazém, ela funcionária pública. Ganham nos escalões das suas profissões um pouco acima do patamar mais baixo. Têm trinta e sete, trinta e nove anos, dois filhos, vivem num andar barato que compraram a crédito numa urbanização. Até ao fim deste ano, conseguiram aguentar-se: ambos têm salário, embora ambos também já tenham perdido parte do seu salário, com impostos e com o corte dos subsídios na função pública. Ele teve algum atraso no salário, mas o patrão conseguiu arranjar dinheiro para pagar aos seus cinco empregados. Costumavam poupar alguma coisa e uma vez fizeram férias em Espanha, num pacote turístico muito barato que pagaram sem aceder ao crédito. Aliás, não estão especialmente endividados, a não ser a casa. Levantaram uma pequena poupança quando terminou o prazo e, quase sem dar por ela, gastaram-na. Porém, nada de grave, têm medo das coisas piorarem, mas até agora apenas apertaram o cinto, "ajustaram-se" cortando nalgumas despesas.

Em Fevereiro de 2013, perceberam ao olhar o salário que recebem, que cerca de trinta por cento desapareceu. É muito. Estavam no limiar, agora estão abaixo do limiar, o dinheiro deixou de chegar. Não sabem como vai ser. A primeira consequência é que não há dinheiro para as propinas do filho mais velho, que estuda Psicologia, mas ainda não sabem como lhe vão dizer. Lembram-se do "piegas" do primeiro-ministro e começam a ficar zangados. Compram o Correio da Manhã, antes compravam o Diário de Notícias, mas agora não só compram o Correio da Manhã, como o lêem com mais atenção. Antes compravam o Expresso, agora decidiram poupar e uma das primeiras despesas a evitar foi o Expresso. A seguir virá o Correio da Manhã.

No primeiro semestre de 2013, apercebem-se de que cada conta que chega para se pagar implica que outra conta não é paga. Em Maio, cancelaram um empréstimo a prazo, toda a sua poupança, perdendo os juros. O banco fez tudo para atrasar a liquidação do empréstimo, inclusive oferecendo um novo crédito para consumo, para remediar a situação, mas ele sabia alguma coisa de contas e assustou-se com o que iria pagar e recusou. A partir desse mês, as contas começaram a ser pagas com a pequena poupança, mas cada vez havia mais contas e menos dinheiro para as pagar. A luz, gás, a água tinham subido, as despesas do telemóvel também. A prestação da casa era a única coisa que não tinha subido, e por isso foi a última coisa a deixar de ser paga, o que começou a acontecer por volta de Junho. Tinham a Sport TV, mas cancelaram a assinatura ainda em 2012, e em 2013, as contas da televisão, Internet, telemóvel foram as primeiras a deixarem de serem pagas. Pagaram o seguro do carro, mas já não pagaram o seguro da casa. Deixou de haver dinheiro para o passe dos filhos, para o condomínio, para roupa, para substituir um microondas avariado.
 
Quando ele recebeu o seu IRS, para além do que ele e ela tinham já descontado, e logo a seguir o IMI pela casa, já não havia dinheiro para pagar. A subida fora brutal, tanta que pensavam ter sido um erro, mas sabiam que não valia a pena protestar contra o fisco, e não fizeram nada. Agora tinham medo de ir à caixa do correio ou de receber mensagens no telemóvel da Via CTT, nem as abriam porque já estavam em "incumprimento", a caminho de execuções fiscais. Prazos cada vez mais curtos precediam uma nova conta das Finanças e uma nova ameaça de execução. Numa espécie de vingança contra o fisco faziam gala de não pedir factura de nada, a mesma atitude que alguns colegas no emprego já tinham tomado. Não servia para nada, ajudavam uns aflitos como eles, e atingiam o Passos e o Gaspar.
 
A seguir às férias ele perdeu o emprego, porque o armazém fechou. Ela dissera-lhe que muitas pessoas na função pública estavam a ser mandadas para a "mobilidade especial" com grandes cortes salariais. Quando ele lhe disse que ia pedir o subsídio de desemprego, enquanto procurava um novo emprego que sabia não ir encontrar porque era "velho" de mais, ela confessou-lhe a chorar que tinha a certeza que estava para ir para a "mobilidade especial", visto que era o "chefe" que escolhia e nunca se tinha dado bem com ele. No final do ano, o desespero era total, os conflitos no interior do casal eram quotidianos. Não se divorciavam porque não havia dinheiro para separar casas. Ele jurava que nunca mais votaria na vida, para "não dar de mamar a estes corruptos", ela participara pela primeira vez numa manifestação "indignada". Perceberam pela primeira vez o preço de trocar direitos por assistência.

Em 2014, não havia família, a casa estava em risco, o carro fora-se, e nenhum conseguia arranjar um único papel porque faltava uma declaração fiscal impossível de tirar sem "regularizar" as dívidas. De há muito que o seu prédio deixara de ter elevador, porque ninguém pagava o condomínio. Subiam cinco andares a pé, mas sabiam o drama que isso era para a senhora idosa do sétimo, que só subia e descia com muita dificuldade para ir levantar a reforma. Uma vez encontraram-na ofegante sentada na escada.

Estavam falidos e tinham ido à advogada da DECO, para fazer essa declaração. Sentiam uma enorme violência interior, e oscilavam entre uma apatia exterior, e uma vontade de partir tudo. Ambos pensaram no suicídio, mas foi só pensar. Ela pensou ir ao "Congresso Financeiro" da IURD, ele em assaltar um banco, mas foi só pensar. Será que os acomodados do poder acreditam que estes pensamentos não atravessam a cabeça de muita gente que nunca pensou tê-los? Desiludam-se, as coisas estão muito pior do que vem nos jornais.

Em dois anos tinham a vida estuporada, não acreditavam em nada. Tinham vergonha dos filhos, tinham vergonha dos pais, tinham vergonha dos vizinhos, tinham vergonha de si próprios. Não sabiam como iriam continuar a viver. Tinham perdido qualquer sonho, qualquer expectativa, qualquer esperança. Para a frente era só descer. E são muitos, mesmo muitos, quase todos. Experimentem passear a vossa riqueza, a vossa indiferença diante deles, sem polícias, sem barreiras de metal, e dizer "aguentam, aguentam!" aos "piegas".
 
(Versão do Público de 1 de Dezembro de 2012.)

terça-feira, dezembro 11, 2012

Quem cala consente

Nuno Crato diz que está tudo em aberto mas que é prematuro falar em aumento da carga horária dos professores em cinco horas.
Esta declaração vem confirmar que vai haver mexidas nos horários dos professores. Se não forem cinco são mais duas ou três (a juntar às duas deste ano) e, consequentemente, mais uns milhares de professores para o desemprego. Infelizmente, a nossa classe vai continuar a permitir isto e tudo aquilo que o MEC entender fazer. No fundo temos aquilo que merecemos por força do nosso gritante imobilismo.

Governo prepara-se para aumentar a carga lectiva dos professores

"Sindicatos estimam que aumento do horário em cinco horas de trabalho semanais leve à redução de 15 mil docentes.
O Governo prepara-se para alargar a carga horária lectiva dos professores que estão nos quadros da Função Pública, no âmbito do aumento do horário semanal de trabalho dos funcionários públicos da reforma do Estado, apurou o Diário Económico. O objectivo passa por aumentar o número de horas de aulas deste grupo de professores dos quadros (cerca de 120 mil), reduzindo assim o número de docentes contratados. Ao mesmo tempo, o número de docentes com horário zero (professores sem turma atribuída) pode disparar".
 
Diário Económico 

quinta-feira, dezembro 06, 2012

Nuno Crato põe fim aos planos de recuperação dos alunos no ensino básico

Os planos eram contestados por professores e criticados também por pais. Quem chumbar por faltas volta também a poder candidatar-se a exame e os alunos do 6.º ano poderão repetir as provas finais.
Um despacho do Ministério da Educação e Ciência (MEC), já enviado para publicação em Diário da República, a que o PÚBLICO teve acesso, põe fim não só aos planos de recuperação, como também aos de acompanhamento, destinados a alunos que chumbaram no ano anterior.







Fartar vilanagem

"Colégios com contratos de associação, escolas profissionais e associações de pais entre os mais financiados no 1.º semestre de 2012.
 
No primeiro semestre deste ano, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) atribuiu 206,5 milhões de euros a cerca de 400 instituições particulares, uma verba idêntica à que foi destinada para os mesmos fins nos primeiros seis meses de 2011. O maior subsídio foi atribuído ao Colégio Liceal Santa Maria das Lamas, no Norte, que recebeu 3,5 milhões de euros.

Neste estabelecimento, cerca de 80 turmas são financiadas pelo Estado. Actualmente, os colégios recebem 85 mil euros/ano por cada turma abrangida pelo contrato de associação.

O Externato João Alberto Faria, em Arruda dos Vinhos, com uma verba de 2,7 milhões, e as cooperativas, também com contratos de associação, com 2,5 e 2,1 milhões de euros, estão também entre as instituições com mais verbas, embora o segundo lugar seja ocupado por uma escola profissional da zona de Lisboa, a Cooptécnica Gustave Eiffel, que recebeu 2,7 milhões.

As escolas profissionais de nível secundário situadas em Lisboa recebem financiamento dos ministérios da Economia e da Educação. Nas outras regiões, são subsidiadas através do Fundo Social Europeu. Entre as entidades subsidiadas no 1.º semestre pelo MEC figuram dezenas de associações de pais e escolas do ensino artístico.

A legislação obriga a que a listagem dos subsídios a privados entregues no 1.º semestre seja divulgada publicamente até ao final de Setembro. O MEC só o fez a 3 de Dezembro, altura em que aproveitou para também publicar em Diário da República os subsídios atribuídos em 2010 e 2011".
 
Público

terça-feira, dezembro 04, 2012

A reportagem da TVI sobre o ensino privado, versão grupo GPS

O mundo tenebroso das escolas privadas do grupo GPS

"É muito difícil desligar da escola onde trabalhei no ano passado. Por muito mau que tivesse sido, ensinou-me muito e tive a oportunidade de conhecer pessoas (professores e alunos) que sei que partilharão comigo o resto da minha vida. É com agrado, mas, por outro lado, com alguma tristeza que ouço muitos alunos dizerem-me que eu nunca deveria ter saído de lá, que faço lá falta, que têm saudades minhas. É óbvio que fico orgulhosa por saber que os marquei, mas também me custa sentir que fui afastada daquela escola, sem motivo aparente, pois as minhas funções enquanto professora foram sempre cumpridas e, ainda para mais, com o apreço dos meus alunos.

A verdade é que por mais vontade que tivesse de lá continuar (apenas pelos alunos), jamais o conseguiria fazer, pois é um sítio onde os professores são explorados ao máximo, onde lhes são exigidas, para além da tarefa para a qual são realmente contratados, outras tarefas que, na maior parte das vezes, nada tem a ver com as suas competências.

Cheguei a ter semanas de 50h. Cheguei a ter que estar na escola às 6 da manhã para ir com alunos a uma actividade do Grupo GPS na Covilhã, actividade essa com a qual eu não tinha nada a ver, apenas fui destacada para tal. Estive na escola sem ter nada atribuído no horário, simplesmente porque era obrigada a estar. Fiz reuniões de Grupo Disciplinar de fachada apenas porque tinham de ser feitas. Organizei projectos, dei aulas em cima de aulas que nunca foram preparadas. Eu sabia, o director sabia, toda a gente sabia porque a toda a gente acontecia o mesmo. Fui obrigada a participar numa equipa de vólei, fui obrigada a jogar, em horário pós-laboral apenas porque sim. O Director fez o favor de me ligar quase a coagir-me para ir jogar. Houve almoços, jantares, lanches e festas. Tudo feito de falsidade e hipocrisia. Uma escola de aparências e não de qualidade, como tanto se fazia apregoar.

Cheguei a 31 de Agosto, data final do meu contrato, e não me foi pago nada do que me era devido, devido a essa caducidade do contrato. Após cartas registadas com avisos de recepção para a escola, para o grupo, telefonemas, foi-me dito que tudo seria regularizado até ao final deste mês. E eu sei que amanhã, final deste mês, nada vai ser regularizado.

E custa-me saber que, como eu, há dezenas ou centenas de professores por este país fora que trabalharam / trabalham no Grupo GPS, e estão na mesma situação. Que aguentam tudo isto porque, afinal de contas, no fim do mês há contas para pagar, há prestações que não se compadecem da exploração em que vive quem tem de as pagar. E as pessoas aguentam, pensando que mais vale isto que nada.

Agora sou professora no ensino público. Obviamente que as coisas não são perfeitas, mas em lado nenhum o são. Mas tenho um horário a cumprir, responsabilidades atribuídas, e mais não me é exigido. Durante os primeiros tempos nesta escola, senti que a Escola Técnica e Profissional de Mafra (ETPM) me fez uma lavagem cerebral brutal, e só percebi realmente isso, saindo de lá.

Não me arrependo nem por um segundo de ter saído de lá, porque sei que o mais importante, as pessoas boas que conheci, estarão sempre comigo, no matter what".

sábado, dezembro 01, 2012

Duas rações

"Cobrar propinas no ensino obrigatório? O dr. Passos levantou a cortina. Felizmente, teve o tino necessário para voltar a fechá-la. Fez bem.
Não por existir uma contradição entre ‘obrigatório’ e ‘pago’. Mas porque existe uma contradição entre a teoria liberal do primeiro-ministro e a prática iliberal do seu governo. Em teoria, a ideia de um utilizador-pagador faria sentido, desde que o Estado moderasse a sua voragem fiscal e garantisse ensino de qualidade apenas a famílias de menores rendimentos. O problema é que, conhecendo o que a casa gasta, o mais provável era que os portugueses pagassem a dobrar: através de impostos exorbitantes e de propinas exorbitantes. Uma espécie de ‘socialismo liberal’ em que só o Estado ficaria a ganhar.
Enquanto persistir o confisco da riqueza individual, falar de propinas, taxas e outros co-pagamentos não é uma forma de emagrecer o monstro. É uma forma de o continuar a alimentar com duas rações diárias".
 
João Pereira Coutinho
CM

quinta-feira, novembro 29, 2012

A ignorância de Passos Coelho não tem fim

Para o constitucionalista Jorge Miranda taxar o ensino secundário é manifestamente inconstitucional uma vez que a partir do momento em que o Governo o tornou obrigatório este tem de ser obrigatoriamente gratuito.
Qualquer leigo na matéria consegue perceber isto. Menos Passos Coelho.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Diretores pedem suspensão da avaliação de professores

"O Conselho de Escolas, órgão consultivo do Ministério da Educação e Ciência formado po 60 directores de escolas, recomendou ao Governo que suspenda a avaliação de professores e adopte este ano lectivo um modelo simplificado, devido a dúvidas em torno da sua aplicação e porque a considera inútil, uma vez que a progressão na carreira está congelada.
O CE colocou ao MEC 40 questões, entre elas o facto de os avaliadores externos não terem tido formação. Ao CM, o MEC disse que os avaliadores já têm experiência, mas receberão formação. A tutela não esclareceu contudo se está disponível para suspender o modelo.
Mário Nogueira (Fenprof) diz que "ninguém tem de pedir observação de aulas". A lei diz que é obrigatório ter aulas observadas para passar aos 3.º e 5.º escalões ou para obter a nota máxima de Excelente, devendo a observação de aulas ser requerida num dos dois últimos anos do ciclo avaliativo até Dezembro.
Mas Nogueira lembra que o congelamento da carreira condiciona todo o processo. "Este ano lectivo não há atribuição de menção classificativa e ninguém termina o ciclo avaliativo porque a carreira está congelada. É so preciso entregar um relatório de auto-avaliação no final do ano. Quem precisar de aulas observadas faz o requerimento quando a carreira estiver descongelada. Pode pedir já e fica despachado, mas pode deixar para mais tarde", disse, adiantando que a Fenprof vai colocar no seu site um documento com esclarecimentos devido às muitas dúvidas que têm surgido entre a classe docente.
No entanto, Mário Nogueira, concorda com a suspensão pedida pelos directores, uma vez que as dúvidas em torno da aplicação do modelo estão a levar os directores e os Centros de Formação de Associações de Escolas (CFAE) a fazer interpretações muito diferentes.
"É bom que pare porque estamos a assistir a muitos disparates. A lei diz que as aulas observadas já realizadas no anterior modelo podem ser recuperadas mas sabemos que no distrito da Guarda os CFAE estão a recusar".
Manuel Esperança, presidente do CE, refere ainda que nas escolas e agrupamentos cuja agregação com outras está agora em curso existem também muitas dúvidas. O responsável deixa ainda um esclarecimento: "Fique claro que nós não parámos a avaliação. Fizemos uma recomendação ao governo, colocámos diversas questões e agora vamos aguardar", afirmou".
 
CM

terça-feira, novembro 27, 2012

As principais medidas de austeridade para a Função Pública

"A Administração Pública volta a ser penalizada em 2013, em nome da consolidação orçamental. A redução prevista dos gastos com pessoal (cerca de 730 milhões de euros) suporta a grande fatia do total da diminuição da despesa (1.025 milhões). Conheça as principais medidas para o sector público.
1
redução de salários

A redução salarial para os funcionários públicos mantém-se no próximo ano. Assim, os salários acima de 1.500 euros brutos continuam com os cortes entre 3,5 e 10%, que já vêm sendo aplicados desde Janeiro de 2011.
2
sem o subsídio de férias
O subsídio de férias será cortado na íntegra para quem tem um salário acima de 1.100 euros. Já o subsídio de Natal será reposto, mas em duodécimos, uma medida que implicará um acréscimo da despesa da ordem dos 800 milhões de euros. Por sua vez, quem ganha menos de 600 euros terá direito aos dois subsídios. Já quem ganha entre 600 e 1.100 euros será aplicada uma taxa progressiva no subsídio de férias. Por exemplo, um trabalhador que ganhe mil euros só terá direito a cerca de 120 euros deste subsídio.
3
progressões proibidas

Em 2013 mantém-se ainda a proibição, como regra geral, de valorizações remuneratórias decorrentes de promoções ou progressões na carreira, tal como já acontecia desde 2011. Mantém-se igualmente a proibição de atribuir prémios aos gestores das empresas e institutos públicos. Porém, os militares podem progredir desde que não haja aumento da despesa.
4
menos trabalhadores

Para os próximos dois anos, o Governo terá de cumprir a meta de redução de pessoal de 2% ao ano acordada com a ‘troika'. O Executivo já admitiu que em 2012 essa meta será ultrapassada, fixando-se em cerca de 3%. A redução de pessoal é feita principalmente com as saídas para aposentação e restrições nas novas contratações. O Governo espera uma poupança de 330 milhões de euros em 2013 com esta medida.
5
contratos a termo

Além da redução anual em 2% do número de trabalhadores, o Governo estabelece para 2013 um corte de 50% do número de contratos a termo. Mas haverá excepções, como é o caso das polícias e dos militares.
6
horas extra valem menos

Os funcionários públicos com horário de 35 horas semanais (a maioria) terão uma redução adicional de 50% no pagamento das horas extraordinárias. Recorde-se que o Governo já deixou implícito que em breve será revista a organização e tempo de trabalho no Estado.
7
Idade da reforma

No próximo ano, a idade exigida para a reforma passa dos actuais 63 anos e seis meses para os 65 anos já em Janeiro. Mas quem entregar o pedido de aposentação ainda este ano, escapa a esta nova regra. A fórmula de cálculo também será mais penalizadora.
8
baixas por doença

As baixas por doença passam a ser pagas apenas ao quarto dia de falta (e não logo no primeiro, como actualmente) e sofrem uma redução de 10%, sem possibilidade de reembolso".
 
Diário Económico 

sábado, novembro 24, 2012

Saída de professores poupa 6,1% na despesa do Estado

"A saída de professores das escolas públicas já se está a reflectir nas contas do Estado. No mês de Outubro, a despesa com o pessoal no Estado caiu 6,1% face ao mesmo mês de 2011, revela a DGO no boletim de Outubro.
Este resultado compara com obtido em Setembro, quando a despesa recuou 4,9% face ao mesmo mês do ano passado.
"Esta evolução é justificada pela diminuição de encargos no ano letivo 2012/2013, em resultado da redução do número de docentes dos estabelecimentos de ensino não superior", justifica a DGO".
 
Diário Económico

quarta-feira, novembro 21, 2012

Turmas no ensino básico público são mais baratas que no privado

"O Ministério da Educação e Ciência (MEC) pagou 19,3 milhões de euros a mais às escolas privadas com contratos de associação no ano lectivo 2012/2013. Em causa estão as 1292 turmas dos 2º e 3º ciclo do ensino Básico privado, que custam cerca de 109 milhões de euros aos cofres do Estado, tendo em conta os 85 228€/turma pagos pelo ministério. No ensino público, porém, cada turma custa 70 555 €, segundo o estudo revelado ontem pelo MEC.
No que diz respeito aos custos com as turmas do Secundário, os contratos de associação com o ensino privado permitem um encaixe de 2,3 milhões de euros ao Estado, uma vez que cada uma custa cerca de 90 mil euros no ensino público.
O estudo refere que o custo médio por turma é de 86 333€ e por aluno é de 4011€ – em Outubro o Tribunal de Contas, referia 4415 €. Para o secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova, estes valores permitem rever "o financiamento público dos estabelecimentos com contratos de associação e estudar o reordenamento da rede escolar".
A Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo critica o estudo por não incluir despesas com manutenção, equipamento e edifícios".
CM

segunda-feira, novembro 19, 2012

Gaspar confirmou o que já era esperado

Mobilidade especial para toda a função pública. Ou seja, os professores também serão incluídos. Uma entrada nestes quadros pode significar um corte de cerca de 50% no ordenado. É só boas notícias.

terça-feira, novembro 13, 2012

Bode expiatório

"A fúria que muitos sentem relativamente à chanceler alemã Angela Merkel é compreensível. Mas não foi Angela Merkel a responsável pelo estado a que chegámos, pela crise em que nos mergulharam, pelo enorme endividamento das famílias ou pelos esquemas de corrupção que exauriram as contas públicas.
Foi Cavaco Silva, e não Merkel, que enquanto primeiro-ministro permitiu o desbaratar de fundos europeus em obras faraónicas e inúteis, desde piscinas e pavilhões desportivos sem utentes, ao desnecessário Centro Cultural de Belém. Foi o seu ministro Ferreira do Amaral que hipotecou o estado no negócio da Ponte Vasco da Gama.
Foi António Guterres, e não Merkel, que decidiu esbanjar centenas de milhões de euros na construção de dez estádios de futebol. Foi também no seu tempo que se construiu o Parque das Nações, o negócio imobiliário mais ruinoso para o estado em toda a história de Portugal. Foi mais tarde, já com Durão Barroso e o seu ministro da defesa Paulo Portas, que ocorreu o caso de corrupção na compra de submarinos a uma empresa alemã. E enquanto no país de Merkel os corruptores estão presos, por cá nada acontece.
Mas o descalabro maior ainda estava para chegar. Os mandatos de José Sócrates ficarão para a história como aqueles em que os socialistas entregaram os principais negócios de estado ao grande capital. Concederam-se privilégios sem fim à EDP e aos seus parceiros das energias renováveis; celebraram-se os mais ruinosos contratos de parceria público--privada, com todos os lucros garantidos aos concessionários, correndo o estado todos os riscos. O seu ministro Teixeira dos Santos nacionalizou e assumiu todos os prejuízos do BPN.
Finalmente, chegou Passos Coelho, que prometeu não aumentar impostos nem tocar nos subsídios, mas quando assumiu o poder, fez exactamente o contrário. Também não é Merkel a culpada dessa incoerência, nem tão pouco é responsável pelos disparates de Vítor Gaspar, que não pára de subir taxas de imposto. A colecta diminui, a dívida pública cresce, a economia soçobra.
A raiva face aos dirigentes políticos deve ser dirigida a outros que não à chanceler alemã. Aliás, os que fazem de Angela Merkel o bode expiatório dos nossos problemas estão implicitamente a amnistiar os verdadeiros culpados".
 
Paulo Morais
CM

quarta-feira, novembro 07, 2012

"Franchising"

"O ministro da Educação assinou um acordo para importar o sistema de ensino alemão.
Apaixonado pelo que viu na Alemanha, Nuno Crato quererá promover em Portugal, decerto em regime de franchising, um sistema que, mesmo em versão original, já é mau.
Dizem os alemães que tal sistema educativo é responsável pelo grave problema de iliteracia que afeta 7,5 milhões de jovens com mais de 14 anos; mas também dizem as estatísticas do desemprego que esta chaga social atinge mais os que, tendo sido discriminados precocemente, foram, irremediavelmente, atirados para as vias profissionais.
Este franchising barato a que Crato aderiu é, contudo, coerente com o que parece ser o pensamento pós-eduquês em si centrado: crianças precocemente desviadas para percursos de menor qualidade, alunos com dificuldades de aprendizagem empurrados para vias profissionalizantes e vocacionais, alunos com deficiência devolvidos às instituições. Temos um ministro que deixa evidente o conceito de "inclusão" que impera neste governo: de pequenino se segrega o menino! Não surpreende".
 
Mário Nogueira
CM

domingo, novembro 04, 2012

Mudanças no ensino

"Os cursos profissionais são uma boa solução. A via da profissionalização no ensino secundário com ligações às empresas também. O fim de licenciaturas, mestrados e doutoramentos por falta de qualidade aplaude-se igualmente. Há, globalmente, bons objetivos nas reformas que se estão a tentar implementar na educação nacional. Mas é preciso cuidar e adequar os modelos à realidade portuguesa.
Na aplicação do modelo alemão de ensino vocacional, estamos perante uma boa via que permite injetar no mercado profissionais com qualificações intermédias, trabalhando desde o início com empresas que deles necessitam e lhes garantam empregos. Mas não pode ser um caminho sem retorno logo após o ensino primário: aos dez anos (em média) é demasiado cedo para perceber as qualidades e qualificações dos alunos; e é injusto obrigar esses mesmos alunos e os pais a fazerem tal opção sem permitir que exista retorno; e é impensável que a solução seja "empurrar" para esta solução os estudantes com qualificações e notas mais baixas.
No ensino superior é grave que a Agência externa de Avaliação e Acreditação tenha detetado falta de qualidade num quarto dos cursos que já avaliou. E que existia a ideia de que esta média de "chumbos", que foi aplicada a 107 dos 420 cursos analisados, se mantenha no que falta avaliar das 3500 ofertas que existem no País. O boom das universidades privadas e o valor das propinas levaram a que o ensino superior se tivesse tornado um bom negócio. Mas nem sempre num bom serviço. Que a peneira permita aposta na qualidade em vez da quantidade é muito importante. Mas é preciso que as avaliações contenham critérios regionais e financeiros e não se rejam apenas por questões técnicas".
DN

quinta-feira, novembro 01, 2012

Salários sempre a baixar

O "Correio da Manhã" escreve que os vencimentos líquidos de milhares de portugueses vão descer drasticamente no próximo ano. O salário médio líquido em Portugal, que não ultrapassou os 808 euros este ano, vai cair cerca de 150 euros se o Governo não alterar a política que definiu para o IRS no Orçamento do Estado para 2013.
Segundo as estimativas do jornal, os trabalhadores que este ano têm na folha de vencimento um salário bruto de mil euros levam para casa cerca de 800 euros após a retenção na fonte e os descontos para a Segurança Social. No próximo ano, o mesmo salário bruto sofre uma redução significativa: cai para 654 euros, o que equivale a uma perda de 146 euros.
Na prática, enquanto o trabalhadore deixa este ano 20% do seu vencimento nos cofres do Estado, no próximo ano entrega 24,6%, mais de um terço do seu rendimento.

domingo, outubro 28, 2012

O cerco à "tranquilidade" de Relvas

"Façamos uma breve análise aos factos decorrentes das investigações jornalísticas dadas à estampa esta semana e, em especial, à do jornal "Expresso", na sequência da auditoria feita a 120 processos de licenciaturas da Universidade Lusófona conseguidas com base nos créditos atribuídos em função do reconhecimento da carreira profissional dos alunos. Desta avaliação da Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) ficamos a saber que o atual ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares foi o único estudante a ser contemplado com 160 créditos. Mas esta é apenas uma das proezas do compagnon de route de Pedro Passos Coelho. Relvas terá ainda recebido equivalências a cadeiras como Teorias Políticas Contemporâneas II e Língua Portuguesa III e IV que não existiam no ano letivo de 2006/07, quando se tornou aluno daquela universidade privada. Na aparente embrulhada que envolve todo este processo sabe-se também que a inscrição do agora ministro foi feita em novembro de 2006 quando a data- -limite seria agosto.
Perante esta trapalhada, o ministro da Educação, e colega de Relvas no Executivo, não teve outra saída que não fosse a de sancionar com uma advertência formal a Lusófona por não cumprir as recomendações da IGEC relativamente aos processos de creditação profissional. Até porque, considera Nuno Crato, "a dignidade de todo o labor universitário e a correspondente confiança que as famílias, os estudantes e o país nele depositam não são consentâneos com a morosidade na mudança de atitude quanto à clareza e rigor dos atos universitários, designadamente no que se refere à certificação de competências profissionais". Ou seja, por muito meritória ou legal que seja - e até desejável em algumas circunstâncias -, a creditação profissional não pode - ou não deve - substituir-se de forma cega à vivência universitária. E muito menos quando os processos pecam pela falta de transparência.
É, por isso, que esperamos agora para ver o resultado prático da decisão de Crato que, diz-se, pode levar à retirada das polémicas licenciaturas. Nada que, aparentemente, incomode Miguel Relvas, que já se manifestou de "consciência tranquila" relativamente a mais esta avalanche de novos dados sobre a sua peculiar condição académica. Fez até saber que quer que tudo seja apurado quanto às licenciaturas da Lusófona. Este será, porventura, um dos poucos pontos nos quais os portugueses convergem com a opinião do ministro-adjunto. Não só queremos, como o exigimos.
Com este cenário a enquadrar o fim, ontem, das jornadas parlamentares conjuntas PSD/CDS, outra colega de Relvas no Conselho de Ministros, Paula Teixeira da Cruz, afirmou perante os deputados da coligação governamental que "a classe política tem que ser exemplar" porque, caso contrário, "perdemos a legitimidade". Não sabemos que recado pretendeu passar a titular da pasta da Justiça, mas as suas palavras foram claras: "se nós [os políticos] não formos referências, dificilmente os portugueses aceitarão sacrifícios". Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos".
 
Alfredo Leite
JN

terça-feira, outubro 23, 2012

Obviamente, contra

"A terem um pingo de vergonha, os deputados do PSD e do CDS terão de votar contra o Orçamento de Estado de 2013 (OE 2013). Esta é a única atitude aceitável, uma vez que se candidataram com um programa eleitoral exactamente oposto ao confisco fiscal que Vítor Gaspar pretende aplicar. O objectivo do ministro das Finanças é indisfarçável: tentar arrecadar o máximo de impostos aos cidadãos e às empresas, para, por um lado, tentar baixar o défice e, por outro, continuar a alimentar os privilégios dos poderosos que se lambuzam com os dinheiros do estado.
São estes os protegidos de Gaspar que, além de abocanharem os recursos públicos, são poupados a esta fúria fiscal. O património imobiliário dos especuladores está titulado em fundos isentos de IMI e IMT, as fundações fantasma dos milionários estão dispensadas de pagar o IMI, IRC, imposto automóvel e de circulação. E até os rendimentos de capital são tributados a níveis bem inferiores aos do trabalho.
Quanto ao resto, Gaspar tributa em tudo o que mexe. O trabalho é penalizado com o aumento de IRS, o que terá como consequência imediata o fim da classe média; Gaspar martiriza o consumo com taxas de IVA obscenas, acarretando falências em massa, em particular na área da restauração. O património habitacional é fustigado com o aumento do IMI, arruinando os orçamentos familiares dos que, de forma imprevisível, vêem os seus encargos aumentar, justamente quando os rendimentos diminuem.
Os deputados da maioria estão pois obrigados a combater este terrorismo fiscal. Os do PSD porque, em campanha eleitoral, recusaram liminarmente qualquer aumento de impostos. O caso dos parlamentares centristas é ainda mais grave, porquanto recentemente o líder do seu partido assumiu que a carga fiscal é insuportável e qualquer agravamento seria inadmissível. Se, violando o mandato que receberam do povo, os parlamentares centristas e social-democratas aprovarem o OE 2013, perceber--se-á que estes cavalheiros não dispõem de vontade própria. São assim marionetas das direcções partidárias a quem devem o mandato e, o que é mais grave, instrumentos dos intocáveis, esses malditos poderosos que se continuarão a alimentar dos despojos da nossa tortura fiscal".
 
Paulo Morais
CM

domingo, outubro 21, 2012

O que diz Mário Nogueira sobre a vinculação de professores contratados

Correio da Manhã – O Governo anunciou que podem concorrer à vinculação extraordinária no quadro docentes contratados com dez ou mais anos de serviço. Como comenta?
Mário Nogueira – Não esperava isto. O código de trabalho diz que o limite de contratos a termo são três anos, e há uma directiva comunitária para aplicar isto no público. Tudo vai depender das vagas que decidirem abrir; por isso até podiam exigir os três anos de serviço.
– O que fará a Fenprof?
– Vamos negociar, ver qual a margem de manobra, mas se o Ministério da Educação avançar com isto nestes termos, não merecerá o nosso acordo e entraremos com acções nos tribunais nacionais para a directiva comunitária ser cumprida.
– Quantos professores estima que serão vinculados?
– A expectativa é que seja uma coisa quase simbólica, para justificar o ministro em Junho ter anunciado isto. No grupo de Informática ou de EVT, dificilmente há gente com dez anos de serviço.
– Os docentes vão ter de concorrer a nível nacional.
– É um exagero, porque professores com 18 anos de serviço podem ir parar longe de casa, continuando a ganhar 1300 euros líquidos, mesmo que sejam colocados no 6.º ou 7.º escalão, porque as carreiras estão bloqueadas.

terça-feira, outubro 16, 2012

A culpa é do povo

"A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes sentir raiva e exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia".
 
Paulo Morais
CM
 

sábado, outubro 13, 2012

Ricos professores ricos

"Os professores portugueses vão subir de ricos professores a professores ricos. O governo assim os quer na proposta de orçamento para 2013.
Não podendo ir para os escalões mais altos da sua carreira há muito congelada passarão a integrar os escalões mais altos de IRS. É mais uma generosa forma de descompensação forçada. Docentes taxados como ricos têm de ser ricos à força. Pedagogicamente é a melhor riqueza.
Por ora, segundo o relatório da rede Eurydice da Comissão Europeia, divulgado no Dia Mundial do Professor, já estão entre os mais afortunados da Europa ao lado dos espanhóis, gregos e irlandeses. Viram os bolsos dos seus rendimentos aliviados em média 20% entre 2010 e 2012. Coisa pouca.
Eurydice vê mais. Os professores levam 34 anos para chegar ao topo da carreira quando a média europeia fica entre 15 e 25 anos. Somos mais lentos a fazer escalada quando a escalada dos preços é vertiginosa em Portugal e a descida dos vencimentos e pensões brutal. A Eurydice é velhaca. Bem podia estar calada. Só sente na pele quem sabe.
"O presidente da República, como referiu no discurso pronunciado no beco onde se comemorou o 5 de Outubro, elogiou os professores que têm um "papel fundamental" que "tem de ser valorizado". Quer a Educação como a "grande causa republicana do novo milénio". Mil anos acho pouco. tanto mais que já foram consumidos ingloriamente doze anos a desanimar.
Eu disse beco. Enganei-me como sempre e tenho dúvidas se é beco, viela, ou lugar esconso. Sei que se chama Praça da Galé. Parece um claustro que evita a ruidosa claustrofobia que a Praça do Município provoca a intrépidos políticos. Ainda assim uma mulher histérica aos gritos e outra a cantar Lopes Graça conseguiram entrar. Não tem graça nenhuma. E não era a bandeira que estava ao contrário. O país é que foi virado de patas para o ar.
Bagão Félix considerou o Orçamento para 2013 "um terramoto fiscal" que vai dar cabo da economia. Só não avalia se tem grau 7, "destruidor", ou grau 8, "devastador". Acho que o grau é 20, "redentor".
O terramoto de 1755 e o maremoto subsequente, com amplitude semlhante a este, não deixaram pedra sobre pedra. matando milhares em todo o país. Mas teve um efeito resgatador. Permitiu ao Marquês de Pombal, entre muitas outras medidas, reformar o ensino, criar uma escola primária em cada freguesia e instituir o cargo de Director Geral de Estudos para recrutamento de professores a quem deu privilégios que só a nobreza possuía. Com a extinção da Direcção Geral de Estudos foi criada a Real Mesa Censória que passou a controlar escolas e professores.
Os que sobreviverem ao terramoto de 2013 só devem estar infinitamente gratos ao governo. Os que não puderam entrar no Pátio que sejam desterrados para as galés.
Os professores, que enjoam facilmente em terra e não sabem gritar nem cantar, o ministro deve impor-lhes em casa uma mesa censória real para aliviar descontentamentos pueris. E uns continuarem no desemprego; os outros para não amimarem os seus ricos alunos.
A "grande causa republicana" exige que a maioria dos portugueses sejam taxados como ricos e domados como pobres de espírito".

quarta-feira, outubro 10, 2012

Mais Estado e pior Estado - crónica de Santana Castilho

1. A portaria nº292-A/2012 cria “cursos vocacionais” no ensino básico. Formalmente, caiu a intenção arrepiante de obrigar crianças de tenra idade a aprender um ofício. Mas tudo está ordenado para produzir o mesmo efeito. O diploma está abaixo do medíocre: redigido em Português pobre, tecnicamente deplorável quanto à substância, pejado de intenções de parcerias e protocolos indefinidos, não passa de uma nova versão dos Cursos de Educação e Formação, de má memória. O alvo confessado são os que chumbam mais que duas vezes. A razão por que chumbam não interessa. O cinismo não se disfarça quando se fala de crianças de 13 anos a “optarem” por um destino de vida. O acto falhado radica na qualificação de “regular” para o outro ensino, o intelectual, deixando a este, por antinomia óbvia, a condição de “irregular”. Que diria Crato, do “Plano Inclinado”, dos disparates que Crato, ministro, escreveu no artigo 9º da portaria? Que será “avaliação modular”? A que título, quando estatui sobre avaliação, confunde com ela considerações metodológicas e didácticas? Que brincadeira é aquela de quatro relatórios finais, a serem redigidos por crianças do ensino básico, que chumbaram duas ou três vezes, certamente a Português, como instrumento central de uma presumível classificação, a que ministro chama avaliação? Onde fica o seu rigor, com a trapalhada que consagra nos artigos 10º e 11º? Se o aluno se contentar em ficar por ali, o que fez “habilita”. Se quiser ir para o tal ensino “regular”, o que fez já não habilita?
Entendamo-nos, em seis linhas. A lei estabelece um ensino básico. Quer isso dizer que é desígnio da sociedade que todos os portugueses obtenham um conhecimento mínimo, básico. O que está fixado e não outro. O ensino profissionalizante deve vir depois. Como ensino tão “regular” como o outro. Com igual dignidade, livremente escolhido, quando a maturidade o permita, com orientação vocacional séria e cooperante, sem marca social de origem nem estigma de chumbos acumulados.
2. Mesmo num quadro bem visível e persistente de desorientação e vacuidade de ideias úteis, surpreende a facilidade com que Nuno Crato dá tiros no próprio pé. Mal os tribunais decidem sobre um atropelo à lei, é vê-lo partir para outro, fora de tempo, qual cavaleiro de triste figura. Quem, equilibrado, se lembraria de decidir, agora e contra uma prática estabilizada desde 2007, que os exames do 12º ano passariam a versar as matérias do 10º e 11º, também? Felizmente que, desta feita, a asneira foi engolida numa semana. Mas deixou mais um estilhaço da credibilidade há muito implodida.
3. Nuno Crato tutela a Parque Escolar, um símbolo do desvario político que nos trouxe ao abismo. Tem uma dívida próxima dos 2.000 milhões de euros. Em 2011, enquanto Crato despediu professores aos milhares, essa empresa mais que duplicou o seu pessoal, aumentando a respectiva despesa para 13 milhões de euros. Sem que nada tenha acontecido aos responsáveis, ultrapassou em 70 por cento o orçamentado desempenho da sua actividade e pagou 105 milhões de euros a arquitectos e 750 mil a advogados, sem maçadores concursos públicos. E sem que o ministro pestaneje ou Gaspar fale mais rápido que o costume, acaba de lançar um concurso público de 98 mil euros para que, pasme-se, … lhe digam quanto valem as escolas que o casino do Estado lhe colocou no regaço. Isto, mais os 61 mil pagos a Sérvulo Correia e Associados (que se somam aos 32 mil de que não se fala, ajustados por boca logo que o Governo tomou posse) é tão-só uma gota nas desvergonhas do Estado.
4. Os detalhes precedentes, graves em si mesmos, são mais graves na medida em que ilustram a incapacidade de um trio patético de governantes para o ensino não superior, incapazes de fazer algo planeado e sério, para além de complicarem inutilmente a vida dos professores e dos alunos e criarem mais Estado, mas pior Estado. E são ainda mais graves na medida em que não constituem excepção. Outrossim marcam um colectivo em decomposição acelerada.
Como já todos entenderam, o aumento de impostos é a prazo ineficaz. Por exaustão dos contribuintes, a quebra das receitas é a resposta perversa, mas certa. Entrámos num vórtice de que só sairemos com outros governantes, minimamente conhecedores da realidade nacional. A insolência destes vai acabar incumprindo o incensado memorando. Pelo meio ficará um caminho juncado de cadáveres, no dizer do novo bispo vermelho, fruto de uma governação por catálogo, obsessiva e sem sentido, que recusou propostas e avisos de todos os quadrantes, com o único argumento, democrática e socialmente terrorista, de que não há alternativas. Este é o paradoxo de Passos. Queria menos Estado e melhor Estado. Vai partir com mais Estado e pior Estado.
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terça-feira, outubro 09, 2012

Sempre a malhar na função pública

Até o único subsídio a receber será pago em duodécimos. Mais de 42 mil contratados a prazo serão dispensados no próximo ano. Idade da reforma passa para os 65 anos.

segunda-feira, outubro 08, 2012

Nuno Crato recuou

Depois da contestação gerada era certo que o governo iria recuar na decisão de incluir a matéria dos três anos do secundário nos exames do 12º ano. Felizmente que acabou por imperar o bom senso, ainda que isso só tenha acontecido porque os pais e alunos contestaram a medida.

sábado, outubro 06, 2012

Salários. Professores portugueses entre os mais afectados pela crise

"Os professores portugueses estão entre os docentes da Europa que mais sofreram com as medidas de austeridade. Os cortes salariais na ordem dos 20% colocam esta classe entre as que mais foram lesadas com a crise económica, a par dos colegas espanhóis, gregos ou irlandeses.
A conclusão surge no relatório ontem divulgado pela Comissão Europeia que analisou os vencimentos e subsídios de professores e directores na Europa, no ano lectivo 2011-2012, concluíndo que, em 16 dos 32 países estudados, os salários dos professores foram reduzidos ou congelados, como consequência da conjuntura económica.
Depois do corte médio de 5% nos salários de 2011, pagamento dos subsídios de férias e de Natal da classe docente em Portugal foi suspenso, tal como aconteceu com os funcionários públicos. As medidas representaram um corte médio de cerca de 20% nos rendimentos dos docentes entre 2010 e 2012.
Divulgado ontem para assinalar o Dia Mundial do Professor, o relatório elaborado pela rede Eurydice mostra, no entanto, que o golpe nos vencimentos da classe docente foi mais profundo na Grécia, onde o salário base sofreu uma quebra de 30% e o governo deixou de pagar os subsídios de Natal e Páscoa.
A Irlanda, por seu turno, reduziu no ano passado os vencimentos dos novos professores 13% e reduziu ainda 20% os rendimentos de todos os docentes que ingressaram no ensino a partir de Janeiro deste ano. Em Espanha, os salários da classe docente e dos restantes funcionários públicos tiveram em 2010 cortes de 5% e deixaram também de ser ajustados à inflação.
O relatório da Comissão Europeia mostra ainda que, em média, é preciso esperar entre 15 e 25 anos para um professor atingir o topo salarial na maior parte dos países mas, em Portugal, Espanha, Itália, Hungria, Áustria e Roménia, “são necessários 34 anos ou mais para conquistar o salário máximo”. De acordo com o documento da Eurydice, o salário máximo dos professores mais antigos é, por regra, duas vezes superior ao salário mínimo dos colegas mais novos. Em Portugal, segundo os dados da Federação Nacional de Professores, um docente com 15 anos de serviço viu o seu ordenado bruto ser reduzido em 2011 de 1982 euros para 1913. No caso dos contratados com mais de 20 anos de serviço, o seu salário bruto é de 1373, recebendo (salário líquido) cerca de 1040 euros".
Jornal i

quarta-feira, outubro 03, 2012

terça-feira, outubro 02, 2012

Mais uma sacanice do Nuno Crato

Exames do 12º ano vão incidir sobre matéria dada nos três anos do secundário. Até aqui tudo bem. O que é extremamente injusto, para não lhe chamar outra coisa, é que esta medida se aplique aos alunos que estão no 11º e 12º anos. Vão ser tantas as reclamações que estou convencido que esta medida só se irá aplicar aos alunos que se matricularam este ano no 10º ano. Haja bom senso.

segunda-feira, outubro 01, 2012

Professores portugueses com mais stress do que população americana

"Os professores portugueses têm um nível de stress superior à população norte-americana, considerada uma das sociedades mais stressadas, conclui um estudo sobre o esgotamento físico e mental dos docentes portugueses.                           
Alexandre Ramos, autor do estudo sobre burnout (esgotamento físico e mental) entre os docentes portugueses, explica que, com base nas suas conclusões, “a grande maioria dos professores encontra-se em níveis médios e baixos de burnout, mas nenhum se encontra no estado de ausência [de burnout], o que parece ser preocupante”.
“Se queremos preservar a qualidade de ensino nas escolas, é indispensável preocuparmo-nos seriamente e imediatamente com a saúde dos professores”, alerta o especialista, que considera o problema preocupante por causa da qualidade de ensino nas escolas.
Os factores que o psicólogo clínico e de aconselhamento aponta como contributos para a situação de burnout são “a indisciplina dos alunos, as más relações com os colegas de trabalho e com a direcção, a carga objectiva de trabalho e a burocracia”.
O investigador recorda que “um nível muito elevado de burnout está altamente associado a problemas de saúde e absentismo no trabalho”.
Os sintomas de mau estar ocupacional mais relatados são a falta de tempo para a família e amigos, dores musculares, de coluna e de cabeça, perda de energia e cansaço, irritabilidade e perda de paciência com facilidade, esquecimentos e sentimento de falta de reconhecimento profissional.
 Alexandre Ramos realizou dois trabalhos: um estudo na Escola Secundária de Camões (com 26 dos 140 professores) e outro abrangendo dez escolas a nível nacional. Quando comparou o nível de stress dos professores com dados obtidos em 2002, o investigador verificou, contudo, que se regista uma ligeira descida, passando de 19,17 para 17,45%.
O investigador também concluiu que os professores menos propensos a burnout são os de informática e avança uma possível explicação: “Talvez os níveis de indisciplina sejam menores nessas aulas, pois os alunos estão mais ocupados a trabalhar no computador”.
Por outro lado, as professoras tendem a apresentar níveis de “stress percebido” e alguns sintomas de mau estar ocupacional, físicos e emocionais significativamente superiores aos homens.
Já os professores do sexo masculino “tendem a revelar níveis mais altos de despersonalização ou cinismo, o que significa olhar para os alunos e vê-los como meros objectos”, acrescenta".
Público

quinta-feira, setembro 27, 2012

A OCDE põe a nu afirmações falsas do ministro - crónica de Santana Castilho

A OCDE publicou o seu habitual relatório “Education at a Glance”, com o qual pretende influenciar as políticas seguidas pelos países membros, em obediência aos dogmas da economia de livre mercado. Se é certo que a educação não pode ignorar as realidades económicas, não menos certo é que a sua missão primeira é desenvolver pessoas, que não mercados. Eis a razão por que olho com reserva o que a OCDE conclui sobre os sistemas educativos. Porém, é de estudos da OCDE, adulterados ou parcialmente lidos, que os detractores dos professores e da escola pública se socorrem muitas vezes para envenenar a opinião pública. Por isso, faz sentido trazer a público alguns dados que desmentem as últimas atoardas propaladas.

São as escolas mais autónomas? Não! 78 por cento das decisões são tomadas a nível central e 22 por cento a nível das escolas (dados de 2011, gráfico D6.1, publicação em análise). A autonomia das escolas melhorou, como diz o discurso oficial? Não! Foi reduzida para metade! Em 2007, as escolas tomavam 43 por cento das decisões (gráfico D6.6).

Nuno Crato disse na TVI que a população escolar tinha diminuído em 200 mil alunos nos últimos três anos. Não é verdade. A população escolar teve um crescimento de 71.883 alunos, como fundamentei no meu artigo de 12.9.12. Ao “Sol” (7.9.12) disse o ministro: “… A natalidade diminuiu, o número de estudantes diminuiu, daqui a quatro anos vai diminuir ainda mais …”. Falso, diz também a OCDE! Nas projecções que estabelece para 2015 (gráfico C1.3) consta um decréscimo de alunos (dois por cento) na faixa etária dos cinco aos 14 anos, largamente compensado com o acréscimo (10 por cento ou mais) para a classe dos 15 aos 19 anos. A OCDE, comentando o quadro citado, refere como excepção aos reflexos da demografia no número de alunos matriculados os casos da Dinamarca, Noruega, Israel, Luxemburgo, México, Portugal e Turquia. Nuno Crato ignorou que acabaram de chegar ao sistema os primeiros alunos atingidos pela extensão do ensino obrigatório até aos 18 anos. E ignorou que cerca de 50 por cento da população jovem ainda não completa o ensino secundário. É grave, seja qual for a razão por que o fez.

A frase malévola “temos menos alunos por professor do que a Áustria”, deixada cair por Nuno Crato na entrevista ao “Sol”, é esclarecida pela OCDE, no que importa. O tamanho médio das turmas portuguesas em 2010, antes portanto das alterações determinadas por Nuno Crato, é superior, portanto pior, à média da OCDE e ao tamanho das turmas na Áustria (gráfico D2.2). Se nos ativermos ao ensino básico, a posição da Áustria é mais favorável (10 níveis de diferença) que a de Portugal (gráfico D2.1). Com o aumento do número de alunos decretado por Nuno Crato, sairemos do meio para a cauda da tabela. Que pretendeu o ministro, que não tem carência de conhecimento para interpretar indicadores estatísticos, quando se alistou no grupo dos que confundem a dimensão das turmas, com que os professores realmente trabalham, com uma relação descontextualizada entre os números totais de professores e alunos? Confundir, deliberada e maliciosamente, a opinião pública? Essa relação directa só permitiria comparações quando corrigida por variáveis que Nuno Crato não pode ignorar, a saber, entre outras: número de disciplinas por aluno (uma só turma pode ter uma dezena de professores); professores absorvidos pela infernal máquina administrativa do ministério; professores destacados em sindicatos; professores afastados do sistema, por desempenho de outras funções públicas não relacionadas com a educação; professores com horários exíguos, contabilizados como se tivessem horários completos; professores com redução da componente lectiva, por problemas de doença; professores envolvidos no Programa Integrado de Educação e Formação (último recurso para jovens problemáticos, que supõe turmas muito pequenas e tutorias especiais); professores que suprem necessidades educativas especiais (cegos, surdos, deficientes motores ou mentais, por exemplo) e número de horas consumidas pelos professores em tarefas burocráticas, grotescamente inúteis.

Observada no conjunto dos indicadores, a fotografia do país não é boa. Mas quando os gráficos reflectirem as inevitáveis consequências sobre os alunos da degradação da actividade profissional dos docentes e da precariedade e insegurança que Nuno Crato lhes vem impondo, ficará bem pior. Portugal tem, pelo menos, três talibans no Governo: Gaspar, Passos e Crato. Vivem obcecados por um problema circunstancial, financeiro, sem entenderem que os cortes cegos em áreas estratégicas, como é a educação, comprometem o futuro e pioram o imediato. Do seu consulado vão resultar jovens menos autónomos e felizes e adultos mais pobres e desesperados. É inaceitável para Portugal.

terça-feira, setembro 25, 2012

As vacas sagradas

"Há privilégios em que nenhum governante teve até hoje coragem de tocar. São despesas públicas inatacáveis, sagradas, as mais onerosas das quais são os juros da dívida pública, as rendas das parcerias público-privadas e as regalias da EDP.
Os juros de dívida são actualmente a maior despesa do estado e consomem cerca de nove mil milhões de euros por ano. Representam mais do que todo o serviço nacional de saúde, equivalem ao valor de salários de toda a função pública. Apesar de conseguir hoje financiamentos a taxas inferiores a dois por cento, o governo continua a pagar os juros agiotas contratados na Banca nos tempos negros de Sócrates. Poderia colocar dívida internamente através de certificados de aforro a uma taxa de três por cento, mas prefere pagar ao FMI a cinco.
A esta iniquidade juntam-se as rendas pagas pelas PPP, em particular as rodoviárias. Neste modelo de negócio, garantem-se rentabilidades obscenas às concessionárias, da ordem dos 17%. A renegociação dos contratos constitui uma exigência da Troika, mas os privados mantêm os seus privilégios intactos, até hoje. O governo deveria suspender de imediato os pagamentos e obrigar à redução das rendas. Em alternativa, poderia nacionalizar, pelo seu justo valor, os equipamentos concessionados; ou até alargar os prazos da concessão, desde que passasse a receber rendas, em vez de as pagar.
O terceiro dos roubos institucionalizados consiste na extorsão, através da factura da electricidade, de rendas para financiar negócios na área de energia. Hoje, apenas 60% do valor da factura corresponde a consumos. O remanescente é constituído por impostos e outras alcavalas, pomposamente designadas de serviços de interesse económico geral. Estes tributos enriquecem os parceiros da EDP, subsidiando nomeadamente as eólicas e tornam o preço da energia incomportável. Assim, as famílias mais humildes passarão frio no Inverno, algumas empresas deixam de ser viáveis e encerram.
Impõe-se a redução dos custos energéticos. É também urgente a diminuição dos gastos com as PPP e com os juros de dívida. Mas, por falta de coragem, os governantes preferem deixar o povo à míngua, enquanto alimentam estas autênticas vacas sagradas".
 
Paulo Morais
CM

sábado, setembro 22, 2012

Governo corta 7675 professores

"O Ministério da Educação contratou até quinta-feira 9602 professores, menos 7675 docentes do que no ano passado. As contas são da Fenprof e referem-se aos processos de colocação de fim de Agosto e às duas primeiras bolsas de recrutamento, agora concluídas. No ano lectivo 2011/2012 foram contratados 17 277 professores. Este ano, segundo a Fenprof, foram contratados menos 5171 professores a 31 de Agosto; menos 736 na primeira bolsa de recrutamento e menos 1768 na segunda bolsa, que fechou no dia 20".
CM 

sexta-feira, setembro 21, 2012

A canalhice de alguns diretores

A Federação Nacional da Educação (FNE) vai sexta-feira pedir ao ministro Nuno Crato que intervenha nos casos de professores com horas de aulas "excessivas" e nas situações em que os professores mais graduados são preteridos no recrutamento.
O secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, disse à agência Lusa que há casos em que "o tempo de trabalho dos professores com os alunos excede aquilo que a lei prevê", o que não lhes deixa tempo para o seu trabalho individual, para as reuniões com pais, outros professores ou para corrigir testes, preparar aulas ou fazer investigação.

quarta-feira, setembro 19, 2012

Professores vão ser escolhidos por entrevista

"Critério terá peso de 50% para atribuir horários em falta. O resto resulta da graduação profissional
Os professores candidatos aos 690 horários disponíveis vão ser alvo de uma entrevista que terá um peso de 50% na selecção. De acordo com o secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, - que esteve ontem no Parlamento - os professores que vão ser contratados pelas escolas "vão ser seleccionados através de um processo em que há um peso de 50% da graduação profissional e de 50% de uma entrevista ou ponderação curricular".
Em resposta ao deputado do PS, Acácio Pinto, que fez críticas aos erros do processo da colocação de professores, Casanova de Almeida disse que este é "um processo de recrutamento mais transparente e equilibrado". A medida resulta do novo decreto-lei sobre o concurso de professores, já em vigor, que foi negociado com os sindicatos. Assim, numa primeira fase de selecção, as escolas vão fazer um levantamento dos professores candidatos aos horários tendo em conta o tempo de serviço (graduação profissional). "Desse levantamento cabe às escolas entrar em contacto com os cinco docentes com mais tempo de serviço e vão ser estes que irão ser entrevistados", explicou ao Diário Económico o secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva, que diz ver com bons olhos esta nova medida da tutela de Nuno Crato.
Apesar de este ser um processo "mais transparente que vem travar o amiguismo", Dias da Silva alerta que "nem todas as escolas estão a cumprir com a lei". Segundo a FNE, há escolas "que estão a chamar centenas de professores e em muitos casos professores com pouco tempo de serviço."
 
Diário Económico

Novas metas para História, Geografia, Ciências Naturais, Físico-Química e Inglês

O ministro da Educação Nuno Crato anunciou esta tarde, no Parlamento, que serão elaboradas novas metas curriculares para várias disciplinas do ensino básico
História, Geografia, Ciências Naturais, Físico-Química e Inglês são as disciplinas escolhidas, depois de, em Agosto, terem sido conhecidas as versões finais das metas curriculares para Português, Matemática, Tecnologias da Informação e Comunicação, Educação Visual e Educação Tecnológica. Para estas disciplinas, as metas curriculares já entraram em vigor.

domingo, setembro 16, 2012

Professores e licenciados dominam novos inscritos nos centros de emprego


O número de inscritos nos centros de emprego continua a aumentar de mês para mês. Em agosto, o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) registou mais 18 mil inscritos (um aumento de 2,8%) que no mês anterior e mais 140 mil face a agosto do ano passado (acréscimo de 26,3%). De acordo com o relatório mensal do IEFP, divulgado no site na sexta-feira à noite, o número de licenciados inscritos nos centros de emprego chegou aos 83 497 em agosto, mais 54,5% que no mesmo período do ano passado.
Já professores registados nos centros de emprego, subiram para 14 132,ou seja, mais do dobro do registado em agosto do ano passado e mais 38,3% face a julho.

sexta-feira, setembro 14, 2012

"Vão-se foder"

"Vão-se foder.
Na adolescência usamos vernáculo porque é “fixe”. Depois deixamo-nos disso. Aos 32 sinto-me novamente no direito de usar vernáculo, quando realmente me apetece e neste momento apetece-me dizer: Vão-se foder!
Trabalho há 11 anos. Sempre por conta de outrém. Comecei numa micro empresa portuguesa e mudei-me para um gigante multinacional.
Acreditei, desde sempre, que fruto do meu trabalho, esforço, dedicação e também, quando necessário, resistência à frustração alcançaria os meus objectivos. E, pasme-se, foi verdade. Aos 32 anos trabalho na minha área de formação, feliz com o que faço e com um ordenado superior à média do que será o das pessoas da minha idade.
Por isso explico já, o que vou escrever tem pouco (mas tem alguma coisa) a ver comigo. Vivo bem, não sou rica. Os meus subsídios de férias e Natal servem exactamente para isso: para ir de férias e para comprar prendas de Natal. Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Mas faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar.
Vivo, com a satisfação de poder aproveitar o lado bom da vida fruto do meu trabalho e de um ordenado que batalhei para ter.
Sou uma pessoa de muitas convicções, às vezes até caio nalgumas antagónicas que nem eu sei resolver muito bem. Convivo com simpatia por IDEIAS que vão da esquerda à direita. Posso “bater palmas” ao do CDS, como posso estar no dia seguinte a fazer uma vénia a comunistas num tema diferente, mas como sou pouco dado a extremismos sempre fui votando ao centro. Mas de IDEIAS senhores, estamos todos fartos. O que nós queríamos mesmo era ACÇÕES, e sobre as acções que tenho visto só tenho uma coisa a dizer: vão-se foder. Todos. De uma ponta à outra.
Desde que este pequeno, mas maravilhoso país se descobriu de corda na garganta com dívidas para a vida nunca me insurgi. Ouvi, informei-me aqui e ali. Percebi. Nunca fui a uma manifestação. Levaram-me metade do subsídio de Natal e eu não me queixei. Perante amigos e família mais indignados fiz o papel de corno conformado: “tem que ser”, “todos temos que ajudar”, “vamos levar este país para a frente”. Cheguei a considerar que certas greves eram uma verdadeira afronta a um país que precisava era de suor e esforço. Sim, eu era assim antes de 6ª feira. Agora, hoje, só tenho uma coisa para vos dizer: Vão-se foder.
Matam-nos a esperança.
Onde é que estão os cortes na despesa? Porque é que o 1º Ministro nunca perdeu 30 minutos da sua vida, antes de um jogo de futebol, para nos vir explicar como é que anda a cortar nas gorduras do estado? O que é que vai fazer sobre funcionários de certas empresas que recebem subsídios diários por aparecerem no trabalho (vulgo subsídios de assiduidade)?… É permitido rir neste parte. Em quanto é que andou a cortar nos subsídios para fundações de carácter mais do que duvidoso, especialmente com a crise que atravessa o país? Quando é que páram de mamar grandes empresas à conta de PPP’s que até ao mais distraído do cidadão não passam despercebidas? Quando é que acaba com regalias insultosas para uma cambada de deputados, eleitos pelo povo crédulo, que vão sentar os seus reais rabos (quando lá aparecem) para vomitar demagogias em que já ninguém acredita?
Perdoem-me a chantagem emocional senhores ministros, assessores, secretários e demais personagem eleitos ou boys desta vida, mas os pneus dos vossos BMW’s davam para alimentar as crianças do nosso país (que ainda não é em África) que chegam hoje em dia à escola sem um pedaço de pão de bucho. Por isso, se o tempo é de crise, comecem a andar de opel corsa, porque eu que trabalho há 11 anos e acho que crédito é coisa de ricos, ainda não passei dessa fasquia.
E para terminar, um “par” de considerações sobre o vosso anúncio de 6ª feira.
Estou na dúvida se o fizeram por real lata ou por um desconhecimento profundo do país que governam.
Aumenta-me em mais de 60% a minha contribuição para a segurança social, não é? No meu caso isso equivale a subsídio e meio e não “a um subsído”. Esse dinheiro vai para onde que ninguém me explicou? Para a puta de uma reforma que eu nunca vou receber? Ou para pagar o salário dos administradores da CGD?
Baixam a TSU das empresas. Clap, clap, clap… Uma vénia!
Vocês, que sentam o já acima mencionado real rabo nesses gabinetes, sabem o que se passa no neste país? Mas acham que as empresas estão a crescer e desesperadas por dinheiro para criar postos de trabalho? A sério? Vão-se foder.
As pequenas empresas vão poder respirar com essa medida. E não despedir mais um ou dois.
As grandes, as dos milhões? Essas vão agarrar no relatório e contas pôr lá um proveito inesperado e distribuir mais dividendos aos accionistas. Ou no vosso mundo as empresas privadas são a Santa Casa da Misericórdia e vão já já a correr criar postos de trabalho só porque o Estado considera a actual taxa de desemprego um flagelo? Que o é.
A sério… Em que país vivem? Vão-se foder.
Mas querem o benefício da dúvida? Eu dou-vos:
1º Provem-me que os meus 7% vão para a minha reforma. Se quiserem até o guardo eu no meu PPR.
2º Criem quotas para novos postos de trabalho que as empresas vão criar com esta medida. E olhem, até vos dou esta ideia de graça: as empresas que não cumprirem tem que devolver os mais de 5% que vai poupar. Vai ser uma belo negócio para o Estado… Digo-vos eu que estou no mundo real de onde vocês parecem, infelizmente, tão longe.
Termino dizendo que me sinto pela primeira vez profundamente triste. Por isso vos digo que até a mim, resistente, realista, lutadora, compreensiva… Até a mim me mataram a esperança.
Talvez me vá embora. Talvez pondere com imensa pena e uma enorme dor no coração deixar para trás o país onde tanto gosto de viver, o trabalho que tanto gosto de fazer, a família que amo, os amigos que me acompanham, onde pensava brevemente ter filhos, mas olhem… Contas feitas, aqui neste t2 onde vivemos, levaram-nos o dinheiro de um infantário.
Talvez vá. E levo comigo os meus impostos e uma pena imensa por quem tem que cá ficar.
Por isso, do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder"
 
https://www.facebook.com/angela.ftc

quarta-feira, setembro 12, 2012

Portugal lidera na desigualdade

"Cerca de 60% dos alunos cujos pais têm baixos níveis de instrução não conseguem concluir o ensino secundário em Portugal. E só menos de 20% chegam à universidade. Segundo o relatório da OCDE, ‘Education at Glance’, ontem divulgado, apenas a Turquia está pior, com quase 70%. Somos também, juntamente com os turcos, o país onde os filhos de pais com estudos superiores têm mais probabilidade de obter também nível de instrução elevado.
O relatório, que na maioria dos dados se reporta ao ano lectivo 2009/10, aponta os progressos de Portugal na Educação, mas refere que ainda há muito a fazer, uma vez que apenas metade das pessoas entre os 25 e os 34 anos conclui o ensino secundário. "Portugal investiu muito em dar mais tempo de estudo aos alunos. Mas o aumento do número de alunos por turma piora o nível da educação e Portugal foi o que mais cresceu", afirmou o director-adjunto da OCDE, Andreas Schleicher.
O relatório refere que Portugal reduziu o investimento em educação de 5,9% do PIB em 2009 para 3,8% em 2012, alertando para os riscos dessa opção".
CM

terça-feira, setembro 11, 2012

Carta aberta ao primeiro ministro - imprescindível leitura

"Exmo. Senhor Primeiro Ministro

Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe.

Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito – todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! – mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar “as vantagens do túmulo” ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o “odioso eu”, a que aludia Pascal.

Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice – da minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco – ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. “Desistir é a derradeira tragédia”, disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): “Um velho, num mês de secura”... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia.

A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta – as físicas, as emotivas e as morais – um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: “O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera.” Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais – tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.

Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos , situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se comtempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças - sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... – têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.

Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida – tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher – como o “conservador” Passos Coelho – quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.

Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. – e com isto termino – uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: ”Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.” Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.


De V. Exa., atentamente,
Eugénio Lisboa
 
http://arrastao.org/2621727.html
 
 

domingo, setembro 09, 2012

Proponho que nesta entrevista ao Nuno Crato seja utilizado um detetor de mentiras



Por cada mentira dita um bip bem sonoro. Acho que o ministro não conseguiria dizer uma frase sem bip´s. E faço votos que não seja uma entrevista com paninhos quentes, nem com perguntas previamente combinadas. Ele que faça conta que está no "Plano Inclinado". É que nessa altura o seu discurso fazia sentido.

Resultados de acesso ao ensino superior

A consultar aqui.

sexta-feira, setembro 07, 2012

Olha o representante dos pais a desculpabilizar os meninos



Ou muito me engano ou este novo Estatuto do Aluno vai ser mais do mesmo. Cá estarei para ver o absentismo e a indisciplina a serem penalizados. Reforço da autoridade dos professores? Deixem-me rir.  

Detesto ministros que tentam influenciar a opinião pública com um chorrilho de mentiras

"O ministro da Educação, Nuno Crato, disse em entrevista ao jornal Sol que a redução do número de professores contratados para o presente ano letivo é «inevitável».
Nuno Crato reconhece que muitos candidatos a professores não foram colocados em escolas, mesmo os que já davam aulas, mas lembra que há ainda 1714 horários por preencher.
O ministro compreende que a situação é «humanamente preocupante» e afirma que o que se está a passar «é o resultado de várias coisas», como «a redução da população escolar, em cerca de 200 mil alunos nos últimos anos (cerca de 14 por cento)".
A Bola

terça-feira, setembro 04, 2012

Ministério compromete-se com vinculação extraordinária até ao fim de 2012

"O Ministério da Educação e Ciência (MEC) comprometeu-se com a vinculação extraordinária de professores contratados, processo que estará concluído até ao final de 2012, adiantou hoje a Federação Nacional de Educação (FNE).
A decisão saiu da reunião de hoje entre o MEC e a plataforma sindical e que tinha como objectivo analisar os resultados do concurso de professores e o processo extraordinário de vinculação.
No final do encontro, em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, adiantou que obteve da tutela a confirmação de que vai haver uma vinculação extraordinária de docentes que estavam, até agora, como contratados, e que essa vinculação irá respeitar as posições de carreira dos professores que já pertencem aos quadros".

Público