terça-feira, fevereiro 27, 2007

Antony And The Johnsons - You Are My Sister - live

Simplesmente genial!

Opinião de um professor

"Hoje discute-se qual o papel do estado nuns e outros jornais, por este ou aquele comentador. Está na moda pensar e repensar a função pública, a função do estado. São tempos de crise institucional. Ninguém sabe para que serve um estado, sobretudo quando serve mal. É geralmente aceite a ideia de que os serviços que o estado presta são maus e caros e portanto dispendiosos e ineficientes. As correntes mais em voga ditam um estado regulador e mínimo relegando para o sector privado todos os serviços que face a uma concorrência sempre à espreita se tornará eficiente e eficaz. São tempos em que o que é privado é tido como melhor que a coisa pública. Do estado diz-se que é pesado e torna-se por isso necessário agilizar, reduzir e emagrecer o "Monstro".
Visto de fora Sócrates é um homem empenhado em reformar e tornar o país melhor preparado para o futuro. Para quem trabalha para o estado é um pesadelo, um mostrengo. É que os funcionários públicos além da má fama têm o pior dos patrões. É um patrão sem cara, irresponsável que ao longo dos anos foi tomando medidas que hoje dizem terem sido erradas mesmo absurdas. Hoje quem está a pagar as imbecilidades com que muitos dos pavões que migraram para terras mais temperadas é o funcionário público.
Este patrão além de inconsequente faz as regras do jogo ao contrário dos outros. E Sócrates muda as regras do jogo a toda a hora e a meio do jogo. Altera cursos superiores retirando-lhes um estágio real e trocando-o por uma prática supervisionada sem quaisquer responsabilidades frustrando as expectativas de quem 4 anos antes se inscreveu no curso; altera regras da segurança social 5 anos depois (se não me engano) de ter afirmado que a reforma estava feita tornando as regras demasiados flexíveis e oferecendo um futuro incerto a quem dela dependerá; a carreira dos professores e funcionários públicos foram alteradas frustrando e violando o acordo estabelecido à data da entrada de cada funcionário para o estado; usa legislação aprovada pela direita e que chegou a criticar para agora deslocar e colocar no corredor dos despedimentos uns não sei quantos funcionários públicos; altera a lei das finanças locais a meio e bruscamente sem o respeito pelos compromissos assumidos pelos autarcas que foram eleitos numas condições e agora têm de governar noutras.
O estado não se comporta como pessoa de bem, de palavra. Um governo assim "reformista" está a calcinar o estado tal como o conhecemos. E isto não foi objecto do programa eleitoral do PS. As reformas são demasiados profundas e o que o PS pensava do papel do estado antes das eleições era bem diferente do que hoje realiza sob uma capa de um pragmatismo reformista. Governar de forma déspota é fácil mas não gera confiança. A confiança é necessária para gerar mudança e semear o futuro. A única ilusão que Sócrates sabiamente vende é a de que está a trabalhar.
Sócrates está enganado e posso afirma-lo com a mesma convicção com que Guterres disse adeus ao lamaçal e com a mesma obstinação com que Cavaco se deixou governar, no seu segundo mandato, pelo Monstro. Acredito que Sócrates pense que se livra do Monstro antes que ele lhe caia em cima. É isso que o leva a quebrar todos os vínculos que o estado assumiu perante os portugueses durante e ao longo de anos (na saúde, educação, justiça, segurança social, etc.). Mas está enganado, pois o estado somos todos nós, é o país que está a falhar com todos.
As orientações espirituais vêm de Bruxelas e o governo trabalhador lá vai no bom caminho ainda à dias recebeu boa nota e mais umas orientações para os próximos tempos: a flexigurança. É um termo giro e ajuda ao marketing. Nós por cá sempre tivemos um fraquinho por estrangeirismos e nunca tivemos nem um pingo de vergonha, nem um horizonte que o diga Gil Vicente e Eça. Isto tudo para dizer que o principal papel do estado, para mim, é a capacidade de gerar confiança, segurança e estabilidade. Com Sócrates apenas vislumbro o último, o mais perigoso".

Carlos Brás
no Abrupto

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Triste sina

Por estes dias, nos blogues de educação, não se comenta outra coisa que não seja o ante-projecto do 1ºconcurso para professor titular. Poderia pensar-se que, tal facto, seria indiciador que a generalidade da classe docente está profundamente preocupada com mais este vil ataque por parte do Ministério da Educação. Pura ilusão. Na maioria das escolas o assunto nem sequer vem à baila, grande parte dos colegas está a leste do que se passa e quando esclarecidos sobre o que está em cima da mesa, não evidenciam sinais de grande apreensão. Ou seja, se alguém pensa, ingenuamente, que os professores vão dar uma resposta cabal a mais este atentado à sua dignidade profissional bem pode esperar sentado porque é visível que isso não irá verificar-se. Em vez do lema “um por todos, todos por um” vai imperar o habitual “desenrasca-te que eu cá me desenrascarei”. É assim, sempre assim foi. Não há volta a dar-lhe.

sábado, fevereiro 24, 2007

Não aprovado

Feitas as contas cheguei à conclusão que não posso ser professor titular de acordo com as regras que a tutela quer impor. É por pouco que não atinjo os necessários 120 pontos, mas é o suficiente para não ser aprovado. Bastavam os pontos atribuídos à coordenação de departamento para lá chegar. Fui delegado durante muitos anos mas não no período entre 1999/2006. Azar o meu. Isto significa que, muito provavelmente, o futuro me reservará um lugar no quadro dos supranumerários. Excelente notícia para quem se empenhou ao máximo na sua função de professor.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

2ª versão do 1º concurso para professor titular

Após uma leitura atenta da 2ª versão do Projecto de diploma regulamentador do acesso à categoria de professor titular, verifiquei esta coisa extraordinária: os futuros professores titulares não vão ser aqueles que ao longo da sua carreira profissional melhores provas deram enquanto professores, mas antes aqueles que no período decorrente entre 1999/2006 mais cargos administrativos acumularam. Ser penalizado por não ter pertencido a um Conselho Executivo, por não ter sido Presidente da Assembleia de Escola, por não ter chefiado um Departamento ou coordenado um qualquer clube escolar, entre outras aberrações, choca bem mais do que a questão da assiduidade geradora de tanta controvérsia nos últimos dias. Tamanha abjecção provoca-me náuseas!

Grey's Anatomy: Season 3 MerDer

E porque amanhã recomeçam as aulas aqui vai mais uma musiquinha para descontrair.Deixo-vos com Rosie Thomas. Definitivamente uma boa companhia.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

David Gray

Hoje dou início a um novo espaço dedicado à música (uma das minhas paixões), porque nem só de escola vivem os professores!

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

A falta de responsabilidade das nossas criancinhas e respectivos encarregados de educação

O diálogo que a seguir se reproduz decorreu, a semana passada, com um ex-aluno que no ano transacto reprovou no 10ºano.
- Então João, como vão este ano os estudos?
- Não vão mal…
- Quantas negativas?
- Duas ou três…
- Duas ou três?! Não me diga que não sabe quantas negativas é que teve?!
- É verdade. Ainda não fui ver as pautas.
- Não acredito! E os seus pais, também não sabem?
- A minha mãe já veio à escola e deve saber.
- E ela não comentou nada consigo?!
- Até agora não!
Resta acrescentar que isto não é um caso isolado. Na minha escola é habitual iniciar-se um novo período escolar sem que uma parte substancial dos alunos tenha sequer curiosidade em saber qual foi o seu aproveitamento escolar.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

A assiduidade no acesso à categoria de professor titular

O recente decreto-lei que estabelece o regime do primeiro concurso para lugares da categoria de professor titular tem dado azo a acesa polémica entre a classe docente. Tudo por causa dos critérios estabelecidos para a selecção dos professores candidatos. Entre todos, aquele que tem gerado maior indignação tem sido o parâmetro da assiduidade que muito boa gente contesta porque considera absolutamente desrespeitoso que na ponderação deste item sejam contabilizadas todas as faltas, licenças ou dispensas, independentemente da sua natureza. Alegam os contestatários que nenhum docente pode ser prejudicado em termos de progressão na carreira por razões de doença ou maternidade. Quem assim fala não analisou o documento com a devida atenção já que em nenhum momento se diz que estes professores vão ser prejudicados na sua avaliação. O que se retira da leitura do documento é que um professor que não falte não pode ter a mesma pontuação que um outro que é menos assíduo, por muito justificadas que sejam as razões que o levam a não estar presente na escola. Isto para mim faz todo o sentido e considero uma questão de justiça. Na avaliação do trabalho do professor a assiduidade tem de ser considerada e os professores que não faltam têm de ser valorizados. Se é verdade que a assiduidade não faz o bom professor também não é menos verdade que ela deve constituir um dever para todo aquele que pretenda abraçar tão nobre profissão.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O fim do Estado social

O Governo levantou o véu sobre o que entende serem as funções nucleares do Estado durante as negociações com os sindicatos da função pública: a defesa e segurança, a magistratura e a diplomacia. Quer isto significar que o Estado deixa de ter obrigações com a Educação, Saúde e Justiça que, ao que tudo indica, mais tarde ou mais cedo, irão passar em definitivo para a esfera privada. Vale a pena perguntar se foi para isto que os militares fizeram o 25 de Abril? Considerar que estas áreas não constituem sectores fundamentais de um estado de direito social e democrático é reconhecer implicitamente que este governo não tem qualquer respeito pelas pessoas. Será que o povo português não merece ser tratado com um mínimo de dignidade? Que governo socialista é este que não tem qualquer pejo em sacrificar os direitos sociais dos portugueses em favor duma ideologia puramente economicista que se sobrepõe a tudo e a todos? Até quando vamos aceitar passivamente um governo que diariamente nos estrangula?!

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O prémio para o melhor professor

O Ministério de Educação, decidiu instituir um prémio para o melhor professor. Podem candidatar-se os educadores de infância, os professores do 1º, 2º e 3º ciclos e, ainda, os do ensino secundário. Percebe-se o alcance desta medida: depois de uma feroz campanha contra os professores, o ME dá um rebuçado na tentativa de acalmar as hostes e ganhar mais uns pontos junto da opinião pública. Mais uma medida populista que, contrariamente ao pretendido, parece não ter colhido grandes simpatias a julgar pelas várias reacções que fomos lendo, aqui e acolá. As razões são óbvias: alguém consegue perceber como se irão arranjar critérios credíveis para se encontrar o professor “maravilha” de entre um universo de 150.000? A própria escolha do júri, sem nenhum professor destes graus de ensino, merece alguma credibilidade? Só podem estar a brincar com o pagode!