terça-feira, julho 31, 2007

Resultados do concurso para professor titular

Conhecidos os resultados do concurso para professor titular fica a certeza de que a promessa da ministra da Educação ficou por cumprir. Dizia a senhora, que só ascenderiam à condição de titulares, os professores mais capazes, mais experientes e com melhor formação. Enganou-se redondamente. A julgar pela minha escola, onde um número considerável de incompetentes e maus profissionais chegou a titular, pode-se dizer, sem receio de errar, que este concurso foi uma farsa: profundamente injusto e discriminatório, humilhante para os verdadeiros professores, e com consequências laborais e pedagógicas altamente negativas como, aliás, o futuro se encarregará de comprovar.

ANA CAROLINA E SEU JORGE - É ISSO AI

Oiçam esta música e digam-me lá se não é linda. Claro que a voz da Ana Carolina contribui imenso para o resultado final.

segunda-feira, julho 30, 2007

Só por si, um quadro interactivo não faz uma escola moderna

"O Governo quer trocar as velhas ardósias por quadros electrónicos interactivos, com terminais nas carteiras dos alunos, e atribuir um videoprojector e uma impressora a cada sala de aula. Outras inovações tecnológicas, como o cartão electrónico do aluno e vídeo-vigilância generalizada constam de um programa que vai custar 400 milhões de euros e que o primeiro-ministro anunciou na segunda-feira com o entusiasmo que põe em qualquer iniciativa que fale para o futuro e para a modernidade. Mas no melhor pano cai a nódoa e eis que se descobre, em plena cerimónia, que os alunos recrutados para o evento são, afinal, figurante pagos a 30 euros por cabeça. A festa fica estragada e os partidos vêm a terreiro, gritando cada um mais alto do que o outro contra o escândalo dos alunos a fingir. Sócrates, surpreendido, tem de se explicar duas vezes – logo no fim do discurso e, depois, na entrevista à SIC. Sobre o “kit sala de aula” ninguém mais diz uma palavra.
É estranho que um Governo com fama de saber gerir a sua imagem ao pormenor, tão rodeado de conselheiros, tão apoiado em agências de comunicação, não tenha verificado o que se passava ou, sabendo-o, não tenha evitado em tempo o que qualquer aprendiz de assessor teria percebido imediatamente: que os figurantes a soldo matavam a iniciativa e punham o primeiro-ministro em xeque. Não há dinheiro público mais mal gasto do que em conselheiros incapazes.
À parte o péssimo exemplo que o Governo dá ao contratar ou ao permitir que se contratem figurantes para as suas iniciativas – mais ainda quando se trata de crianças -, este episódio um tanto folclórico não desdoura a iniciativa de levar a tecnologia às salas de aulas. Sobra, porém, esta pergunta: antes da revolução tecnológica, não seria aconselhável substituir os barracões que ainda hoje fazem de escolas, inclusive no centro de Lisboa, e recuperar os velhos liceus degradados onde alunos, professores e funcionários suam as estopinhas no Verão e tiritam de frio no Inverno? Será que todos os alunos já têm acesso a uma cantina em condições?
Só por si, um quadro interactivo não faz uma escola moderna. E não há nada mais ridículo e despropositado do que um equipamento de luxo lá onde continua a faltar o essencial".

Fernando Madrinha
Expresso

domingo, julho 29, 2007

Portugal dos pequenitos (2)

"Aqui há uns tempos, a sra. Margarida Moreira, directora da DREN, moveu um processo a Fernando Charrua, um funcionário da casa. Segundo parece, o sr. Charrua é dado ao humor e a directora não gostou que as pilhérias do homem tivessem com destinário a excelsa figura do sr. José Sócrates carvalho Pinto de Sousa. Passaram-se dois meses. E, dois meses passados, a ministra da Educação mandou arquivar o processo por considerar que existe "direito à opinião" e que o comediante Charrua não visou nenhum "superior hierárquico directo. A sra. Margarida Moreira respeita a decisão e, mais, aplaude publicamente a sua própria desautorização. Num país normal, Charrua seria indemnizado e reintegrado na DREN. E a sra. Margarida Moreira demitia-se, ou seria demitida, por andar a perseguir politicamente os seus funcionários. Mas este não é um país normal".

João Pereira Coutinho
Expresso

Portugal dos pequenitos

"Tempos houve que mundos de ficção eram uma exclusividade do cinema. Relembro “The Truman Show”, o simpático filme em que um herói ingénuo era a personagem principal de um “reality show” televisivo. Tudo em volta era fachada: a cidade, a casa, os amigos. A mulher. E só ele, ali criado desde o berço desconhecia os contornos do engodo. A coisa termina mal, ou bem, com o herói em odisseia clássica, a descobrir a fantasia, a abandoná-la com coragem e a regressar à realidade.
Em Portugal, o movimento é o inverso. E só esta semana o Governo português resolveu abandonar a realidade, onde sobrevive a custo, para mergulhar na mais brilhante fantasia. Aconteceu na escola do futuro, com José Sócrates a saudar para as câmaras uma turma “atenta” e “preparada”, que dominava computadores, figuras geométricas e “quadros interactivos”. Tudo sob o olhar atento de professores cientificamente preparados e no meio de uma harmonia celestial. Claro que, lá pelo meio, alguém perguntou ao primeiro-ministro se ele não achava estranho a natureza irreal do cenário. Para começar, os “professores” eram funcionários do Ministério da Educação. E para acabar, os “alunos” eram, na verdade, figurantes de telenovelas que, a troco de 30 euros, foram para ali levados e, de preferência, calados. O primeiro-ministro não comentou o insulto e, com toda a legitimidade, regressou ao bosque encantado na companhia das fadas e dos duendes. Escusado será dizer que agiu como lhe competia.
Aliás, não é de excluir que esta experiência pedagógica inaugure um novo caminho para a educação nacional, que todos os anos dá sinais de afocinhar na miséria. Se o problema do sistema está na desmotivação dos docentes e na indisciplina e ignorância dos alunos, talvez não seja má ideia removê-los do espaço e contratar actores de telenovela capazes de desempenhar o papel. Uma atitude ousada, capaz de retocar a nossa imagem internacional e que pode ser aplicada a outra áreas de interesse pátrio. Um governo de fantasia merece um país ao seu nível. E só um Portugal sem portugueses estará à altura de um governo sem governantes".

João Pereira Coutinho
Expresso

quarta-feira, julho 25, 2007

Directora da DREN concorda com a decisão, mas não se demite

Perante o arquivamento do processo a Fernando Charrua, à directora da DREN não lhe restaria outra alternativa que não fosse apresentar o seu pedido de demissão. Isto era o que aconteceria se tivesse um pingo de dignidade. Como não tem, irá manter-se em funções com o beneplácito do ministério da educação que, ao não exonerar a sua funcionária, dá evidentes sinais de que, no essencial, está de acordo com os repetidos abusos de poder cometidos por esta senhora.

terça-feira, julho 24, 2007

Programa "Escola do Futuro"

Na sequência do anúncio feito na apresentação do programa “Escola do Futuro”, onde ficámos a saber que a partir do próximo ano lectivo cada sala de aula terá um computador, uma impressora e um projector, eu convidaria as comissões de pais a deslocarem-se às escolas, lá para o final do 2º período, a fim de confirmarem in loco se efectivamente a promessa se concretizou ou se estamos, por outro lado, perante mais um momento de propaganda política a que, infelizmente, este governo nos tem consecutivamente habituado.

sábado, julho 21, 2007

Gabinete de Auto-Avaliação Educacional

"As notas dos exames do secundário oscilam ao sabor das alterações dos programas e da organização do ensino secundário e, sobretudo, ao sabor do tipo, duração, dificuldade e critérios de correcção das provas. Quando as notas são boas, a ministra da Educação atribui os bons resultados às excelentes políticas do seu ministério. Quando as notas são más, a ministra em vez de responsabilizar as políticas do seu ministério reafirma a necessidade de aprofundar essas mesmas políticas. Claro que os dados que existem não permitem estabelecer nenhuma relação de causa e efeito entre políticas e resultados, mas para a ministra isso não interessa nada. Ela participa no jogo político através da exploração de oscilações fortuitas e estatisticamente irrelevantes das notas do secundário.
Os exames do secundário e os respectivos critérios de correcção são produzidos pelo GAVE, Gabinete de Avaliação Educacional, que é um departamento do Ministério da Educação. Isto significa que o Ministério da Educação é ao mesmo tempo o prestador dominante de serviços de educação e o respectivo avaliador. O ministério tem seguido políticas erráticas alterando frequentemente os programas de ensino e, por intermédio do GAVE, alterando os critérios de correcção e a dificuldade dos exames de ano para ano. O GAVE, para além de se ter revelado incapaz de produzir exames sem erros, tem-se revelado incapaz de criar exames padronizados que possam ser comparados de ano para ano, ou mesmo de chamada para chamada. Por isso, o mais provável é que as variações positivas das notas do secundário não sejam um sinal de melhoria do ensino, mas um sinal de que o ministério é incompetente, ou mal-intencionado, e não consegue estabelecer padrões de avaliação constantes. Dado que o GAVE é ao mesmo tempo um departamento do Ministério da Educação e a instituição que avalia os resultados do trabalho desse ministério, existe o risco de manipulação política dos exames. Como a opinião pública associa notas elevadas à competência da ministra, o Governo tem um incentivo para premiar um departamento de avaliação que inflacione as notas dos exames. Por outro lado, o GAVE pode adulterar a avaliação através da produção de exames mais fáceis e da fixação de critérios de correcção mais benevolentes. O público não tem nenhuma garantia de que o GAVE não recorre a estes estratagemas, por um lado porque o GAVE tem interesse em agradar ao Governo e, por outro, porque o GAVE não é auditado por entidades externas nem segue procedimentos transparentes. A instituição que mais avalia não é avaliada por ninguém e não publica os procedimentos que deram origem a um exame específico, nem os critérios usados para padronizar os exames, nem o currículo académico dos autores dos exames".

João Miranda
Diário de Notícias

quinta-feira, julho 19, 2007

Assessor individual para cada deputado

A classe política não pára de nos surpreender, desta feita com mais uma pouca vergonhice: o novo estatuto do deputado vai permitir que cada um deles tenha direito a um assessor individual. Assim sendo, aos 100 já existentes vão-se acrescentar mais 130 assessores. Parece incrível mas é verdade. Enquanto aos portugueses se pede os mais variados sacrifícios, estes senhores - sendo que a maioria não faz nenhum - continuam a usufruir de privilégios, completamente absurdos e injustificados, e com a agravante de representarem um assalto ao bolso dos contribuintes. O que lhes vale é que vivemos num país de brandos costumes onde estas indignidades são toleradas sem grandes crispações. Num país a sério, com certeza, não se atreveriam a tanto.

terça-feira, julho 17, 2007

Nuvens negras para os professores dos 8º,9º e 10º escalões que não ascendam a titulares

Já aqui o escrevi uma vez e volto a repetir o alerta: todos aqueles professores que se encontram actualmente nos 8º, 9º e 10º escalões mas que não venham a ascender a professor titular vão, num futuro próximo, ser reposicionados na carreira no último escalão da categoria de professor com a correspondente redução salarial. É bom que quem esteja nesta situação se vá mentalizando porque é isto que vai acontecer. Aliás, a nova regulamentação para o próximo concurso de professor titular deixa indícios nesse sentido. Ademais, a reconhecida obsessão deste governo pelo défice, não vai permitir que professores nestas condições mantenham vencimentos que não correspondem à sua situação profissional. Têm aqui uma excelente oportunidade para pouparem dinheiro e não a vão desaproveitar. Dirão, porventura, os mais optimistas que tal hipótese não terá pernas para andar pelo facto desta pôr em causa direitos adquiridos. Ora como todos sabemos, isso é algo que nunca preocupou este governo e, por certo, não o irá impedir de tomar as decisões que muito bem entende.

domingo, julho 15, 2007

Um primor de educação

Palavras para quê, é a juventude portuguesa no seu melhor. Tudo isto é o resultado da enorme complacência como educamos os jovens deste país: dá-se-lhes tudo o que eles querem e assim eles crescem convencidos que o mundo tudo lhes deve; rimo-nos dos seus palavrões o que os leva a pensar o quanto são engraçados; raramente lhes dizemos “isto está mal” porque isso os pode traumatizar; os pais dão-lhes todo o dinheiro que eles querem de modo a que eles nem sequer suspeitem que para se ter dinheiro é preciso trabalhar; satisfazemos-lhes todos os seus desejos caso contrário poderão transformar-se nuns frustrados; dá-se-lhes sempre razão para eles não se sentirem perseguidos… No final criámos uns “monstrinhos” como este vídeo tão bem documenta.

O cúmulo da indignidade

"Uma funcionária pública, Maria do Carmo Rocha, auxiliar de acção educativa na Escola Secundária Augusto Gomes, em Matosinhos, a quem foi diagnosticado quatro tumores, foi obrigada a regressar ao trabalho, ou melhor, a permanecer esticada numa cama, durante um mês, dentro de um gabinete na própria escola. E tudo porque a junta médica a que foi submetida recusou-lhe prolongar a baixa, mesmo na altura em que praticamente acabara de ser operada e lhe ter sido extraído um tumor".

Jornal de Notícias

quinta-feira, julho 12, 2007

Os resultados dos exames do 9ºAno

Não há muito a dizer relativamente aos resultados dos exames do 9º Ano. Se a Língua Portuguesa a facilidade da prova proporcionou bons resultados já no que diz respeito à Matemática, a razia mantém-se e promete continuar. É altura de nos deixarmos de lirismos e reconhecer que por muitas e imaginativas medidas que se apliquem, as contas nunca sairão do vermelho. Sendo assim, só uma medida drástica poderá superar este descalabro: substituir esta disciplina pela Aritmética. Os alunos seriam apenas obrigados a dominar as operações básicas da aritmética, o que para a maioria chegava, tendo em conta aquilo que vão precisar ao longo da sua vida. E mesmo assim, estou em crer que os resultados não seriam famosos. Aliás basta colocarmo-nos à porta das universidades e perguntar a tabuada aos alunos para percebermos até que ponto chegou o nível de conhecimentos deste pessoal. Outra coisa não seria de esperar: anos e anos de facilitismo contribuíram decisivamente para o pântano em que se tornou o sistema de ensino em Portugal. Então a rapaziada sabe que até ao final do básico transita de ano ainda que acumule reprovações sucessivas a Matemática desde o 5ºano e querem que com tamanha benesse, eles se apliquem na disciplina? Obviamente que não! Para quê, se mesmo assim eles sabem que ganham a “lotaria”? Para ajudar à festa, o facto da Matemática ser uma disciplina que exige esforço e muito trabalho só vem complicar o problema, pois todos nós sabemos como a miudagem foge de tudo o que implique um bocadinho de suor.
Falando a sério: o ME e os “eduqueses” de pacotilha que se enxerguem e concluam definitivamente que não é com Planos, Aulas Interactivas e outros quejandos que resolvem o problema. Isto só lá vai com exigência e rigor. Por muitas congeminações que façam o caminho tem de ser esse e não há volta a dar-lhe. Aliás, se tiverem dúvidas, perguntem aos bons alunos como é que eles conseguem bons resultados e vão ver qual vai ser a resposta

quarta-feira, julho 11, 2007

Mais duas sentenças a considerar as aulas de substituição como horas extraordinárias

O Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto condenou o Ministério da Educação a pagar como trabalho extraordinário as actividades lectivas de substituição que foram asseguradas por dois docentes, anunciou ontem o Sindicato dos Professores do Norte.De acordo com informações avançadas por aquela estrutura sindical numa nota de imprensa emitida ontem, o tribunal terá dado razão aos dois professores em duas sentenças proferidas nos dias 27 de Junho e 4 de Julho, que se juntam a outras proferidas no mesmo sentido por outros tribunais do País. O Sindicato dos Professores do Norte relembra que, “de acordo com a lei, faltará apenas que cinco destas sentenças transitem em julgado, para que estejam criadas todas as condições legais para obrigar o Ministério da Educação a assumir o pagamento das horas extraordinárias a todos os professores que asseguraram actividades de substituição”. A mesma fonte conclui que “verifica-se, assim, que o Ministério da Educação se vê sucessivamente confrontado com decisões emanadas pelos tribunais que contrariam a sua peculiar e abusiva interpretação, à margem, da lei”. O SPN, integrado na Federação Nacional de Professores (Fenprof), reafirmou ainda a convicção de que “tudo continuará a fazer no sentido de que seja reposta a legalidade, face às arbitrariedades e prepotência do Ministério da Educação”.

Notícia do "O Primeiro de Janeiro"

terça-feira, julho 10, 2007

Prenúncio de bons ventos para a ministra?

As escolas já sabem os resultados dos seus alunos nas provas de exame do 9º Ano. As pautas serão afixadas amanhã e, pela análise que fiz aos resultados de duas escolas, quer-me parecer que quarta-feira a ministra irá ao parlamento de peito feito. O mesmo é dizer: muito mais descansada.

segunda-feira, julho 09, 2007

Jorge Palma - Encosta-te a Mim

"Roubado" ao "Terrear" com muito prazer.

sábado, julho 07, 2007

Pura propaganda

Olhando para o quadro de resultados dos exames do 12º Ano gostava que me explicassem o motivo de tanta satisfação por parte da ministra. Apesar de reconhecidamente os exames terem sido mais acessíveis do que em anos anteriores, a média dos resultados nas várias disciplinas continua baixa, situando-se entre os 7 e os 12 valores e com Física, Química, Biologia, Geologia e História a não atingirem a positiva. Perante esta evidência acho que não é preciso dizer mais nada quanto à qualidade destes resultados.

P.S. Claro está que a "excelência" dos resultados em Matemática vai ser motivo mais do que suficiente para os fazedores de opinião virem exaltar a qualidade do trabalho da ministra. A própria não deixará de referir que estes resultados se devem ao Plano de Acção da Matemática que ela em boa hora implementou.

quinta-feira, julho 05, 2007

Novo Estado

"Face ao estado novo a que isto chegou, acho que devemos todos agradecer reverencialmente à Senhora Secretária de Estado o permitir-nos dizer mal do governo dentro de casa. Considero, no entanto, que se deveria precisar melhor a coisa. Cá por coisas. Assim, deveria ficar bem regulamentado (por portaria ou coisa do género) aquilo que se poderia dizer do governo, em cada casa, e como. Isto porque o meu vizinho fez ontem uma festa com umas 20 pessoas (sem contar a sogra, que se babava ressonando no sofá, e algumas crianças e adolescentes) e, de varanda para varanda, eu ouvi 24 vozes de adulto, todas diferentes, a dizer alto e a bom som: "cambada de ditadorezinhos que nos governa" (o que indicia, Senhora Secretária de Estado, que poderá lá ter estado, também, o Fernando Pereira. Mande investigar).

Ora se se me afigura legítimo que cada um diga mal deste governo em sua casa, já não me parece próprio da democracia e da liberdade socialista actuais que as pessoas possam andar a dizer mal do governo em casa de uns e de outros, ou de casa em casa. Alguns dos convidados do meu vizinho nem eram desta freguesia nem sequer do concelho! Cada um que vá dizer mal do governo para a sua freguesia!
O que seria da liberdade socialista se as pessoas pudessem andar de freguesia em freguesia, de concelho em concelho, de distrito em distrito a dizer mal do governo? - seria seguramente um corrupio inacreditável de migrações, o caos nas estradas, a alegria das transportadoras. Naaaa, isto não pode ser permitido. Nunca por um governo socialista.

As pessoas podem dizer mal do governo, sim senhor, estamos num país livre, mas só se for dentro das suas próprias casas, devidamente registadas em seu nome na CRP respectiva, apresentando (caso as autoridades ou qualquer vizinho bufo batam à porta a exigir) a dita certidão e a de nascimento actualizadas, bem como a permissão para falar mal do governo, emitida pelo Presidente da Junta de Freguesia, com selo branco, e actualizada anualmente. Originais.
Os convidados não poderiam falar mal do governo nas casas a que fossem, com excepção dos que vivessem no mesmo condomínio ou num raio de 100 metros, mas desde que estivessem munidos de toda a documentação atrás referida. Isto é o que eu julgo que deve ser feito. Já inquilinos não poderiam falar mal do governo porque, em bom rigor, nunca estão nas suas casas. Os proprietários de diversas casas teriam de indicar, anualmente, aquela em que pretenderiam dizer mal do governo. E não poderiam alterar a declaração a não ser no ano seguinte. Assim evitar-se-ia que dissessem mal do governo nas suas casas de fim-de-semana ou nas de férias. Em férias, naturalmente, a maioria da população ficaria impedida de falar mal do governo, o que tornaria o AllGarve uma imensa área onde não se comentaria o génio do Ministro Pinho. Não esquecer determinar-se para os prevaricadores a instauração de processos de contra-ordenação (criminais não seria pior mas o governo de V. Exa. gosta de carregar nas coimas).

Pertinente também tratar da questão das zonas comuns. Deverá poder falar-se mal do governo nas zonas comuns? Pergunto porque o último convidado do meu vizinho a sair, ainda no corredor, perto da minha entrada, vociferou contra todas as progenitoras de todos os membros do governo, desde lá de cima até aos chefes de gabinete e assessores de imprensa. "Principalmente esses", berrava ele com a lucidez do bom vinho. Isto enquanto a pobre da mulher o mandava calar ou falar baixinho; "não estamos na DREN, a dride já acabou", clamava o homem um pouco confuso, "não sou o Charrua". Ora eu não estou para ouvir estas indignidades sobre o nosso digníssimo governo ou sobre as direcções regionais do que quer que seja. Devia estabelecer-se que nas zonas comuns não se poderia dizer mal do governo. Já agora, proibir também nos arrumos, arrecadações e mesmo nos lugares de garagem, ainda que pertencentes às respectivas fracções, para a criadagem não ficar a falar mal do governo quando vai lá baixo buscar batatas ou cebolas. Aproveite-se para alargar a proibição aos sótãos (nunca esqueçamos os ensinamentos da História) e durante os jogos de cartas, designadamente, sueca.

Evidentemente, junto às caixas registadoras das mercearias deveria igualmente ser proibido falar mal do governo. É por essas e outras que as pessoas se enervam e se enganam nos trocos, com prejuízos gravíssimos na economia nacional. Discretamente, dever-se-ia colocar um artiguinho no regulamento que atendesse a esta necessidade.

Não esquecer nunca as crianças. Isto é inconcebível! Em casa dos meus vizinhos estavam umas dez crianças entre os 8 e os 16 anos, todas ali a ouvir que eram governadas ora por uns ditadorezinhos, ora por uns ditadorezecos, ora por uns palermóides sem senso, onde é que isto vai parar? Em que lar nojento os filhos dos membros deste governo os irão meter? Acho que devia ser proibido falar mal deste governo, ainda que nas próprias casas, à frente de crianças. Só depois dos 18 anos. Talvez 21, não lhe parece melhor? Até lá elas não devem saber que este governo lhes anda a torrar o futuro, carregando-as de dívidas.

À frente dos velhos também não se devia poder dizer mal do governo. Os velhos já dizem, eles próprios, mal de tudo; se vão estar sempre a ouvir dizer mal do governo a vida deles transforma-se num inferno e queima o governo: vão começar a reclamar mais pelas pensões. Ora isto não pode ser que a malta precisa da massa para brincar com os comboios e os aviões. Onde se viu gastar com velhos quando há por aí tantos aeroportos novos para fazer, montanhas para deitar abaixo e a necessidade premente de reduzir em dez minutos a viagem ferroviária Lisboa/Porto? Eu sei que a sogra do vizinho não ouve nada, mas uma admoestaçãozinha pela manifestação (sim, Senhora Secretária de Estado, aquilo parecia uma manifestação à séria) que o meu vizinho promoveu era coisa que se justificava seguramente. Talvez umas chibatadas na praça, aos domingos de manhã.

Enfim, estas são apenas algumas ideias para a redacção do diploma. Eu oferecia-me para o redigir, mas V. Exa. tem seguramente no governo pessoas com muito maior capacidade e imaginação para o fazer. Força! Mãos à obra!".

Vasco Lobo Xavier
www.marsalgado.blogspot.com

Ordem dos Médicos dá sinal de vida

Foi preciso dois professores morrerem para que a Ordem dos Médicos viesse a terreiro manifestar-se contra a composição das juntas médicas. Como se só agora estes senhores tivessem conhecimento de como elas funcionavam. Extraordinário. O povo é ingénuo mas não tanto.
Até ao momento, e sobre estes processos, já se pronunciaram várias pessoas envolvidas. Curiosamente, todas elas disparam acusações para o parceiro do lado escusando-se a assumir as suas próprias responsabilidades. Tal facto não nos deve surpreender. Todos estamos fartinhos de saber que em Portugal a culpa morre sempre solteira e, nestes casos, é isso que vai acontecer mais uma vez.

quarta-feira, julho 04, 2007

Gente reles e nojenta!

A DREN mente ao dizer que garantiu todas as condições ao professor que faleceu com cancro na traqueia. Quem tomou providências para que este professor não desse aulas foi a direcção da escola onde ele leccionava e não a DREN, pois se dependesse dela, ainda hoje este colega, se fosse vivo, estaria no activo.
Estas situações que ferem a dignidade das pessoas são absolutamente revoltantes e, infelizmente, deixaram de constituir novidade no nosso país. Acontecem com demasiada frequência e, por incrível que pareça, os seus responsáveis não sofrem as devidas consequências por tão monstruosos actos. Em vez do afastamento compulsivo, esta gentalha mantém-se nos centros de decisão com a conivência do governo que em surdina os aplaude. Uma vergonha!

domingo, julho 01, 2007

Tutela Estatal

"As laboriosas cabeças que reflectem sobre a educação prometem avançar com a obrigatoriedade do ensino a partir dos cinco anos. Eis uma medida consensual. A maioria dos pais não sabe o que fazer com as crianças, donde uma solução que antecipe a passagem do encargo para o Estado será sempre bem-vinda. O Estado, por seu lado, sabe perfeitamente o que fazer com elas, e, desde que a escola trocou a transmissão de conhecimentos pela partilha da ignorância, todo o tempo é pouco.

Nunca é demasiado cedo para iniciar os fedelhos no "estímulo" de "competências", "valências" e outras joviais demências em que a escola democrática se tem especializado. Qualquer idade, tenra que seja, é ideal para se aprender que não há muito a aprender, tirando umas luzes de educação sexual, "aquecimento global", Internet e a convicção de que um chorrilho de lugares-comuns prepara melhor os meninos e as meninas do que os perniciosos resquícios da avaliação tradicional. O relativismo pedagógico não pactua com os factores de desigualdade entre os alunos: aritmética, português, etc. Nem, aliás, com o genérico critério da "exigência", já que tal aberração é susceptível de limitar a "criatividade" e ferir a "auto-estima" da petizada.

No fundo, uma criança é boa na sua absoluta pureza. Por isso não se compreende que o Ministério da Educação não a recrute logo no parto, poupando-a a cinco anos de influência familiar, eventualmente devastadora. É que, incrível que pareça, existem pais mais aflitos com o futuro intelectual e profissional dos filhos do que com a sua "auto-estima", o stress infantil e a construção de uma sociedade sem classes. Por sorte, pais assim são raros, e raramente representados nas respectivas associações. Progenitores conscienciosos não arriscam criar monstros: o Estado que crie idiotas".

Alberto Gonçalves
Diário de Notícias

12º ano será obrigatório até 2009

Entrevista da ministra da educação aqui