quinta-feira, dezembro 29, 2005

Multas pesadas para insultos a professores

"Cerca de 20 multas de 103 dólares (85 euros) foram aplicadas desde Novembro no Liceu Bulkeley, de Hartford, Connecticut, EUA, a alunos que ofenderam os professores. As autuações, feitas por polícias em serviço na escola, equivalem às coimas de excesso de velocidade e levam a tribunal quando não são pagas. A acção abrange já 1600 estudantes e será alargada ao outro liceu da cidade." Se isto fosse levado à prática em Portugal acabavam os problemas financeiros nas nossas escolas.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Reuniões de avaliação

Com o términus do 1º período de aulas, procedeu-se nos Conselhos de Turma ao primeiro momento de avaliação. Pelo que se viu, as recentes alterações da ministra ainda não tiveram reflexos positivos nos resultados escolares dos alunos. No 3º Ciclo, os intermináveis aspectos burocráticos foram acrescidos com os planos de recuperação que, obviamente, vão resultar em pleno, como se verá no final do ano lectivo. No Secundário, as taxas de insucesso no 10ºAno continuam com valores altíssimos algo esperado atendendo à legislação laxista, promotora do facilitismo, que impera no Unificado. As causas para classificações tão negativas são as habituais: ausência de pré-requisitos que condicionam a aprendizagem de novos conteúdos; falta de empenho e interesse dos alunos pelas actividades escolares e o completo desinteresse dos pais pela vida escolar dos seus filhos. Algo que eu nunca vi em muitos anos de ensino é a assunção de responsabilidades por parte dos professores. Sim, porque no que toca ao insucesso escolar alguma parte deve caber aos professores. Ou será que não?

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Novas regras no concurso de professores

Está lançada mais uma disputa acesa entre sindicatos e a tutela da educação. Desta vez o motivo da discórdia centra-se na alteração ao concurso dos professores. Segundo o Ministério da Educação, o alargamento da validade do concurso de colocação por três e quatro anos, tem como objectivo aumentar a estabilidade do corpo docente nas escolas. Com estas novas regras, os professores vão ficar impossibilitados de se candidatar a qualquer outra escola, durante este período. Significa que um professor residente em Bragança ao ficar colocado em Faro terá de aí permanecer durante três ou quatro anos. Imagine-se os custos financeiros que daqui advêm já para não falar dos custos emocionais para quem está separado da família durante tão largo período de tempo. É de facto um problema grave e que gera situações de clara injustiça: estes professores ver-se-ão ultrapassados por colegas com menor graduação e arriscam-se a, quando voltarem a concorrer, que as escolas da sua preferência tenham já as vagas preenchidas. Obviamente que o Ministério não vai ceder nesta matéria, até porque, mais uma vez, terá a concordância da opinião pública que vê esta situação como mais um choradinho dos professores que não fazem outra coisa senão lastimar-se.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

O ensino unificado

Estive bastantes anos sem leccionar turmas do unificado. O ano passado calhou-me em sorte tal tarefa. Confesso que a experiência não me deixou desejos de lá voltar tão cedo. Por aquilo que vou ouvindo na sala de professores - sou professor numa escola secundária com 3º ciclo - as coisas por este grau de ensino vão de mal a pior. Ao fim de três meses de aulas o diagnóstico está feito: os miúdos estão impossíveis de se aturar; o seu interesse pelas actividades escolares é mínimo; não estão na escola para aprender mas sim para transitar de ano. Com o facilitismo que impera neste grau de ensino tal desiderato é praticamente garantido. Sabendo disso, os meninos entretêm-se a passar o tempo a infernizar o juízo dos professores e, estes, periódicamente atulhados em reuniões, discutindo e delineando estratégias que no final do ano se vêm a revelar extremamente pertinentes e bem sucedidas. Estas estratégias assentam numa única premissa: baixar os níveis de exigência até ao limite do possível por forma a que os petizes alcancem o objectivo máximo a que se propuseram. Desígnios que o Ministério da Educação estabelece e que deixam pais e alunos eternamente agradecidos. Até quando os professores aguentarão tamanha bandalhice?

quinta-feira, dezembro 01, 2005

A violência nas escolas

Os números avançados pelo Ministério da Educação sobre os casos de violência escolar, não preocupam a ministra que considera os 1200 casos de agressão ocorridos no ano lectivo 2004/2005, um número irrisório atendendo à globalidade do sistema educativo. A ministra desvaloriza a questão e garante que não há motivo para preocupações. Alunos, professores e funcionários podem andar descansados porque a escola é um local seguro. Quem assim não pensar só pode estar a exagerar. Esquece-se a senhora minitra de que se a este número juntássemos todas as outras ocorrências que, por este ou aquele motivo, não foram contabilizadas, teríamos valores bem mais preocupantes. Já para não falar das agressões verbais de que diariamente são vítimas professores e funcionários, e aí teríamos um valor incomensurável. Infelizmente, tudo isto são "peanuts" para a senhora ministra.

quarta-feira, novembro 30, 2005

O flagelo que constituem os TPC's

Faz hoje sensivelmente um ano que um estudo nos veio revelar que os alunos portugueses passam mais horas a fazer TPC's do que a média dos países da OCDE. Motivo mais que suficiente para que, na altura, alguns pedagogos de algibeira, tivessem vindo a terreiro mostrar a sua indignação. Segundo eles, esta é uma tortura diária que deve ser erradicada de vez. Já não chega o cansaço provocado pelo extenuante dia de aulas, as coitadinhas das crianças ainda são obrigadas a levar a escola para casa, por força de uns quantos desgraçados professores que os obrigam a executar mais umas quantas tarefas escolares. Realmente é inadmíssivel tamanha desumanidade. Provavelmente, está encontrada uma das razões que justificam as altas taxas de insucesso escolar no nosso País: trabalho em excesso. Todos nós, professores, somos testemunhas, do grande empenhamento e dedicação que a maioria dos nossos alunos demonstra no cumprimento das suas obrigações escolares. Digam lá colegas, se esta evidência é ou não é verdadeira?

quinta-feira, novembro 24, 2005

O exemplo britânico

Os pais dos alunos com comportamentos violentos nas escolas britânicas vão passar a ser multados num valor que pode ir até aos 1450 euros. "As intimidações verbais e físicas não podem continuar a ser toleradas nas nossas escolas, seja quais forem as motivações" sublinhou a Secretária de Estado para as Escolas. Disse também que " as crianças têm de distinguir o bem e o mal e saber que haverá consequências se ultrapassarem a fronteira". Acrescentou ainda que "vão reforçar a autoridade dos professores, dando-lhes confiança e apoio para que tomem atitudes firmes face a todas formas de má conduta por parte dos alunos". A governante garantiu que "as novas regras transmitem aos pais uma mensagem bem clara para que percebam que a escola não vai tolerar que eles não assumam as suas responsabilidades em caso de comportamento violento dos seus filhos. Estas medidas serão sustentadas em ordens judiciais para que assumam os seus deveres de pais e em cursos de educação para os pais, com multas que podem chegar às mil libras se não cumprirem as decisões dos tribunais". O Livro Branco dá ainda aos professores um direito "claro" de submeter os alunos à disciplina e de usar a força de modo razoável para a obter, se necessário.
Em Portugal, como todos sabemos, o panorama é radicalmente diferente. Por cá, continua a vingar a teoria do coitadinho: há que desculpabilizar as crianças até ao limite do possível, pois considera-se que o aluno é intrinsecamente bem formado, o que o leva a assumir comportamentos desviantes são factores externos (contexto social e familiar) que ele coitado não consegue superar. Temos assim que o aluno raramente é penalizado e quando o é, os castigos ficam-se na sua maioria por penas ligeiras, não vá correr-se o risco de o menino/a sofrer traumas que o podem marcar para o resto da vida. As notícias sobre actos de vandalismo, de agressão, de indisciplina e de violência praticados em contexto escolar que, com progressiva frequência vamos conhecendo, deviam merecer da parte de quem tutela a educação, medidas mais enérgicas que infelizmente tardam em chegar. Porque não seguir o exemplo britânico?

segunda-feira, novembro 21, 2005

Os mal amados dos professores

Um texto de Miguel Beleza, esta semana no "Independente", que atesta bem o quão degradante é actualmente a imagem dos professores deste País:
" A ministra da Educação não gosta dos professores. Há pouco violentou-os, obrigando-os a fazer exames. Não é justo. O facto de os alunos e os pais poderem perder um ano não tem qualquer importância face às legítimas e nada corporativas razões dos professores. Segundo li, vi e ouvi, a ministra prepara-se agora para aumentar o horário de trabalho dos professores para 29 (!) horas por semana e substituir professores que faltam. É injusto. Vinte e nove horas é pouco menos do que eu próprio trabalho durante dois ou três dias e é claramente preferível que os alunos aproveitem para descansar durante as inúmeras horas de aula em que o professor titular é obrigado a faltar por razões totalmente legítimas.
Mas há pior. A ministra quer que os professores se fixem nas escolas por três ou quatro anos. Além da monotonia que para eles significa vários anos na mesma escola, retira aos professores o prazer de ter de mudar de alojamento com tanta frequência. Por outro lado, é sabido que há toda a vantagem em que os alunos sejam sujeitos a diferentes professores todos os anos. Evita-se assim, por exemplo, a permanência de professores mais aborrecidos ou piores pedagogos durante mais de um ano. Além disso, mudar todos os anos de professor aumenta a capacidade dos alunos de se adaptarem a situações novas.
Finalmente, e ao que parece, a ministra prepara-se para copiar o que acontece à generalidade dos trabalhadores portugueses. Quando um dos cônjuges ou equivalente é colocado noutro local, têm que resolver o problema. É uma medida de combate à família, ao arrepio das anunciadas intenções governamentais.
Há que apoiar a greve."

sexta-feira, novembro 18, 2005

Simplesmente vergonhoso!

O Ministério da Educação teve hoje uma atitude inqualificável ao lançar cá para fora, no dia da greve, um estudo sobre o absentismo dos professores. É inadmissível do ponto de vista da ética política e tem como objectivo passar, mais uma vez a mensagem, de que os professores são uma classe de gente irresponsável que não cumpre as suas obrigações. Esta imagem é falsa, não corresponde minimamente à verdade e não se compreende o porquê desta perseguição sistemática aos professores. Querem fazer crer à opinião pública de que tudo o que vai mal no ensino se deve à incúria e à incompetência da classe docente. Uma vergonha!

quarta-feira, novembro 16, 2005

A nova legislação sobre a avaliação no ensino básico

O recente Despacho Normativo nº50/2005 que define os princípios de actuação e normas, com vista ao sucesso educativo no ensino básico, vem-nos dizer que "atendendo às dimensões formativa e sumativa da avaliação, a retenção deve constituir uma medida pedagógica de última instância, numa lógica de ciclo e de nível de ensino, depois de esgotado o recurso a actividades de recuperação desenvolvidas ao nível da turma e da escola". Lendo com atenção o supracitado despacho, ficamos convictos de que se até aqui o nível de exigência no ensino básico era aquele que todos sabemos, a partir de agora vai ser um salve-se quem puder. Todos os alunos que no final do 1º período ou até à interrupção das aulas no Carnaval tenham três ou mais níveis inferiores a 3, serão submetidos a um plano de recuperação elaborado pelo Conselho de Turma (algo que já acontecia até agora com a avaliação sumativa extraordinária). Estes planos de recuperação vão sofrer a fiscalização do Conselho Pedagógico e no final do ano lectivo, da própria direcção regional de educação. Este último pormenor não é nada inocente: não basta reter um aluno; é preciso que esta seja muito bem fundamentada (nomeadamente: explicar porque é que alguns planos de recuperação não tiveram o sucesso desejado), sob pena da responsabilidade da retenção recair sobre os professores. Percebe-se a intenção: esta burocratização da avaliação tem como objectivo desencorajar os professores na reprovação dos seus alunos. É uma forma administrativa de combater as estatísticas que nos colocam na cauda da Europa, no que toca ao sucesso e abandono escolar. Vai-se deste modo agravar a situação de alunos que chegam ao Secundário, sem saber ler, escrever e contar. Nada que tire o sono aos nossos governantes. O importante é chegarmos aos Conselhos Europeus e dizermos aos nossos parceiros que o combate ao insucesso é um êxito no nosso país.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Ainda as aulas de substituição

De entre as novidades com que os professores se confrontaram no início do ano lectivo, a aula de substituição é aquela que mais polémica tem gerado e que tem deixado a maioria da classe docente, à beira de um ataque de nervos. Dois meses passados sobre a sua implementação, pode-se dizer que as ditas aulas são uma completa aberração e que em nenhum momento contribuem para a melhoria da qualidade de ensino. E não são só os professores a mostrar a sua insatisfação. O desagrado já alastrou aos pais/encarregados de educação e aos próprios alunos. Sobre esta matéria, alguns dos episódios que se vão relatando por todo o País são absolutamente risíveis e atentatórios da dignidade profissional dos professores. Só o Ministério da Educação tarda em reconhecer o erro que cometeu. O próprio Secretário de Estado, tem o descaramento de vir a público dizer que estas aulas estão a correr bem e que os professores já se habituaram a elas, querendo, com isso, passar a mensagem de que não há qualquer tipo de contestação e que tudo decorre dentro da maior das normalidades. Como se tal correspondesse à verdade. É a política da avestruz no seu melhor.

domingo, outubro 23, 2005

O ranking das escolas

Pelo 5º ano consecutivo, aí temos o ranking das escolas. Como seria de esperar, nada de novo transparece nesta listagem: os colégios privados continuam na liderança, enquanto nas escolas oficiais as que se destacam são as dos grandes centros urbanos. O que constitui novidade, é vermos, pela primeira vez, uma ministra a pôr em causa a seriedade dos rankings, ao considerar que estes não têm em conta a origem social dos alunos, factor decisivo na qualidade dos processos educativos. Todos sabemos (ou talvez não) que as médias dos exames dependem não apenas da qualidade do ensino e da qualidade e esforço do corpo docente, como do meio social dos alunos que as frequentam. Alunos oriundos de bairros problemáticos têm, à partida, mais dificuldade de aprendizagem, menos preparação de base e menos ambiente de estudo que os oriundos dos meios favorecidos. Este facto, inviabilizaria, por si só, a comparação entre escolas. Se acrescentarmos que as escolas privadas seleccionam automaticamente os seus alunos pelo valor das propinas mensais, enquanto as escolas públicas são obrigadas a aceitar todo o tipo de alunos desde que estes pertençam à sua área geográfica, não faz sentido fazer comparações directas entre escolas privadas e públicas, pois estas levam necessariamente a conclusões precipitadas e erróneas. Sendo assim é caso para perguntar, a quem servem e para que servem estes rankings?

quarta-feira, outubro 12, 2005

As aulas de recuperação no ensino básico

As escolas do ensino básico vão ter, já no início do segundo período deste ano lectivo, aulas de recuperação para os alunos em risco de reprovação. Esta é uma medida que desde já aplaudo e acho até que ela devia ser alargada ao ensino secundário. Um ensino verdadeiramente democrático deve proporcionar a todos os alunos as mesmas oportunidades de sucesso, algo que não vai sucedendo na maioria das escolas deste País. Quantas vezes, em Conselhos de Turma, assistimos a verdadeiros atentados pedagógicos, onde alunos sem os pré-requisitos necessários para a aprendizagem - em especial nas disciplinas cumulativas - não são encaminhados para aulas de apoio pedagógico acrescido, apresentando os professores as desculpas mais esfarrapadas para o não fazerem ( com o conluio de muitos Conselhos Executivos), esquecendo-se que muitos destes alunos não tem qualquer tipo de apoio em casa e grande parte deles não tem possibilidades económicas que lhes permita recorrer a ajuda externa. Esta intenção do Ministério da Educação tem por isso todo o cabimento e, na minha opinião, peca por tardia. Fica, no entanto, por saber, a forma como vai ser implementada.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Comunicado oficial do gabinete do Primeiro-Ministro

" O Governo faz saber que, como medida de contenção de despesas e tendo em conta a actual situação das contas públicas, a luz ao fundo do túnel será desligada até nova ordem"

segunda-feira, setembro 26, 2005

As aulas de substituição

As aulas de substituição estão a causar um mal estar generalizado pelas escolas deste País. Outra coisa não seria de esperar. Estas aulas consistem no quê? Quando um professor falta, este é substituído por um colega de uma qualquer área disciplinar. As aulas resumem-se a uma ocupação do tempo sob a responsabilidade do professor substituto. Na prática isto significa que naquele período de tempo, professor e alunos limitam-se a "encher balões". Se esta é uma das tais medidas que visam melhorar a qualidade do ensino, vou ali e já venho!

quarta-feira, setembro 21, 2005

Sinto-me injustiçado

Por enquanto não passo mais tempo na escola. É triste, mas é verdade. Eu e os meus colegas, esperamos ansiosamente que o Conselho Executivo nos coloque as tão desejadas horas da componente não lectiva nos nossos horários. Sinto-me discriminado, relativamente a tantos outros colegas que nas suas escolas já trabalham segundo as novas e providenciais regras. Não vejo hora de poder contribuir de forma gratuita para o aumento da produtividade e para a melhoria da qualidade de ensino na minha escola.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Os novos concursos de professores

As recentes promessas de José Sócrates de concursos plurianuais em nome da estabilidade docente e das próprias escolas, irá colocar, por certo, muitos professores em pânico. Imagine-se alguém colocado a centenas de kilómetros de casa que passa a ter a perspectiva de assim ficar por um período de 3 ou 4 anos. Se a isto juntarmos a possibilidade de numa escola perto da sua residência, ser colocado alguém com menos qualificações do que ele(a), é caso para deixar este (a) professor(a), à beira de um ataque de nervos. Perante isto, confesso que fiquei perplexo quando ouvi um dirigente de um sindicato de professores congratular-se com esta medida.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Os professores portugueses são uns calões

Um estudo realizado pela OCDE, revela que os professores portugueses do ensino Básico e Secundário passam, em média, menos 379 horas por ano nas escolas que os seus colegas da OCDE, apesar do número de semanas de trabalho ser idêntico. Os docentes portugueses estão cerca de 21 horas por semana nas escolas, enquanto a média dos professores dos países da OCDE ultrapassa as 31 horas semanais. O que vale é que com as novas medidas da Srª Ministra no próximo estudo vamos estar nos primeiros lugares do ranking. Agora só falta um estudo comparativo relativo às condições de trabalho e aos vencimentos. Neste é que a Srª Ministra não nos consegue colocar no topo da classificação. Nem sequer lá perto. Ah, pois não!

terça-feira, setembro 13, 2005

Áreas Curriculares Não Disciplinares

Alguns anos passados após a sua implementação, qual o balanço a fazer relativamente à introdução das áreas curriculares não disciplinares no currículo do 2º e 3º ciclos? Será que elas cumprem os objectivos a que se propuseram? Foi mais uma inovação cujo valor pedagógico está por demonstrar? Não terá sobrecarregado o horário dos alunos com as consequências nefastas que isso acarreta? Não será a Área-Projecto uma Área-Escola encapotada? Na Área-Projecto desenvolvem-se verdadeiramente projectos interdisciplinares? Os restantes professores do Conselho de Turma acompanham o percurso do projecto? A hora de Formação Cívica não é sobretudo utilizada para que o Director de Turma trate dos problemas burocráticos da turma, ficando as questões da cidadania na gaveta? O Estudo Acompanhado tem permitido aos alunos a apropriação de métodos de organização, de trabalho e de estudo que permitam a sua crescente autonomia no estudo? Não constituem estas áreas compartimentos estanques sem qualquer tipo de interrelação com as outras disciplinas?

domingo, setembro 11, 2005

Maria de Lurdes Rodrigues

A ministra da educação caíu em graça junto dos media. Qualquer coisa que a senhora faça, é imediatamente merecedora dos maiores elogios. Isto porque decidiu enfrentar uma classe, que no entender da opinião pública, é uma das classes mais privilegiadas do País. O povinho vibra com tudo isto e apoia a dita. A classe docente desespera com tanta demagogia.

sábado, setembro 10, 2005

A obesidade infantil

As escolas nos EUA vão deixar de ter máquinas de refrigerantes. O objectivo é combater a obesidade infantil que afecta milhões de crianças entre os 6 e os 19 anos. A Associação de Bebidas Americana, da qual fazem parte a Coca-Cola e a Pepsi, mostrou-se solidária com a iniciativa, por considerar a obesidade um problema sério. Os médicos pedem agora restrições também ao "fast-food". A Polónia decidiu tomar a mesma medida há dias atrás. Portugal, País que apresenta a segunda maior taxa de prevalência na Europa de excesso de peso e obesidade infantil entre as crianças dos 7 aos 9 anos, ainda não acordou para esta questão, apesar das chamadas constantes de atenção dos especialistas, para a necessidade de a própria escola ajudar a combater este problema. Um estudo divulgado recentemente revela que 64% das nossas escolas do 2º e 3º ciclos vendem refrigerantes, enquanto apenas 4,5%, vende sumos naturais. Que sentido faz alguns professores promoverem uma alimentação saudável na sala de aula quando na própria escola se vendem todo o tipo de porcarias? Que está à espera o Ministério da Educação para interditar a venda destes produtos? Percebe-se porque isto acontece: deveres mais altos se levantam e todos sabemos quais são. Mais uma vez, os valores económicos se sobrepõem a tudo o resto, mesmo que esteja em causa a saúde das nossas crianças. Muitos conselhos executivos são alertados para esta situação mas estão-se simplesmente marimbando. A minha escola é disso um mau exemplo. Para o orgão de gestão o que importa são as receitas que se conseguem arrecadar com a instalação dessas máquinas, extras que, na sua óptica, são importantes para aumentar o diminuto orçamento que têm ao seu dispor. Uma vergonha!

quinta-feira, setembro 08, 2005

A carga horária dos alunos

Olhando o horário escolar de um aluno do 2º ou 3º ciclo, aquilo que ressalta à vista, é a excessiva carga horária a que ele é sujeito. Os miúdos passam o dia na escola, e o tempo que lhes sobra não lhes dá para estudar nem sequer para ter outras actividades que vão ao encontro das suas motivações e interesses. Em escolas onde se concentram alunos provenientes dos meios rurais, esta realidade é ainda mais notória face ao tempo que estes perdem em deslocações (muitas vezes longas). Ao chegarem a casa, os miúdos estão cansados, por vezes, até mal alimentados, e sem qualquer vontade para estudar. E ao outro dia o cenário repete-se. Sabendo que muitos destes alunos não usufruem de qualquer tipo de apoio em casa que lhes permita fazer frente às suas dificuldades de aprendizagem, temos assim reunidas as condições para o insucesso escolar. A título de exemplo, um aluno do 7ºano de escolaridade pode ter até 17 disciplinas (se tiver Moral). Alguém me consegue explicar tamanha violência? Esta quantidade exorbitante de disciplinas traduz-se num maior enriquecimento curricular?Não me parece. O que me parece é que temos um ensino de fachada: muito bonito por fora e "vazio" por dentro.

Ainda os horários

A rotina do início do ano lectivo para os professores, foi este ano quebrada com as novas directivas no que respeita à elaboração de horários. Os ânimos parecem agora menos exaltados do que na altura em que esta medida foi anunciada. Em que termos é que este novo regime vem revolucionar a nossa vida profissional e a qualidade do nosso trabalho é algo para ser avaliado no futuro. Uma coisa é certa: a ministra ganhou pontos junto da opinião pública e na generalidade dos líderes de opinião, para quem a maioria da classe docente é uma corja de incompetentes e preguiçosos, e os principais responsáveis pelo que de mal vai acontecendo no nosso sistema de ensino. Agora que o nosso período laboral se vai equiparar aos restantes trabalhadores, estou para ver qual é a próxima arma de arremesso que será atirada para cima dos professores.

terça-feira, setembro 06, 2005

A distribuição dos horários lectivos

Oficialmente, o início do ano lectivo para os professores faz-se com a reunião geral, onde para além das informações de carácter geral, são entregues os tão desejados horários. É aqui que os primeiros problemas inevitavelmente surgem, com as habituais discordâncias face ao horário que lhes calha em sorte. Há professores muito zelosos na defesa do seu período de trabalho. Tanto assim é que, muitos deles, passam por cima de tudo e de todos na defesa intransigente dos seus interesses. Nem queiram saber o corropio de gente que acorre aos Conselhos Executivos manifestando o seu descontentamento por tão vil desconsideração. Todos os anos a situação se repete, e não há meio de os Conselhos Executivos porem cobro a esta autêntica palhaçada que nos deveria encher de vergonha. Horários em função dos interesses dos alunos e da escola? Só por cima do meu cadáver, dirão alguns (muitos) professores.
Nota- O compadrio existente entre o orgão de gestão e alguns professores na elaboração dos horários, chega a atingir contornos escandalosos e verdadeiramente inadmissíveis.