terça-feira, novembro 27, 2007

Livrai-nos Senhor de tão funesta criatura!

Albino Maia, presidente da Confederação das Associações de Pais, tem-nos habituado a sempre que abre a boca dizer asneira. Hoje, no Jornal de Notícias, resolveu brindar-nos com mais uma ideia perfeitamente espatafúrdia. Defende, esta eminência parda, que os alunos devem sempre transitar de ano, recebendo apoios acrescidos, no ano seguinte, às disciplinas onde tiveram dificuldades. Sempre gostava de saber onde é que este sujeito se inspira para dizer tamanhas barbaridades. E o mais grave de tudo isto é o estatuto que ele vem adquirindo, graças à notoriedade que os órgãos de comunicação social lhe vão concedendo. Sendo um acérrimo defensor das políticas da tutela não tarda ainda o veremos num lugar de destaque no Ministério da Educação. Os devotos deste governo costumam ser premiados e Albino Maia parece andar à cata de alguma migalha. A ver vamos.

sexta-feira, novembro 23, 2007

rolling stones - you can't always get what you want

Conselhos executivos pressionam professores para evitarem negativas no 1º Período

"Parece que as notas dos alunos vão contar para a classificação profissional dos professores. O Ministério da Educação deve considerar, assim, que um bom professor é o que dá boas notas e não necessariamente o que se preocupa em ensinar aos alunos com rigor e que tenha um elevado grau de exigência. O bom professor não será o excelente pedagogo mas um ‘stor porreiro’ para os alunos mais cábulas.
Há, efectivamente, uma campanha para melhorar as estatísticas com o ensino. O problema é que este objectivo não é conseguido com uma melhoria efectiva da aprendizagem mas com subida artificial das notas. O CM publicou, na terça-feira passada, uma manchete com o título “Professores obrigados a dar boas notas”, onde revelava pressões em várias escolas para os docentes evitarem dar negativas. O Ministério da Educação desmentiu a notícia mas a realidade desmente o Ministério. O CM sabe que, em pelo menos sete escolas de diferentes regiões do País, foram convocadas pelos conselhos executivos reuniões gerais, onde a mensagem dominante passava pelo aconselhamento aos docentes para evitarem as negativas. Ao contrário do que o Ministério alega, não se trata de suspeições de dirigentes sindicais, o que se passa é que, na prática, só os dirigentes sindicais podem falar. Os outros professores temem processos disciplinares se contarem o que se passa nas escolas".

Armando Esteves Pereira
Director Adjunto do "Correio da Manhã"

domingo, novembro 18, 2007

Fantasiando

"Fantasiar - se é que o verbo existe - é divertido e não constitui crime. Por exemplo, a minha mãe, professora reformada do ensino básico, fantasia com a ministra da Educação. Calma. É um delírio simples, em que Maria de Lurdes Rodrigues acaba vítma de rapto e invariavelmente abadonada num dos grandes desertos do planeta. Em plena fantasia surge apena um pequeno temor: que a ministra, sem jamais perder aquela expressão de que uma Era Glacial está iminente, encontre um óasis. Ou ainda outro, quiçá mais improvável, de que o frio emanado por Maria de Lurdes acabe por congelar o Sahara.
Creio que não se podem levar a mal os professores porterem este tipo de sentimentos para com a titular da pasta. Não há nada que um professor mais estime do que um bom aluno. O prazer de ajudar alguém a crescer. Deve ser parecido com o que Camacho sente quando o Freddy Adu salva o Benfas.
E a verdade é que parecem estar a ser criadas cada vez mais condições para levar os bons alunos à extinção. Baixando as exigências, baixam os resultados. Usando mais uma analogia futebolística, é como se o treinador dissesse aos jogadores: não precisam de vir treinar. Apareçam só no domingo, para o jogo, ou então não - e tragam-me um atestado médico na segunda.
Desconfio que a insensibilidade revelada pela ministra está se calhar relacionada com a ausência de um professor emblemático no seu passado. Sim, brinquemos aos psicanalistas. Deite-se no divã, ó faz favor, sôtora. Temos uma hora. Conte-me tudo. Foi o papá ou a mamã? Quer experimentar hipnose regressiva? Costuma acordar a meio da noite com suores frios e uma manif da FENPROF na sala-de-estar?
O meu professor foi António de apelido Bulcão, uma reminiscência da palavra flamenga para "vulcão". Um açoreano ao quadrado, portanto. Advogado de formação, foi meu professor de Economia quando tinha 14 anos. Não aprendi nada sobre contas, a Bolsa ou as leis do mercado, mas nunca me esqueci das duas primeiras palavras que escreveu no quadro: "Jubiabá" e "Steinbeck".
Bulcão ensinou - ou melhor, incitou - uma pequena geração de adolescentes a ler, a escrever, a saber poesia de cor, a fazer teatro, a aprender música. Falta-me a última mas ainda não perdi a esperança. O professor Bulcão repetia-nos sempre que tinha demorado nove anos a concluir Direito mas não se arrependia de nenhum chumbo. Porque nesses anos "perdidos" tinha lido, escrito, seduzido, viajado, cantado, trabalhado noutras áreas e noutros sítios. Tudo aquilo que, sempre com apartes bem-humorados, nos inspirava igualmente a fazer. Perder um ano escolar não é necessariamente mau, péssimo é perder um ano das nossas vidas. Carpe Diem.
É por isso que este vosso escriba, acha que só tem 16 anos. Nasceu em 91, nas aulas em que a Economia servia só de pretexto quando começou a ler Jorge Amado e John Steinbeck, a escrever poemas para amarrotar; a subir a palcos escolares para cantar versos de Natália Correia musicados pelo professor ou a viver paixões assolapadas mais por raparigas e menos pelo Benfica.
Noestado actual da Educação em Portugal, temo que os alunos deixem de ter os seus professores emblemáticos. Uns porque nem sentem necessidade ou obrigação de ir às aulas e os resistentes porque, quando se sentam nas cadeiras, só vêem um professor desanimado à sua frente e um quadro sem quaisquer palavras misteriosas inscritas a giz.
Levante-se do divã, senhora ministra, o nosso tempo acabou...mas escute: e a sua vida, já começou?"

Luís Filipe Borges
"Sol"

sábado, novembro 17, 2007

Aumenta a escalada de violência nas escolas portuguesas

A ministra da Educação tem dito repetidas vezes que a escola é o local mais seguro para as crianças estarem. Ainda recentemente, revelou que a questão da violência nas nossas escolas não suscita grandes preocupações dado o reduzido número de participações de ocorrências graves. Factos vindos hoje a público, vêem contrariar as afirmações da ministra. Afinal parece que há motivo para estarmos alarmados. Segundo notícia do Expresso de hoje, “um ano depois de ter lançado apoios especiais para 33 escolas violentas, o Governo concluiu que tem de abranger o triplo”. Por outro lado, a linha SOS professor, desde o início do ano lectivo, já recebeu 35 denúncias de agressões de alunos e encarregados de educação contra professores. Ou seja, a escola de hoje não só não é segura para os alunos como também o deixou de ser para os professores. Estes últimos, aliás, têm razões mais do que suficientes para começarem a zelar pela sua segurança tão frequentes são as agressões de que têm sido alvo. Face a tudo isto, seria bom que a ministra se mostrasse mais atenta ao que se passa nas nossas escolas e escutasse as palavras do Procurador Geral da República, quando este alerta para a necessidade de urgentemente se acabar com a impunidade nas escolas. É que amanhã pode ser demasiado tarde.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Contradições

"A senhora Ministra da Educação quando em 2005 justificou a necessidade de aulas de substituição, fê-lo alegando e cito de cor,que:"a Escola deve ocupar sempre os alunos do básico e do secundário para que não vão para o café,para o tabaco e pior".Ora acontece que agora em 2007, ao pretender justificar um novo Estatuto do Aluno em que se acaba com a distinção entre faltas justificadas e injustificadas , afirmou em entrevista televisiva e volto a citar de cor:"o que é relevante não são as faltas, mas sim se o aluno sabe ou não sabe". Desta feita parece ter deixado de se preocupar se o aluno que falta vai "para o café, para o tabaco ou pior". Então em que ficamos?!"

António José Ferreira
Abrupto

segunda-feira, novembro 05, 2007

É mau de mais para ser verdade

"Acho que está a fazer-se uma grande tempestade num copo de água a propósito do Estatuto do Aluno e da subsequente trapalhada que foi a votação do diploma no Parlamento. Na verdade, já estava previsto que tudo isto acontecesse. Os ministros da Educação, depois de resolverem os assuntos prementes da matéria administrativa da sua casa, raramente conseguem alterar o essencial; e o essencial é a qualidade do ensino; e combater pela qualidade do ensino é lutar pela elevação do grau de exigência e de rigor em todos os graus de frequência escolar. Os professores e os sindicatos estão fora dos corredores da 5 de Outubro, e acaba por ser fácil penalizar e humilhar professores. Já os pedagogos, os ideólogos do edifício escolar e os teóricos que se têm encarregado de embrulhar o suistema de ensino, esses, estão instalados no ministério.
Todos os conhecemos. Têm, antes de mais, um discurso muito próprio, cheio de metáforas e de ditirambos que nunca se referem a coisas práticas, que dificilmente estão relacionados com a escola e as suas dificuldades em existir e que, no fundo, vivem de experiências pedagógicas e vagamente científicas.
Maria de Lurdes Rodrigues encontrou o caminho facilitado; tratou de introduzir alguma racionalidade na administração escolar e na vida dos sindicatos, na "operacionalidade" e no mapa escolar. Mas, quando se esperava que essa coragem fosse transposta para a área fundamental, que é o ensino propriamente dito, entrámos no mundo do puro delírio.
Com as críticas ao processo de avaliação de professores a avolumar-se, aconteceu a polémica da TLEBS, terminologia linguística para o Básico e o Secundário. Depois de demonstrados os erros científicos metodológicos de grande parte da sua formulação, o ministério dividiu-se; um secretário de Estado prometeu (e comprometeu-se) suspender a TLEBS; um director-geral reconheceu erros mas defendeu que o ministério devia continuar a dá-los e a ampliá-los. Vendo bem como as coisas estão, verifica-se que continua tudo igual e que a política do ministério continua a aprofundar o ruinoso caminho aberto pelos delírios ideológicos que transformaram o ensino do Português numa banalidade e que vandalizaram o ensino da Matemática. Geralmente, o ministério acha que está munido de excelentes ideias. Um grupo cada vez mais numeroso (porque se acumulam as suas assinaturas ao longo dos anos) de técnicos e burocratas dessa ideologia passa incólume no meio da asneira. Eles acham que estão munidos de excelentes ideias. Mas, mesmo depois de se ter provado que essas ideias dão péssimos resultados, aqui ou no estrangeiro, mesmo depois de terem recebido críticas demolidoras, tudo continua na mesma, ou pior. O ensino - nomeadamente a ideologia que está por detrás de todas as decisões do ministério em matéria pedagógica e científica - está entregue a esse monstro corporativo que supõe ter toda a verdade do seu lado. O estatuto do aluno e o seu regime de faltas é apenas mais um episódio lamentável a acrescentar a tantos outros. É, geralmente, gente que não conhece a escola real, que não tem contacto com o dia-a-dia das escolas, que imagina os professores como meros instrumentos ao seu dispor para as experiências mais descabidas. As vítimas dessas experiências descabidas são os nossos filhos - e é o seu futuro. Por isso, o sinal dado pelo Ministério é definitivamente mau e constitui um erro grave, desculpabilizando os alunos faltosos, penalizando os alunos cumpridores e sobrecarregando os professores e as escolas com outra categoria de "desprotegidos" os que, deliberadamente, faltam às aulas. Tudo para adulterar e manipular as estatísticas, o que é grave demais".

Francisco José Viegas
Jornal de Notícias

domingo, novembro 04, 2007

A escola e os números

"Há mais 7% de alunos inscritos no secundário, há mais 35% na via profissionalizante, a taxa de insucesso escolar nos 10º, 11º e 12º anos baixou de 32% para 25%, os chumbos no 12º passaram de mais de 50% em 2004-2005 para 38% no último ano lectivo. Estas estatísticas foram divulgadas esta semana pela ministra da Educação e levaram o primeiro ministro a concluir: “Com o mesmo dinheiro, menos professores e menos escolas, conseguimos ter mais alunos e melhores resultados”.
Conseguimos mesmo?
Os números, aqueles, assim apresentados, poderiam levar a crer que sim. Mas nem os números, aqueles, são suficientes para permitir tal conclusão, nem pode quem quer que seja concluir pela melhoria do ensino apenas e só por uma análise quantitativa.
“Provavelmente nenhum aluno chumbou por faltas no último ano”, disse a ministra em entrevista ao DN. Provavelmente? Como provavelmente? Então o Ministério da Educação, que divulga números exactos e se vangloria com eles, não sabe quantos alunos chumbaram por faltas no último ano?
Claro que houve alunos que chumbaram por faltas no último ano – basta telefonar para uma escola secundária, aleatoriamente, e perguntar.
E, “provavelmente”, não foram tão poucos que não justifiquem estudo estatístico. E, “provavelmente”, seriam muitos mais se para essa estatística contassem também os alunos que, no final do 2º período, foram convidados pelos estabelecimentos de ensino a anularem as matrículas em vez de se sujeitarem ao inevitável chumbo no final do ano.
Maria de Lurdes Rodrigues socorreu-se daquele “provavelmente” para vir a público defender com unhas e dentes o ex-novo Estatuto do Aluno, que previa a retenção dos estudantes por excesso de faltas e a impossibilidade de expulsão da escola. “Ex-novo Estatuto do Aluno” porque o diploma aprovado no Parlamento acabou por consagrar o contrário – prevendo a retenção dos alunos que ultrapassem o limite admissível de absentismo e admitindo também a possibilidade de expulsão.
Alterado o Estatuto, a ministra foi à RTP afirmar que, afinal, o que acabou por ser aprovado foi o que ela sempre defendeu e que, aliás, constava da proposta que, em Abril, foi aprovado em Conselho de Ministros. Sim, senhora. Se todos os que leram a entrevista ao DN entenderam o contrário foi porque não o souberam ler. Ou leram o que ela não disse. Ou seja, deviam era todos voltar aos bancos da escola, mesmo que depois faltassem.
Quanto ao abzentismo (sic), a ministra disse à RTP que acredita que se um professor chamar um jovem que falta uma vez às aulas, e o castigue ou advirta para as consequências de um comportamento abzentista (sic), o aluno entende e corrige o seu comportamento.
COMO? QUEM? ONDE?
Talvez no mesmo país em que não se justifica qualquer preocupação especial com os fenómenos de violência e de criminalidade vária que se passam nas escolas e que a ministra reduz a actos de mera indisciplina.
As teorias da ministra são, aliás, as mesmas que estiveram na base do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF). Bem intencionado, é certo. Mas com os resultados que estão à vista e que “provavelmente” a ministra já tem na sua posse. Divulgue-os! A ver se tem razão e se todos os velhos do Restelo que há gerações e gerações repetem o discurso catastrofista sobre o ensino.
Maria de Lurdes Rodrigues diz as coisas com ar tão determinado que não pode viver no mesmo mundo do procurador-geral da República e dos milhares de professores que diariamente lidam com sérios problemas sociais e educacionais nas escolas de todo o país.
“Provavelmente”, Maria de Lurdes Rodrigues não vive neste mundo".

Mário Ramires
"Sol"

sexta-feira, novembro 02, 2007

A Sinistra continua em grande estilo

Maria de Lurdes, na entrevista ontem dada à RTP, desvalorizou a assiduidade dos alunos. Para ela o importante é que os meninos cheguem ao final do ano lectivo e mostrem que adquiriram conhecimentos. Se faltam ou não isso é uma questão de somenos. Está deste modo legitimada a possibilidade de um aluno ir à escola apenas nos momentos dos exames. Compreende-se: se José Sócrates, conseguiu uma licenciatura sem praticamente colocar os pés nas aulas porque é que os petizes haviam de ter regras diferentes? Aplaudo a coerência da ministra e, acima de tudo, a solidariedade para com o seu “patrão”.

Mais uma crítica ao novo estatuto do aluno

"No curto espaço de uma semana, o Governo de José Sócrates conseguiu produzir dois documentos de uma imbecilidade absolutamente notável que dizem muito sobre a massa de que é feito este executivo.A festa começa nesse hino à impunidade e à displicência que constitui o novo estatuto do aluno. A coisa explica-se de uma penada: reconhecendo a sua antipatia genética pela ideia de disciplina, o PS de Sócrates resolve a questão da generalizada rebaldaria que grassa nas escolas públicas do País legitimando-a. A ideia é de uma genialidade desarmante. À falta de vencer a balda, integra-se no sistema a própria balda: os petizes, que já tinham dificuldade em chumbar por razões pedagógicas, ficam agora “proibidos” de chumbar por faltas. Ou como se diz em “eduquês”: “a escola pública inclusiva não pode permitir que se impeça um aluno de voltar à escola por conta, apenas (sublinhado meu), de um determinado número de faltas”. É certo que alguns lunáticos e conservadores ultrapassados dirão que se sacrifica um pouco mais a cultura de exigência e de mérito que seria suposto começar a ensinar-se na escola pública. Mas os cães ladram e a caravana passa. E o que é realmente importante é que, graças a esta aberração saída das profundezas mais tenebrosas do Ministério da Educação, que dá pelo nome oficial de “nova filosofia de intervenção pedagógica e disciplinar”, se salvam a face da ministra e as estatísticas do sector (...)".

Pedro Norton
Visão