quinta-feira, julho 28, 2011

Avaliação docente. Ministro usa trunfo privado que causa inveja no público


"Dar liberdade às escolas para decidir como avaliar os seus professores é a grande virtude do privado, reconhecem sindicatos e associações

Qualquer que seja o novo modelo de avaliação de desempenho docente que o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, apresentar amanhã, não há hipótese de fazer toda a gente feliz. "Haverá sempre uma parte da classe que irá contestar a sua proposta porque esta matéria é muito controversa e é impossível de agradar a todos", avisa Manuel Pereira, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares. A ambição será portanto conseguir o maior consenso possível e, por enquanto, o modelo usado no ensino particular e cooperativo parece uma das alternativas que reúnem o acordo nos dois lados da barricada.

De um lado está o ministro Nuno Crato e o próprio programa do governo, que admite usar o exemplo dos colégios e escolas privadas como uma das principais inspirações para criar um novo sistema de avaliação; do outro estão os sindicatos e as associações ou movimentos de professores, que até estão dispostos a aceitar este caminho, desde que seja uma "base de trabalho" ou um "ponto de partida" para se chegar a um resultado em que se incluam também outros modelos e sugestões da classe, esclarece Carlos Chagas, da Federação Nacional do Ensino e Investigação (FENEI).
O certo é que o modelo de avaliação do ensino privado é aceite como um bom princípio de conversa. Resta perceber o que tem este sistema para contentar a maioria. Ter uma matriz comum a todo o ensino que avalia as principais competências de um professor é uma característica que não o distingue do modelo utilizado actualmente no ensino público. Porém, deixar para cada escola a liberdade de decidir como quer avaliar e que peso pretende atribuir a cada uma das competências é a grande diferença e a principal virtude reconhecida por boa parte dos professores.

"Usar a mesma régua para medir todos os professores por igual é uma grande falácia que acontece com o actual modelo e que só cria injustiças, tendo em conta que cada escola tem as suas especificidades", alerta Jaime Pinho, um dos coordenadores do Movimento Escola Pública. Não é possível por em pé de igualdade uma escola rural e uma escola urbana ou uma escola com taxas de abandono elevadas num bairro periférico e uma escola no centro de uma cidade frequentada pelas classes média e alta.

Esse é o aviso de Jaime Pinho, que até está em sintonia com o que defende João Grancho, dirigente da Associação Nacional de Professores, mas apenas mediante condições: "Haverá sempre a necessidade de definir uma linha orientadora e a partir daí criar nuances adaptadas aos contextos de cada estabelecimento de ensino e de cada um, uma vez que a exigência de um professor em início de carreira não é igual a outro com mais experiência."

Essa é a lógica do modelo adoptado pelo ensino privado, explica Rodrigo Queiroz e Melo, director Executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo: "O nosso regulamento tem meia dúzia de artigos a definir o essencial, que são as aptidões que todos os professores são obrigados a ter. Não dizemos, por exemplo, quantos formulários ou fichas é preciso preencher e minimizamos o mais possível a carga burocrática."

Retirar aos professores a responsabilidade de avaliar os colegas é outra "virtude" do privado cobiçada no ensino público. "Este é também o caminho que a rede pública deve seguir", defende o sindicalista Carlos Chagas. Atribuir notas aos colegas com graduação superior foi aliás um dos grandes motivos que levou boa parte da classe a contestar o actual modelo. Ao delegar essa tarefa a uma comissão composta por docentes do mesmo departamento curricular e ainda pelo director parece ser um mal menor que sindicatos e associações estão dispostos a aceitar. "O que não podemos ter é por exemplo como aconteceu com o meu caso. Sou professor de História e fui avaliado por uma colega de Filosofia. A única vantagem que isso tem é poder lançar uma discussão filosófica sobre o meu desempenho", ironiza Jaime Pinho".
Jornal

quarta-feira, julho 27, 2011

Este é dos que não se cansa de dizer que os portugueses têm que apertar o cinto

Esta é a constelação de afazeres que Nogueira Leite coleccionava em 2010:

Vogal do Conselho de Administração da Brisa Auto-Estradas de Portugal SA; Vogal do Conselho de Administração da CUF, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da CUF - Químicos Industriais, SA; Vogal do Conselho de Administração da CUF - Adubos, SA; Vogal do Conselho de Administração da José de Mello Saúde, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da SEC - Sociedade de Explosivos Civis, SA; Vogal do Conselho de Administração da EFACEC Capital, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da Comitur, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da Comitur Imobiliária, SA; Vogal do Conselho de Administração da Expocomitur - Promoções e Gestão Imobiliária, SA; Vogal do Conselho de Administração da Herdade do Vale da Fonte - Sociedade Agrícola, Turística e Imobiliária, S.A.; Vogal do Conselho de Administração da Sociedade Imobiliária e Turística do Cojo, SA; Vogal do Conselho de Administração da Sociedade Imobiliária da Rua das Flores, n.º 59, SA; Vogal do Conselho de Administração da Reditus, SGPS, SA; Vice-Presidente do Conselho Consultivo do Banif Investment, SA; Membro do Conselho Consultivo do Instituto de Gestão do Crédito Público.

terça-feira, julho 26, 2011

Na Finlândia há exames e retenções, estúpida!

"1. QUANDO a ignorância, a leviandade e a audiência se combinam, a mistura é explosiva. Um exemplo: «na Finlândia não há exames nem retenções». Da AR ao comentário loiro numa televisão, a asneira tornou-se moda e arrogância.

Na Finlândia há retenções e exames. Não é por não haver a possibilidade de retenções que a escola na Finlândia é boa. É por a escola ser boa que as retenções são ali residuais. E a que se deve essa qualidade?

Em cenário de fundo, o respeito pela educação e o prestígio da escola. Os pais, em geral com instrução elevada, acompanham com exigência o trabalho escolar dos filhos.

Depois, a arquitectura do ensino, a cultura de exigência, a qualidade da formação dos professores, programas e currículos assentes nos saberes que contam (libertos das tretas, que impedem o trabalho e a concentração no essencial. Responsabilidade e responsabilização dos directores, que respondem perante o ministério e as «autarquias». Directores que não são eleitos pelos pares.

Quando, há anos, apontei para a necessidade da figura do director, acusaram-me de defender a escola «de antigamente». Escola de antigamente, alas, com que o Prof. Veiga Simão, com a sua Grande Reforma aliás, já acabara - a seguir - como escreveu, tão lucidamente, Sottomaior Cardia, foi só destruir esse projecto iluminado e corajosíssimo, que teria conduzido ao desenvolvimento do País.
(Hoje há directores nas escolas, embora a legislação que os instituiu limite a sua eficácia… ideologia oblige.)

2. Na Finlândia a educação é descentralizada, cabendo às autarquias uma grande responsabilidade na sua organização, que assenta numa autonomia estruturante das escolas.

Professores qualificados e respeitados. Numa escola hierarquizada, sob a orientação de um director, a quem cabe, em ligação com as autoridades locais, a contratação dos docentes. Mecanismos de apoio multidisciplinar para os alunos com dificuldades. Combate eficaz à retenção e ao abandono precoce. Ensino responsabilizante desde muito cedo. Uma aposta na qualidade e não tanto na quantidade (9 anos no ensino básico, sem horas excessivas na escola). Todos têm que contribuir para a qualidade do ensino: ministério, professores, alunos e pais. Uma rede de escolas «primárias», pequenas, muito ampla.

3. Com o CNE o ME estabelece a arquitectura nacional da educação, designadamente, os currículos nacionais, cabendo a cada escola complementá-los.

Escolaridade obrigatória até ao 9.º Depois, duas vias: científica (54% dos alunos), três anos, que termina com um exame nacional, base para a continuidade dos estudos; um ramo profissionalizante, de três anos, escolhido pela generalidade dos que não optaram pela via científica. Os que obtiverem uma qualificação profissionalizante adicional podem prosseguir estudos em escolas politécnicas ou em outras instituições de ensino superior. A escola, através da orientação permanente aos alunos e em contacto com os pais, encaminha-os para a via mais indicada para cada um.

(Durante anos, insistimos no facto da percentagem aberrante de abandono escolar em Portugal ser devida à inexistência de uma via profissionalizante. Uma escola igualitária - facilitista, ignorante, iletrada e boçal - gera, como entre nós se verifica, maior desigualdade social. O primeiro-ministro José Sócrates, parecendo perceber o problema, terá levado o ME a anunciar a possibilidade da criação de cursos técnicos profissionais nas escolas… nas escolas que tomassem a iniciativa de os propor. De facto o ME não disponibilizou os meios materiais e humanos que seriam necessários, devendo-se os cursos criados graças apenas à «carolice» de alguns directores e professores. Mas mesmo assim o abandono escolar diminuiu significativamente nas escolas que passaram a oferecer esses cursos. Na ocasião pensei tratar-se de sabotagem do que julguei ser um lúcido propósito do primeiro-ministro (até cheguei a manifestar-lhe apoio!), mas recentemente explicaram-me que a criação desses cursos não terá passado de um expediente para obter fundos da União.)

3. Na educação finlandesa não existe uma avaliação nacional de professores. A avaliação é feita nas escolas, presentes as características de cada uma, através dos resultados alcançados e do acompanhamento do trabalho dos docentes, que passa pelo director e pelo organismo de educação constituído no âmbito da «autarquia». Nada que lembre o modelo de avaliação imbecil, injusto, impraticável e desmotivador inesperadamente ainda em vigor entre nós.

4. Para transitarem, os alunos têm de obter aprovação em todas as disciplinas. Quando entram na escola percebem logo, portanto, ao que vão... A avaliação, realizada por cada escola, resulta de exames formais (no fim dos ciclos e com notas numéricas) e avaliação permanente, com provas regularmente realizadas.

5. Se não é possível, entre nós, reproduzir aquele cenário social de fundo, é no entanto, praticável e imperativo adoptar e adaptar a arquitectura do ensino, a cultura de exigência e responsabilização, que determinam a qualidade da educação na Finlândia, e… reproduzem, promovem, os valores que distinguem a sociedade finlandesa. Sem essa mudança de cultura e de ambiente nas nossas escolas – ensino centrado nos saberes que contam , valorização do papel do professor - servirá de muito pouco aumentar o número de aulas de Matemática e Português - apenas mais aulas… iguais, mais tempo de caos e frustração dos docentes.

Exemplo duma diferença exigida pelo estado concreto do nosso ensino: um regime correctivo intensivo de exames, instrumento de regulação incontornável, de responsabilização e incentivo de toda a vida escolar, que gerará, finalmente, os bons resultados.

É tudo isto que, com o entusiasmo dos professores e a convergência patriótica das organizações sindicais e das associações de pais, gerindo bem e economizando milhões, este Ministro e este Governo novos, legislando como e quanto for necessário, seguramente querem e têm que realizar. Nunca um Ministro teve, como Nuno Crato, uma tão larga confiança dos professores, um tão largo apoio político e social para o fazer. Já. Mesmo que seja necessário assumir um ano escolar com atrasos e perturbação. Porque não poderá ser pacífico o extirpar da serpente…"

Guilherme Valente
Público

segunda-feira, julho 25, 2011

Nuno Crato acredita que novo modelo de avaliação de professores será bem recebido

"O ministro da Educação, Nuno Crato, vai apresentar o novo modelo de avaliação aos sindicatos na próxima sexta-feira, disse à Lusa, manifestando-se convicto de que o mesmo “será bem recebido”.

Público

sexta-feira, julho 22, 2011

Nuno Crato esvazia direcções regionais

"O Governo vai retirar das direcções regionais de educação centenas de professores destacados, fazendo-os regressar às escolas.
"Cerca de 900 professores voltam às escolas já no próximo ano lectivo", disse ao CM Carlos Chagas, do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (FENEI/SINDEP), após reunião com o ministro Nuno Crato, mostrando-se de acordo com a medida. Segundo o dirigente, Crato está disponível para rever quase tudo, do Estatuto do Aluno e da Carreira Docente ao modelo de gestão das escolas.
Quanto à avaliação de professores, a tutela disse ao CM que serão feitos "todos os esforços" para que "ainda na próxima semana sejam expostos aos sindicatos os princípios gerais de um novo modelo".

CM

quarta-feira, julho 20, 2011

Não se pode fazer política sem ludibriar o eleitor? - Crónica de Santana Castilho

"1. Todos sabem, mas são poucos os que se insurgem contra a incoerência e o ludíbrio na política. Passos Coelho, candidato, disse da carga fiscal o que Maomé não disse do toucinho. Como homem de palavra que se dizia, garantiu não subir os impostos, pelo menos os que oneravam o rendimento. Se, afirmou, em limite, a isso fosse obrigado, então, taxaria o consumo. A primeira medida que Passos Coelho, primeiro-ministro, tomou, foi confiscar um belo naco do rendimento do trabalho dos portugueses. Lapidar!
O ministro das Finanças explicou aos ludibriados como se consumará a pirueta. Fê-lo em conferência de imprensa original, estilo guia turístico: à vossa esquerda (página 5 do documento de suporte), podem ver o gráfico tal; à vossa direita (página 27 do documento de suporte) podem contemplar o quadro X. Estilo novo, por estilo novo, poderia ter ido mais além. Poderia ter recolhido previamente as perguntas e incluir um desenho no documento de suporte, estúpidos que somos, para nos explicar por que razão os rendimentos do capital foram protegidos. Dizer-me que o não fez para não desincentivar a poupança e porque era tecnicamente impraticável, fez-me sentir gozado. Reduzir o alvo aos cidadãos e deixar de fora as empresas de altíssimos lucros, remete para o lixo o discurso da equidade e faz-me sentir ludibriado.
2. Nunca concordei com a demagogia da redução do número de ministros e com o disparate de constituir giga ministérios. Porque as pessoas, mesmo que sejam ministros, têm limites. Porque a quantidade é sempre inimiga da qualidade. Os primeiros sinais fazem-me sentir grosseiramente ludibriado. A poupança de ministros logo resultou em destemperança de secretários de Estado. E a incoerência entre os princípios anunciados e as práticas seguidas não tardou a ser inscrita em Diário da República. Com efeito, foi criada uma comissão eventual para acompanhar a execução do programa de assistência financeira a Portugal. Tem 30 elementos, trinta. Esta “estrutura de missão”, ESAME, de sua sigla, vai fazer aquilo que, obviamente, seria missão do Governo, designadamente do Ministério das Finanças. Para quem tanto falou de cortar gorduras do Estado, sinto-me ludibriado.
3. Como já afirmei publicamente, o expediente da suspensão do encerramento das 654 escolas, não é mais do que uma manobra política de duplo efeito: imediatamente, recolhem-se louros e popularidade; verdadeiramente, verifica-se o que está pronto e o que está atrasado, quanto às construções em curso. E, porque é isso que está no programa do Governo, continuar-se-á a política de criação de mega agrupamentos, aprofundando a desertificação do interior e tornando irreversível um deplorável crime pedagógico. No início de Julho, Nuno Crato suspendeu o fecho de 654 escolas. Dias volvidos, confirmou que 266 das 654 encerrariam imediatamente. Não teremos de esperar muito para confirmar o ludíbrio total.
4. O ministro da Educação tornou-se popular pela ênfase que emprestou a algumas ideias sobre Educação. Uma delas consistiu em acusar o ministério de ser dono da Educação. Matando com ferro, com ferro começou a morrer no quadro desta pífia adaptação curricular do ensino básico, a que procedeu de forma monolítica. O que é este ajustamento? Tão-só a recuperação da proposta de Isabel Alçada (com excepção do fim do par pedagógico de EVT), inviabilizada pelo PSD, que alegou falta de estudos que a sustentasse (mais uma vez a incoerência e o ludíbrio político em flagrante). No 1º ciclo, onde residem carências graves, tudo ficou na mesma. No restante, o mais relevante são mais horas para Matemática e Língua Portuguesa, como defendeu Maria de Lurdes Rodrigues em 2008. Como reagirão os bons alunos (que também existem) a mais horas, de que não necessitam? Nuno Crato ignora que muito Estudo Acompanhado já era dedicado à Língua Portuguesa e à Matemática, sem que os resultados se tornassem visíveis? Não se interrogou sobre os resultados dos dispendiosos PAM (Plano de Acção da Matemática) e PNL (Plano Nacional de Leitura), que significaram milhares de horas e milhões de euros despejados sobre a Língua Portuguesa e sobre a Matemática e que não impediram os piores resultados em exames dos últimos 14 anos? O problema não é de quantidade mas de qualidade das aprendizagens. E para isso confluem várias variáveis, que o taylorismo de Crato não considera. Cito algumas. As escolas deviam ter autonomia total para encontrar soluções para o insucesso. As horas retiradas às Áreas Curriculares não Disciplinares deveriam ter sido postas à disposição das escolas, que as aplicariam em função da natureza diferente dos problemas que sentem. Claro que isto supunha directores eleitos e Inspecção Geral de Educação organizada por áreas científicas e núcleos de escolas. A autoridade do professor e a disciplina na sala de aula fariam mais pelos resultados do que todos os planos ou acréscimos de horas. A burocracia esquizofrénica que escraviza os professores já deveria ter sido implodida. Os blocos de 90 minutos são um disparate e os tempos de 45 são insuficientes. Não pode haver disciplinas em que o professor vê o aluno de semana a semana. É imprudente, numa formação básica, reservar para a Matemática e para a Língua Portuguesa o conceito de disciplinas estruturantes. Onde ficam a Educação Física e as restantes expressões, por exemplo? É perigoso o que se está a fazer com a História e a Geografia. Ou quer-se, desde logo, subordinar tudo a um determinado modelo de Homem e Sociedade?"

terça-feira, julho 19, 2011

Nova avaliação de professores entra em vigor em Setembro

"Um novo sistema de avaliação do desempenho dos professores vai entrar em vigor a partir de dia 1 de Setembro, afirmou esta terça-feira João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), após uma reunião com o ministro da Educação, Nuno Crato.

«É fundamental termos a consciência, que me parece óbvio das palavras do senhor ministro, que teremos a partir de 1 de Setembro um outro modelo de avaliação de desempenho e que este modelo burocrático que está a provocar forte intranquilidade nas escolas está em vias de extinção», disse satisfeito João Dias da Silva.

O secretário-geral da FNE sublinhou que o ministro mostrou disponibilidade para «apresentar muito rapidamente uma proposta» e para se «negociar para o próximo ano esta matéria e outras relacionadas com a organização do tempo de trabalho dos professores».

Segundo Dias da Silva, «o ministro disse que era precipitado dizer que garantia até ao final da próxima semana» uma proposta, mas adiantou que a apresentará em breve".

A Bola 

Fenprof quer "respostas" sobre avaliação de desempenho

"A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) espera que já na próxima semana o ministro da Educação tenha "respostas" sobre que modelo de avaliação de desempenho irá substituir o actual, afirmou hoje o dirigente sindical Mário Nogueira.
Falando aos jornalistas após o primeiro encontro com Nuno Crato desde que este assumiu a pasta da Educação, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou que o ministro "escutou, mas faltam vir as respostas".
Na próxima semana a Fenprof volta a reunir-se com o ministro sobre uma das "medidas imediatas" que reclama: a "suspensão imediata e substituição do regime de avaliação de desempenho" dos professores.
Questionado sobre se o próximo ano lectivo vai começar bem no que toca às relações entre professores e a tutela, o sindicalista mostrou um grau mínimo de otimismo: "É difícil correr pior" do que aconteceu com o anterior Governo, declarou. Mário Nogueira afirmou esperar que "alguma coisa melhore" mas antecipou já que o ano que vem vai ser de "continuar o combate".
Em relação a medidas já anunciadas pelo Governo, como o aumento da carga horária de Português e Matemática, Mário Nogueira questionou que seja uma solução adequada para os problemas de aproveitamento dos alunos, salientando que "não há nenhum suporte científico para dizer que são precisas mais horas".
Para a Fenprof, além da avaliação há uma lista - entregue a Nuno Crato - de "medidas imediatas" que passam também pelos horários dos professores, pela antecipação para este ano do concurso de ingresso e mobilidade previsto para 2013 e pela reorganização da rede de escolas".

DN

sábado, julho 16, 2011

Depois da festa

"Com a economia de rastos e a notação da República no lixo, soubemos esta semana que os exames nacionais do ensino básico não foram, digamos, famosos.
A Matemática e a Português os resultados são os piores dos últimos anos – e os piores, atente-se, porque houve um ‘ajustamento do nível de exigência’. Engraçado: para explicar o naufrágio, culpa-se a exigência. O que, de certa forma, faz sentido: enquanto os exames eram a brincar, Portugal avançava nas estatísticas internacionais. Mas bastou subir um pouco a fasquia e adaptar as perguntas à espécie ‘homo sapiens’ para que a fraude viesse à tona.
Verdade que, para sermos justos, os alunos não são culpados de nada. Culpados? Pobrezinhos: eles apenas foram atirados para a carroça colectiva que, nos últimos anos, foi avançando alegremente por um país imaginário – na economia, nas finanças e, claro, no ensino. Agora que a festa acabou, chega a factura: uma dívida colossal e uma geração analfabeta".

João Pereira Coutinho
CM 

quinta-feira, julho 14, 2011

Nova Organização Curricular do Ensino Básico

Aqui.

Resultados desastrosos nos exames de Matemática e Português, no Básico



"Os resultados dos exames nacionais do ensino básico caíram a pique este ano, com a Matemática a entrar em terreno negativo -apenas 41,7% de positivas - e Português , com 56, 4% de positivas, a obter a pior média desde 2006.
Números que surpreenderam as associações de professores das disciplinas, que tinham considerado "equilibradas" as provas de 2011, feitas por cerca de 90 mil alunos.
Em declarações ao DN, Miguel Abreu, da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) , confessou ter sido apanhado de surpresa pelos resultados. Até porque as provas deste ano, que a SPM tinha considerado "equlibradas", estavam "em linha" com as de 2010 , nas quais 51,3% dos alunos tiveram nota positiva.
"No ano passado é que houve um avanço da exigência em relação a anos anteriores", disse , mostrando-se particularmente surpreendido com o número de alunos que teve classificações entre os 20% e os 30% que "subiu de 20 mil para 30 mil".
Também Edviges Antunes Ferreira, da Associação de Professores de Português, considerou "muito significativa" a variação de resultados a essa disciplina, na qual as positivas caíram mais de 13 pontos percentuais num ano".

DN

segunda-feira, julho 11, 2011

Relembrar a Passos Coelho



Agora que o PCP volta a tomar inciativa de pôr fim à ADD, convém relembrar a Passos Coelho o que ele disse durante a campanha eleitoral relativamente a este processo.

quinta-feira, julho 07, 2011

Diferenças regionais nas médias dos exames chegam a cinco valores

"Num primeiro olhar, as manchas coloridas nos vários mapas do Relatório dos Exames Nacionais 2010 levam-nos a algumas leituras imediatas. O Baixo Mondego apresenta bons resultados e o Alto Alentejo surge com as médias mais baixas em 14 das 15 figuras apresentadas. Por outro lado, nas disciplinas que fazem parte dos testes intermédios, é evidente a já conhecida dicotomia entre litoral e o interior do continente (sobretudo a sul do Tejo), com as médias nos exames nacionais a variarem até a um máximo de cinco valores entre regiões.

Porém, Hélder Diniz de Sousa, director do Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) do Ministério da Educação, avisa que é preciso ter cuidado com as conclusões que se retiram dos resultados destas "provas de papel e lápis, de duração limitada" e numa só disciplina.

A caracterização da distribuição regional dos resultados (que considerou apenas as disciplinas cujo número de exames realizados pelos alunos internos, na 1.ª fase, foi igual ou superior a 1500) oferece a oportunidade de "identificar e retratar sucessos e fragilidades nas aprendizagens dos alunos" e, desta forma, intervir na melhoria destes indicadores. Constata-se assim que a região do Alto Alentejo é a que apresenta mais fragilidades, com o registo das médias mais baixas em praticamente todas as disciplinas analisadas (a excepção é o exame de Português do ensino secundário). As regiões autónomas da Madeira e dos Açores também apresentam alguns pontos fracos, mas conseguem "descolar" das médias mais baixas em casos pontuais de algumas disciplinas (obtêm bons resultados, por exemplo, em História da Cultura e das Artes). Os melhores resultados (Língua Portuguesa e Matemática no ensino básico e Matemática A e Português no ensino secundário, por exemplo) repetem-se no Baixo Mondego.

Em várias disciplinas, as médias obtidas chegam a distanciar-se por quatro ou até cinco valores de diferença de região para região. Veja-se o caso de Matemática A no ensino secundário, onde o Alto Alentejo consegue uma média entre nove e 10 valores e o Baixo Mondego e o Pinhal Litoral apresentam 13 e 14. Ou o caso de Literatura Portuguesa, onde os Açores e Alto Alentejo ficam aquém dos resultados esperados, com uma média inferior a nove, e a Lezíria do Tejo consegue entre 13 e 14. Em Economia A, a diferença é entre uma média de 10 valores em determinadas regiões e de 15 noutras.

De uma forma mais geral, Hélder de Sousa confirma que, a norte do Tejo, o litoral prevalece sobre o interior, ainda que nesta área geográfica o Dão/Lafões ou a Beira Interior "sobressaiam pela positiva". Mas o coordenador do relatório admite "resultados um pouco atípicos" que o surpreenderam, como o facto de o "padrão dominante" no lote de disciplinas com testes intermédios não se encontrar quando temos em conta todos os exames nacionais. "Há uma irregularidade maior", exemplifica.

A análise dos resultados dos alunos nos exames nacionais tem limitações e, por isso, para o director do Gave, não pode nem deve ser lida como uma tabela com primeiro e último lugares. "Não queremos que este trabalho se transforme num ranking regional", sublinha Hélder de Sousa".

Público

terça-feira, julho 05, 2011

Nuno Crato: o problema da escola começa em casa

"Nos últimos anos, quando a conversa chegava à educação eu tinha sempre a mesma resposta: "o meu ministro da educação é Nuno Crato". Razão? O livro que está aqui à direita, que é uma espécie de sistematização das ideias certeiras de Crato para a educação. Que ideias são essas? De forma clara, Crato defende uma revolução pedagógica e cultural, criticando - sem piedade - o eduquês reinante. Crato quer exigência, e não facilitismo. No fundo, Crato acaba por defender que os desejos do aluno não devem ser o centro da escola. O centro da escola deve ser, isso sim, o conhecimento transmitido pelo professor. Porque a escola não é um recreio, não é um passatempo, e os professores não são babysitters. Porque os adolescentes não vão ser sempre adolescentes. Porque é preciso preparar esses jovens para a vida adulta, para a cidadania e para o mundo do trabalho.
Portanto, mais do que o - esperado - trabalho técnico de reorganização das escolas e demais blá blá burocrático do ministério, espera-se de Nuno Crato uma mudança cultural de fundo. E esta mudança cultural começa em casa, com os pais. É por isso que digo que este livro devia ser lido pelos pais antes de ser lido pelos professores. Em Portugal, o problema da escola não se resolve enquanto os pais não forem exigentes com os filhos. Tal como defende Crato,
"O que precisamos é de perceber que a autoridade dos pais deve ser exercida não criticando os professores por serem exigentes, mas ajudando os professores a serem exigentes. É raríssimo um pai entrar numa escola por o aluno ter boas notas. Em contrapartida, aparecem muito frequentemente pais a queixar-se das fracas notas dos filhos, sem estarem preocupados com saber se eles de facto sabem ou não sabem o correspondente às notas".
Este é o grande problema da nossa escola. Mas, apesar de ser da escola, este problema começa em casa. Se uma criança é ensinada no facilitismo pelos próprios pais, como é que um estranho - o professor - pode pedir exigência à dita criança? É impossível. Tudo o resto (avaliação dos professores, as direcções regionais, os exames nacionais, etc.) está situado a jusante desta questão central: os pais portugueses querem ser pais exigentes ou amiguinhos complacentes dos filhos? Se conseguir impor esta discussão cultural à sociedade portuguesa, o consulado de Nuno Crato ficará na história da 5 de Outubro".

Henrique Raposo
Expresso


segunda-feira, julho 04, 2011

Santana Castilho arrasa Passos Coelho

A avaliação dos PIT

"A tentativa foi "bem-intencionada" e a medida cheia de "boa vontade". É pena ter sido um fracasso. Na anterior legislatura, os deputados do PS e do CDS/PP decidiram dar uma oportunidade a quem não aparece nas aulas. As escolas passaram a ser obrigadas a fazer um plano individual de trabalho (PIT) para os alunos que ultrapassam o limite de faltas injustificadas. A regra consta do novo Estatuto do Aluno e foi testada no ano lectivo que agora terminou. Chegou o momento de conhecer os resultados: "Não foi de modo algum eficaz", explica Agostinho Guedes, director da Escola Secundária Inês de Castro, em Gaia. Que é o mesmo que dizer que esses planos são "inócuos e só serviram para aumentar a burocracia e o trabalho dos professores", acrescenta Teresa Lopes, do Agrupamento Ibn Mucana, em Alcabideche (Cascais).

A maioria das escolas está agora a fazer a avaliação destes alunos, mas no agrupamento de Alcabideche Teresa Lopes já consegue fazer um primeiro balanço: "Fizemos mais de duas dezenas de planos individuais de trabalho, mas, se tivermos um ou dois com efeitos reais sobre o rendimento dos alunos, será uma enorme surpresa." Na Secundária de Gaia são pelo menos 30 planos que vão agora ser avaliados: "A esmagadora maioria dos alunos não tem nada para ser avaliado porque não cumpriu esses planos", conta Agostinho Guedes.

Motivos Será então preciso perceber porque é que uma política que resultou da negociação entre dois partidos não teve qualquer efeito no dia-a-dia das escolas. "A maioria dos alunos que faltam às aulas por sistema não cumpre os PIT", diz António Castel-Branco, do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro (Sintra). É uma consequência com lógica, mas, por outro lado, esta iniciativa tem supostamente a ambição de combater os motivos do absentismo escolar? Os PIT são feitos à medida de cada aluno, com aulas de apoio, testes de recuperação, testes sumativos, acompanhamento individualizado, actividades, envolvimento das famílias e tudo o resto que cada escola considerar útil para ajudar o aluno a recuperar o atraso.

São teorias que até poderiam resultar, mas que caem por terra se o mais importante faltar, avisa Adalmiro Fonseca, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas. E a falha é sempre a mesma: "A incapacidade das escolas de trabalhar com as famílias." Nesse ponto, todos os directores estão de acordo. "O plano individual não é a salvação para um aluno que não vai às aulas. O absentismo é um problema que vem de trás", defende Teresa Lopes. O PIT, alerta Agostinho Guedes, exige que se deposite muito trabalho no estudante e nos encarregados de educação: "Quando a família não está presente, como acontece tendencialmente com alunos absentistas, mais difícil se torna reverter o insucesso escolar."

Pais atentos Por regra, explica Teresa Lopes, as crianças ou adolescentes com pais "minimamente atentos" ao seu rendimento escolar "não têm perfil" para ser alunos a precisar de planos individuais. "Os alunos faltosos já têm um trajecto de desinteresse e a maioria acaba por não cumprir os PIT", diz o director do agrupamento de Sintra. A medida, por isso, vale pela "boa intenção, mas não passa disso" - sobretudo quando as escolas têm grandes dimensões, como é o caso da Secundária Inês de Castro, com 1450 alunos: "Quantos mais planos, menor a capacidade para dar resposta."

Como tal, nem valerá a pena aplicar os PIT. Manuel Pereira, do agrupamento de escolas de Cinfães, continuou a fazer o que sempre fez. Não transgrediu a lei porque, "muito antes" de os alunos atingirem o limite de faltas injustificadas, atacou o mal pela raiz. "Assim que detectámos o risco, recorremos aos nossos psicólogos, professores e assistentes sociais, que trabalharam em articulação com as famílias desses alunos", conta o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares.

Mais recursos Só que as escolas de Cinfães são especiais. Uma vez que têm um historial de insucesso escolar entre os seus alunos, estão incluídas no programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária. Ao todo são 100 os estabelecimentos que beneficiam desse programa, podendo solicitar ao Ministério da Educação mais recursos para combater o insucesso dos alunos: "Reconheço que para as outras escolas é mais complicado que no caso do meu agrupamento. Se não tivesse esses recursos adicionais, teria sido muito complicado."

As escolas deveriam ter mais meios e equipas multidisciplinares, admitem os directores. Mas esse discurso pertence ao "reino da utopia", que "nunca" existiu no ensino público, e não será agora, em tempos de crise, que vai passar a existir, avisa a directora do Agrupamento Ibn Mucana: "Temos de ser pragmáticos. Se não há dinheiro, procuram-se outras soluções." A alternativa para Teresa Lopes passa por criar mais cedo outras vias para os que perderam o interesse pela escola: "O que a lei diz é que é preciso esperar que o aluno tenha 15 anos e o 6.o ano completo para poder seguir a via profissional. Até lá, o aluno fica na escola, a repetir os anos e a ganhar aversão às aulas."

Jornal i

sexta-feira, julho 01, 2011