sexta-feira, dezembro 31, 2010

Estudantes portugueses têm dificuldade em escrever e raciocionar

Os alunos portugueses do 8.º ao 12º ano têm dificuldade em escrever, raciocinar e resolver problemas mais complexos, revela o um estudo do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) para o Ministério da Educação.

Este estudo ensombra os bons resultados revelados pelo estudo do PISA (programa internacional que avalia sistemas educacionais) da OCDE, que dava bons resultados aos lunos portugueses.

Foram analisadas 1700 escolas e o gabinete de avaliação educacional concluiu que os alunos entre o 8º e o 12º ano têm ainda muitas fragilidades, por exemplo em resolver problemas complexos ou explicar um raciocínio com lógica.

Na disciplina de Língua Portuguesa, por exemplo, as fragilidades detectam-se sobretudo ao nível do funcionamento da língua. Construir texto explicativos com frases que tenham lógica e coerência é uma das grandes dificuldades dos alunos.

Nas disciplinas que envolveram contas (Matemática e Física/Química), os adolescentes só conseguiram completar correctamente os exercícios quando o desafio passou por resolver «cálculos elementares».

Em termos gerais este relatório do gabinete de avaliação educacional revela que «a melhor qualidade do desempenho está fortemente associada à presença de enunciados de reduzida extensão, bem como à utilização de suportes textuais simples e também pouco extensos», analisa o jornal i.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Comparação dos Suplementos Remuneratórios: Directore, Subdirector e Adjuntos



http://adduo.blogspot.com/2010/12/comparacao-dos-suplementos.html

Horários nocturnos nas escolas vão começar duas horas mais tarde

"Os directores das escolas públicas com ensino nocturno têm até segunda-feira para encontrar uma ocupação para os professores que, a partir de agora, estão com tempo a mais, pelo menos no recibo de vencimento. Até aqui os docentes que davam aulas a partir das 20h00 recebiam uma bonificação que, por exemplo, fazia com que cada 60 minutos equivalessem ao pagamento de 90 minutos do horário diurno. Agora, até às 22h00, entra em vigor a tabela do regime geral da função pública. Como os salários e as horas não podem ser reduzidos a meio do ano lectivo, professores e directores vão ter de encontrar uma solução para justificar o tempo e o dinheiro gasto.

A instrução chegou aos seus emails ao fim da tarde do dia 27, através de uma circular conjunta da Direcção-geral dos Recursos Humanos da Educação e do Gabinete de Gestão Financeira. As regras do Código do Trabalho são para aplicar imediatamente e o reajuste dos horários terá de ficar concluído até ao fim das férias de Natal, a 3 de Janeiro. Com esta medida, o Ministério da Educação deixa de pagar a bonificação atribuída aos docentes que davam aulas a partir das 20h00 e, no próximo ano lectivo, há condições para dispensar mais pessoal docente.

A lei é para cumprir, só que agora há directores de escolas obrigados a refazer horários, a redistribuir as turmas e ainda a encontrar tarefas para ocupar os professores que ficaram com tempo de sobra. A notícia não podia chegar em pior altura, censura Adelina Precatado, subdirectora da Escola Secundária de Camões, em Lisboa: "Não me passa pela cabeça mudar os professores de turma ou atribuir meia turma a um professor por causa de uma circular que chega no início do segundo período."

A nova medida irritou também o director da Escola Secundária António Sérgio, em Gaia, que critica a tutela por obrigar as escolas a tomar decisões sob pressão: "Não é agora, a meio do ano lectivo, que vou alterar os horários nem improvisar tarefas para preencher os tempos dos professores", avisa António Teixeira. Até porque há pouco a fazer nos casos dos docentes que vão passar a ter horários incompletos: "Já viu o que era pôr um professor da área de Construção Civil a dar aulas de Electricidade só para acertar as horas lectivas?", questiona o director da Escola António Sérgio, onde estudam 700 alunos no regime nocturno.

O serviço lectivo "está distribuído" desde o início do ano e não restam mais tarefas não lectivas para atribuir, explica Agostinho Guedes, director da Escola Secundária Inês de Castro, em Vila Nova de Gaia: "Vamos ter de repensar, voltar a fazer novos cálculos com grandes probabilidades de tomar decisões precipitadas. Se tivéssemos mais tempo, faríamos outras contas", diz o director da Escola Inês de Castro.

O certo é que há outras contas que vão ter de ficar para mais tarde. No início do próximo ano lectivo, cada uma das escolas com ensino nocturno terá de saber quantos professores terá de dispensar: "Por enquanto só consigo dizer que, com o prolongamento do serviço diurno até às 22h00, vamos precisar de menos docentes em 2011/12. Saber quantos são ao certo é ainda uma incógnita", conta Adelaide Inês, adjunta da direcção da Escola Secundária da Lousada.

Adelina Precatado, da Escola Secundária de Camões (Lisboa), confessa ter muita dificuldade em fazer esses cálculos, até porque não quer ser "cúmplice" de mais uma medida "economicista" do governo: "Se calhar vamos ser obrigados a tomar uma posição de firmeza. Se calhar essa posição passa por fechar a nossa escola às 10 da noite", remata a subdirectora".

Jornal i

domingo, dezembro 26, 2010

Um ano muito português

"(...) A sanha descentralizadora do eng. Sócrates prosseguiu com o fecho de mais 701 escolas da província, as quais se somam às 3200 já fechadas durante o respectivo reinado. Não consigo discordar da medida. A partir do momento em que se decidiu abolir a educação do sistema educativo, é absurdo continuar a ocupar milhares de edifícios com inutilidades. Se a escola, no sentido lato, é hoje apenas um meio de armazenar crianças enquanto os progenitores labutam no emprego ou na papelada do rendimento mínimo, nada justifica que não se utilizem armazéns de facto, deixando as escolas, no sentido estrito, disponíveis para reconversão a actividades realmente úteis: restaurantes, adegas regionais, etc. Muitos acham que o turismo é o futuro de Portugal, mesmo porque não vêem outro".

Alberto Gonçalves
DN

Directores de escolas vão ganhar menos em 2011

"Os directores, subdirectores e adjuntos das escolas vão sofrer, já a partir do dia 1 de Janeiro, um corte nos suplementos remuneratórios que lhes são acrescentados aos salários pelas funções que desempenham.
Na sexta-feira, o Ministério da Educação fez publicar em Diário da República um decreto regulamentar que altera a tabela que vigorava até aqui e que faz depender o valor a pagar a cada director do número de alunos inscritos nas respectivas escolas. Há situações, sobretudos nas escolas de menores dimensões, em que os directores irão auferir menos 400 euros mensais.
O Decreto Regulamentar n.º 5/2010 revoga o n.º 1-B, que vigorava desde 1 de Janeiro de 2009. As alterações preconizadas, diz o documento, "pretendem distinguir claramente o maior ou menor grau de exigência no exercício de funções de gestão, que é aferido pela população escolar, isto é, pelo número de alunos de cada agrupamento de escolas ou de cada escola não agrupada".
Assim, face às novas regras, são os directores das escolas até 300 alunos que vão sofrer os maiores cortes. Enquanto antes auferiam 600 euros mensais (verba que na anterior tabela se destinava a escolas até 800 alunos), agora passam apenas a ganhar 200. Nestes estabelecimentos, os subdirectores e os adjuntos ganhavam 310 euros e vão agora ganhar, respectivamente, 150 e 130 euros.
Mas também nas escolas de maiores dimensões haverá alterações nos suplementos pagos. Enquanto o antigo decreto atribuía 750 euros por mês aos directores das escolas que tivessem mais de 1200 alunos, esse valor, que é o montante máximo previsto, passará agora a ser pago apenas aos directores de escolas com mais de 1800 alunos. Por sua vez, nas escolas que só vão até aos 1200 educandos, a verba a auferir será apenas de 650 euros.
Com as novas tabelas passam a existir sete escalões remuneratórios, contra os três que vigoravam até aqui. Os directores recebem um mínimo de 200 euros e um máximo de 750, enquanto os subdirectores vão receber entre 150 e 400 euros. Já os adjuntos terão um pagamento máximo de 375 euros e um mínimo de 130, quando antes estavam perfeitamente equiparados aos subdirectores. Esta diferenciação é justificada pelo facto de o Ministério da Educação considerar que as duas funções têm graus de exigência distintos".

Público

sábado, dezembro 25, 2010

Conselho de Educação rejeita reorganização curricular

"O Conselho Nacional de Educação aprovou, por unanimidade, dois pareceres que criticam a reorganização curricular do ensino básico e secundário, proposta pelo Governo. Os professores garantem que não sabem como as escolas vão funcionar a partir de Setembro.
"Trata-se de uma alteração curricular que, na sua essência, é determinada por critérios económicos e não por questões educativas e pedagógicas", lê-se no parecer referente à reorganização do ensino básico. Os conselheiros consideram "discriminatórias" as limitações a Estudo Acompanhado, "perigosa" a redução de dois para um dos docentes de Educação Visual e injustificada a eliminação da Área Projecto.
Os dois documentos, apurou o JN, foram aprovados por unanimidade pelo CNE, órgão consultivo do Ministério da Educação (ME) com representatividade plural, já que inclui membros nomeados pelo Governo e grupos parlamentares, sindicatos, Associação de Municípios e confederação de pais, além de associações do ensino privado, superior e de juventude. A rejeição à reorganização proposta pelo ME transmite, por isso, alegam dirigentes ao JN, a posição do sector. O problema, insistem, é que o "Ministério das Finanças não terá em conta o parecer" e face aos cortes orçamentais - que, garantem os sindicatos, podem conduzir ao despedimento de 30 mil docentes, no próximo ano lectivo - as organizações não sabem como as escolas vão funcionar a partir de Setembro.
Nos pareceres, o CNE acusa a tutela de propor alterações "pontuais ou desconexas" e "sem fundamentação", especialmente pedagógica. "Não deve ser o caminho a seguir no sistema educativo português", sublinham os conselheiros, apelando "à tomada de medidas devidamente sustentadas por estudos de avaliação das práticas" curriculares.
Os presidentes da associação de directores (Andaep) e do Conselho de Escolas (CE), e os líderes da Fenprof, FNE e Sindep defenderam ao JN que urgente seria uma revisão global do sistema, que abrangesse a carga horária dos alunos, o número de disciplinas, programas e até reorganização dos ciclos de ensino. João Dias da Silva, da FNE, considera mesmo que a Lei de Bases do Sistema Educativo deve ser revista.
Manuel Esperança, presidente do CE, garante não estar previsto os directores pronunciarem-se sobre a proposta, porque o ME não pediu parecer ao órgão (também consultivo). No entanto, frisou, o Conselho de Escolas tem dois representantes no CNE.
O secretário-geral da Fenprof insiste nas contas: só as alterações curriculares propostas (eliminação da Área Projecto, reduções do Estudo Acompanhado e Educação Visual) podem determinar despedimento de 12 mil docentes. A partir de Janeiro, as escolas vão sentir o corte nas verbas de funcionamento, previstas no Orçamento de Estado, mas após as férias sentirão a redução de docentes. "Vai ser muito violento. Não sei como as escolas vão funcionar", diz Mário Nogueira.
Confrontado com o parecer pelo JN, o ministério rejeitou comentar a posição do CNE ou revelar quando pretende aprovar a proposta em Conselho de Ministros. Fonte oficial garante, porém, que vai "considerar o parecer, no âmbito das decisões que tem de tomar".

JN

sexta-feira, dezembro 24, 2010

"Estado Social" - o que é?

"As últimas (?) notícias acerca do "Estado Social" vêm do Tribunal de Contas, que ontem divulgou o parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2009: 97% dos 2 200 milhões de euros afectados no ano passado pelo Governo ao combate à crise foram parar ao bolso sem fundo da banca (61%) e às empresas (36%); já com os apoios ao emprego, o "Estado Social" gastou... 1%. Como Guterres diria, é só fazer as contas.

Mas, se foi assim em 2009, as notícias de 2010 são igualmente esclarecedoras. De acordo com dados do Ministério das Finanças citados pelo DN, o Governo estará por fim a conseguir reduzir o défice público (assim terá acontecido em Novembro), e isso graças, principalmente, "aos cortes nos apoios sociais a desempregados e crianças".

Entretanto Portugal alcançou já um honroso 2.º lugar no pódio dos países com maiores desigualdades sociais na UE e há hoje mais de 300 000 portugueses (entre eles milhares de crianças, que comem diariamente uma única refeição que lhes é servida na escola) a passar fome e dependendo, para sobreviver, de instituições como o Banco Alimentar, a Legião da Boa Vontade e outras, ou das espontâneas iniciativas de solidariedade que cidadãos anónimos, contando exclusivamente consigo, vêm promovendo um pouco por todo o país.

É talvez, pois, altura de a Ciência Política e o Dicionário da Academia reverem em conformidade a definição do que seja essa coisa de "Estado Social".

Manuel António Pina
JN

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Só quatro escolas tiveram “Muito Bom”

"Muito empenho, dedicação e a envolvência de todos, desde pessoal docente a não-docente, no trabalho a realizar." Esta é a chave do sucesso, que valeu a quatro escolas a classificação de "Muito Bom" em todos os domínios da avaliação externa, realizada pela Inspecção-Geral de Educação.

Os Agrupamentos de Escolas de Minde (Alcanena), D. João II (Santarém), Joaquim Inácio da Cruz Sobral (Sobral de Monte Agraço) e Grão Vasco (Viseu) ganharam a ‘medalha’.

No total, foram avaliadas 300 escolas – 233 agrupamentos e 67 escolas não agrupadas –, tendo em conta cinco parâmetros: resultados, prestação de serviço educativo, organização e gestão escolar, liderança e capacidade de auto-regulação e melhoria. "É um prémio merecido para todos os professores, alunos e auxiliares educativos", explicou ao CM a directora do Agrupamento Grão Vasco, Maria Inês Campos, que nunca duvidou do "excelente" trabalho realizado na escola. "Temos protocolos com vários organismos, em que os alunos participam em várias actividades, enriquecem conhecimentos e têm contacto com diferentes realidades".

O Agrupamento de Escolas D. João II realiza avaliações internas trimestrais. "Há maior autocrítica de todos os envolvidos, o que contribui para uma evolução permanente do projecto educativo", explica o presidente do agrupamento, António Pina Braz. A responsável do Agrupamento de Sobral de Monte Agraço, Margarida Silva, diz que "os benefícios da boa avaliação ainda não foram visíveis". A responsável defende a existência de um incentivo para as escolas que estão no caminho certo".

CM

terça-feira, dezembro 21, 2010

Inspecção aponta resultados fracos em 45% das escolas

"IGE dá boa nota à maioria das 300 escolas avaliadas, mas sucesso académico e auto-avaliação são pontos fracos.

Perto de metade (45%) das 300 escolas avaliadas em 2009/2010 pela Inspecção-Geral da Educação (IGE) não conseguiram ir além da nota "Suficiente" ou "Insuficiente" (3%) ao nível do "sucesso académico", que reflecte aspectos como as taxas de abandono e as classificações obtidas pelos alunos em provas internas e externas.

Um número que, ao DN, o inspector-geral da Educação preferiu analisar de uma perspectiva positiva: "Também se pode dizer que 55% das escolas avaliadas obtiveram 'Bom' e 'Muito Bom'", defendeu José Maria Azevedo, acrescentando que "em termos gerais, tem-se verificado uma melhoria nos indicadores de abandono e de sucesso", ainda que com "muito caminho a percorrer".

No relatório da IGE, os avaliadores acabaram mesmo por considerar "bons" ou "muito bons" os resultados alcançados por 76% das escolas. Isto sendo que para esses resultados, além do sucesso, pesaram factores, como "participação e desenvolvimento cívico", o "comportamento e disciplina" dos alunos e a "valorização e impacto das aprendizagens".

Um critério "justo", defendeu Adalmiro da Fonseca, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP). "Houve um esforço das escolas, que deve ser reconhecido, como de resto o foi recentemente", disse, numa alusão aos testes PISA, da OCDE."Hoje as escolas trabalham muito mais para os resultados", acrescentou, admitindo também haver ainda "muito trabalho pela frente".

Entre os cinco domínios analisados pela IGE, é na capacidade das escolas para avaliarem os seus pontos fortes e fracos e agirem - "auto-regulação" - que os valores são mais fracos, com 47% de notas "Suficiente e 3% "Insuficiente".

Um aspecto, admite o IGE, em que têm havido "avanços e recuos", embora "de tendência predominantemente positiva".

Por outro lado, é na "liderança" e na "organização e gestão" que as escolas melhor se comportam, com 92% de bons ou muito bons".

JN

sábado, dezembro 18, 2010

Proletarização dos professores: um fenómeno português

"Os alunos são os novos analfabetos, numa altura em que devíamos investir tudo para pôr os jovens à altura dos de outros países europeus
Desde há muito que o poder político no nosso país tem, relativamente ao corpo docente do ensino primário e secundário, um propósito claro. Considerações em tudo semelhantes se podem fazer para o ensino superior. É preciso aumentar a escolaridade e o "sucesso" escolar, seja a que preço for, de modo a colocar em termos estatísticos, não em qualidade, o país ao nível dos seus congéneres europeus.
Para tanto, delineou-se uma "estratégia" adequada. O raciocínio, longamente amadurecido nos gabinetes do Ministério da Educação, é elementar, como seria de esperar.
Havia duas soluções em alternativa; ou se optava pela excelência do ensino interessando o corpo docente na carreira pela criação de condições para a sua dedicação, formação e permanência, o que custa caro e requer muitos esforços, ou se opta pela solução mais simples, conhecendo a estrutura social portuguesa; proletariza-se o professorado.
Os sucessivos governos optaram obviamente pela segunda solução.
E, vai daí, paga-lhe mal, desinveste na sua formação, precariza o emprego, fiscaliza-o, retira-lhe toda autoridade dentro da escola, chantageia-o com ou sem lei, coloca-o de acordo com um critério que faria inveja na antiga União Soviética, faz-lhe exigências que roçam o sadismo, inventa cursos que não fazem sentido e não têm alunos, proíbe-o de reprovar, põe-no a fazer trabalho de secretaria para poupar nos ordenados de empregados e auxiliares e proíbe acumulações no sector privado com o pretexto de necessidades "funcionais". Sabendo-se que num país onde o emprego qualificado não abunda e vai sendo cada vez mais raro, o pobre do docente integra agora um novo "exército industrial de reserva" superabundante, mal pago e desgraçado.
O fenómeno começou no sector público mas o privado aprendeu depressa com o exemplo.
Assim se logram objectivos estatísticos, com relevância eleitoral, à custa da exploração dessa nova mão--de-obra abundante e cada vez mais desqualificada que são os professores. Não há exemplo em Portugal de mais clara exploração do homem pelo Estado. Quem recebe a mais--valia é o governo.
A consideração óbvia segundo a qual sem professores motivados, bem pagos e satisfeitos na sua carreira não pode haver bom ensino nem passou pela cabeça dos burocratas do Ministério da Educação.
O resultado está à vista, os alunos são os novos analfabetos, o Estado finge que paga e despromove os professores e estes fingem que trabalham.
O ensino vai, portanto, pelo bom caminho. Podemos estar satisfeitos. Com filhos e netos desinstruídos ou munidos de licenciaturas que na sua maioria não valem nada no mercado, podemos encarar o futuro com confiança".

Luís Cabral de Moncada
Professor universitário
Jornal i

terça-feira, dezembro 14, 2010

Começa-se a desvendar a patranha

"Exmos. Srs.: Jornalistas:
Cansada de ouvir elogios aos resultados do PISA 2009, transcrevo abaixo carta com aviso de recepção enviada aos serviços centrais do PISA em Bruxelas, que questiona a seleção aleatória de alunos que deveria ter acontecido, e que nunca mereceu qualquer resposta. Na altura tentei também fazer chegar esta minha preocupação aos media, sem sucesso.
Confrontada com os resultados agora divulgados estou firmemente convencida que houve manipulação dos alunos selecionados, ou seja, estando o Ministério da Educação na posse informatizada das classificações anteriores dos alunos, selecionou os que entendeu por melhor. Desafio os srs. jornalistas a ir junto das turmas e dos alunos selecionados no 10º ano, na Escola ****************, em ************, confirmarem que as amostras escolhidas para serem analisadas estão longe de aleatórias; e junto do Secretariado do PISA confirmar se alguma medida de fiscalização foi tomada.
Possuo ainda o aviso de recepção.
Obrigada pela vossa atenção"


http://educar.wordpress.com/

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Menos burros

"Como estão os nossos alunos de 15 anos? Para o engº Sócrates, estão bem e recomendam-se.
O último estudo da OCDE, conhecido pelo suculento nome de Pisa, revela uma melhoria geral a leitura, matemática e ciências que, na opinião de Sócrates, se deve às ‘aulas de substituição’ e à ‘avaliação dos professores’. Deixemos de lado estas duas últimas fantasias, que no caso em apreço apenas existiram na cabeça do primeiro-ministro.
Fiquemos pelos números. Melhoraram? Inegável. E inevitável: passar da miséria (em 2006) para a pobreza (em 2009) é, sem dúvida, uma melhoria relativa. Pena que continuemos na pobreza, ou seja, abaixo da média da OCDE. Em matemática, temos 487 pontos; a média é de 496. Em ciências, temos 493 pontos; a média é de 501. E, em leitura, o cenário é ligeiramente menos deprimente: temos 489 pontos; a média é de 493. Por outras palavras: continuamos burros, mas menos burros a fazer o básico. Nada disto devia ser motivo para festejos, excepto para quem se contenta com um pouco menos de analfabetismo".

João Pereira Coutinho
CM

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Os portugueses dirão que estes resultados são fruto da pressão que o ME exerceu sobre os professores

"Os alunos portugueses conseguiram melhores resultados do que em anos anteriores nos testes feitos no âmbito do PISA (Programme for International Student Assessment), que avalia o desempenho escolar dos jovens de 15 anos dos países da OCDE e de outros países ou parceiros económicos. As áreas avaliadas são a literacia em leitura, na matemática e na ciência.
Portugal está, assim, pela primeira vez "perto da média" dos países que participam no PISA.
O relatório PISA 2009, que testa os conhecimentos dos alunos de 15 anos nas áreas de leitura, matemática e ciências, coloca Portugal na mesma categoria que os Estados Unidos, Suécia, Alemanha, Irlanda, França, Dinamarca, Reino Unido, Hungria e Taipei, uma das "economias de parceria" da avaliação.
A ministra da Educação considerou "muitíssimo expressiva" a melhoria dos resultados dos alunos portugueses no estudo da OCDE, atribuindo-a aos professores, às famílias, à políticas educativas e à avaliação.
"Em primeiro lugar, os resultados devem-se ao trabalho dos professores e à sua qualidade, investimento e empenho", disse Isabel Alçada em declarações à agência Lusa.
As conclusões do PISA 2009, um extenso documento em cinco volumes com a exposição e interpretação dos resultados dos testes feitos a alunos de 65 países, foram hoje apresentadas na sede da OCDE pelo secretário geral da organização, José Ángel Gurría.
Os alunos portugueses obtiveram uma classificação de 489 pontos, quase ao nível da média geral, que foi de 493 no parâmetro principal de avaliação, centrado na leitura. Nos conhecimentos de matemática, os portugueses conseguiram 487 pontos e na avaliação dos conhecimentos em ciência 493.
Coreia e Finlândia são os países com melhor resultado (539 e 536 pontos, respectivamente) mas Xangai (China) ultrapassa ambos, com 556 pontos.
Dentro do grupo dos países ou regiões com melhores resultados estão Hong-Kong, Singapura, Canadá, Nova Zelândia, Japão e Austrália. Holanda, Bélgica, Noruega, Estónia, Suíça, Polónia, Islândia e Liechtenstein têm também pontuações acima da média".

CM

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Professores. Mais exames para corrigir mas agora a zero euros

"Os professores do ensino secundário vão passar a corrigir mais exames nacionais, mas deixam de receber o suplemento de cinco euros por cada prova analisada. A nova regra é para ser aplicada já este ano lectivo a todos os docentes que forem seleccionados para integrar a bolsa de classificadores. Até agora, cada docente podia corrigir no máximo 100 provas - 50 em cada fase -, mas a partir de Junho, o número de testes poderá subir até 120 nas duas fases, no casos dos docentes que não estiverem a dar aulas; ou então diminuir para 50 exames (25 provas em cada chamada) para os que exercerem funções lectivas durante a época de exames. O único benefício é que os correctores de provas passam a estar dispensados de todas as tarefas que não envolvam dar aulas durante o tempo em trabalham na correcção das provas.

A diferença não é muita, mas a grande mudança vai pesar sobretudo no bolso dos professores já que a tarefa deixa de ser remunerada e as despesas com as deslocações para levantar os exames assumidas pelo próprio professor. Para os docentes, o novo regime pode representar no limite menos 600 euros que receberiam por corrigir as 120 provas no prazo de sete dias; para o Estado significará uma poupança de cerca de 1,2 milhões de euros anuais, tendo em conta que no último ano lectivo foram realizadas 250 mil provas no ensino secundário.

O despacho publicado sexta-feira em Diário da República já levou a Federação Nacional de Professores (Fenprof) a disponibilizar apoio jurídico para todos os professores que quiserem recorrer aos tribunais e "denunciar um trabalho escravo". A Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) também está contra esta medida, mas lembra que o suplemento pago pelo ministério da Educação "nunca compensou" o esforço dos professores: "É um trabalho desgastante que muitos deles não o fariam se não estivessem obrigados a isso", conta Adalmiro da Fonseca, presidente da associação.

As regras vão passar a ser mais apertadas para seleccionar os professores que corrigem as provas. Até ao ano lectivo anterior, os directores das escolas indicavam todos os docentes a leccionar a disciplina e também todos aqueles que já deram aulas nessa mesma cadeira nos últimos três anos. A condição preferencial passa agora a ser de pelo menos cinco anos de experiência lectiva, mas os critérios de selecção vão ficando menos rigorosos à medida que se forem esgotando os professores com as características consideradas ideais.

Numa escola com quatro turmas, por exemplo, haverá que designar apenas dois professores classificadores, mas com cinco turmas três professores classificadores. Uma vez seleccionado pelo director, não há como recusar. Cada professor é obrigado a manter um "acordo de colaboração" com o Estado durante quatro anos lectivos. Frequentar uma acção de formação por ano e entregar uma auto-avaliação ao Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação (GAVE) fazem igualmente parte das obrigações de todos os correctores de provas enquanto o contrato estiver vigente. De acordo com o despacho n.º 18060/2010, a bolsa de professores classificadores, que antes era gerida pelos agrupamentos de escolas, passará a estar centralizada no GAVE".

Jornal i


domingo, dezembro 05, 2010

Dignidade

"O primeiro-ministro e a ministra André deram sinais de que iriam voltar atrás no compromisso de subir o salário mínimo. Vieram assim dar razão a algumas associações patronais que argumentavam não conseguir fazer face a esse aumento.
Só se consegue entender a postura dos patrões em função duma qualquer negociação. Talvez relacionada com possíveis alterações na legislação laboral ou outras.
Não tenho qualquer dúvida de que os representantes das empresas sabem que o custo associado a este aumento no salário mínimo é praticamente irrelevante para as suas companhias. Mau era se assim não fosse: uma empresa que não consegue suportar um aumento de 25 euros mensais com um trabalhador que apenas ganha 475 não se manterá por muito tempo no mercado, mesmo uma pequena ou média empresa. Mais, mostrem-me uma boa empresa com muita gente paga a 475 euros por mês e eu estou disposto a dançar todo nu no Rossio.
Fala-se muito, e bem, na necessidade de crescimento económico. O modelo económico suportado em baixas qualificações e em salários de miséria contribuiu, e muito, para que estejamos no actual patamar de desenvolvimento económico.
O modelo que apostava nestas variáveis está mais que esgotado. Todos sabemos que existirão sempre países que conseguirão custos de mão-de-obra mais baixos, sobretudo desde a entrada em força no mercado internacional da China e Índia.
As épocas de crise também têm as suas virtualidades. Servem para que nos interroguemos sobre as questões estruturais da comunidade, sobre o que está mal no nosso aparelho produtivo, sobre os erros em que temos persistido; sobre, por exemplo, as razões do nosso endémico problema de produtividade.
Como é que se pode pedir sacrifícios a quem traz para casa 475 euros? Como é que se pode exigir qualidade de trabalho a quem tem dificuldades imensas em conseguir sequer providenciar alimentação para si próprio? Como é que se pode apelar a um esforço comum numa sociedade em que um gestor duma empresa é pago acima dos padrões europeus e um trabalhador mal consegue sobreviver?
E ainda há quem se mostre espantado ao saber que os trabalhadores portugueses mostram grandes níveis de produtividade no estrangeiro e aqui, segundo uns patetas, são preguiçosos.
E, já que estamos em tempo de reflexão, convinha que o nosso tecido empresarial também se interrogasse se também não é responsável pela baixa produtividade. Se o investimento em formação dos gestores é suficiente, se a organização do trabalho é feita de forma eficiente. É que é muito fácil assacar todos os problemas ao Estado e à sua desastrosa intervenção (que não restem dúvidas de que considero o Estado, a sua burocracia, a péssima legislação laboral, o inqualificável funcionamento dos tribunais um grande, senão o maior, empecilho ao bom funcionamento da economia) e não olhar para os nossos próprios erros.
Para quem ande mais distraído convém lembrar que no nosso país ter emprego não corresponde a não ser pobre. Basta fazer as contas à alimentação, habitação, vestuário e transporte. Uma grande parte das situações de pobreza extrema com que nos deparamos são de gente ou de filhos de pessoas que trabalham oito e mais horas por dia. O facto é que as razões para a existência de salário mínimo como sejam as de, entre outras, dar um mínimo de dignidade a quem trabalha, não atingem esse objectivo.
Não pode haver desenvolvimento sustentado, nem crescimento económico sem o mínimo de justiça social. É também a percepção de equidade, de justiça, da justa repartição de sacrifícios, de equilíbrio na retribuição que faz aumentar a produtividade e contribui para que uma comunidade se desenvolva.
A crise pode tirar-nos muitas coisas, mas não pode servir para nos tirar a dignidade".

Pedro Marques Lopes
DN

Entrevista a Manuel Esperança, Presidente do Conselho de Escolas

Nota - Tanta exigência para com os professores e tão pouca para com os alunos. Defender que não deve haver limite de faltas para os alunos é de bradar aos céus. A este senhor fazia-lhe bem uma temporada a dar aulas numa escola problemática e veríamos se este discurso demagógico se mantinha. Saber que a grande maioria das escolas está entregue a estes pequenos ditadores deixa-me profundamente enojado.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

10.000 novos analfabetos por mês

"A ministra da Educação, Isabel Alçada, disse que o programa Novas Oportunidades registou já adesão de 1,489 milhões de portugueses, tendo feito 456 mil certificações, resume a Lusa.

«Isto corresponde a uma média de 10 mil certificações por mês, o que é muito», frisou, baseando-se nos números que lhe foram transmitidos pelos gestores do programa.

A governante encerrou a sessão de abertura do 4.º Encontro Nacional Centros Novas Oportunidades, que começou esta terça-feira no Pavilhão Multiusos, em Guimarães.

Isabel Alçada disse que o programa vai continuar e lembrou que as Novas Oportunidades abriram caminho a milhares de portugueses. «As pessoas hoje sabem que podem ir sempre um pouco mais longe no seu processo de formação e aquisição de novos conhecimentos», frisou.

Presente na iniciativa, o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Lemos, disse que «os adultos que passaram pela iniciativa manifestaram ganhos objectivos do ponto de vista pessoal, melhorando a auto-estima por via da valorização e conciliação com o passado, da redescoberta da escola, da percepção das capacidades e competências possuídas e do reconhecimento da experiência e do seu valor para progredir na educação formal e certificada».

«Mas também do ponto de vista profissional: cerca de um quinto das pessoas sentiram alterações na sua vida profissional que se traduziram em melhorias, alargaram as competências, assumiram mais responsabilidades e aumentou a sua estabilidade no emprego», sublinhou"

TVI 24