segunda-feira, setembro 26, 2005

As aulas de substituição

As aulas de substituição estão a causar um mal estar generalizado pelas escolas deste País. Outra coisa não seria de esperar. Estas aulas consistem no quê? Quando um professor falta, este é substituído por um colega de uma qualquer área disciplinar. As aulas resumem-se a uma ocupação do tempo sob a responsabilidade do professor substituto. Na prática isto significa que naquele período de tempo, professor e alunos limitam-se a "encher balões". Se esta é uma das tais medidas que visam melhorar a qualidade do ensino, vou ali e já venho!

quarta-feira, setembro 21, 2005

Sinto-me injustiçado

Por enquanto não passo mais tempo na escola. É triste, mas é verdade. Eu e os meus colegas, esperamos ansiosamente que o Conselho Executivo nos coloque as tão desejadas horas da componente não lectiva nos nossos horários. Sinto-me discriminado, relativamente a tantos outros colegas que nas suas escolas já trabalham segundo as novas e providenciais regras. Não vejo hora de poder contribuir de forma gratuita para o aumento da produtividade e para a melhoria da qualidade de ensino na minha escola.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Os novos concursos de professores

As recentes promessas de José Sócrates de concursos plurianuais em nome da estabilidade docente e das próprias escolas, irá colocar, por certo, muitos professores em pânico. Imagine-se alguém colocado a centenas de kilómetros de casa que passa a ter a perspectiva de assim ficar por um período de 3 ou 4 anos. Se a isto juntarmos a possibilidade de numa escola perto da sua residência, ser colocado alguém com menos qualificações do que ele(a), é caso para deixar este (a) professor(a), à beira de um ataque de nervos. Perante isto, confesso que fiquei perplexo quando ouvi um dirigente de um sindicato de professores congratular-se com esta medida.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Os professores portugueses são uns calões

Um estudo realizado pela OCDE, revela que os professores portugueses do ensino Básico e Secundário passam, em média, menos 379 horas por ano nas escolas que os seus colegas da OCDE, apesar do número de semanas de trabalho ser idêntico. Os docentes portugueses estão cerca de 21 horas por semana nas escolas, enquanto a média dos professores dos países da OCDE ultrapassa as 31 horas semanais. O que vale é que com as novas medidas da Srª Ministra no próximo estudo vamos estar nos primeiros lugares do ranking. Agora só falta um estudo comparativo relativo às condições de trabalho e aos vencimentos. Neste é que a Srª Ministra não nos consegue colocar no topo da classificação. Nem sequer lá perto. Ah, pois não!

terça-feira, setembro 13, 2005

Áreas Curriculares Não Disciplinares

Alguns anos passados após a sua implementação, qual o balanço a fazer relativamente à introdução das áreas curriculares não disciplinares no currículo do 2º e 3º ciclos? Será que elas cumprem os objectivos a que se propuseram? Foi mais uma inovação cujo valor pedagógico está por demonstrar? Não terá sobrecarregado o horário dos alunos com as consequências nefastas que isso acarreta? Não será a Área-Projecto uma Área-Escola encapotada? Na Área-Projecto desenvolvem-se verdadeiramente projectos interdisciplinares? Os restantes professores do Conselho de Turma acompanham o percurso do projecto? A hora de Formação Cívica não é sobretudo utilizada para que o Director de Turma trate dos problemas burocráticos da turma, ficando as questões da cidadania na gaveta? O Estudo Acompanhado tem permitido aos alunos a apropriação de métodos de organização, de trabalho e de estudo que permitam a sua crescente autonomia no estudo? Não constituem estas áreas compartimentos estanques sem qualquer tipo de interrelação com as outras disciplinas?

domingo, setembro 11, 2005

Maria de Lurdes Rodrigues

A ministra da educação caíu em graça junto dos media. Qualquer coisa que a senhora faça, é imediatamente merecedora dos maiores elogios. Isto porque decidiu enfrentar uma classe, que no entender da opinião pública, é uma das classes mais privilegiadas do País. O povinho vibra com tudo isto e apoia a dita. A classe docente desespera com tanta demagogia.

sábado, setembro 10, 2005

A obesidade infantil

As escolas nos EUA vão deixar de ter máquinas de refrigerantes. O objectivo é combater a obesidade infantil que afecta milhões de crianças entre os 6 e os 19 anos. A Associação de Bebidas Americana, da qual fazem parte a Coca-Cola e a Pepsi, mostrou-se solidária com a iniciativa, por considerar a obesidade um problema sério. Os médicos pedem agora restrições também ao "fast-food". A Polónia decidiu tomar a mesma medida há dias atrás. Portugal, País que apresenta a segunda maior taxa de prevalência na Europa de excesso de peso e obesidade infantil entre as crianças dos 7 aos 9 anos, ainda não acordou para esta questão, apesar das chamadas constantes de atenção dos especialistas, para a necessidade de a própria escola ajudar a combater este problema. Um estudo divulgado recentemente revela que 64% das nossas escolas do 2º e 3º ciclos vendem refrigerantes, enquanto apenas 4,5%, vende sumos naturais. Que sentido faz alguns professores promoverem uma alimentação saudável na sala de aula quando na própria escola se vendem todo o tipo de porcarias? Que está à espera o Ministério da Educação para interditar a venda destes produtos? Percebe-se porque isto acontece: deveres mais altos se levantam e todos sabemos quais são. Mais uma vez, os valores económicos se sobrepõem a tudo o resto, mesmo que esteja em causa a saúde das nossas crianças. Muitos conselhos executivos são alertados para esta situação mas estão-se simplesmente marimbando. A minha escola é disso um mau exemplo. Para o orgão de gestão o que importa são as receitas que se conseguem arrecadar com a instalação dessas máquinas, extras que, na sua óptica, são importantes para aumentar o diminuto orçamento que têm ao seu dispor. Uma vergonha!

quinta-feira, setembro 08, 2005

A carga horária dos alunos

Olhando o horário escolar de um aluno do 2º ou 3º ciclo, aquilo que ressalta à vista, é a excessiva carga horária a que ele é sujeito. Os miúdos passam o dia na escola, e o tempo que lhes sobra não lhes dá para estudar nem sequer para ter outras actividades que vão ao encontro das suas motivações e interesses. Em escolas onde se concentram alunos provenientes dos meios rurais, esta realidade é ainda mais notória face ao tempo que estes perdem em deslocações (muitas vezes longas). Ao chegarem a casa, os miúdos estão cansados, por vezes, até mal alimentados, e sem qualquer vontade para estudar. E ao outro dia o cenário repete-se. Sabendo que muitos destes alunos não usufruem de qualquer tipo de apoio em casa que lhes permita fazer frente às suas dificuldades de aprendizagem, temos assim reunidas as condições para o insucesso escolar. A título de exemplo, um aluno do 7ºano de escolaridade pode ter até 17 disciplinas (se tiver Moral). Alguém me consegue explicar tamanha violência? Esta quantidade exorbitante de disciplinas traduz-se num maior enriquecimento curricular?Não me parece. O que me parece é que temos um ensino de fachada: muito bonito por fora e "vazio" por dentro.

Ainda os horários

A rotina do início do ano lectivo para os professores, foi este ano quebrada com as novas directivas no que respeita à elaboração de horários. Os ânimos parecem agora menos exaltados do que na altura em que esta medida foi anunciada. Em que termos é que este novo regime vem revolucionar a nossa vida profissional e a qualidade do nosso trabalho é algo para ser avaliado no futuro. Uma coisa é certa: a ministra ganhou pontos junto da opinião pública e na generalidade dos líderes de opinião, para quem a maioria da classe docente é uma corja de incompetentes e preguiçosos, e os principais responsáveis pelo que de mal vai acontecendo no nosso sistema de ensino. Agora que o nosso período laboral se vai equiparar aos restantes trabalhadores, estou para ver qual é a próxima arma de arremesso que será atirada para cima dos professores.

terça-feira, setembro 06, 2005

A distribuição dos horários lectivos

Oficialmente, o início do ano lectivo para os professores faz-se com a reunião geral, onde para além das informações de carácter geral, são entregues os tão desejados horários. É aqui que os primeiros problemas inevitavelmente surgem, com as habituais discordâncias face ao horário que lhes calha em sorte. Há professores muito zelosos na defesa do seu período de trabalho. Tanto assim é que, muitos deles, passam por cima de tudo e de todos na defesa intransigente dos seus interesses. Nem queiram saber o corropio de gente que acorre aos Conselhos Executivos manifestando o seu descontentamento por tão vil desconsideração. Todos os anos a situação se repete, e não há meio de os Conselhos Executivos porem cobro a esta autêntica palhaçada que nos deveria encher de vergonha. Horários em função dos interesses dos alunos e da escola? Só por cima do meu cadáver, dirão alguns (muitos) professores.
Nota- O compadrio existente entre o orgão de gestão e alguns professores na elaboração dos horários, chega a atingir contornos escandalosos e verdadeiramente inadmissíveis.