sexta-feira, julho 31, 2009

Quadro comparativo da 2ª fase dos exames nacionais


"i"

Minha tão grande culpa

"Quem me veja por aí de cabeça baixa, incapaz de encarar o Mundo, como se carregasse uma culpa mais pesada e insuportável que o Menino nos braços de S. Cristóvão, não tenha piedade de mim.
Os resultados dos exames de Matemática da segunda fase do Secundário foram ainda piores do que os da primeira, que já haviam sido maus (média de 8,8 valores contra 10 na primeira fase, abissalmente abaixo dos gloriosos 14 do ano passado); ora se, na primeira, a culpa, segundo a ministra, já fora minha - porque, como a generalidade da "comunicação social", andei a dizer "que os exames eram fáceis" - agora não tenho remédio senão meter a mão na consciência e penar por aí como o velho marinheiro de Coleridge, arrancando os cabelos e contando a toda a gente que fui quem matou o albatroz e deu cabo das estatísticas da ministra em pleno período eleitoral.
O pior é que o mesmo aconteceu em Português, em Física, em Química, em Biologia, em Geologia. Os alunos não estudam e os professores não ensinam porque perdem tempo a ler jornais. Acabe-se com eles (jornais, alunos e professores) e os resultados subirão em flecha".

Manuel António Pina
JN

quinta-feira, julho 30, 2009

Hecatombe nos resultados dos exames da 2ª fase

Uma hecatombe. Todos os exames do ensino secundário mais concorridos tiveram média negativa na segunda fase, mostram os resultados divulgados hoje.
Aconteceu assim a Português e Matemática: na língua materna, da primeira para a segunda fase, a média desceu de 11 para 8,9; e a Matemática de 10 para 8,8. Nas disciplinas que já tinham tido média negativa na primeira fase, o desempenho ainda foi pior agora. A média em Física e Química passou de 8,4 para 8,0, enquanto em Biologia e Geologia desceu de 9,5 para 8,8. O Ministério da Educação atribui esta queda ao facto de nesta fase o "peso dos alunos externos" ser maior e por isso pesar mais "na determinação do sentido positivo ou negativo da média geral". As associações de professores tinham considerado que tanto a prova de Português como a de Matemática foram mais difíceis nesta fase.

Resultados dos exames da 2ª fase

São conhecidos hoje os resultados da 2º fase dos exames nacionais do ensino secundário. Os alunos que passarem nos exames poderão fazer a sua candidatura ao ensino superior a partir de sexta-feira dia 31 de Julho até 7 de Agosto.

quarta-feira, julho 29, 2009

Mais de 5100 professores reformados neste ano lectivo

"Mais de 5100 professores (5140) reformaram-se entre Setembro do ano passado e Julho de 2009, 1440 dos quais com penalizações na reforma. Os números foram avançados ao DN pelo secretário-geral do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep/Fenei) e resultam de um levantamento feito recentemente pelo sindicato junto da Caixa Geral de Aposentações. Para Carlos Chagas, o aumento significativo de pedidos de reforma resulta do descontentamento da classe com as políticas educativas do Governo.
Segundo dados oficiais da Caixa Geral de Aposentações, já no ano civil de 2008, cerca de 5100 professores tinham ido para a aposentação, o que representou um aumento de 35% em relação a 2007. Agora, os dados do Sindep indicam que as reformas no último ano lectivo já ultrapassaram esse número. "Isto só prova que os professores mais experientes estão a deixar a profissão e que a carreira deixou de ser atractiva, isto porque as políticas educativas do Governo conduziram à desvalorização da carreira profissional ", considera Carlos Chagas".

DN

Novas Oportunidades - a ignorância certificada

"O país encontra-se com uma taxa muito baixa de escolaridade em relação aos países da UE (União Europeia). Logo há necessidade de colmatar esta situação e, para isso foram criadas “As Novas Oportunidades”, uns cursinhos intensivos de três meses, no fim dos quais os “estudantes” (agora com o nome pomposo de formandos) obtêm o certificado de equivalência ao 9º ou 12º anos. Fantástico, se os cursinhos fossem a sério!...
Perante a publicidade aos referidos cursos, aqueles que abandonaram a escola ou, por qualquer razão não concluíram um dos ciclos de escolaridade, esfregaram as mãos de contentes, uma vez que agora se lhes oferece a oportunidade de obterem um certificado de habilitações que lhes poderá vir a ser útil. E como diz o ditado “mais vale tarde do que nunca”, eles lá se inscreveram. Por outro lado, três meses das 7.00 as 10.00 horas, horário pós-laboral, uma vez por semana, era coisa fácil de realizar. Coitados daqueles que andam 3 anos (7º, 8º e 9º anos) para concluírem o 3º ciclo!!! Isso é que é difícil!
Na rua, no café, nos locais públicos em geral ouve-se: “Ah! Agora, ando a estudar! Ando a fazer o 9º ou 12º ano! “Aquilo é porreiro, pá!”
Entretanto, há pessoas com quem contactamos no dia-a‐dia, mais próximos de nós, o cabeleireiro, o sapateiro, a empregada doméstica, etc. que também nos confidenciam com ar feliz: “Agora, com esta idade, ando a estudar! Ando a fazer o 9º!” E nós, simpaticamente, sorrimos, abanamos a cabeça e dizemos que fazem bem, sempre é uma mais-valia… contudo, numa dessas conversas, tentei descobrir que disciplinas constavam do curso, ficando a saber que eram Português, Matemática, Informática e Cidadania para o 9º ano; e indaguei ainda como eram as aulas e a avaliação final.
E fiquei atónita. Em Português o formando teria que escrever a história da sua vida e a razão por que se inscreveu no curso, sendo o texto corrigido aula a aula pela respectiva formadora; Matemática consistia em efectuar cálculos básicos e apresentar, por exemplo, a receita de um bolo e duplicá-la; para Informática apercebi-me que seria a apresentação do trabalho escrito e, posteriormente, quem quisesse apresentá-lo‐ia em “PowerPoint”; em cidadania, os formandos apresentavam os diferentes resíduos e diziam em que contentores os deveriam colocar. A nível de Português ainda foi pedida a leitura de um livro e seu comentário, sendo a selecção ao critério do formando o que deu origem a autores “light”, nada de autores portugueses de renome; a acrescer a este comentário teriam também de fazer a apresentação critica a um filme e a uma reportagem. Todos estes elementos seriam entregues num dossier, cuja capa ficaria ao critério de cada formando.
Três meses passaram num abrir e fechar de olhos, por isso um destes dias, enquanto aguardava a minha vez para ser atendida no consultório médico, fui brindada com o dossier do curso da recepcionista e respectivo certificado de 9º ano. Engoli em seco aquelas páginas recheadas de erros ortográficos e de construção frásica, desencadeamento de ideias e falta de coesão, (…), entremeados por bonitas fotografias; na II parte, umas contitas simples e duas tábuas de multiplicação; e em Cidadania, os contentores do lixo coloridos com a indicação dos resíduos que se põem lá dentro.
Em seguida, com um sorriso muito branco (nem o amarelo consegui!) e, como bem-educada que sou, felicitei a dona do dossier cuja capa estava realmente bonita, original, revelando bastante criatividade e ouvi-a alegre dizer: “A formadora disse-me que tinha hipóteses de fazer o 12º ano. Logo que possa, vou fazer a minha inscrição!”
Fiquei estarrecida, sem palavras para lhe dizer o que quer que fosse. “As Novas Oportunidades” são isto? Está a gastar-se tanto dinheiro para passar certificados de ignorância? Será que todos os formadores serão iguais a estes? E o 9º ano é escrever umas tretas e ler um Nicholas Sparks e um artigo da revista “Simplesmente Maria”? E o 12º ano será a mesma coisa (queria dizer chachada) acrescida de uma língua?
Continuando assim o país a tapar o sol com a peneira, teremos em poucos anos a ignorância certificada!"

Marta Oliveira Santos, in “Correio da Educação”

terça-feira, julho 28, 2009

Estado dá prioridade aos pedidos de reforma dos professores

"As Finanças reconhecem que os pedidos de aposentação dos professores são decididos em dois meses. Mais rápido do que acontece noutras classes.
Os pedidos de reforma dos funcionários públicos são aprovados por ordem de chegada dos requerimentos à Caixa Geral de Aposentações (CGA), mas há situações que beneficiam de tratamento preferencial. É o caso dos professores, cujo prazo médio de resposta dos serviços aos pedidos de aposentação é actualmente de dois meses, contra o prazo médio de três meses verificado para os restantes grupos profissionais do Estado".

Diário Económico

domingo, julho 26, 2009

Transitar Portugal

"O caso de um aluno que passou de ano (o 8.º) com nove negativas despertou por aí certos queixumes. É vontade de dizer mal. Antes de mais, o aluno em causa não é uma excepção, é um exemplo: pelos vistos, "transitar" criancinhas com sete, oito, nove ou dez negativas já se tornou prática relativamente comum nas escolas nacionais. E o hábito não é tão negativo quanto aparenta. Muito pelo contrário, e por quatro razões.
Em primeiro lugar, acaba com a discriminação entre disciplinas. Até agora, inúmeros alunos saltitavam de ano em ano sem saberem nada de matemática. Agora, são livres de saltitar sem saberem nada de coisa nenhuma. Um ponto a favor da "interdisciplinaridade".
Em segundo lugar, acaba com a discriminação entre os diferentes tipos de ensino. Se os frequentadores das Novas Oportunidades obtêm um diploma do 9º ou do 12º mediante a mera elaboração de uma redacção, num dialecto vagamente evocativo do português, sobre "O Mel" ou "As Minhas Férias" ou "O Magalhães", não há motivo para submeter os restantes usufrutuários do sistema educativo a exigências desumanas. Um ponto a favor da sistematização das "valências".
Em terceiro lugar, acaba com os traumas escusadamente infligidos às crianças. Por regra, os meninos e meninas corridos a nove negativas são criaturas sensíveis, que sofrem imenso com as sanções e que, frustradas, dedicam em consequência a vida à birra, à droga e ao pequeno crime. Um ponto a favor da segurança.
A quarta, e primordial, razão é que o fim das "retenções" acaba com alguns traumas no Orçamento de Estado. Há tempos, a sra. ministra explicou: cada aluno custa ao erário público 3 mil euros por ano, logo um aluno reprovado fica por 6 mil. Em 2007, os "chumbos" no ensino básico e secundário pesaram 600 milhões na despesa, uma enormidade que poderá perfeitamente ser aplicada no aprimoramento tecnológico da rede escolar, de modo a que os alunos que "transitam" na maior ignorância o façam nas melhores condições. Um ponto a favor do avanço em geral".

Alberto Gonçalves, DN

Entrevista da ministra da Educação

"O seu nome surge em 598 mil referências na Net. É a portuguesa mais comentada, supera Ana Malhoa e Luciana Abreu juntas. O que sente ao ter tanta visibilidade?
Não procuro o meu nome na Internet e não sinto nada de especial em relação a isso.
Quererá dizer que é muito pressionada?
É natural, porque a Educação é um sector de grande relevância e dimensão. Se temos um milhão e quinhentos mil alunos, com pai, mãe e familiares, 150 mil professores, 48 mil profissionais e 1200 agrupamentos escolares espalhados por todo o País, é natural que suscite curiosidade e interesse. Não me impressiona essa visibilidade, porque o que importa é a percepção dos problemas e desafios para nos aproximarmos de países com que nos identificamos.
Mesmo sem nunca haver entendimento?
Não diria tanto e nem sei se é um problema de entendimento. Há duas percepções que se suportam mal: uma é a grande conflitualidade e a outra a hesitação nas sucessivas reformas. Da primeira diria que a conflitualidade tem uma expressão muito grande porque não existe outra entidade empregadora com 150 mil funcionários. Mesmo em grandes grupos económicos - que só têm um interlocutor - há repartição por sectores, em que os confrontos se diluem em vez desta distorção em que basta um pequeno conflito para dar a percepção de que a Educação está em permanente conflito quando há zonas do sistema que estão consensualizadas e pacificadas.
Haverá zonas de consenso mas, de todos os ministros, e até dos primeiros-ministros, é quem tem enfrentado as maiores manifestações contra as suas políticas!
A memória é curta, pois no tempo de Roberto Carneiro houve manifestações equivalentes e por razões semelhantes. Existe a tradição de certa conflitualidade, mas tal não significa que toda a Educação viva assim em permanência. Mesmo neste mandato, com profundas mudanças, houve algumas relativamente pacíficas: a mudança do modelo de gestão e administração das escolas, com a passagem dos presidentes do Conselho Executivo para directores, que é um processo concluído em quase todas as escolas e que se desencadeou sem grande conflitualidade.
Mesmo com escolas que não aceitaram?
Sim. Em 1200 escolas existem quatro ou cinco casos... São níveis de conflitualidade marginais, só que têm grande expressão na imprensa.
Até com os tribunais a dar-lhes razão?
Na administração pública deve haver centenas de processos em tribunal de que ninguém fala e a área jurídica não é uma ciência exacta! O que acontece com a Educação é que qualquer pequeno conflito é o suficiente para que tenha uma enorme visibilidade e se crie a ideia de que houve um grande conflito. Houve áreas, como no processo de transferência para as autarquias, em que foi um movimento muito consensual no País.
Explique-me então a razão de protestos tão grandes como já não se viam há anos.
Uma coisa é viver os protestos, que foram de facto muito expressivos, e outra é a pequena conflitualidade, que tem uma grande visibilidade. E depois há a grande conflitualidade em torno da avaliação e do Estatuto da Carreira Docente, que foi muito expressiva por envolver o grupo profissional dos professores mas não os pais nem os outros profissionais. O conflito é grande porque tem de ter a expressão da dimensão do grupo.
Não esperava protestos tão gigantes?
Acho que ninguém está à espera dos episódios menos agradáveis. Ninguém faz um plano para ser ou não surpreendido com os aspectos menos confortáveis, porque é isso que os conflitos são. Ninguém deseja um conflito, mas isso não significa que não se deva encará-lo com determinada naturalidade, porque também fazem parte da vida. Não temos de os alimentar, mas compreendê-los e procurar resolvê-los.
Se fizer a contabilidade, tem 8 grandes greves, 7 grandes manifestações, 3 vigílias, 2 cordões humanos e 8 abaixo-assinados com 320 mil assinaturas. Bateu o recorde?
Não fiz essas contas, mas recordo-me bem que antes de ser ministra a ameaça de greve aos exames estava sempre presente. Greves sempre houve e era inte- ressante fazer um levantamento delas, mas, de facto, a expressão dos conflitos neste mandato foi muito evidente, tal como a profundidade das mudanças que procurámos concretizar. Mudanças em que se pedia às pessoas que se organizassem de forma bem diferente do que era a tradição e do convencionado. São naturais estas reacções e podem-se explicar, mas não significa que aceitemos os pontos de vista. Creio que os conflitos são resultado da perplexidade e da incerteza de não se saber como vai ser.
Pode dar um exemplo?
Foi o caso do ensino artístico, em que tivemos uma contestação fortíssima e depois veio a acalmia. Ouviu-se falar de ensino artístico este ano? Não. E a reforma foi feita, provando às pessoas envolvidas que a reforma melhorava as condições de todos. E aumentámos em 40% o número de alunos bem como o emprego no sector. O que é que explica a reacção inicial? A incerteza.
O ensino artístico é um sector ínfimo.
Estou a dar só um exemplo, pequeno, que teve muita expressão e mobilizou muitas escolas e professores. O que procurei foi analisar, verificar e, nuns casos, prosseguir, noutros, ajustar.
Talvez metade das 598 mil referências na Net são a dizer que a ministra é muito teimosa e que não muda a posição mesmo com 180 mil pessoas a protestar na rua.
E a outra metade das situações é positiva?
Já ficaria contente.
Não, não creio que sejam positivas. O conflito no ensino artístico pode ter sido ultrapassado, mas a avaliação e o Estatuto da Carreira não. Porquê? É a forma da mensagem ou porque mexe em corporações?
Não é um problema exclusivamente de mensagem, mas de compreensão do sentido das novas regras. Uma proposta de mudança diz respeito a novas regras e, por vezes, há discordância total, porque não se entendem os efeitos imediatos ou a prazo e reage-se por muitas razões. Também tivemos reacções às aulas de substituição, à escola a tempo inteiro e a outras medidas. No caso do Estatuto, estou convencida de que há uma diferente visão do que deve ser a organização da carreira dos professores. No que respeita à avaliação, acho que é outro problema, mas também a dificuldade em compreender qual será o impacto das novas regras. É preciso mostrar que os professores podem ter ganhos ao premiar-se o mérito. Com esse processo decorrido no primeiro ciclo, será mais fácil fazê-lo no segundo.
O modelo de avaliação que quer implantar ainda não passou da versão simplificada?
Sim, mas no essencial a sua estrutura de princípios não difere muito do modelo inicialmente proposto. Entendeu-se que há um caminho a percorrer mais lento do que inicialmente gostaria, mas não modifica a natureza do objectivo.
Mais lento porque os sindicatos dos professores não aceitam essas medidas?
Sim. Na realidade, não aceitam a avaliação. Escudam-se por detrás dos argumentos de modelos deste ou daquele tipo de avaliação, mas o que acontece é mesmo a rejeição da avaliação.
Os professores recusam ser avaliados?
Há uma rejeição que se pode exprimir através dos mais diversos argumentos. De que não é este o melhor modelo, que não é com estes professores, que não é na escola... É sempre assim porque, quando não estão de acordo, aí, todos os argumentos são válidos para contestar.
É da opinião que os sindicatos são contra porque os docentes evitam ser avaliados?
Não diria isso, porque acho que muitos professores querem ser avaliados e a prova é que houve uma grande adesão mas também há muito receio neste processo. E aqui os bons professores podiam ser um motor de mudança, porque não há nenhuma razão para um bom professor ter medo da avaliação. Os bons professores não podem ter medo nem misturar-se no ruído que apela à indiferenciação e a considerar que todos são iguais. Houve cem mil professores sujeitos à avaliação este ano e é por aqui que o terreno tem de ser conquistado, a bem das escolas e dos próprios professores. Há uma parte significativa de professores que tem medo da consequência.
Muitos não entregaram os objectivos.
Não é grande o número dos que não entregaram os objectivos ou que continuam a rejeitar a avaliação. A minha expectativa é que tudo se ajuste.
Defende a avaliação mas durante a sua carreira académica não foi avaliada?
Não?
É uma pergunta, o que estou a fazer.
Gostava de dizer que não são as experiências pessoais que dão a legitimidade para a tomada de decisão, nem acho que a legitimidade política venha dessa perspectiva. A legitimidade política vem da legitimidade democrática e os ministros são apenas agentes na condução da política, havendo muitos aspectos que estão para além da própria experiência pessoal. Mas, para que a pergunta não fique sem resposta, e apesar de considerar que não é relevante, não é por eu ter sido avaliada quatro vezes - com prestação de provas públicas perante júris externos que avaliam a carreira docente - que acho que os professores têm de ser avaliados. O problema disto ser muito sentido pelos professores é porque os sindicatos demoraram 30 anos a construir a situação em que estamos, a que anula todas as diferenças. A única diferença que os professores aceitam é a do salário: eu sou mais velho, ganho mais, tu és mais novo, ganhas menos. Não importa o que fazem ou as responsabilidades. Isso é resultado do trabalho sindical de muitos anos. Eu compreendo as reacções, mas não significa que as aceite. O que estava a acontecer põe, a prazo, em causa o próprio sentido de carreira.
Da ronda de negociações que se verificaram esta semana pouco resultou porque a posição da ministra não muda.
Não é verdade! Os sindicatos tiveram oportunidade de propor alterações. Não o fizeram e nada mudou porque o que querem desde o início é parar e anular os efeitos da avaliação. Neste momento, anulá-los significa premiar os professores que não a fizeram e castigar os que participaram. É dizer a todos os que terão classificações de muito bom e excelente que não vale nada.
Quantos anos calcula serem necessários estar no ministério para ganhar a batalha?
Não coloco as coisas nesses termos. Eu diria que mais importante que as pessoas são as políticas e, portanto, não é por uma pessoa se manter, por ser este ou aquele ministro, que o sentido das políticas que define e as condições para a sua execução o torna indispensável.
Que tempo demorará a impor a avaliação?
Não é um problema de estar este ou aquele ministro, temos de ter políticas com objectivos e com ambição. Existe um relativo consenso na sociedade sobre as matérias da Educação, por isso foi relativamente fácil aprovar o alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos. Está relativamente consensualizada a necessidade de diversificar a oferta formativa ao nível do ensino secundário, foi relativamente fácil consensualizar o inglês... Depois, há zonas em que o consenso é menor, mas, aí, o que devíamos era ter a ambição de aproveitar as áreas de grande convergência para dar passos gigantes, poupar e recuperar atrasos. O programa Novas Oportunidades, por exemplo, revelou que havia um milhão de portugueses disponíveis para voltar à escola.
Se o próximo Governo não for PS, o que acontecerá a esta sua política?
É um cenário hipotético sobre o qual não me sei pronunciar.
Dificilmente se manterá tal conflitualidade?
Não lhe sei responder. Procurei conduzir a política educativa de forma a dar passos e a construir onde há consenso. Aproveitei muitos diplomas e enquadramento legal existente, não fiz grandes alterações para fazer a avaliação, bastou partir de um despacho enquadrado na Lei do Currículo Nacional. Foi possível usar todo o trabalho feito em anos anteriores e ir mais além. Qualquer política educativa diferente de recuo não serve a ninguém.
Acha que a Educação precisava de si mais quatro anos?
Não. O importante não sou eu ou outra pessoa. O importante é ter linhas de orientação política e educativa de longo alcance.
Se o PS se mantiver no Governo quer continuar ministra?
Também não sei responder, porque não dou saltos em cenários. O que ainda tenho pela frente é cumprir o mandato até ao fim. Até esse dia é tempo de concluir processos abertos e preparar a abertura do próximo ano lectivo, mesmo com eleições a 27 de Setembro.
Também amaciou as suas atitudes a 7 de Junho, como o Governo fez?
Tínhamos um processo negocial com os sindicatos e continuámos, mas tenho a noção de que em Agosto não se negoceia, sejam quais forem as condições. No caso do Governo, o que aconteceu foi não tomar algumas decisões que podem esperar um mês ou dois porque não vem mal ao País se se respeitar aquilo a que se chama o escrúpulo democrático".

DN

sexta-feira, julho 24, 2009

A gazeteira

"A ministra da Educação fez gazeta à sua última audição na Assembleia da República. E justificou a falta com "uma indisposição física". Assim como, antigamente, os professores invocavam o famoso "artigo 4º" para justificar a falta às aulas. Só que já não há artigo 4º para ninguém e, segundo os critérios de avaliação que o Ministério impôs aos docentes, Maria de Lurdes Rodrigues, mesmo que se sujeitasse a uma "audição de compensação", já não se livrava de um registo negativo. O que lhe vale é que, também pelos critérios do seu Ministério, as notas negativas pelos vistos não contam para nada. Se um aluno com oito "negas" pode transitar de ano, por que haveria ce chumbar a ministra? Especialmente com tamanha taxa de sucesso..."
Sol

quinta-feira, julho 23, 2009

quarta-feira, julho 22, 2009

Dariam óptimos professores de Matemática

A isto chegámos

"Uma escola do Minho decidiu não reprovar um aluno que contava nove negativas. As razões aduzidas são férias, têm a ver com o ambiente familiar do jovem que, há três anos, recebe apoio psicológico – e o conselho escolar decidiu que era melhor passá-lo para o 9º ano em vez de aplicar "a retenção", como agora se diz em vez de "chumbo".
Nove disciplinas negativas é, no entanto, um número aterrador. O que vai acontecer é que, no 9º ano, o aluno vai repetir o insucesso dos anos anteriores, como mandam as regras e ilustra a experiência. A ideia de que a penalização seria traumática e, vamos lá, injusta, tem os seus defensores – com muita jurisprudência e psicopedagogia, à mistura com caridade vagamente cristã. Infelizmente, sem sensatez ou sentido das proporções. A isto chegámos".

Francisco José Viegas

Cem alunos passaram com 8 negativas

"Cerca de uma centena de alunos dos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico transitou, no final deste ano lectivo, com oito ou mais negativas, disse ao CM fonte do Sindicato dos Professores Licenciados, considerando "cada vez menos excepcional" o caso do aluno de 15 anos do Agrupamento Monte da Ola, em Darque, Viana do Castelo, que passou do 8º para o 9º ano com nove negativas.
João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores, disse ao CM que "a retenção tem sido diabolizada nos últimos anos" e que "todo o discurso é feito no sentido de tornar cada vez mais difícil a reprovação dos alunos".
"O sistema de avaliação dos alunos não é claro e urge esclarecê-lo rapidamente. Penso que, para bem da transparência, o melhor era mesmo acabar com as retenções na escolaridade obrigatória, criando esquemas de apoio e valorização dos alunos que pretendam prosseguir os estudos", disse, lembrando que "o grande problema reside no facto de se considerarem os resultados dos alunos o centro de tudo".

Correio da Manhã

terça-feira, julho 21, 2009

Gabinetes de trabalho para docentes trariam muitas vantagens às escolas - professores

"Professores e especialistas em Educação defendem que gabinetes de trabalho para professores como os que estão previstos para a nova escola de S. João da Madeira são um 'bom avanço' que podem trazer muitas vantagens às escolas.
“Os gabinetes para professores representam um bom avanço e é por medidas como essa que passa o futuro”, afirma Mário Nogueira, da Federação Nacional dos Professores (FENPROF). “Na Carta sobre as Condições de Trabalho nas Escolas, o aspecto que sempre colocámos no topo da lista foi a necessidade da escola ter esse tipo de condições”.
O edifício que está a ser construído em S. João da Madeira representa, no entanto, ”uma excepção”. “Aquilo que temos vindo a defender é que os professores não têm condições - nem em termos de espaço, nem em termos materiais - para ficar mais tempo na escola”, recorda o dirigente da FENPROF.
Para Mário Nogueira “é muito importante para a melhoria do desempenho dos docentes” que as escolas que venham a ter espaços adequados ao seu trabalho individual “assegurem também as condições materiais necessárias à realização desse trabalho”.
João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores, concorda: “Quando se fala da componente não lectiva do trabalho docente, um dos argumentos mais utilizados para justificar que os professores não estejam presentes na escola [a totalidade do horário] é o facto de eles não terem um local específico que lhes permita desenvolver o seu trabalho ali e não em casa”.
“Isso sempre foi apontado como uma insuficiência e todos os edifícios escolares deviam ter essa componente”, explica.
Maria José Araújo, da Faculdade de Ciências da Educação da Universidade do Porto, sustenta que “tudo o que seja para melhorar o ambiente e as condições de trabalho de professores e alunos é bom e beneficia o ensino”.
“Mas é preciso bom senso e não se devem misturar os assuntos”, acautela a especialista. “Criar condições é importante, mas isso não deve ser usado para obrigar os professores a ficarem a trabalhar na escola mais tempo”.
“Eles são adultos responsáveis e não precisam de vigilância”, continua. “A questão da responsabilidade individual e colectiva de trabalho depende da consciência de cada um e nunca foi por os professores estarem fora da escola que deixaram de fazer o seu trabalho como deve ser”.

Correio do Minho

Docentes rejeitam novo simplex

"Sem surpresa, Governo e sindicatos de professores não chegaram ontem a acordo sobre o modelo de avaliação de desempenho para o próximo ciclo avaliativo de dois anos escolares, até 2011. O Ministério da Educação (ME) propôs na quinta-feira a continuidade do simplex aplicado este ano, mostrando-se aberto a alterações a sugerir pelos sindicatos. Mas estes rejeitaram liminarmente o regime simplificado e dizem esperar pelo próximo Governo para rever o modelo de avaliação.
"Este modelo assenta em pressupostos errados, provocou problemas gravíssimos. O próximo Governo terá como prioridade resolver o mal--estar causado", explicou João Dias da Silva, líder da FNE.
O secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, disse que as reuniões fracassaram porque os sindicatos não apresentaram "propostas para enriquecer o regime transitório proposto".
A Federação Nacional de Professores só hoje se irá reunir no ME, mas Mário Nogueira, secretário-geral, já fez saber que não irá apresentar qualquer proposta de alteração e vai rejeitar o simplex.
Com o regime proposto, as escolas têm até 30 de Outubro para definir o calendário da avaliação. Mário Nogueira acusa o ME de estar a "condicionar o próximo Governo" que será "confrontado com uma situação de facto".

Correio da Manhã

segunda-feira, julho 20, 2009

Gripe A: professores vão dar aulas em casa se a pandemia atingir escolas

"Professores e alunos em casa não equivalem a dias santos na escola. Se os estabelecimentos de ensino fecharem ou grande parte dos funcionários faltarem ao trabalho devido à gripe A, os conselhos executivos vão ter que encontrar formas de "manter as actividades escolares consideradas essenciais". Colocar os docentes "em teletrabalho e distribuir actividades aos alunos por e-mail" são duas das medidas previstas para os planos de contingência das escolas numa epidemia.
As orientações da Direcção- -Geral da Saúde (DGS) para creches, jardins de infância, escolas e outros estabelecimentos de ensino sugerem formas alternativas para manter as aulas em dois cenários: quando fecharem para evitar a propagação do vírus ou quando a epidemia provocar um elevado absentismo nos funcionários. Em ambos os casos, os pais podem vir a assumir o papel de educadores, através de "estratégias de informação e envolvimento que lhes permitam apoiar a realização de trabalhos escolares em casa".

"i"

sexta-feira, julho 17, 2009

Professores: Governo recusa alterar o regime de avaliação

O Ministério da Educação anunciou que não aceita alterar o modelo de avaliação dos professores, prorrogando assim a vigência do regime simplificado para o próximo ano lectivo.
O Governo e a senhora ministra perderam a oportunidade de colocar um ponto final num processo que foi muito doloroso para o sistema educativo", disse Ana Drago, sublinhando a necessidade de "começar de novo, ouvindo as pessoas" em vez de insistir no "modelo Simplex" que "é uma absoluta farsa" e um processo "puramente burocrático". Para a deputada bloquista, a insistência de Maria de Lurdes Rodrigues num modelo tão contestado "não permite a pacificação do sistema educativo".

Comentário - O Ministério da Educação continua a não ceder em coisíssima nenhuma. Que os professores não se esqueçam disso e nas legislativas tenham a clarividência necessária para saberem onde colocar a cruzinha no boletim de voto.

quinta-feira, julho 16, 2009

Primeira escola a concluir avaliação vai penalizar docentes que não entregaram objectivos individuais

"A Escola Secundária de Odivelas terá sido a primeira escola do país a concluir o processo de avaliação de desempenho dos professores. E a primeira a tomar uma decisão sobre o que fazer com os professores que não entregaram os objectivos individuais: não avaliá-los".

Público

quarta-feira, julho 15, 2009

OCDE defende alteração do sistema de avaliação de professores

A ouvir aqui.

Orgulho, diz ela

"A Língua não é apenas um meio de comunicação, é também um instrumento de conhecimento e de pensamento. A Língua fala em nós tanto quanto nós a falamos, constitui o elemento fundamental da nossa identidade enquanto povo (e, sobretudo, enquanto "pátria", pluralidade de valores identitários que herdámos dos nossos país e que os nossos filhos herdarão de nós). São, por isso, dramáticas as notícias que dão conta de que, nos recentes exames nacionais do 9.º ano, o número de negativas a Língua Portuguesa aumentou 70%, apesar de o actual ME ter levado o nível de exigência dos exames ao grau zero. A falta de exigência a que se chegou é tal que, para se opor à opinião dos peritos para quem os exames do 12.º ano de Matemática foram este ano de novo "escandalosamente fáceis", o presidente da APM argumenta que o exame "tinha algumas coisas que exigiam alguma interpretação de (…) linguagem escrita". Ou seja, o exame não seria assim tão fácil porque… exigia "alguma" interpretação de linguagem escrita. Isto a alunos do último ano do Secundário! Diz a ministra que o país devia "encher-se de orgulho" com isto…"

Manuel António Pina
JN

Quem corre atrás das estatísticas acaba por ser devorado por elas

"É o que acontece com o Ministério da Educação, que ainda não descobriu que "os números" atrapalham "as estatísticas". Na semana passada, e muito bem, a ministra deixou um ralhete (merecido) aos alunos, acusando-os de não se terem preparado.
Agora, treslendo os números dos resultados do 9º ano, declarou que eles devem encher-nos de orgulho. Toda a gente aceita que o ministério não é responsável pelas notas dos exames, mas os seus responsáveis (com a inestimável contribuição do secretário Valter Lemos, uma luminária) teimam em associar-se porque gostam de boas estatísticas, mesmo manipuladas. Esta trapalhada só serve para tirar qualquer pingo de credibilidade ao Ministério da Educação, o que é uma pena".

Francisco José Viegas
Correio da Manhã

terça-feira, julho 14, 2009

O eterno recomeço

"DOIS ACONTECIMENTOS marcaram a semana na Educação. O início do processo de colocação de professores e as reacções destemperadas da ministra e do fantástico secretário de Estado Walter Lemos à baixa das médias dos exames de Matemática. O primeiro é conhecido e tradicional. Concorreram mais de 110.000 professores, foram colocados, de uma penada, 30.000. Outras fases virão, até Dezembro, imagine-se, em que serão colocadas mais umas dezenas de milhares. Poucas dezenas de milhares ficarão de fora. Facto novo: os contratos serão por quatro anos. Tudo o resto é velho: a burocracia, a falta de autonomia das escolas, os atrasos, a desumanização e os inevitáveis erros. Já foi pior, é verdade. Mas ainda é muito mau. E, com o modelo actual, irreparável. Não faz qualquer sentido organizar processos de candidatura e colocação no plano nacional, desta maneira centralizada. Não há empresa ou instituição capaz de fazer isto bem feito e a tempo e horas. Mas o ministério e os sindicatos continuam a querer assim. Por razões fantasiosas, que incluem a isenção, a igualdade e a imparcialidade, mas que se resumem a uma só: o poder de um e de outros.
OS RESULTADOS da Matemática revelaram uma média nacional razoável, positiva, o que já é extraordinário, mas muito abaixo dos fenomenais 14 (ou 12,5 conforme as contas) obtidos no ano anterior. A ministra e o formidável secretário de Estado Walter Lemos reagiram em nome da honra ofendida. Acusaram os jornais, as televisões, os jornalistas em geral, as associações científicas, a Sociedade Portuguesa de Matemática e o professor Nuno Crato de serem responsáveis pelo desastre. O argumento, de impagável rigor, corre mais ou menos assim: eles convenceram os estudantes de que os exames eram fáceis; em consequência, estes não estudaram e tiveram más notas. Comentários para quê?
ESTES dois episódios revelam a insistência nos modelos errados e nas práticas absurdas. Assim como a desorientação que se instalou no ministério. O que ali aconteceu, ao longo da legislatura, não é propriamente uma surpresa. Mas é triste. A revelação de um carácter inicial e algumas decisões simples, mas com prováveis efeitos muito profundos, criaram uma expectativa favorável. Os contratos com os professores anunciavam-se mais duradouros, pelo menos três anos (agora quatro). Os regimes de faltas dos professores foram apertados e dadas instruções para garantir a substituição dos faltosos. Muitas escolas ficaram abertas até mais tarde. Centenas de delegados sindicais profissionais foram devolvidas às escolas, donde nunca deveriam ter saído. Medidas foram tomadas para reduzir ou eliminar a demagogia eleitoral na direcção das escolas. Em vez de políticas complexas, recheadas de ideologia barata, tínhamos diante de nós orientações claras para a resolução rápida de erros e problemas atávicos. A gestão destas decisões foi mais difícil. O espantoso secretário de Estado Walter Lemos dirige por despacho e directiva e esse método não é muito eficiente. Mesmo assim, o início parecia promissor.
DEPOIS, foi a lenta deriva. Até ao rápido afundamento. Agigantou-se uma figura, a do extraordinário secretário de Estado Walter Lemos, seguramente responsável pelos mais graves dislates subsequentes. Instalou-se a teimosia e a irritação na sede do ministério. Na esperança de contar com apoio popular, designou-se um inimigo, os professores. A velha guarda dos técnicos de educação do ministério recuperou forças e dominou a mecânica. Regressou a burocracia dos pedagogos iluminados. Produziram-se milhares de páginas de regras, regulamentos, orientações, normas, despachos e instruções, numa sofreguidão doentia. O assombroso secretário de Estado Walter Lemos exibiu uma produtividade sem par. Estabeleceu-se um princípio moral detestável, o de que uma correcção é fraqueza e um erro repetido é força. Criou-se um sistema de avaliação impossível destinado, não a avaliar, mas a exibir autoridade. Reforçou-se o centralismo da política de educação. Contrataram-se militantes partidários para preencher a rede de dirigentes nacionais e regionais. Exerceu-se uma inadmissível influência política no processo de elaboração e de avaliação dos exames, a fim de conseguir impensáveis melhorias de notas que provocaram o riso do Atlântico aos Urais. Chegaram a obter-se aumentos de médias de exames, de um ano para o seguinte, da ordem dos 40 por cento!
A DERIVA ministerial teve, quase até ao fim, um sólido apoio: o do Primeiro-ministro que, nestas coisas de exames, quer resultados de qualquer maneira. É ele o grande inspirador da teimosia. É dele a ideia de que a facilidade é democrática e socialmente igualitária. Só a aproximação das eleições e a derrota nas europeias tiveram alguma influência no método. Instruções foram dadas para suavizar e adiar. Não para corrigir, é claro. Mas parece já ser tarde. O que realmente entristece é que, mais uma vez, se perdeu uma oportunidade de ouro. Com a maioria absoluta e a aparente contenção do poder sindical, parecia possível procurar outras vias, nomeadamente a da autonomia das escolas e da sua devolução por inteiro às comunidades. Assim como a fixação de regras estáveis e tradições científicas relativas à avaliação dos professores e dos estudantes. Tal como, finalmente, a erosão, ou destruição, do poder central e burocrático do ministério. Era possível, sem grandes ilusões, imaginar métodos e princípios que promovessem o mérito e afastassem a ficção da ciência pedagógica da facilidade.
A MOBÍLIA está partida? Persistem em colocar gesso nas pernas das cadeiras quebradas. A incapacidade de gestão unificada de milhares de escolas está demonstrada? Insistem em governar por despacho e grelha. É flagrante o descalabro da escola afastada das comunidades e dos pais? Continua a alimentar-se uma escola centralizada. O cansaço, a desilusão e a desistência de tantos professores são evidentes? Reforça-se a autoridade e o despotismo. A mediocridade da formação cultural e técnica mantém-se? Inventam-se novas oportunidades para que seja cada vez mais fácil. É caso para dizer: não se aprende nada!"

António Barreto
Público

Chumbo nos exames

Hoje já ninguém fica espantado se um professor universitário contar que parte significativa dos seus alunos não sabe as regras básicas da gramática e coloca, por exemplo, uma virgula entre o nome e o verbo. Diga-se que o desconhecimento da Língua já chega aos próprios professores universitários. Uma professora de uma prestigiada instituição de ensino superior de Lisboa deu nota ‘çuficiente’ a trabalhos apresentados por alunos.
O Ministério da Educação revelou ontem os resultados dos exames do nono ano, que mostram uma ligeira melhoria a Matemática e a quase duplicação dos chumbos a Língua Portuguesa. A ministra disse que os resultados dos exames devem encher o País de orgulho. É difícil encontrar motivo de júbilo quando praticamente um em cada três alunos do nono ano chumba num exame relativamente fácil.
Ficar contente com estes resultados é um mau princípio. A escola tem de ser mais exigente, porque o futuro destes jovens vai ser muito competitivo e na vida real se não estiverem preparados terão os empregos menos qualificados e mais mal remunerados. O capital humano é a maior riqueza do País. Se o desbaratamos com uma má educação estamos a ser cúmplices de um terrível erro que prejudicará milhares de jovens e nos empobrecerá a todos no futuro.

Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
Correio da Manhã

segunda-feira, julho 13, 2009

Exames do 9º ano: alunos com melhores resultados a Matemática e piores a Português

Os alunos do ensino básico saíram-se melhor a Matemática este ano. Os resultados da prova nacional do 9.º ano do ensino básico, divulgados esta manhã, mostram que mais de três em cada cinco estudantes conseguiram uma positiva.
Segundo os dados apresentados pelo Ministério da Educação, em Lisboa, a percentagem de positivas na prova realizada em Junho foi de 63,8 por cento, contra 55,2 por cento em 2008.
Na Língua Portuguesa passou-se o contrário: 69,9 por cento de positivas contra 83,2 por cento em 2008. Ou seja: o exame nacional correu pior a mais alunos

domingo, julho 12, 2009

Umas quantas verdades sobre as Novas Oportunidades

"1. As Novas Oportunidades são, em primeiro lugar, um sistema de certificação de competências pré-existentes. Só complementarmente é que são um programa de formação.
2. Sendo sobretudo um programa de certificação, é no mínimo ridículo que o avaliador se tenha dedicado a avaliar a satisfação e a auto-estima da população certificada. Imagine-se que o avaliador de uma Faculdade de Medicina se dedicava a verificar se os médicos recém formados se sentem bem com eles próprios em vez de verificar se sabem de facto praticar medicina.
3. A avaliação de um programa de certificação requer uma avaliação do rigor da certificação. Sobre isso o avaliador não diz nada.
4. A Ministra da Educação usa as listas de espera de candidatos à certificação para tentar mostrar que as Novas Oportunidades têm valor. Acontece que as listas de espera não mostram que as Novas Oportunidades têm valor como serviço de certificação. Sugerem mesmo o contrário. Sugerem que é tão fácil ter uma boa certificação que todos estão interessados. A fila de espera que interessaria seria a de empresas atrás de trabalhadores recém certificados pelas Novas Oportunidades. Mas essa parece que não existe.
5. A função de um serviço de certificação é satisfazer aqueles que usam os certificados como fonte de informação. Já perguntaram aos empregadores se estão satisfeitos com o valor informativo dos certificados das Novas Oportunidades? Duvido que estejam.
6. O estudo de avaliação concluiu que a população certificada não melhorou a sua situação profissional. Embora seja cedo para se notarem efeitos, o certo é que a população certificada só poderia melhorar a sua situação profissional se o certificado fosse informativo para os empregadores. Ora, o certificado só seria informativo se o processo de certificação fosse rigoroso e selectivo. Mas será que é? Com excepção daqueles que desistiram por vontade própria, há notícia de alguém que não tenha conseguido o certificado das Novas Oportunidades? Como é evidente, um certificado que todos podem ter não distingue ninguém e não contribui para melhorar a vida profissional de ninguém.
7. Todo este episódio sugere que as Novas Oportunidades são uma grande aldrabice para gerar auto-estima da população certificada e dos políticos que a promovem. Como qualquer auto-ilusão, o efeito passa logo que entre em confronto com a realidade".

João Miranda

Exames nacionais: Um facilitismo comprometedor

"Já em alguns escritos passados me insurgi contra a cultura facilitista que, do meu ponto de vista, se instalou no Ministério da Educação. A todos os níveis e de forma crescente. Nas provas de aferição de Língua Portuguesa dos 4º e 6º anos de escolaridade realizadas em Junho último, cerca de 90% dos estudantes obteve classificação positiva. No “papão” que é a Matemática, 89% foi a taxa de aprovação no 4º ano, tendo aprovado 6º ano nesta disciplina registado os piores resultados, com…80% de positivas.

No entanto, é bom lembrar que em 2007, por exemplo, as classificações positivas não chegaram aos 60%... Sabe-se que estas provas de aferição nos 4º e 6º anos são meramente informativas, não contando para a nota final dos alunos, ao contrário dos exames do final do 3º ciclo (9º ano) e do Ensino Secundário (12º ano). Mas, mesmo assim, numa ânsia de obter boas estatísticas, que contribuam para um a melhor comparação de Portugal nos rankings internacionais, o Ministério de Educação não tem poupado esforços no sentido da facilidade destas provas.

Isso mesmo se infere do que referem a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) e a Associação de Professores de Português (APP), respectivamente: “continuam a não testar os conhecimentos mínimos correspondentes aos anos de escolaridade” e “o Ministério incluiu [nas provas] instruções que funcionam como um factor evidente e inaceitável de facilitação da resposta”.

No caso da Língua Portuguesa, a APP refere mesmo que “já pouco falta para escreveremos textos por eles [os alunos]”.

Infelizmente, quando chegamos aos exames nacionais dos 9º e 12º anos, a doer (porque contam para a nota final dos alunos), o que se conclui é que, afinal… a dor é praticamente nula.

A figura em anexo é elucidativa. Nunca em toda a história dos exames do Secundário a média da Matemática foi positiva… até 2008, quando não só ultrapassou a barreira dos 10 valores, como atirou esta disciplina para o topo das classificações – imagine-se!...– entre as provas com mais inscritos. Claro que a SPM e também a Associação de Professores de Matemática logo salientaram que a melhoria das notas não reflectia uma melhoria da aprendizagem dos alunos. E, como se nota, os resultados começaram a subir em… 2006. Coincidência?

Não creio: o Governo entrou em funções em Março de 2005, pelo que só em 2006 as primeiras alterações neste domínio poderiam ser notadas… E as reprovações a esta disciplina, que atingiam 31% dos estudantes em 2005 são, agora, residuais (7%).

Como seria de esperar, o panorama no 9º ano é semelhante: as classificações positivas subiram de 29% em 2005 para 55,2% (pela primeira vez acima de 50%!...) em 2008. Aguarda-se com expectativa os resultados dos exames relativos a 2009, recentemente realizados. E até aposto que será notada uma nova melhoria face ao ano passado!...

Senão, vejamos: “No exame nacional de Matemática do 9º ano [de 2009] há questões que podem facilmente ser resolvidas por alunos de 12 anos, exercícios que contêm a resposta e conteúdos essenciais que não são testados”.

A análise nem sequer é da crítica e exigente (e ainda bem!...) SPM – é da Associação Francesa de Professores de Matemática do Ensino Público que, a convite do Semanário Expresso, analisou a prova do 9º ano no nosso País, tendo notado ainda, por exemplo, a falta do cálculo algébrico e da análise de funções na prova. E conclui que “é compreensível que a SPM esteja chocada, porque o nível é muito baixo”.

Bem sei que têm vindo a ser adiantadas explicações para esta tendência que não é só Portuguesa – de nivelamento por baixo (é disso que estamos a falar) devido à indisciplina, ao número excessivo de alunos por turma e aos constrangimentos familiares. Para além de muitos especialistas na matéria defenderem que não é sustentável uma sociedade aceitar uma taxa de insucesso de 50% ou mais no exame final da escolaridade obrigatória.

O que tem levado governos de muitos países (incluindo Portugal) a estarem mais preocupados em controlar as taxas de sucesso, as reprovações e os fluxos dentro do sistema do que com o nível de formação – até porque as reprovações saem caro…

Não me parece, porém, que esta tendência (de crescente facilitismo) seja solução para o que quer que seja. Trata-se, até, de um caminho extremamente perigoso. Que, em minha opinião, só pode ser invertido com a união de decisores políticos, professores, alunos e, claro, encarregados de educação e famílias em geral em torno de valores como a disciplina, o rigor, a exigência, o método de trabalho, a cultura do mérito e a avaliação periódica. Todos imbuídos do mesmo espírito.

Será o actual nível de exigência suficiente para formar cientistas, engenheiros, economistas, professores, enfim, profissionais de qualidade no dia de amanhã?...

Não creio. Por este caminho, por mais agradáveis à vista que sejam hoje as estatísticas e as comparações nos rankings internacionais, os profissionais formados amanhã serão certamente piores, comprometendo o desenvolvimento da sociedade. O que agravará o problema e não o resolverá minimamente, como seria desejável".

Miguel Frasquilho, Jornal de Negócios

sábado, julho 11, 2009

Ai! Lá se decompõe o gráfico

"Já aqui escrevi esta ideia, mas, à medida que os membros do Governo vão perdendo a compostura, volto a ela: há gente para quem o país seria um local muito melhor caso não houvesse jornais.
Se possível, o país não teria também quaisquer associações que não fossem dirigidas de acordo com os superiores interesses da Nação, os quais, naturalmente, seriam devidamente interpretados pelo Governo. Esta harmonia, milenar e indossolúvel, condiziria o país a ganhos incalculáveis em todos os domínios, mormente o da educação. A verdade seria o que o Governo diz, sem contradições nem adversativas.
Maria de Lurdes Rodrigues, quando culpou a comunicação social pelas más notas a Matemática (Valter Lemos viria depois culpar uma sociedade de Matemática e um seu membro em concreto, que é colaborador deste jornal), começou a percorrer esta trilha. O que se pode dizer quando uma ministra pensa - e di-lo publicamente - que a culpa de notas baixas num exame é da imprensa? Provavelmente não se pode dizer nada, porque tudo o que se venha a afirmar corre o risco de ser manifestamente desagradável.
Seria, provavelmente, demasiado duro e injusto afirmar que a ministra gostaria de governar sem ter a maçada de prestar contas a jornais e de ver publicadas opiniões diversas e opostas à sua.
Para quem está num Governo que tanto criticou a gaffe de Manuela Ferreira Leite sobre a suspensão da democracia, digamos que esta ideia é bem pior. Para a ministra, não se trata de uma suspensão mas de uma sentença definitiva. Há jornais? Que maçador! Provocam inúmeros males, entre eles a baixa de notas a Matemática!
Não serei eu a dizer que do Ministério da Educação só saíram erros (tiveram méritos no Inglês, nas aulas de substituição, na estabelização dos contratos dos professores, etc). Mas é manifesta a desorientação da equipa. Não foi só o modo desastrado e totalmente cego como conduziram o dossiê avaliação (no qual havia razão do seu lado), nem o modo sarrafeiro como um secretário de Estado (da Educação) fala habitualmente.
Este episódio - os dois lado a lado, a queixarem-se do mundo por terem baixado as notas - é o retrato do trabalho que fizeram. O Ministério não quer avaliar conhecimentos (que de ano para ano estão sujeitos a flutuações normais)! Nada disso! Quer apenas fazer um gráfico estatístico! Se os resultados baixam, há culpados! Mas porquê? Por haver mais exigência? Por haver menos conhecimentos?
Claro que não! Apenas porque se decompõe o gráfico!"

Henrique Monteiro
Expresso

sexta-feira, julho 10, 2009

Um estudo que não avalia o rigor do ensino vale pouco mais que nada

"Os primeiros resultados da avaliação externa vêm dizer o óbvio, as pessoas sentem-se melhor, sobe a sua auto-estima por verem reconhecidas competências adquiridas ao longo da vida profissional, adquirem competências em domínios importantes, etc. mas não nos diz nada sobre a questão central, quais os verdadeiros níveis de qualificação proporcionados à generalidade das pessoas. Talvez a inexistência de repercussão na carreira profissional das pessoas certificadas se deva, não só à falta de visão dos empregadores, mas também à reserva face ao conteúdo da qualificação.Também é verdade que não esperava outra avaliação".
http://atentainquietude.blogspot.com/2009/07/um-sucesso-claro.html

Avaliação das Novas Oportunidades apresentada - estudo não avalia rigor do ensino

"A equipa da Universidade Católica encarregue da avaliação externa da Iniciativa Novas Oportunidades (INO) não está a aferir qual a qualidade das aprendizagens, assumiu ontem Roberto Carneiro, líder da equipa. "O nosso objectivo não é avaliar o rigor e a qualidade da INO. Avaliámos foi a percepção das pessoas sobre a INO", disse o ex-ministro da Educação na apresentação das primeiras conclusões da avaliação efectuada.
O programa já certificou cerca de 250 mil adultos mas os partidos da oposição têm acusado o Governo de facilitismo e de formar para as estatísticas. Carneiro deixou mesmo no ar a ideia de que é impossível avaliar se háfacilitismo. "Mais fácil ou não em relação a quê? Quem tem de avaliar isso é o mercado", afirmou.
Uma das conclusões a que chegou a equipa da Católica foi de que as pessoas que aderiram à Iniciativa Novas Oportunidades avaliam o programa de forma muito positiva mas queixam-se do reduzido impacto que a melhoria de qualificações teve na sua vida profissional. "Há aqui um desafio de qualificar os empresários", disse Roberto Carneiro.
A avaliação externa da Católica – que será hoje debatida num seminário em Lisboa – vai durar 3,5 anos e custar 300 mil euros anuais".

Correio da Manhã

quarta-feira, julho 08, 2009

Sempre as mesmas desculpas esfarrapadas

"O ministério da Educação (ME) não aprende. Confrontado com a duplicação da taxa de reprovações a matemática no 12º ano, a resposta oficial foi a de que houve "menos investimento, menos trabalho e menos estudo" por parte dos alunos – o que é uma resposta honesta e louvável.
Mas logo a seguir tinha de vir a asneira: o ME atribui "à comunicação social" a despreparação dos alunos por ter dito que "os exames eram fáceis". Além de não aprender, o ME não tem vergonha: não foi "a comunicação social" que difundiu a ideia – foram professores ou especialistas nacionais e estrangeiros, depois de terem visto os testes dos exames e não antes. A ministra não percebeu que, em vez de festejar estatísticas, lhe pedimos para dar um ralhete aos alunos. Isso seria bem visto. E seria pedagógico".

Francisco José Viegas
Correio da Manhã

terça-feira, julho 07, 2009

Resultados da 1ª fase dos exames do ensino secundário


Resultados dos exames do 12º ano: a excepção do ano passado não se verificou este ano

Contrariando a tendência do ano passado, a média das classificações dos exames do 12º ano, na disciplina de Matemática, sofreram uma descida acentuada. De 12, 5 passou para 10 valores, duplicando ainda o número de reprovações.
A explicação para a subida da média no ano passado tinha-se devido, segundo explicações do Ministério da Educação na altura, às medidas implementadas, nomeadamente o Plano Nacional da Matemática. Este ano a tutela explica a descida dos resultados graças ao "menor investimento, menor trabalho e menor estudo" do lado dos alunos, fruto da ideia de que os exames seriam fáceis. Graças a isso os alunos aplicaram-se menos e por isso as classificações ressentiram-se.
A verdade é que bastou que os exames aumentassem ligeiramente o grau de dificuldade para que os resultados fossem piores. Fica assim provado o porquê de as médias no ano passado terem atingindo valores nunca antes alcançados. Pelos vistos, só a ministra da Educação não quer ver aquilo que salta à vista de todos.
Quanto aos exames nas outras disciplinas os resultados foram os habituais com particular destaque nas médias negativas a Biologia e Geologia e a Física e Química.

domingo, julho 05, 2009

Não insultem

"Um grupo de matemáticos espanhóis e franceses foi convidado a pronunciar-se sobre os nossos exames nacionais da especialidade. Ficaram aterrados: a coisa, segundo eles, não se destina a seres humanos na posse das suas faculdades; destina-se ao sr. Forrest Gump e respectiva descendência.
Verdade que, na opinião dos sábios, o cenário em Espanha e em França não é muito melhor, prova de que o romantismo educacional não é apenas um produto lusitano. O que talvez só seja um produto lusitano é ouvir os próprios alunos a confessar espanto perante a facilidade dos exercícios. Se a farsa continua, desconfio que ainda veremos as nossas crianças perfeitamente indignadas e até violentas com o nível da exigência praticado. O que se compreende. No fundo, no fundo, quem gosta de ser insultado?"

João Pereira Coutinho
Correio da Manhã

sábado, julho 04, 2009

A precariedade dos professores

"Ora cá temos mais um estudo realizado pela OCDE e não por qualquer outra desacxreditada entidade ou instituição, ainda que mesmo assim o Ministério da Educação possa tentar mais uma vez desmentir. (...) Trata-se do primeiro estudo realizado pela OCDE sobre as condições de trabalho dos docentes portugueses e as conclusões são preocupantes. Ou seja, 32,4% não têm contrato permanente, o dobro da média dos 23 países analisados. O estudo revela também que 17,4% dos professores portugueses têm contratos inferiores a um ano. Os sindicatos confirmam que muitos docentes estão há mais de 15 anos em situação precária.
Portugal é assim o campeão da precariedade docente, mesmo atrás de países como a Eslovénia, Turquia, Estónia, Brasil, Malásia e Polónia, sendo o único com valores inferiores aos 70% de estabilidade contratual (67,6%), contrastando com a média dos restantes países, que é de 84,5%. (...)

José Lopes, Cartas de Leitores
Expresso

sexta-feira, julho 03, 2009

Caso o PS ganhe as eleições, manter-se-á o modelo simplificado de avaliação de desempenho

José Sócrates afirmou ontem no Parlamento, durante o debate do Estado da Nação, que no próximo ano lectivo os professores serão avaliados. «Haverá avaliação», garantiu o Primeiro-Ministro em resposta a uma pergunta de Paulo Portas.
O líder do CDS questionou José Sócrates sobre «qual vai ser o modelo de avaliação em 2009/2010. Se é o que foi considerado absurdo ou a caricatura desse modelos».
José Sócrates afirmou que o Governo anunciará em breve como se processará a avaliação já que «o modelo que aplicámos precisa de ganhar consistência», admitiu, mas afirmou que o do próximo ano, não andará longe do modelo simplificado.

quinta-feira, julho 02, 2009

PSD quer mudar muita coisa na Educação

Manuela Ferreira Leite promete mudar tudo na Educação caso vença eleições

"A presidente do PSD prometeu hoje mudar os estatutos do aluno e da carreira docente, o sistema de avaliação dos professores e aliviar a carga burocrática a que estão sujeitos, caso vença as eleições legislativas. Esses quatro compromissos farão parte do programa eleitoral social-democrata, anunciou Manuela Ferreira Leite, em declarações aos jornalistas, em Lisboa, a meio de uma reunião sobre educação enquadrada no Fórum Portugal de Verdade do PSD.“No nosso programa não poderemos deixar de contemplar a alteração destes quatro aspectos que estão a paralisar o sistema, estão a torná-lo inviável, desmotivador da acção dos professores”, declarou".

Público

Listas de colocação de professores saem em breve

"O Ministério da Educação (ME) garante que as listas definitivas de colocação de professores estão prestes a ser divulgadas, mas não indica uma data precisa. Fonte oficial do ME disse ao CM que a publicação das listas "está para breve", garantindo que "não há qualquer problema".
Segundo Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), as listas devem ser divulgadas a partir de hoje, "de acordo com o calendário previsto". O dirigente sindical considera a data tardia, pois afecta a planificação do próximo ano lectivo. "É tarde para as escolas e o Ministério devia ter previsto isso." Milhares de professores aguardam pela divulgação para saber em que escola irão dar aulas.
Pela primeira vez, os docentes serão colocados por um período de quatro anos, depois de o último concurso os ter fixado por três anos".

Correio da Manhã

quarta-feira, julho 01, 2009

Fenprof abandona negociações com Ministério da Educação

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou esta terça-feira o abandono das negociações com o Ministério da Educação, que visavam a possível revisão do estatuto da carreira docente, reafirmando assim o seu desacordo total com as posições da tutela.