quinta-feira, junho 30, 2011

A tachada que os professores vão apanhar com o corte no subsídio de Natal

http://japm-pe-ante-pe.blogspot.com/2011/06/subsidio-de-natal-dos-professores.html

Última hora - não há suspensão da avaliação do desempenho

Foi Passos Coelho quem o afirmou, respondendo a uma questão de uma deputada da bancada socialista.

Passos anuncia corte de 50 por cento do subsídio de Natal a salários acima do salário mínimo

Pedro Passos Coelho já anunciou as suas primeiras medidas extraordinárias para fazer face aos «problemas profundos» que Portugal vive. A que mais vai doer aos portugueses será imposição de um imposto extraordinário, em sede de IRS, equivalente a 50 por cento do subsídio de Natal dos rendimentos acima do salário mínimo.

Na apresentação do programa do Governo, no Parlamento, o primeiro-ministro explicou que esta «contribuição especial» irá ser efectuada através do IRS, para quem tenha rendimentos acima do salário mínimo nacional e que será aplicada apenas este ano. A medida será apresentada a votação nas próximas duas semanas.

quarta-feira, junho 29, 2011

Calendário escolar 2011/212

Foi publicado esta tarde no site do Ministério da Educação o primeiro despacho assinado pelo novo ministro Nuno Crato a definir o calandário escolar para o ano lectivo de 2011-2012. As aulas recomeçam entre 8 e 15 de Setembro, devendo terminar em todos os ciclos antes do período de exames e provas de final do ano.
Para a educação pré-escolar, está previsto o termo das atividades a 6 de julho de 2012.
As datas das interrupções lectivas também já estão definidas. As férias de Natal acontecem entre 19 de Dezembro e 2 de Janeiro de 2013. A pausa para o periodo de Carnaval é apenas três dias - entre 20 e e 22 Fevereiro. Por fim, a interrupção no terceiro período ficou definida entre 26 de Março e 9 de Abril.

terça-feira, junho 28, 2011

Programa do Governo

Aqui. Programa da Educação a partir da página 109.

As escolas privadas e a demagogia do cheque-ensino

"A divulgação dos resultados dos exames nacionais (ranking de escolas) e a publicação do relatório da OCDE relativo às com-petências dos alunos (PISA), bem como a questão da renovação dos contratos de associação entre o Ministério da Educação e as escolas particulares, recolocaram no espaço de debate mediático a discussão sobre o papel do ensino privado em Portugal.
Nos últimos tempos, de facto, têm-se multiplicado os artigos de opinião favoráveis quer à integração das escolas privadas no sistema público, como à adopção do cheque-ensino, que se traduz na entrega anual de um envelope financeiro às famílias e aos estudantes, para que estes possam passar a escolher o estabelecimento de ensino que desejam frequentar.

Estas propostas, que assumem um recorte ideológico claro, raramente reconhecido pelos seus próprios autores, partem de uma convicção que merece ser discutida: a ideia de que o ensino privado é, por natureza, superior ao ensino público, possibilitando a obtenção de melhores resultados escolares.
Contudo, se convertermos as escalas de classificação dos exames nacionais do ensino básico (de 0 a 5) e do ensino secundário (de 0 a 20) em valores percentuais ponderados, constatamos que a diferença entre o valor médio obtido pelas escolas privadas face às escolas públicas é menor do que se poderia esperar face à tão propalada diferença. De facto, a partir dos resultados de 2010, as escolas privadas atingem uma classificação média de 69,5%, sendo de 53,7% o valor médio obtido pelas escolas do sistema público. A circunstân-cia de a larga maioria dos alunos que frequentam as escolas privadas ser proveniente das classes alta e média-alta, com um background familiar e de conhecimentos muito superior ao da generalidade dos alunos das escolas públicas, obriga pois a relativizar a diferença encontrada.
Por outro lado, e ao contrário do que pressupõem os defensores dos rankings das escolas, que os encaram como uma tradução directa da avaliação do seu desempenho, se agregarmos territorialmente os valores obtidos pelos diferentes estabelecimentos de ensino verificamos que os melhores resultados têm uma leitura espacial clara. Nas áreas da faixa litoral Norte, (entre Minho Lima e Grande Lisboa), os valores obtidos nunca são inferiores a 54%, apresentando no conjunto uma média de 57% (que se situa, nas restantes áreas do país, em torno dos 53%). O que significa, portanto, que os rankings nos dão sobretudo um retrato social e económico de Portugal, dos seus diferentes níveis de desenvolvimento, e não um retrato linear e directo do desempenho das escolas. Concelhos com maiores níveis de urbanização, poder de compra e taxas de escolarização mais eleva-das (entre outras variáveis que traduzem as diferenças de desenvolvimento social) permitem a obtenção de melhores posições das suas escolas nos rankings de resultados.
Assim, quando analisamos a distribuição territorial dos estabeleci-mentos de ensino, verificamos que a larga maioria das escolas privadas (78%) se situa justamente nesta faixa litoral, com maiores índices de desenvolvimento, beneficiando portanto – para além da selecção social anteriormente referida – da sua localização em terri-tórios com “melhores alunos”. No caso do ensino público, a distribui-ção das escolas entre o litoral Norte e o resto do país é comparati-vamente mais equilibrada (com 52 e 48%, respectivamente), re-flectindo o princípio de cobertura territorial inerente ao sistema público de educação.
Isto não significa, porém, que não existam diferenças entre as escolas privadas e as escolas públicas. Uma parte da explicação para os distintos resultados escolares médios obtidos dever-se-á também ao facto de os estabelecimentos de ensino privado serem em regra de menor dimensão, muitos deles com turmas constituídas com um menor número de alunos e a um funcionamento orgânico mais definido e consolidado. Nada disto, todavia, é intrínseco a uma suposto “código genético” das escolas privadas, antes sugerindo ao sistema público alguns caminhos de mudança que é urgente percorrer, e que se revelam incompatíveis com o desinvestimento a que este tem sido sujeito nos últimos anos (nomeadamente com a redução do pessoal auxiliar e docente e com uma agregação cega das escolas em “mega-estabelecimentos” de ensino).
Carece pois de fundamento a tese da supremacia do ensino particular sobre o ensino público, bem como a necessidade de transfigurar a rede pública de educação em benefício dos privados, incorporando-os no sistema. Tal como importa assinalar a forma leviana, demagógica e superficial com que tem sido discutida, entre nós, a proposta do cheque ensino. De facto, se todos os alunos de uma localidade, munidos do respectivo vale entregue pelo Estado, pretendessem frequentar a melhor escola que têm ao seu dispor, como ficaria a tão aclamada “liberdade de escolha”? Quem acabaria por escolher quem?
Não custa imaginar que, perante um aumento da procura superior à capacidade de oferta, as melhores escolas privadas (que pretendem legitimamente manter a sua reputação nos rankings), escolheriam os melhores alunos. Ao mesmo tempo que, com a transferência de fundos para o ensino privado, a pauperização e degradação das condições de financiamento e funcionamento das escolas da rede pública se veriam ainda mais agravadas, generalizando um sistema dual, que hoje – apesar de todas as desigualdades económicas conhecidas – o sistema público tem, em certa medida, impedido".

Filosofia de trazer por casa

"Uma das grandes questões que têm atormentado o homem ao longo da história é saber se nascemos bons ou já maus como as cobras. Se a nossa natureza é boa e a sociedade é que nos corrompe ou se nascemos inquinados, cheios de defeitos irremediáveis, e passamos a vida a tentar alcançar a decência. Ora, tal como vários filósofos e teólogos, também eu me debrucei sobre este assunto. E ontem à tarde andei a observar os meus filhos à luz da análise da natureza humana. E assim, olhando para as crianças, que são quem está mais perto de servir de exemplo, tendo em conta que a sociedade ainda não teve muito tempo para as corromper, não concluí nada. No entanto, inclino-me mais para a tese de que todos nascemos com defeitos e qualidades e que a sociedade melhora a nossa performance, ou piora, conforme o ambiente onde crescemos. Ou seja, se ninguém explorar as qualidades de uma criança, elas acabam por minguar por falta de uso e os defeitos ganham terreno, tipo peste. Se, pelo contrário, as qualidades e os talentos, forem esmiuçados e bem tratados, crescem e criam uma enorme barreira electrificada contra os defeitos.

Nesta lógica de causa efeito, uma criança com a predisposição para ser desarrumada, fica especialista em gavetas desarrumadas se crescer numa casa virada do avesso. E isto aplica-se a tudo: inveja, mentira, preguiça, etc.

A dolorosa verdade é que até os nossos filhos nascem com defeitos. E a culpa não é nossa, nem deles, nem da sociedade, nem de Deus. É da natureza das coisas. A nós, pais, só nos resta disponibilizar ferramentas para eles explorarem as suas qualidades. O que não é pouco".

segunda-feira, junho 27, 2011

Rebate falso: afinal o secretário de estado do ensino básico e secundário é uma senhora

Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário - Isabel Maria Santos Silva

Secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar - João Casanova de Almeida

João Casanova será secretário de Estado da Educação

"João Casanova, membro da comissão política do CDS/PP vai ser, apurou a VISÃO, empossado amanhã como secretário de Estado da Educação. Na anterior AD, Casanova foi chefe de gabinete de Diogo Feio quando este dirigente centrista ocupara precisamente a mesma secretaria de Estado. É considerado, dentro do partido, como um grande especialista em Educação, tendo encabeçado as delegações do CDS que, nos últimos anos, negociaram com o governo vários diplomas como o Estatuto do Aluno ou da Carreira Docente".

Visão

sexta-feira, junho 24, 2011

O cheque ensino

"Não percebo o entusiasmo à volta da ideia do cheque ensino. Quem põe os filhos num colégio, não procura apenas a excelência do ensino, o rigor e a exigência. Procura, sobretudo, a segurança da segregação social. É a segregação social que dá garantias de sucesso. Quem opta por certos e determinados colégios fica sossegado por saber que deixa os filhos numa espécie de condomínio privado, onde se ensina a caridade, se cultiva comedidamente a piedade, enobrece sempre o carácter, mas longe de pretos, ciganos, brancos que são como pretos, demais proscritos. É por essa razão, sobretudo por essa, que sujeitam os filhos a avaliações psicológicas, que se sujeitam eles próprios a entrevistas, onde explicam o que fazem e onde moram. Esmiúçam, ansiosos, detalhes e valores familiares, para se enquadrarem no perfil pretendido. O cheque ensino, em abstracto, elimina constrangimentos financeiros, permitindo que famílias mais pobres possam optar por estabelecimentos de ensino privados, mas não apaga o resto. Quem é da Brandoa, da Buraca, de Unhos, do Catujal, será sempre desses lugares. Os pais que escolhem o ensino privado, se, de repente, vissem a prole acompanhada pela prole das suas empregadas, procurariam rapidamente outro colégio onde a selecção se continuasse a fazer. Não condeno as preocupações dos pais que assim agissem. Percebo-os perfeitamente. Se a escola dos meus filhos fosse, assim de repente, por imposição do governo, inundada por camafeus pequenos, tratando-se por você, armados ao pingarelho, também eu correria a tirá-los de lá. Gosto pouco de misturas".

quarta-feira, junho 22, 2011

Passos e Crato: factos e expectativas - crónica de Santana Castilho

"Sobre o que já foi dito a propósito da parte conhecida do novo Governo pouco se poderá acrescentar. Impera a ortodoxia financeira do Banco Central Europeu, coadjuvada pela tecnocracia operacional do FMI. Três economistas (Victor Gaspar, Álvaro Santos Pereira e Nuno Crato) e um gestor (Paulo Macedo) fazem a quadratura do cerco. Se Paulo Macedo mandar rezar missa no fim, é porque o Bom Escuteiro acertou nas segundas escolhas. 
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A competência técnica abunda, ainda que deslocada de campo, nalguns casos. Mas um Governo que se limite a uma corporação de técnicos competentes não governa. É governado. Na segunda-feira passada, Assunção Cristas fez curiosas declarações na Assembleia da República. Disse que, quando chegou ao parlamento, sabia menos de áreas onde produziu trabalho do que hoje sabe de agricultura, de que, reconheceu, sabe muito pouco. Não disse o que sabia ou seria capaz de aprender sobre o ambiente. Mas a sinceridade, o voluntarismo e o progresso contextual ficaram documentados. Só tenho pena da Agricultura.
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Paulo Macedo fez um trabalho notável como director-geral dos impostos. Na altura, condicionou a aceitação do cargo à percepção de vencimento igual ao que auferia no BCP. Agora, apesar de ter subido, entretanto, na hierarquia do banco, aceitou o miserável vencimento de ministro. Causa perplexidade a mudança. E causa ainda mais ver tal pasta entregue a quem, do ramo, só tem no currículo ter sido administrador da Médis. Para a saúde dos portugueses, é muito pouco. Para a saúde dalguns, que vivem da doença dos outros, pode ser salutar. 
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Bem consciente do ónus de me declarar tão cedo contra a corrente, não comungo da euforia generalizada, que abriu braços à Educação. Explico o que posso explicar. Em Abril, Passos Coelho tinha um programa eleitoral para a Educação. Em Maio tornou público outro, que não só nada tinha a ver com o primeiro, como era a sua antítese. Escassos dias volvidos sobre a divulgação do último, Passos Coelho comprometeu-se publicamente a melhorá-lo. Mas faltou à palavra que empenhou e apresentou-se ao eleitorado com um programa escrito em eduquês corrente, com medidas até a 19 anos de prazo, pasme-se, e que, entre outros disparates, consagrava: a recuperação de duas carreiras no seio da classe docente; o enterro definitivo da eleição dos directores; a diminuição do peso dos professores nos conselhos gerais; o aumento da promiscuidade entre a política partidária e a gestão pedagógica do ensino; a protecção da tirania e do caciquismo; a adulteração do sentido mais nobre do estatuto da carreira docente; a consolidação dos mega-agrupamentos; a manutenção da actividade nefasta das direcções regionais; uma significativa omissão sobre concursos de professores e muitos outros aspectos incontornáveis da política educativa; a recuperação da ideia bolorenta de uma agência externa de avaliação educacional e a subserviência à corporação do ensino privado, por forma que a Constituição proíbe. Os professores, agora em êxtase, esqueceram-se disto? Eu sei que o programa de Governo ainda não é conhecido. Mas só pode resultar do que contém isto e do do CDS. E o do CDS não se opõe a isto. 
Nuno Crato é um notável divulgador de ciência e um prestigiado professor de Matemática e Estatística. Em minha opinião, o merecido prestígio intelectual que a sociedade lhe outorga foi trazido a crédito incondicional como político da Educação. No mínimo, o juízo é precipitado. Permito-me sugerir que leiam a sua produção escrita sobre a matéria. Que ouçam, com atenção, e sublinho atenção, a comunicação apresentada em 2009 ao “Fórum Portugal de Verdade” e as intervenções no “Plano Inclinado”. Os diagnósticos não me afastam. Os remédios arrepiam-me. Nuno Crato é um econometrista confesso, que repetidas e documentadas vezes confunde avaliação com classificação. Nuno Crato pensa que se mede a Educação como se pesam as batatas e que muda o sistema de ensino medindo e examinando. E não mudará. Ou muda ele ou não muda nada. Fico surpreendido como os professores deixam passar com bonomia a hipótese, admitida, de contratar uma empresa privada para fazer os exames ou a intenção, declarada, de classificar os professores em função dos resultados. Estes dislates patenteiam pouco conhecimento sobre as limitações técnicas dos processos que advoga e uma visão pobremente parcial sobre o que é o ensino. Nuno Crato, que muitas vezes tem sido menos cauteloso ao apontar o indicador às ciências da Educação, tem agora o polegar da mesma mão virado para ele. Espero que não se entregue às ciências ocultas da Economia para redimir a Escola pública.
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A sustentabilidade do estado social vai pôr em causa os serviços públicos de Saúde e de Educação. No início da sua actividade, como líder do PSD, Passos Coelho trouxe esta questão à discussão política. Como é habitual, evocou a demografia: o Estado social, como o conhecemos, não suportaria a gratuidade desses serviços, numa pirâmide etária com tendência para se inverter. A necessidade de evitar a bancarrota determinou, depois, uma espécie de estado de inevitabilidade e de necessidade nacional que impede, pela urgência e pelo acenar insistente da tragédia grega, que discutamos outras vertentes possíveis de análise. Em todo o caso, teimo em duas perguntas: por que razão a acuidade do problema é menor em países com maior capacidade redistributiva da riqueza produzida? Por que razão uma economia incivilizada passa pela crise sem que a possamos pôr em causa?"

Santana Castilho
Jornal Público

segunda-feira, junho 20, 2011

Aprender brincando

"O próximo ministro da Educação, Nuno Crato, pertence ao lúcido grupo de professores que não vão nas cantigas das novas pedagogias.
O facilitismo nas escolas não é de agora: começou em força com Roberto Carneiro – rendido à máxima de ‘aprender brincando’ – e só abrandou um nadinha com Marçal Grilo e David Justino. Mas já então o Ministério fora tomado de assalto pelos gurus da corrente que contraria a cultura de trabalho e esforço na aprendizagem.
O resultado é o que se sabe: ao fim de 20 anos de experimentalismo e de milhões de euros investidos, Portugal ainda é um país sem qualificação. Houve progressos, sim, mas tímidos. Temos as piores taxas de abandono escolar: na União Europeia, atrás de nós só Malta; e, na OCDE, só ganhamos ao México e à Turquia. Perdemos 20 anos".

Manuel Catarino
CM

domingo, junho 19, 2011

Nuno Crato vai ter um grande desafio pela frente

"Nuno Crato, o novo ministro da Educação, é conhecido pelas suas críticas ao baixo grau de exigência do nosso ensino, por contestar aquilo a que apelidou de "facilistismo" nos exames, por ser exigente em relação ao rigor que a avaliação deve ter para professores e alunos. Duas notícias que publicamos nesta edição indicam que o ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática tem muito trabalho e muitas dores de cabeça à sua espera à frente de uma das pastas mais polémicas para todos os governos.

Do lado dos professores sobe a contestação ao que consideram ser um crescendo de dificuldades para chumbar alunos, que não só encerra, segundo eles, um desrespeito pelas suas decisões, como serve para mascarar resultados e estatísticas sobre a educação em Portugal. De facto, reprovar tornou-se uma tarefa quase impossível: planos de recuperação, justificações por escrito, avaliações extraordinárias e até recurso dos pais sempre que os filhos chumbarem duas vezes no mesmo ciclo. Nuno Crato, que se pronunciou várias vezes sobre este tipo de situações, terá agora de agir em conformidade.

Do lado dos alunos surge a notícia de mais um descalabro nas provas de aferição do 4.º e do 6.º ano. A Matemática e o Português registaram um aumento significativo de negativas, que o ministério justifica com um grau superior de exigência e os professores explicam que se deve ao facto de estas provas serem desvalorizadas por não contarem para as notas. Entre as duas explicações surge outro facto há muito conhecido: as dificuldades em relação a duas disciplinas fundamentais, sobre as quais se conhecem também várias críticas do novo ministro.

Nuno Crato vai liderar um sector em que os sindicatos têm um peso tremendo e uma área a necessitar há muito de várias reformas, algumas delas interrompidas por José Sócrates perante as pressões sofridas. As posições críticas que tomou colocam-lhe ainda mais dificuldades nas decisões que vai ter agora de tomar. Porque o que se exige não é que os alunos percam direitos, ou que as decisões dos professores se tornem leis, mas sim que todo o processo e os seus objectivos sejam clarificados".

João Marcelino
DN

sábado, junho 18, 2011

O jogo vai começar

"Quando foi que a política se futebolizou desta forma? Mistério. A verdade é que, nos últimos dias, não houve jornal ou televisão que não tenha feito a sua lista de contratações para a próxima época: Catroga joga bem de cabeça, Vítor Bento distribui melhor o jogo; Carlos Costa, mais discreto, é o típico carregador de piano. Quem aterrasse em Portugal até acreditava que o dr. Passos Coelho era o novo Seleccionador Nacional, à procura de equipa para disputar o Campeonato do FMI.

Tanta excitação é manifestamente exagerada. Até porque o novo governo, ao contrário dos anteriores, tem as mãos e os pés atados por uma táctica que vem de fora. Dos novos ministros, espera-se competência técnica para cumprir o acordado; e, já agora, independência de lóbis, feudos ou quadrilhas – duas qualidades raríssimas que, apesar de tudo, é possível vislumbrar nos nomes das pastas mais ‘quentes’: nas Finanças, na Economia, no Ensino, na Saúde e até na Justiça. É um bom sinal. Mas é apenas um sinal.

O resto são prognósticos – e os prognósticos, como dizia o outro, só no fim do jogo".

João Pereira Coutinho


sexta-feira, junho 17, 2011

FENPROF pede alteração imediata da avaliação de professores

"Conhecido o novo rosto da Educação e Ensino Superior, o matemático e professor universitário Nuno Crato, a FENPROF fez saber que a primeira das exigências é a alteração do modelo de avaliação de professores.
Já do novo ministro é conhecida a posição sobre o assunto. Antes mesmo de haver um modelo de avaliação, Nuno Crato defendia a necessidade de "uma avaliação em função do mérito", em paralelo com uma avaliação externa para os alunos. Isto porque "ao avaliar os professores pelas notas que são eles próprios a dar, está-se a fazer pressão para inflaccionarem os resultados dos alunos". Lado a lado, estão as exigências da FENPROF, conhecidas esta sexta-feira, e a entrevista de Nuno Crato ao programa da Renascença, RTP2 e Jornal Público, "Diga Lá Excelência", em 2008".

RR 

A nova equipa ministerial

Os ministros que vão governar Portugal nos próximos anos:

Finanças - Vítor Gaspar

Economia - Álvaro Santos Pereira

Negócios Estrangeiros - Paulo Portas

Justiça - Paula Teixeira da Cruz

Administração Interna - Miguel Macedo

Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas

Educação e Ensino Superior - Nuno Crato

Segurança Social - Pedro Mota Soares

Agricultura, Ambiente e Território - Assunção Cristas

Saúde - Paulo Macedo

Defesa - José Pedro Aguiar-Branco

Nuno Crato, novo ministro da educação


No plano teórico é uma óptima escolha. Será que vamos ter o fim do eduquês nas nossas escolas?

Novo governo será conhecido hoje

"Um dia depois de assinado o acordo PSD/CDS-PP, o anúncio sobre a constituição do próximo Governo é feito hoje. A composição da equipa liderada por Pedro Passos Coelho está fechada.

Ao que apurou a Renascença, o primeiro-ministro indigitado vai ainda hoje comunicar quem são os seus ministros ao Presidente da República. Cavaco Silva não tem nenhum ponto de agenda público hoje conhecido, pelo que poderá estar disponível para receber o líder do PSD.

Como ontem Pedro Passos Coelho fez questão de sublinhar, o chefe de Estado será a primeira pessoa a conhecer o novo Governo, sendo depois divulgada a lista de ministros.

O primeiro-ministro indigitado pretende apresentar uma lista coesa, com uma média de idades à volta dos 50 anos.

A meta inicial para fechar o elenco ministerial era domingo, mas a formação do Governo está a andar a bom ritmo e, por isso, será possível fechar o elenco de ministros mais cedo e avançar, logo depois, para os secretários de Estado.

Faltará depois saber a data da tomada de posse".
Rádio Renascença 

terça-feira, junho 14, 2011

Relatórios de auto-avaliação preenchidos

Encontram-se aqui.

Já há ministro da Educação

"Falta a confirmação, a ser feita amanhã à tarde, mas António Rendas já é dado como certo para suceder a Isabel Alçada e a Mariano Gago.
António Rendas é reitor da Universidade Nova, a fazer um segundo mandato, e é o presidente do conselho de reitores das universidades portuguesas.
Será o super-ministro da educação, da ciência e do ensino superior.
À primeira vista, é uma boa escolha de Pedro Passos Coelho. António Rendas tem uma grande experiência administrativa e de gestão de instituições cientificas e educativas. É um homem dotado de firmeza, convicções e pragmatismo. Não é homem para ficar parado nem para ver a situação a degradar-se.
Antes de ser eleito Reitor da Universidade Nova, foi diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova, onde é professor de Fisiopatologia. Doutorado em medicina pela Universidade de Londres, foi investigador associado na Escola de Medicina da Harvard University e no Chidren`s Hospital Medical Center de Boston. Fez investigação, durante muitos anos, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Resta saber quem será o secretário de estado do ensino básico e secundário. É muito provável que António Rendas assuma os assuntos ligados ao ensino superior e à investigação científica.
O que é que os professores podem esperar de António Rendas? Rigor e seriedade. Reforço dos exames à saída de todos os ciclos de ensino. Maior seriedade no ensino profissional. Mais rigor no acesso à profissão docente. Reforço da autoridade dos professores.
António Rendas um nome prestigiado no mundo da Ciência. Vem de fora dos lóbis da Educação e não tem ligações às Ciências da Educação nem à formação de professores".



sábado, junho 11, 2011

Há alunos a abandonar a escola para ajudar a pagar as contas em casa

"Um pouco por todo o país há alunos a abandonar a escola por causa das dificuldades financeiras da família. Uns fazem-no para ajudar os pais, outros simplesmente porque deixaram de ter dinheiro para estudar.

No agrupamento de Escolas da Cruz de Pau, no Seixal, há mais mesas vazias nas salas de aula desde o final do segundo período.

"Este ano tenho recebido várias anulações de matrículas: dez, até agora. São de alunos do 9º ano ou com mais de 15 anos. Três delas tenho a certeza de que foram feitas por questões económicas, porque os alunos falaram comigo", conta à Lusa o director do agrupamento, Nuno Adeganha.

Os casos detectados aconteceram na escola do 2.º e 3.º ciclos, frequentada por cerca de 870 estudantes e "inserida num contexto económico frágil".

No entanto, sublinha Nuno Adeganha, os alunos que têm anulado as matrículas "não são dos bairros mais problemáticos. Pertencem à classe média baixa, são de famílias que de um momento para o outro deixaram de ter dinheiro para pagar coisas elementares. Dois dos casos são de famílias mono parentais, o outro é de uma família em que os pais ficaram desempregados", explica.

Na perspectiva do representante dos encarregados de educação do distrito, o cenário não é tão delicado como Nuno Adeganha o descreve. António Amaral, presidente da Federação Regional de Setúbal das Associações de Pais, afirma que "o abandono escolar está ao nível do ano passado" e considera que existem no distrito apenas casos "pontuais".

DN

quinta-feira, junho 09, 2011

As escolas andam a diplomar analfabetos

"Os professores do básico queixam-se de que não podem dar negativas aos alunos que chumbam nos testes. Tudo porque os critérios de avaliação definidos pelas escolas, com o objectivo de diminuir as retenções como impõem as metas do Ministério da Educação (ME), dão quase o mesmo peso aos testes e ao comportamento dos estudantes. E acusam a a tutela de estar "a trabalhar para as estatísticas".

"Se um aluno for pontual, respeitar os colegas e tiver bom comportamento nas aulas consegue tirar um 3 no final do período mesmo tendo 34% nos testes, porque a média dá positiva", aponta a professora de História do 3.º ciclo em Amarante, Anabela Magalhães".

DN

quarta-feira, junho 08, 2011

Um governo engaiolado - crónica de Santana Castilho

"Não se envelhece enquanto buscamos! Bela frase, dita não sei por quem, adequada a mais um virar de página. A terapêutica mágica é ir à estante e passar a noite com um dos livros da nossa vida (o Jardineiro, de Rabindranath Tagore).
“O pássaro cativo vivia na gaiola. O pássaro livre vivia na floresta. Encontraram-se um dia, como estava escrito no destino. O pássaro preso sussurra: “Vem para aqui, vivamos ambos na gaiola!”
Diz o pássaro livre: “Entre as grades, onde há espaço para se abrir as asas?”
“Ah”, diz o pássaro fechado, “eu não saberei poisar no céu!”
O pássaro livre grita: “Meu amor, canta as canções da floresta!”
Diz o pássaro da gaiola: “Senta-te ao pé de mim e ensinar-te-ei a canção dos sábios”.
“Não, oh, não”, exclama o pássaro livre, “as canções não são coisa que se ensine!”
“Pobre de mim”, diz o pássaro preso, “eu não sei as canções da floresta!”
O seu amor é um anseio intenso; mas nunca poderão voar lado a lado. Olham-se através das grades da gaiola e em vão se desejam amar. Agitam as asas, anelantes, e cantam: “Aproxima-te mais, meu amor!”
O pássaro livre grita: “Não posso, tenho medo da tua gaiola fechada!”
O pássaro cativo murmura: “Ai de mim, as minhas asas nada podem, estão mortas.”
O homem e o bando dos seus mais próximos, escorraçados, finalmente, no domingo, deixam-nos um Governo condicionado pela troika. Um Governo engaiolado. Aos que o venham a integrar cabe a missão árdua de nos tirar da gaiola, a tempo de as asas não morrerem.
O estado da Educação daqui a 3 anos é muito mais dependente da qualidade da governação e da sensibilidade à alegoria da gaiola e menos das medidas a que a troika nos obriga. Vejamos, em síntese breve, quais são elas:
- Que é preciso melhorar a qualidade do ensino secundário e profissional, através de um plano de acção a desenvolver. É óbvio e está certo. Muito do actual ensino profissional é um logro, uma mistificação, como quase tudo o que o PS fez. Não se pode fazer ensino profissional de papel e lápis, para reter nas escolas, a qualquer preço, os jovens que, de outro modo, a abandonam.
- Que é preciso melhorar a eficiência do sistema. Óbvio e certo. O que o PS fez foi burocratizar e escravizar os professores, obrigando-os a diplomar a ignorância, reduzindo a eficiência e a eficácia do sistema para níveis pedagogicamente criminosos.
- Que é preciso diminuir o abandono escolar. Óbvio e certo. Mas não se pode fazer isso, como foi escandalosamente feito nos últimos seis anos, sacrificando a posse do conhecimento e varrendo das escolas a autoridade dos professores.
- Que se deve consagrar a autonomia das escolas. Certo. É uma medida que o PS propalou mas não concretizou. Pelo contrário, sujeitou o sistema a um centralismo nunca visto. Os modelos de gestão e de avaliação do desempenho são dois exemplos de castração de autonomia.
- Que se deve reforçar o papel da inspecção do ensino. É corolário do anterior. O Estado deve deixar de interferir mas deve ser o garante da qualidade. Isso faz-se com uma inspecção de carácter científico e pedagógico, que não de índole puramente administrativa. Isso faz-se com uma filosofia formativa, que não punitiva.
E deixo para o fim o mais problemático, a saber:
- Que devemos economizar 195 milhões de euros em 2012 e 175 milhões em 2013, racionalizando a rede de escolas, diminuindo a contratação de recursos humanos e reduzindo as transferências para as escolas privadas com contratos de associação. Compreende-se, no contexto de penúria do país. É desejável? Não. Mas é possível. Há que acabar com gastos improdutivos e escandalosos. Três exemplos: da extinção de todas as direcções regionais de Educação resultariam ganhos de escala e de produtividade (são organismos improdutivos, que servem para complicar e duplicar cadeias de comandos, servindo clientelas); com a reformulação da actuação da Parque Escolar, EP, pararia um delapidar de erário público em obras faraónicas, boa parte delas dispensáveis (esse programa escandaloso já consumiu para cima de 2 mil milhões de euros); com a moralização do programa Novas Oportunidades pôr-se-ia cobro a uma hemorragia financeira sem precedentes (só em publicidade e fantasias similares foram gastos 27 milhões de euros). Seria desejável uma diferente alocação do dinheiro poupado. Mas é possível fazer essa economia, sem perder qualidade.
A premência dos problemas colocados por um sistema de ensino em pré bancarrota supõe que quem chegar ao Governo tenha as soluções pensadas e tecnicamente preparadas. Os limites programáticos que venham a ser estabelecidos devem poder acomodar um quadro dilatado de soluções capazes de conseguir a adesão dos respectivos actores. Os professores assumem papel axial no processo. A consideração das suas motivações e o conhecimento profundo das diferentes ideologias que os lideram são indispensáveis para com eles interagir e com eles não permitir que as asas morram enquanto estivermos presos na gaiola.
Quando choro, por perder o sol, o autor do belo texto acima transcrito recorda-me que as lágrimas podem não deixar-me ver as estrelas. Por isso persisto e não desisto. Por aqui ou por ali, há muito trabalho que tem que ser feito. Para que as asas não morram".


sexta-feira, junho 03, 2011

Resumindo e concluindo

"PS: Sócrates procurou montar uma campanha baseada no medo: medo da mudança e do fantasma ‘neoliberal’. Azar. Foi Sócrates quem meteu medo ao passear-se pelo país como se não tivesse nada a ver com nada – um caso de fanatismo e soberba que a celebrada ‘resistência’ do homem apenas amplificou. Para filmes de terror, já bastou o que bastou.

PSD: Foi o único partido que tentou levar a sério as medidas que assumiu com a troika. E foi o único que tentou debatê-las contra uma cortina de ruído e irrisão. Se Passos ganhar, terá sido pelo caminho mais sério – e mais difícil.

CDS: Portas é o mais talentoso político da sua geração. Mas as declarações ao ‘DN’ sobre a possibilidade de o CDS não integrar um governo de coligação com o PSD espantam pela sua absoluta falta de tino. Passos Coelho não esperava esta prendinha final.

BE: Louçã liquidou-se antes da campanha começar. Ao excluir qualquer encontro com a troika e ao apresentar uma moção de censura a brincar, o homem condenou o Bloco a uma irrelevância de feira.

PCP: Jerónimo foi Jerónimo e o PCP é o PCP".

João Pereira Coutinho
CM