
Sábado
Maria José Viseu, Pres. Confed. Nac. Indep. Pais e Enc. Educação
Correio da Manhã – Como viu os inquéritos da Inspecção-Geral de Educação (IGE) aos alunos envolvidos nos incidentes de Fafe, em que foram arremessados ovos ao carro que transportava a ministra da Educação?
Maria José Viseu – É mais um caso a juntar a outros. Esse processo de averiguações deveria ter tido o acordo dos pais. É ilegal a IGE ou a escola procederem a uma averiguação que envolva alunos menores sem que os pais sejam informados.
– Se defende que houve uma ilegalidade, o que espera agora que a tutela faça?
– Espero que a tutela accione um processo ao inspector responsável. Se é sempre necessário o aval dos pais mesmo para os alunos menores responderem a inquéritos de opinião, não se percebe porque é que neste caso não deram conhecimento a quem de direito.
– Noutro âmbito, qual a posição da CNIPE sobre o alargamento da escolaridade obrigatória?
– Concordamos, mas julgo que as escolas não estão estruturadas para isso e toda a estrutura terá de ser repensada. Poderemos vir a ter alunos de 18 anos no 8.º ano e teremos de criar estruturas para acompanhar esses percursos.
Bernardo Esteves
Correio da Manhã
"1 - Apoia o alargamento da escolaridade obrigatória ao 12.º ano?
2 - As escolas estão prontas para a mudança?
Marçal Grilo
1 - É uma medida muito positiva.
2 - Acho que é preciso criar as condições integrais para a cumprir, tal como ocorreu em 1986 quando se decidiram os nove anos de escolaridade obrigatória.
Roberto Carneiro
1 - Era uma medida que, mais dia menos dia, era esperada. A sociedade do conhecimento não pode repousar sobre um patamar abaixo do 12º ano de escolaridade. A cidadania, as empresas, a tecnologia não se compadecem com um nível inferior ao 12º ano. Temos ainda 35 por cento dos jovens que não concluem o 12º ano, mas temos de ter ambição. A medida legislativa por si só não resolve nada, é preciso medidas sociais e pedagógicas que apoiem e tornem possível uma medida legal.
2 - Imediatamente, se calhar, as escolas não estão preparadas. É preciso haver formação dos professores. Tem de haver formação muito intensa e, no concreto, cada escola tem de se organizar e tem de haver algum dinheiro disponível para isso.
Júlio Pedrosa
1 - Considerando que este Governo promoveu já um alargamento significativo do ensino secundário profissional, criando um leque de ofertas diversificadas, creio que se está em condições de considerar esta medida. Isto desde que se garanta um número de condições para a equidade no acesso e no seu sucesso: o apoio social aos estudantes de condição socio-económica mais vulnerável, mas também a consolidação deste universo diversificado de ofertas, a qualidade e condições de funcionamento das escolas, recursos humanos qualificados, acessibilidade dos próprios e um currículo adequado quer para as ofertas profissionais, quer para as ofertas de formação secundária geral.
2 - Não estamos ainda com os padrões adequados, mas temos três anos à nossa frente. Todos temos de ter consciência de que não podemos dar-nos ao luxo de usar mal esse tempo: temos de usar todos os minutos destes três anos para criar essas condições.
Couto dos Santos
1 - Acho a medida positiva. A grande dúvida é saber se existem condições de garantir, do ponto de vista social, que essa medida possa ser cumprida na sua plenitude. Temos hoje escolaridade obrigatória até ao 9º ano e há muitos que têm abandonado por dificuldades económicas. De nada servia estar a pôr o alargamento na lei se não houver condições que permitam que a grande maioria - se não todos - possa lá chegar.
2 - As escolas preparam-se rapidamente, temos professores com muita capacidade, mas se não houver um período transitório, com o diálogo e envolvimento de todos os agentes, corre o risco do fracasso. É algo que vem aumentar mais as responsabilidades das escolas, que já têm uma grande carga de trabalhos. Se houver um período de transição, há condições para preparar os órgãos da escola. Espero que o façam em diálogo com eles, porque vai exigir muito dos professores e dos pais".
Público
Susan Boyle - "I Had A Dream" - Britain Got Talent - 9 de Abril 2009
"O secretário de Estado Adjunto da Educação revela à Renascença que o Governo admite acabar com o número limite de vagas para professor titular.
Jorge Pedreira diz tratar-se de uma cedência do Ministério para terminar com o clima de conflitos entre tutela e sindicatos.
Depois de um mês de pausa nas negociações, o Governo não abre mão da divisão da carreira docente em professor e professor titular, mas admite franquear o acesso a esta categoria, desde que os professores preencham determinados requisitos.
Por exemplo, se os docentes “prestassem provas públicas – iríamos discutir quais – e tivessem determinadas condições de tempo de serviço e formação”, refere o secretário de Estado.
Jorge Pedreira lembra que esta hipótese só se verificará, se os sindicatos acordarem com o fim do conflito com o Ministério da Educação.Garantidas estão já outras alterações, como o encurtamento do tempo de permanência nos escalões mais baixos e a melhoria do índice remuneratório no topo de carreira".
MG/Cristina Nascimento
Rádio Renascença
"Portugal, Luxemburgo e a Suíça têm no seu sistema de ensino uma coisa em comum: os piores alunos a Matemática são portugueses. Já estamos habituados a que no nosso sistema de ensino os estudantes oriundos da Rússia, Ucrânia, Moldávia ou Roménia sejam naturalmente melhores a Matemática .
Não há provas de que haja alguma determinação genética para o fenómeno. Os portugueses podem ser brilhantes a Matemática, e não faltam casos, sem precisar de recuar até Pedro Nunes, o genial inventor do Nónio. Mas o nível médio é confrangedor.
Ainda recentemente ficou famosa uma decisão judicial que reduzia de "um sexto para um quinto" a execução de uma penhora.
Há algumas condicionantes que favorecem a fobia nacional. Aprender Matemática exige esforço, trabalho e concentração. Também é fundamental que haja professores que gostem de ensinar uma matéria, que quando é bem explicada chega a ser apaixonante. Sem bom ensino a Matemática, não podemos aspirar ter uma economia com inovação e competitiva. Saber Matemática é mais do que saber as operações aritméticas; é aprender a pensar de forma mais rigorosa. Em boa hora o Presidente da República pensou em dedicar o dia de ontem à Matemática, mostrando diversas aplicações práticas do dia-a-dia".
Armando Esteves Pereira, Correio da Manhã