"Vale sempre a pena visitar os vizinhos para nos conhecermos melhor.
A perplexidade com que os responsáveis pela Educação em Espanha, Itália e Irlanda responderam às perguntas do DN sobre a existência de aulas de substituição revela bem o atraso em que estamos e a irracionalidade de combater esta iniciativa.
Obviamente que, como diz quem fala em nome da Itália, a escola tem a obrigação de acompanhar os alunos desde a entrada à saída. Como podem os professores considerar que não é assim ou, se assim é, que nada têm a ver com isso? Só um tempo demasiado longo, durante o qual as autoridades abandonaram a escola à sorte de ser dirigida por profissionais voluntaristas, é que pode explicar a falta de consciência da responsabilidade de um professor.
Sem estas recentes orientações, há muito que muitas escolas se organizaram para assegurar a ocupação dos tempos livres dos alunos. São espaços que representam mais que a soma das horas de aula, que não se limitam a ser um edifício onde autómatos entram e saem debitando matérias.
Quem está contra as aulas de substituição parece defender um depósito de crianças e adolescentes e não uma escola. E esperemos que alguns não tenham caído na tentação de manipular os seus alunos contra uma iniciativa que há muito devia ser uma regra. As manifestações de crianças e adolescentes causam, por vezes, grande estranheza.
Qualquer professor sabe que há uma infindável lista de actividades que pode desenvolver com os jovens. Um professor que ensina Português não pode substituir a aula de Matemática? Provavelmente não. Mas pode aproveitar esse tempo para ensinar Portu- guês.
E a escola? Pode com certeza de-senvolver actividades que funcionam em contínuo para onde se deslocam os alunos que ficaram com um "furo". Tanto que se pode fazer. É só querer.
Porque não querem os professores, ou pelos menos alguns, os que se manifestam contra? É difícil perceber. Uma das hipóteses é esta posição contra as aulas de substituição ser apenas uma forma de reivindicação salarial. Os professores podem considerar que não são pagos para isso. Mas não têm razão.
Se a remuneração dos professores estivesse ligada aos resultados, nem aumentos salariais deveriam existir, pelo menos para alguns. É tempo de quem ensina assumir também as suas responsabilidades pelo estado da educação dos portugueses."
Helena Garrido
Diário de Notícias
Nota: A senhora jornalista manifesta a sua indignação pelo facto de, em Portugal, ao contrário de outros países, os professores serem contra as aulas de substituição. Chega até a insinuar que os professores manipularam as recentes manifestações dos alunos o que é algo absolutamente inaceitável. Tanta foi a vontade em zurzir nos professores que no seu editorial se esqueceu de dar relevância a um pormenor extremamente importante. É que nesses países, que apresenta como exemplo, todas as aulas dadas para além da componente lectiva são pagas. Um "pequeno" detalhe que faz toda a diferença, uma vez que em Portugal isso não se verifica. E tem esta senhora a lata de falar em manipulação!
2 comentários:
Pois... Não tinha lido este "mimo" de artigo dessa senhora Helena Garrido, mas li outro no Público relatando a forma como esses países resolvem a questão das substituições e perguntei-me: será que o público em geral que o leia não repara que são pagas?
Mas essa penúltima frase "Se a remuneração dos professores estivesse ligada aos resultados, nem aumentos salariais deveriam existir, pelo menos para alguns" mete nojo.
Sou encarregada de educação e ouvi dizer há dias que algumas turmas quando não têm aulas, porque o professor faltou, elas mentem dizendo aos funcionários que áquela hora não têm aula nenhuma... e não é que os funcionários fazem de conta que acreditam e não se interessam em saber que turma é aquela e qual o seu horário... parece que estamos num país onde se quer ganhar dinheiro sem suor... só sabemos reivindicar..
Enviar um comentário