"Desde há 5 anos a esta parte que o Ministério da Educação tem canalizado as suas políticas para um único objectivo: poupar dinheiro ao máximo, mesmo que para isso ponha em causa o progresso e o sucesso do próprio ensino. A última surpresa que estava reservada para os docentes, de tantas com que têm sido presenteados, prende-se com a nova forma de contratação de professores que entrou em vigor a partir do 1 de Janeiro último. Até essa data, a contratação processava-se de uma forma clara e normalmente justa, exceptuando alguns casos pontuais fruto de alguns erros, mas que foram sempre reparados. Havia uma lista de docentes que estavam ordenados e classificados segundo a sua média e tempo de serviço. Até aqui nada de novo. Os docentes iam sendo contratados mediante as necessidades das escolas e nenhum era colocado numa escola à qual não tivesse concorrido na altura do concurso nacional. Nada mais justo. Por exemplo: se abria uma vaga numa escola do concelho de Vila Pouca de Aguiar, era colocado nessa vaga o docente que estivesse melhor colocado na lista e que tivesse concorrido para essa mesma escola ou concelho. Isto acontecia todas as semanas nas chamadas contratações cíclicas.No entanto, o decreto-lei que introduziu as alterações ao concurso de professores estabelece que, a partir de agora passam a ser as escolas a abrir concursos para assegurar as substituições, publicitando-os na imprensa e na Internet. O mesmo será dizer: faça favor de entrar Doutora Burocracia e Professor Cunha! Os professores que já com muita angústia aguardavam semanas após semanas que finalmente chegasse o seu número para poderem exercer, passam a ter de estarem constantemente atentos a todas as Direcções Regionais de Educação do país e às vagas que as escolas abrirão, para depois em cinco dias úteis enviarem o seu currículo para essa vaga. Se numa semana abrirem cem vagas no país, (abrem mais) são no mínimo cem currículos que o docente terá de enviar por correio ou entregar em mão, e isto só nessa semana... Esquecendo esta parte estupidamente caricata e retrógrada a que os docentes estão a ser sujeitos, passemos a outra não menos estúpida mas ainda mais grave. É que as escolas têm autonomia para escolherem o docente que bem lhes apetecer ou convier sem ter de dar qualquer tipo de explicação quer ao Ministério quer aos docentes que não forem escolhidos. O que está a acontecer? Como que por magia estão a ser colocados docentes com uma média inferior e com muito menos tempo de serviço que outros. O que faz pensar que sabendo perfeitamente como as coisas funcionam, sobretudo neste país, só devem estar a ser colocados justamente à volta de 5% de professores, nas escolas que, ou têm uma ética e um brio elevados, ou não têm quaisquer docentes conhecidos à espera de lá serem colocados. Ao falar faço-o com conhecimento de causa pois sei de vários casos de haverem presidentes de agrupamentos a telefonarem a um seu conhecido, avisando-o para uma vaga que surgirá nessa escola brevemente, e que será obviamente ocupada por ele...Bravo, Doutora Maria de Lurdes Rodrigues!"
Anónimo
1 comentário:
O neoliberal Tony Blair serve-lhes de exemplo. Foi este memso o caminho seguido há alguns anos em Inglaterra - e o resultado é que ninguém lá quer ser professor. E por cá, ainda há quem queira?
Enviar um comentário