quinta-feira, março 12, 2009

Ninguém põe cobro a esta escandaleira?!

"Tirando Domingos Amaral ontem no Correio da Manhã que lamentava a omissão, não vi ninguém chocado com os lucros obtidos pela Galp em 2008. Foram 478 milhões de euros, meus amigos. Por esse milagre estão de parabéns os gestores e os accionistas da Galp. E nós também. Dos lucros da empresa, 105 milhões deveram-se aos preços que a Galp manteve o ano passado, recusando--se a reflectir no preço da gasolina a descida do petróleo. Estamos mesmo de parabéns. A Galp aguentou os preços o mais possível e nós fomos pagando. Pela minha parte, pergunto à Galp onde é que vai ser a festa porque quero marcar presença. Penso que também é um pouco a minha.
Aliás, quero ir a duas festas este ano. Não irei faltar à celebração dos 1092 milhões de euros de lucros da EDP. Sinto-me convidado. A EDP anunciou os maiores lucros de sempre, 20% acima de 2007. Eu gosto de empresas que dão lucro. Os clientes usuais desta coluna sabem: gosto do mercado, do capitalismo, de concorrência livre. Mas, enquanto consumidor interessado, também gostaria que serviços essenciais como o gás ou a electricidade não me saíssem tão caro. As casas portuguesas pagam em gás e electricidade bem acima do preço médio da União Europeia. Segundo contas feitas por peritos, em 2008 foram mais de 200 milhões de Euros que pagámos a mais do que os mais ricos. E, além disso, nem podemos escolher. Eu sei que custa caro importar e distribuir energia. Mas parece que há uma grave crise económica lá fora, o que manifestamente não demove estas empresas. Viva então a EDP e viva Portugal.
E vivam os bancos. Os cinco maiores bancos conseguiram em 2008, 1731 milhões de euros de lucro. No início de 2007 podíamos ler no Diário de Notícias: "Os quatro maiores bancos privados portugueses registaram lucros de 1935,5 milhões." Ah, como era feliz o passado. Bons tempos esses do crédito em alta e da conjuntura económica favorável. A vida mudou? Nem por isso. Foram só menos 200 milhões. Agora pensem no nível médio de salários que desde sempre se praticaram nos bancos portugueses e na diferença entre esses salários e os salários dos administradores. Estou quase certo de que aquele nível médio não ultrapassará em muito os 1000 euros. Relativamente: muito pouco.
Agora é moda falar-se na responsabilidade social das empresas. Porque estamos em crise e os economistas recomendam incentivos à procura. Eu acredito mais nessa responsabilidade social assumida livremente pelas empresas do que nas maravilhas da burocracia do Estado. Acredito que é assim que o mercado se legitima, é assim que pode convencer os críticos de que eles não têm alternativa melhor. Lamento verificar que não é isso que acontece nos três exemplos que apontei. E vão 10% nas sondagens para o Bloco de Esquerda. Quem se espanta?"

Pedro Lomba
DN

1 comentário:

Portaria59 disse...

Está mal disposto?
Vá aqui: http://portaria-59.blogspot.com/2009/03/o-melhor-pais-do-mundo.html