"Manhã de segunda-feira numa escola do Concelho de Oeiras. Uma turma do 9º ano aguarda a chegada do novo professor de educação física que substituirá o anterior recentemente aposentado. Que entretanto não chega porque não houve tempo de proceder à nova colocação. Para que os alunos não fiquem sem aulas avança um professor disponível na escola. É o professor de português. Porque está frio e o ambiente não é climatizado surge envolto num casaco tipo sobretudo. Assim se mantém até final da aula. Senta-se e aguarda que os alunos se "organizem". E eles organizam-se. Uns vão jogar futebol, outros badminton, outros correr e alguns fazer saltos de trampolim. O professor continua sentado. Os dos saltos fazem mortais simples e duplos, baranis e piruetas. Tudo práticas de elevado factor de risco. O professor de português continua sentado e aplaude. A aula termina. Para o ministério de educação este recreio com presença de professor é uma aula de substituição. Para o Miguel Sousa Tavares uma medida que obriga os professores a trabalhar, coisa que, no entender dele, eles não querem. Não houve qualquer acidente. Mas se ocorresse de quem era a responsabilidade de organizar saltos de trampolim sem supervisão e sem segurança? Exemplos deste tipo são conhecidos um pouco por todo país e animam o anedotário nacional de muitos professores a propósito das aulas de substituição. Pergunto: não existe ninguém no ministério da educação com a autoridade de parar com esta patetice que para além do mais no caso vertente, foi perigosa? Não existe no ministério da educação ninguém com bom senso de perceber que nas aulas de substituição o professor substituto deve apenas leccionar a disciplina para o qual está preparado e não a disciplina do professor substituído?"
José Manuel Constantino
5 comentários:
Caro Karadas, referi o texto aqui publicado no blog colectivo http://desportoemcontraste.blogspot.com/ que o colega visita e comenta. Obrigado pela referência.
na minha escola um aluno foi para o hospital com um traumatismo craniano numa aula de educação física dada por um professor susbtituto. Se a coisa der para o torto, já sabemos quem se vai lixar...
Eu acho engraçado quando me vêm chamar para substituir: "Professora, desculpe, tem que fazer esta substituição... Não tem plano de aula, só tem que estar lá."
E lá vou eu fazer de baby sitter 90 ou 45 minutos...
Absolutamente inadmissível. Era isso que eu temia que estivesse a acontecer. E os pais, o que dizem? Onde está a Confederação de Pais? Não terão nada a dizer?
sou professora contratada em oferta de escola e por isso nao posso fazer substituições, por lei, mas.... como estou uma horana biblioteca como superveniente, seja lá o que isto for, iria fazer substituição... afinalç nao foi necessário, mas fico aqui, esta hora, até ao final do ano, sentada a fazer nada... ao menos vale uma hora no horário e nao faço de babysitter... :)
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