quinta-feira, março 29, 2007

Faltas por motivo de doença não serão contabilizadas para concurso de professores titulares

Como era de esperar as faltas por motivo de doença deixam de contar para efeitos do primeiro concurso para professor titular. Quando se sabe que a maioria dos atestados médicos são fraudulentos, quando se sabe que uma boa parte dos professores os utiliza sem estarem realmente doentes, apenas porque lhes apetece faltar, ou porque lhes apetece gozar uns dias de férias, esta notícia constitui mais uma machadada naqueles professores que põem o seu brio profissional acima de tudo e que só em circunstâncias excepcionais não vão trabalhar. Claro que a maioria da classe docente aplaude esta decisão, especialmente, porque, não tão poucos quanto isso, têm telhados de vidro e com esta medida vêem beneficiada a sua situação. Bem me diziam alguns dos meus colegas que o meu “excesso” de profissionalismo nunca me levaria a lado nenhum. Costumam eles dizer-me que há mais vida para lá da escola. Realmente têm razão. Fica mais uma vez provado que o crime compensa: face aos “chicos-espertos”, os honestos não têm qualquer hipótese de sobrevivência!

6 comentários:

Setora disse...

Como o compreendo!

Olhando à minha volta, tive uma colega com um grave problema do foro oncológico que esteve quase dois anos afastada da escola.

Julgo que é a única, nesta matéria, por quem ponho as mãos no fogo.

Como diz a jovem colega no texto que me enviou por mail e publiquei no meu blog, o problema não é a falta, o problema é que os alunos estão lá à nossa espera. Ainda há quem se importe com isso. Ainda bem.

E isto não é excesso de profissionalismo, é mero respeito pelos outros.

Setora disse...

Uma adenda - não me incomoda nada que vão todos para titulares. Incomoda-me é que os que lá andaram a trabalhar o melhor que souberam com os alunos fiquem fora ou porque não tiveram cargos, isto é, deram aulas e mais aulas e agora não somam os famigerados pontos, ou porque o curso que têm nem lhes permite a candidatura. Isto sim, é insultuoso.

Anónimo disse...

Também não me parece justo aplicar medidas eugénicas! Há professores com doenças crónicas e incapacitantes que, por respeito aos alunos, só faltam quando estão totalmente impossibilitados de comparecer! (As reformas por incapacidade não são fáceis de obter!)
Classificar como "BOM" professor o que detesta dar aulas e arranja uns carguitos que aliviam a carga horária também não me parece justo. Verifico, na minha escola, que vão passar a ser professores titulares algumas pessoas que, há anos, andam bem folgadas... Têm saúde e não se cansam, logo, não precisam de faltar!
Os resultados do trabalho de um professor não são de medição fácil, mas há alguns mensuráveis... Estes não são tidos em consideração.

Setora disse...

Também é verdade que há os que vão no limite das forças. Pôde finalmente reformar-se uma colega com um grave problema de tiróide que só deixou as aulas quando a exoftalmia a impediu completamente de perceber os algarismos nos seus sítios.
Não tinha cargos. Tinha os alunos a aprenderem e a gostarem das aulas dela.

Anónimo disse...

Gostaria de saber se acham bem que um professor com tuberculose, ou mais simplesmente gripe, vá para as aulas contagiar os seus alunos?

Gostaria de saber se acham bem que um professor, após ter sido agredido por um aluno, volte no dia seguinte para as aulas, tal como a mulher agredida volta para o marido agressivo?

Acham bem que um professor ponha as aulas acima de tudo, deixando totalmente esquecidos os familiares doentes? Já agora, esquecendo também eventuais funerais.

Suponho, também, que moram ao pé da escola e que, por isso, o trânsito ou os transportes públicos nunca vos pregaram uma partida.

No "limite das forças" ninguém faz um bom trabalho. Se querem ter o respeito dos alunos, comecem por respeitar-se a vocês próprios. Quem se faz de tapete, não se pode queixar se os outros o pisam.

Despeço-me com o desejo de que nada de mal vos aconteça. Tomara que nessa altura (que eu espero que nunca chegue) os outros não tenham por vocês a mesma falta de consideração.

E, já agora, se são professores, sugiro que se limitem a essa competência, que decerto executam bem. Não me parece adequado que comentem o trabalho dos médicos, sugerindo que estes são corruptos e passam atestados falsos. Também a ministra vos tem atirado muitas acusações e acredito que são falsas. Começando por essa dos atestados falsos.

Anónimo disse...

"Fica mais uma vez provado que o crime compensa: face aos “chico-espertos”, os honestos não têm qualquer hipótese de sobrevivência!"
Grande e irrefutável verdade! Os que se escusaram a cumprir o seu dever - horas e horas de preparação de aulas, de realização de fichas e testes e respectiva correcção, a contornar situações gravíssimas dentro das salas de aula -, esses, que se souberam poupar com a redução da componente lectiva angariando cargos da treta, são os MELHORES "professores".
É este o país que estamos a (des)construir, o país da treta, do faz-de-conta e, qualquer dia (muito em breve), vamos comer o que os "chicos-espertos" produzem...