"Não tenho qualquer simpatia por greves marcadas para dias de exames. São greves que afetam de forma desproporcionada uma "terceira parte" - neste caso os alunos -, porque têm um efeito em cadeia no calendário. É por isso que acho que Mário Nogueira não foi inteligente na gestão da greve, o que não é especialmente uma novidade. Mas a falta de inteligência com que o Governo geriu este caso foi, para mim, um verdadeiro mistério.
Num braço de ferro é difícil alguém ceder sem perder a face. Mas num braço de ferro que tem uma "terceira parte", como foi manifestamente o caso desta greve, uma cedência pode acabar numa vitória relativa ou total. No Governo pouca gente percebeu isso. Agarraram-se às ideias habituais e esgotaram energias em batalhas desnecessárias, sobre serviços mínimos, comissões arbitrais e requisições totais de professores. Para quê? Para nada.
Se em vez disso tivessem mudado a data do exame, contornavam a greve e não afetavam os alunos. Podiam parecer fracos aos olhos de alguns? Talvez aos olhos de meia dúzia de fanáticos que não percebem nada de política nem de opinião pública. Vejam o que aconteceu com a data do exame de matemática, antecipado num dia para não coincidir com a greve geral. Tão simples.
Não faço ideia quem aconselha o Governo nestas matérias, mas despeçam-nos por favor".
Ricardo Costa
Expresso Online
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