É rara a vez em que não chegue a casa carregadinho de stress após mais um dia de trabalho, sobretudo naqueles dias em que a carga horária é mais pesada. Esta é uma situação muito particular da condição de professor e que não se verifica na maioria das outras profissões. Os problemas da nossa profissão são, como se sabe, inúmeros: a indisciplina; a falta de empenhamento dos alunos nas aulas; a falta de condições de trabalho; a insuficiência de apoios por parte do Ministério da Educação; as exigências que são feitas aos professores para os quais eles não estão preparados (ser pai, mãe, assistente social, psicólogo, etc); a constante desvalorização social de que somos vítimas apesar do trabalho intenso que envolve o "ser professor". Estes são apenas algumas das situações complexas com as quais os professores convivem diariamente. Outros tantas poderiam ser acrescentados sem o menor esforço. Ora tudo isto contribui para que o "ser professor" devesse ser considerada uma profissão de risco. Aliás não será por acaso que os profissionais de ensino são aqueles que mais recorrem à ajuda psiquiátrica e psicológica. Infelizmente, este não parece ser o entendimento do Ministério da Educação que não só resolveu aumentar a idade da reforma dos professores dos 60 para os 65 anos, como ainda decidiu que a primeira redução da componente lectiva só irá acontecer aos 50 anos de idade. Nem dá para acreditar! Uma decisão destas só pode ser tomada por alguém que não consegue percepcionar a verdadeira dimensão do que é ser professor na sociedade dos nossos dias. Seria interessante verificar qual a percentagem de professores que aos 60 anos está em condições físicas e psicológicas para enfrentar as exigências da profissão? Muito poucos, direi eu.
domingo, outubro 01, 2006
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2 comentários:
Somos nós a nível psicológico e os mineiros a nível físico...
Mas... a ilustre senhora é que SABE!...
por tudo isso, vou deixar esta profissão. é, de longe, a mais ingrata de todas!
quando decidi ser professora, achei que ia contribuir para melhorar a vida das pessoas, alargando os seus horizontes e dando-lhes ferramentas e competências para uma vida social, pessoal e profissional com mais qualidade.
Afinal parece que não é isso que se quer da escola. Parece que o que realmente interessa é se as crianças estão ocupadas e em segurança até os pais saírem dos empregos, e se aprendem o que os pais e o mercado de trabalho consideram importante.
E ainda por cima sou enxovalhada como pessoa e profissional todos os dias, tenho que pedir desculpa pelo meu trabalho, quando dedico todos os dias à escola - preparando aulas, investigando, frequentando formações (sem direito a créditos).
Afinal, ando a dedicar o meu tempo a quem me trata mal e a negligenciar quem me quer trata bem?? Nem a Madre Teresa de Calcutá...Dispenso!
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